“Vem.
Mas vem com tudo.
Vem inteiro.
Com as memórias,
as cicatrizes,
as qualidades e os defeitos”.
***
(Bruna Vieira)
Sasuke e eu éramos completamente incompatíveis, assim como também não éramos pessoas confiáveis para estar em um relacionamento. Tínhamos cicatrizes, acrescidas às memórias vãs que nos machucavam a cada dia. Além disso, acima de tudo, como seres humanos falhos, éramos passíveis a cometer erros que fariam com que as nossas feridas viessem a piorar cada vez mais...
No entanto, contrariando toda e qualquer expectativa que existia sobre nossas cabeças — que provinha principalmente de nossos familiares exageradamente protetores —, também tínhamos algo que fazia com que nossas cicatrizes coexistissem em harmonia: amávamos em demasia. Há quem diga que amor em exagero seja perigoso, principalmente para pessoas como nós, tão frágeis e calejadas, contudo, estávamos dispostos a enfrentar nossos fantasmas.
Quando estávamos juntos, o tempo parecia transforar-se em uma profunda utopia, eu sentia como se as cicatrizes de Sasuke anulassem as minhas, e vice-versa... E, com o passar do tempo, percebi que a nossa incompatibilidade aos poucos desvanecia. Amar pode doer sim, amar pode doer mais do que poderíamos imaginar, porém, a capacidade de resiliência existente em nossas essências, ainda que falhas, é o que nos dar a capacidade de seguir em frente.
Então aqui, diante do altar, fitando-o tão intimamente, encantado pelo seu sorriso pequeno, posso ouvir sua voz em minha mente que grita claramente: vem! E vou, ciente que, ainda que tenhamos defeitos, a nossa felicidade nos espera. Sem pressa vou, simplesmente me entrego... e deixo o passado para trás.
Obrigado pela leitura!