Os pesadelos chegaram ao mundo físico. Cada vez que cruzamos uma esquina escura ou ouvimos ruídos debaixo da cama, nos perguntamos se há algo ou alguém atrás de nós. Temores que podem te devorar.
Quando a Entidade mostrou não compartilhar dos valores da humanidade, houve desespero, pânico e por consequência uma maior influência da força malévola. O mundo se transformou em um complexo pesadelo mortal e o medo se tornou o combustível que alimenta a Entidade.
Contraditoriamente, os únicos capazes de enfrentar e derrotar os pesadelos são os que tem medo. Crianças inocentes como você que acreditam que podem vencer. Verônica quer te fazer acreditar que você é único e especial e que vai derrotar a Entidade. Mas no mundo dos pesadelos não há heróis, apenas sobreviventes.
Para voltar ao mundo dos pesadelos, não é preciso passar pela porta do abrigo. Verônica lê um livro chamado Aurora que conta uma história macabra fazendo o seu medo voltar. Um ritual viciante e você querer ouvir mais do seu livro favorito. Uma história de terror que não quer que pare até saber o até o fim. No entanto, há um preço. Antes que vire a página, você é levado ao mundo dos pesadelos, mas sem as suas memórias.
Aurora te leva a um lugar sombrio. Um mundo que um dia foi humano. Sente frio, fome e sede. Em busca do desconhecido, você seguirá sem saber o motivo e apenas tentando sobreviver. O simples caminhar pode despertar os pesadelos por conta de poças d'água ou até o ranger das tábuas no chão. O inimigo assume a forma do seu pior medo. A boneca assassina, o dentista, o palhaço.
Um pequeno interruptor perdido numa sala distante poderia te levar até a saída, mas acredita que a escuridão te protege de perigos maiores. Prefere seguir com os olhos fechados e longe da verdade. Quando os olhos não veem, o coração não se entrega ao medo.
Apenas crianças conseguem se esconder e não ser completamente manipuladas pelos pesadelos, por algum tempo. Quando capturadas, elas podem sucumbir aos seus próprios desejos mais obscuros e se tornar uma criatura horrenda, que irá se materializar e caçar outros para alimentar a Entidade.
O pesadelo te prende, contudo, não te imobiliza e consegue escapar dessa vez. Você está sendo perseguido. Não o subconsciente dizendo para fugir dos problemas, mas é o próprio pesadelo perseguindo você tirando força da sua fraqueza.
Há uma corrente de ar e um precipício debaixo dos seus pés. Apesar de não ver, sabe que está lá como se já houvesse estado nesse lugar diversas vezes. Pode haver outro caminho, mas não aceita abrir os olhos e pula. Você está caindo cada vez mais rápido e logo chega ao fundo do poço. Há uma passagem e nela consegue enxergar um ambiente familiar e distorcido com suas memórias de infância mergulhados em seus traumas mais profundos. Tudo parece estar errado, mas é real. Ainda não há segurança e o inimigo está à espreita. Não sabe se está na direção certa, mas se lembra aonde quer chegar.
Em busca de um refúgio, você foi atraído por uma mensagem de esperança, uma armadilha mais perigosa do que os monstros lá fora. Acredita que pode ser acolhido em um lugar longe das memórias onde elas podem ser deixadas de lado, e trancadas do lado de fora onde elas pertencem, o passado. Mas o lugar que deveria ser o abrigo se torna uma extensão do mal e você vê sua verdadeira face. Verônica abre o livro Aurora para que mais pesadelos possam entrar em nosso mundo.
O livro se fecha mais uma vez. Você acorda respirando com dificuldade e suando frio talvez tenha até molhado a cama. O sentimento de fracasso permanece, mas as lembranças não. Não podemos nos lembrar, mas a Entidade se lembrará de você e irá voltar. Ela se despede e você diz:
— Boa noite, Verônica! Durma bem e até amanhã.
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