Naruto sorriu para seu noivo. Sasuke o olhava de maneira gentil, incentivando-o a continuar tentando acertar seus votos, mesmo que eles já estivessem ali por todo o final da tarde e início da noite. A sua frente, o padre parecia querer condená-lo a danação eterna. Ninguém ficaria chocado se ele o fizesse.
- Mais uma vez, Sr. Uzumaki. Do começo. - a voz rouca do homem transborda impaciência.
- Sim, sim. Por favor.
Com calma, Naruto respira fundo. A mão de Sasuke aperta a sua, antes que eles recuem as posições iniciais.
- Com esta mão espanarei suas triste…
- É espantarei! Com essa mão ESPANTAREI suas tristezas! - o reverendo rosna e Naruto se encolhe.
- M-me desculpe. Acertarei dessa vez.
- Oh, deus, é melhor que eu diga por ele. - Kushina, mãe de Naruto sussurra de algum lugar da plateia.
- Calma, querida. É o nervosismo. - Minato a tranquiliza.
Para o alívio do loiro, seus sogros não falaram nada. Os comentários deles chegavam a ser piores que os de seus pais.
- Tudo bem, Naruto. Você vai acertar. - Sasuke o tranquiliza. Seu olhos negros brilhando em confiança. - Só precisa se acalmar.
- Certo.
O jovem Uzumaki pigarreia. Se seu noivo dizia que ele acertaria, então faria por ele.
- Com esta mão espantarei as suas tristezas.
Naruto delicadamente toma a mão de Sasuke nas suas. Os dedos dele estavam suados e frios. Iguais aos seus. Ele dá três passos para frente.
- Sua taça jamais ficará vazia, pois eu serei o seu vinho.
Tudo bem até aí. Sem nenhum erro e ele já podia ouvir seus familiares vibrando atrás de si. Até o reverendo parecia esperançoso.
- Com esta vela iluminarei o seu caminho na escuridão.
Respirando fundo, Naruto se inclina e põe o pavio apagado de sua vela contra o acesso da vela sobre a mesa. A chama não passa. Ele tenta de novo. Nada. Sasuke, ao seu lado, muda o peso do pé. O padre bufa e sua mãe geme desgostosa, enquanto tenta acalmar seus sogros.
- Se apresse! Nós não temos a tarde toda. - o reverendo rosna, batendo seu cajado no chão.
O susto faz com que Naruto se afaste. Uma pequena chama queima no pavio. O loiro susupira aliviado e a chama se apaga.
- Ele é um idiota! - Fugaku, seu sogro, rosna.
- Continue! - o padre incentiva. - A aliança!
- Certo. - o loiro pigarreia, tateando até achar o anel.
Ao vê o pequeno aro dourado, Sasuke suspira deleitoso e Naruto se permite sorrir para ele, deixando a aliança escorregar de seu dedos.
- Ele derrubou! - sua sogra, Mikoto, grita.
- Meu Deus! - Kushina acompanha.
- Esse homem não quer se casar! - o padre berra, balançando seu cajado intensamente.
- Naruto! - Sasuke clama.
Enquanto isso, o pobre jovem Uzumaki rasteja pelo chão, desesperado, atrás da aliança fugitiva. Para seu desgosto, o anel para aos pés de Mikoto. A mulher para tão azeda, olhando-o de cima, que Naruto sente todo seu corpo tremer de medo.
- Levante-se, homem! Você não quer se casar? - o reverendo branda.
- Não! - o loiro responde.
- Não? - Sasuke questiona.
- Sim! Eu quero. Eu disse que não, porque ele perguntou se eu não queria, então quer dizer que…
- Chega! - Fugaku rosna, se erguendo. - Diga logo seus votos e demos um fim a esse tormento de ensaio!
- Si-sim! Os votos! Eu… - Naruto engasga, soltando a vela no chão e agarrando a mão de Sasuke.
- Não faça isso! - o padre rosna, fazendo o jovem Uzumaki se abaixar para pegar a vela e bater a testa contra a mesa, derrubando tudo por lá.
- Santo Deus! - o clérigo clama, seus braços se erguendo em exasperação. - Esse casamento não pode ocorrer enquanto o noivo não aprender seus votos! Poupemos todos e cancelemos esse ensaio terrível.
Mesmo com a dor em sua testa e o sangue pulsando em seus ouvidos, Naruto ainda conseguia ouvir os comentários aos seu redor. Antes mesmo que alguém pudesse falar diretamente com ele, o loiro foge da sala.
╚»★«╝
Caminhando pelos enormes jardins da mansão Uchiha, Naruto xinga a si mesmo. Mesmo que seu noivo fosse um completo estranho, ainda aparentava ser uma boa pessoa. Ele bem podia se imaginar vivendo a vida ao lado de Sasuke. Naruto só não conseguia se vê dizendo os votos. Era só quatro frases simples. Ele as sabia de memória.
- Com esta mão espantarei as suas tristezas.
Naruto declama. Sua mão esquerda subindo e girando teatralmente no ar, enquanto ele atravessa a névoa baixa, parando de frente para uma ponte simples.
- Sua taça jamais ficará vazia, pois eu serei o seu vinho.
Ele sorri, fingindo que segurava uma taça.
- Com esta vela iluminarei o seu caminho na escuridão; E com esta aliança eu lhe peço que seja meu.
E Naruto termina, se curvando em uma reverência que não faria no casamento, mas achava adequada ao momento atual.
Uma risada alta ecoa por toda a vastidão do jardim.
Prendendo um grito, o jovem Uzumaki se ergue depressa, olhando para sua plateia não planejada.
- Maravilhoso! Maravilhoso! - o homem sentado no guarda corpo da ponte, sorri. - Espero que essa declaração não tenha sido para mim. Temo ter que partir seu coração: sou um homem comprometido.
Envergonhado, Naruto nega depressa com a cabeça. Ele não confiava em sua voz e demorou algum tempo até que ele pudesse dizer algo.
- Você é um dos convidados do casamento?
O homem sorri.
- De certa maneira. Me chamo Shisui.
- Prazer em conhecê-lo. Eu sou Naruto Uzumaki.
- Então, Naruto Uzumaki, porque você estava declarando seus votos para os mortos?
- Mortos?!
- Do outro lado dessa ponte fica o cemitério da família Uchiha. - o homem, Shisui, sorri como se soubesse de algo. - Todos os espíritos dos mortos desse clã descansam aqui.
Tremendo, o loiro recua devagar. O que teria acontecido se ele tivesse realmente entrado naquele terreno? Qualquer tolo sabe, não se faz promessas a espíritos, mesmo sem querer, como seria o seu caso.
- Então, porque?
- Eu não consegui dizê-los durante o ensaio. - Naruto suspira. - Fiz papel de bobo diante dos meus sogros e do meu noivo.
- Ah, você está se casando com um Uchiha? É Sasuke? - Shisui sorri, empolgado, parecendo prestes a pular de seu assento e abraçá-lo.
- Sim. Você o conhece?
- Ele é meu primo. De certa maneira.
Naruto quis perguntar o que ele queria dizer. Não dava para ser só meio primo. Ou era ou não era. Mesmo que distante, ainda era a regra. Só não parecia certo questioná-lo.
- Sério? Porque não foi ao ensaio? Se é um parente, Sasuke ficaria feliz em tê-lo presente.
Shisui só continua sorrindo como se tivesse uma piada que só ele sabia. Naruto não duvidava que ele tivesse. Esse homem parecia desse tipo; o mistérioso, que sempre sabe de tudo e nunca diz nada.
- Acha que vai conseguir dizer seus votos depois dessa declaração incrível?
- Não tenho certeza.
- Porque, homem? - Shisui ergue as mãos, seu corpo se inclinando para frente e parecendo quase sumir na névoa cada vez mais densa.
- Eu não me importo em ter um casamento arranjado, mas seu primo… eu ouvi ele falar sobre estar apaixonado. - Naruto morde o lábio inferior. - Não me parece certo separar alguém de seu amor.
Shisui ri. Não, ele gargalha. O jovem Uzumaki nunca viu um Uchiha rir e é meio fascinante. Tem uma graça inata. É quase um espetáculo de se vê.
- Com licença, mas eu falei algo engraçado? - o loiro questiona, inclinando a cabeça para o lado.
- Daqui a uns meses, você vai vê a graça também, mas por enquanto, deixe-me esclarecê-lo. - Shisui continua com um enorme sorriso de dentes brancos o suficiente para brilha no reflexo da lua. - Provavelmente, Sasuke é apaixonado por você. Ele nunca se casaria contra a sua vontade e nem todo a insistência do mundo o convenceria.
- Ah.
Uma parte de Naruto estava aliviada pelas palavras do estranho primo. Outra parte estava surtando por saber que, talvez, Sasuke fosse apaixonado por ele. Deus! Todo o sofrimento e ansiedade que ele estava causando ao coração de seu pobre noivo.
- Agora, você vai conseguir dizer seus votos?
- Sim! - o jovem Uzumaki sorri e recebe um sorriso de volta.
- Então entre novamente na mansão. É tarde e os Uchihas não eram quietos nem em vida, pior ainda em morte.
Um arrepio percorre a espinha de Naruto, que está prestes a pedir que Shisui para de tentar assustá-lo, quando um vulto surge no início da ponte, vindo do cemitério.
- Aí está você. - o recém-chegado diz, parando ao lado de Shisui. - Estive procurando-o por todo lado.
- Eu estava aconselhando seu cunhado.
- Meu cunhado, é? - o homem sorri e Naruto vê a estranha semelhança entre ele e seu noivo.
- Sou Naruto Uzumaki. - o loiro se parabeniza por não gaguejar.
- Cuide bem do meu irmão, se não eu vou garantir que tenha uma morte dolorosa e um tormento pior ainda em seguida. - o rosto de seu suposto cunhado se suaviza. - Mas por enquanto, vocês tem minha bênção. Agora vá.
Sem precisar de um segundo comando Naruto se vira e caminha o mais depressa possível. Se ele tivesse olhado para trás, veria os dois rapazes caminhando de volta para o cemitério e sumindo em meio a névoa.
╚»★«╝
Na manhã seguinte, o casamento ocorreu melhor que o esperado. Naruto falou seus votos com uma perfeição invejável, Sasuke estava esbanjando felicidade ao seu lado e seus familiares, até os recém adquiridos, pareciam satisfeitos. Tudo estava perfeito, até que Naruto reparou que faltavam dois convidados importantes.
- Querido, seu primo e seu irmão não vem?
- De quem você está falando? - seu marido franze a testa, respondendo de relance, anda preso na conversa com uma parente distante de algum deles.
- Não sei o nome de meu cunhado, mas seu disse se chamar Shisui.
No mesmo instante, Sasuke deixou de lado a conversa e o encarou de olhos arregalados. No momento seguinte, Naruto estava sendo arrastado até o segundo andar e jogado em uma dos quartos privados.
- Shisui e Itachi não poderiam vir nem se quisessem. - Sasuke anuncia, sua voz falhando e seu olhos lacrimejando.
- Porque não? O que eles fizeram para receber tamanho desprezo?
- Você não está entendendo. Eles não podem vir porque estão mortos.
- O-o quê?
- Ambos tomaram veneno quando foram proibidos de ficar juntos por serem parentes. Seu corpos foram encontrados de mãos dadas, deitados na ponte na entrada do cemitério. Isso a 10 anos atrás.
╚»Notasdaautora«╝
Hey, hey, hey!
Essa fic foi escrita a séculos atrás e postada somente no Spirit e aqui, então se você vê em outro lugar, me avisa que é plágio.
Como agora da pra postar pelo app do inks eu resolvi que vou trazer minhas fics pra cá. Eyyyeyy!!!
A bênção da morte é baseada em A noiva cadáver, um dos meus filmes favoritos.
A gente se lê por aí!
Bye, bye!
Obrigado pela leitura!