rosamoniz Rosa

Há alguns séculos, seres estranhos e poderosos adentraram no planeta Kusthron e apoderaram-se das terras nativas. Eles se espalharam pelo continente Artisea e tomaram tudo que havia de mais valor. Alguns clãs lutaram contra os invasores, mas todos foram aniquilados em um grande massacre. Agora Aquila se tornou o país do império e todos aqueles que se opõem ao regime são punidos com a morte. Enquanto estranhos governam com autoritarismo as nações, a grande maioria dos povos nativos de Kusthron vive miseravelmente na extrema pobreza e total submissão. Após anos de conflitos e guerras uma violenta rebelião na capital de Aquila acaba colocando em risco a vida de Verena, a herdeira do trono. A jovem foge em busca de uma chance de sobrevivência em Mondreal, a Terra dos Nômades. Um lugar onde os exilados, fugitivos e rebeldes vivem relativamente em harmonia. Em Mondreal ela descobre sua verdadeira força, o amor e o valor da amizade. Mas a ameaça de sua verdadeira identidade à acompanha diariamente. Em um mundo onde criaturas místicas e humanos elementares habitam o planeta em completa desarmonia, o grupo de jovens com distintas motivações, mas com o mesmo objetivo precisarão enfrentar os perigos das suas jornadas e os problemas de seu passado para trazer liberdade a todas as nações.


Fantasia Medieval Impróprio para crianças menores de 13 anos.

#Amizade #amor #aventura #cla #inkspiredstory
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Prólogo



Dizem que os bons momentos se tornam a mais forte das lembranças. Recordamos com exatidão de cada desejo, cada conquista ou cada pessoa que nos fizeram felizes. Os risos, os lugares, o cheiro, ou até mesmo um especifico som é capaz de nos fazer divagar para o melhor momento de nossa história.

Mas na verdade, procuramos recordar com facilidade dos bons momentos porque tentamos de maneira desesperadora esquecer os eventos estressantes de nossa vida que somos incapazes de superar: uma traição, uma perda, ou uma ferida são capazes de deixar uma profunda marca em nossos pensamentos. Desejamos que todos nossos traumas não passem de sonhos inofensivos.

Mas os sonhos também podem ser perigosos.

E no momento em que seu mais terrível pesadelo se torna real, você se nega a acreditar que já não é mais apenas um sonho.


Minha mente está rachada. Não sei diferenciar sonhos de realidade. Eu sou um andarilho desorientado em meu próprio pesadelo, em minhas próprias lembranças.

Eu me lembro apenas de dias escuros, como se o sol tivesse ido embora e só restara a noite. Me lembro do frio que sentia todos os dias, da sede e dor da fome, me lembro dos sussurros e gritos agonizantes.

No entanto a luz voltou, o sol surgiu, os gritos se intensificaram e quando abri meus olhos havia apenas o silêncio e um forte cheiro de sangue.

Mas antes da longa noite, houve um dia relativamente normal. O início das lembranças ruins. O dia em que tudo começou a mudar. Quando descobri que havia outros de nós. Não tão diferentes, mas poderosos.

Eu era muito jovem quando eles chegaram. Não consigo me lembrar com exatidão sobre o dia. Recordo-me apenas de alguns fragmentos. O céu estava lindo para ficar lá fora.

Eu estava brincando na colina com uma outra criança mais velha que eu, ela era mais alta e seu rosto estava pintado com listras brancas, mas não consigo me lembrar quem era, ou seu nome.

Nos corríamos descalços pelo campo aberto, estávamos atrás de alguma coisa ou alguém. De repente um calor muito forte tomou o ar, o clima havia esquentado rapidamente.

No começo pensei que o sol estava caindo — seu brilho se expandiu e raios solares se chocaram contra a terra. O solo tremeu e eu rolei morro abaixo. Minha visão foi coberta por uma murada de poeira.

Apoiei o peso de meu corpo com os cotovelos e levantei a cabeça lentamente, foi o suficiente para ver um par de calçados. Eram calçados masculinos revestido com um couro castanho. Levantei minha cabeça por completo para tentar encontrar o rosto do dono dos sapatos. Então eu os vi.

Eram todos muito jovens. Estavam em um grande grupo com adultos e crianças. Seres magníficos com fios tão brancos quanto a neve e a pele pálida quase rosada. Eles notaram minha presença rapidamente, mas não tive medo. Eu tinha todos os motivos para acreditar que eles eram deuses, e acreditei.

A primeira coisa que fiz foi uma prece. Não me lembro das palavras exatas de minha oração, mas eles me olharam como se não conseguissem me escutar, ou entender. Me levantei limpando a terra de minhas roupas.

Então eles falaram — suas vozes flutuaram com harmonia, eram calmas e o ritmo de seus diálogos parecia uma melodia. Eles me encararam com incerteza.

Recordo-me de colocar a mão no bolso da minha calça para puxar um lenço dobrado e conduzi-lo na direção de uma das mulheres do grupo. Ela se abaixou o suficiente para olhar diretamente em meus olhos. Os olhos dela era de um tom verde vibrante, como uma joia rara. Então ela apanhou o lenço da minha mão e o abriu delicadamente. Não consigo me lembrar no que havia naquele lenço, mas fez ela sorrir.

Ela entregou o lenço para um homem com cavanhaque, que gesticulou com as mãos. Eles estavam tentando se comunicar comigo, mas não conseguia entender o que queriam dizer. Apontei para o horizonte acima da colina onde brincava com a outra criança, mas ela já não estava mais lá.

Caminhei pelo campo e gesticulava para fazer com que eles me seguissem até o povoado. Nossa aldeia ficava próximo do litoral de Aquila. Era um lugar tranquilo para um clã viver. Tínhamos livre acesso ao mar e a Floresta Fellon ficava apenas alguns quilômetros.


Pude ouvir o barulho das pessoas e dos animais conforme nos aproximávamos e soube que já estávamos perto. Assim que subimos a cordilheira foi possível avistar nossa aldeia. Era cercada por um alto muro de pedra e havia torres nas extremidades.

Não era uma aldeia grande, nosso clã era pequeno, mas muito poderoso, éramos uns dos poucos que ainda manipulava os elementos no continente.

Eu gritei para o vigia, mas ele se recusava a permitir nossa entrada, após murmulhos de dentro da cerca o portão foi aberto e todos do acampamento olhavam para os seres desconhecidos com uma expressão de espanto. Muitas pessoas estavam ali, pessoas no qual seus rostos não passavam de um borrão em minhas memórias.

Caminhamos por uma trilha de terra batida, e algumas crianças corriam ao nosso redor, eu sorria e acenava para elas de peito aberto. Eu me sentia orgulhoso, porque achava que estava guiando as divindades até nosso clã, eu achava que estava fazendo um feito incrível.

Então de uma enorme cabana de madeira saiu uma mulher, uma jovem mulher, apesar de ser pequena seus passos eram rápidos e seus cabelos balançavam no vento conforme corria, estava vindo em minha direção.

Ela me afastou dos desconhecidos e me escondeu em suas pernas — acho que era minha mãe, mas não me lembro. Gostaria que fosse, pois nunca na vida me senti tão protegido. Ela voltou a cabeça para a cabana e gritou, eu não compreendi o que ela disse, mas o som de sua voz ainda ecoa em minha mente.

Dois homens surgiram na porta, um deles era bastante jovem e o outro parecia ser mais velho, tinha uma barba meio grisada até a altura do peito. O homem jovem correu em nossa direção, me pegou no colo e segurou nas mãos da mulher que estava comigo, ele nos levou no sentido da cabana.

Seria esse o meu pai? Eu poderia ter olhado para seu rosto, poderia ter olhado o rosto do meu provável pai. Mas não consegui desviar os olhos das entidades desconhecidas enquanto me afastava.

E minha última lembrança desse dia foi a imagem do homem velho de barba andando na direção da multidão de cabelos brancos.

Dizem que bons momentos se tornam a mais forte das lembranças. Mas eu acredito que o mais terrível momento de sua vida tem o poder de se tornar a única lembrança em sua memória.


5 de Março de 2021 às 10:36 0 Denunciar Insira Seguir história
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