alexlorenzo Alex Lorenzo

Décadas depois de um conflito mundial, seguido de um ciclo de catástrofes naturais decorrentes da guerra nuclear, pequenas porções da humanidade sobreviveram. Séculos depois, após guerrilhas cibernéticas, uma nova sociedade global emergiu para o novo ser humano. Em meio ao novo mundo “High Tech, Low Life”, um sentimento antigo ainda pode ser despertado. Um rapaz de dezesseis anos precisa descobrir esse sentimento, essa atitude, compartilhar.


Pós-apocalíptico Impróprio para crianças menores de 13 anos.

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“O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar.”

(Sócrates 470-399 a.C.)



3021

Era uma manhã de expectativa. Último dia de 3020. Ouviram dizer que naquele dia, depois de uma década ininterrupta de céu cinzento, haveria um céu estrelado. No entanto, chovia mais uma vez e, no que restara de um prédio comercial, as gotas da infiltração caíam no chão, desenhando placas disformes avermelhadas. A chuva ácida-radioativa corroía aos poucos quem se expusesse a ela, sejam pessoas ou animais, sejam máquinas ou construções. Devido aos respingos, Axel afastou a antiga aeromoto dos anos 2970, colocando-a em lugar melhor abrigado.

O garoto de dezesseis anos, o mais velho dos três filhos de Leumas e Elyz, contou com a ajuda dos irmãos mais novos Andher e Hiovel para deixar o veículo em lugar seguro depois do reparo. Axel sorriu satisfeito, enxugou o suor do rosto, ajeitou o cabelo castanho, limpando a pele clara dos rabiscos da graxa de manutenção. O emaranhado de espinhas na testa e no queixo estava um pouco avermelhado por causa da nuvem de vapor que saía do prédio vizinho e irritava sua pele. A autômata ginoide, Melody, praticamente uma madrinha, reciclada e restaurada, outrora usada como arma de guerra no passado e Boro-boro, o cachorro felpudo amarronzado de olhos bicolores, vermelho e prata, completavam a família Silva Solivor.

O local era pintado de preto e branco, adornado com quinquilharias dos antigos: um quadro exibindo o interior de alguns Iphone aqui, uma cafeteira gourmet ali, adornavam o ambiente que também contava com livros de papel que eram vendidos por uma fortuna para colecionadores. Numa mesinha de destaque, um livro sagrado religioso jazia ali como lembrança de um passado considerado remoto e lendário para a maioria das pessoas. Contudo, acreditavam que ter um livro de papel em casa traria boa sorte.

Chovia a cada dois ou três dias durante todo o ano, há décadas, em todo o mundo. Longos dutos foram construídos para escoarem as águas para o mar. Os oceanos se avolumaram e se expandiram redesenhando o mapa mundi que não contava mais com os países do hemisfério norte. Novas criaturas marinhas surgiam de tempos em tempos, cada vez maiores e adaptadas ao novo mundo caudaloso, muitas delas esboçando uma inteligência jamais vista. A atmosfera cinzenta da Terra vomitava a intoxicação de diversos gases nocivos acumulados, bem como a radioatividade remanescente do antigo conflito mundial. Os cientistas da Antiguidade previram a impossibilidade de a humanidade sobreviver a uma guerra nuclear, no entanto, a nova sociedade emergente provava o contrário. A guerra cabal gerou um ciclo de catástrofes climáticas e por alguns anos o planeta agonizou tentando extirpar a raça humana de uma vez por todas. Alguns se salvaram. Os sobreviventes construíam novas sociedades e se multiplicaram, compartilhando duas crenças de vida: a esperança de permanecerem vivos até o dia seguinte para poderem presenciar o nascer do sol e o anoitecer num céu límpido e retroalimentarem a confiança de que o aumento do volume de água no planeta será capaz de purificá-lo.

No quinto andar do pavimento do resto do prédio esqueleto, a família de Axel trabalhava na recuperação de alguns robôs descartados no Lixão. Ganhavam rendas com a venda dos autômatos recuperados, assim, sustentando o seu protofeudo. No início da tarde, a chuva cessou e abriu caminho no céu para a revoada de drones rondais que baixavam pelo Distrito 22S43O. Este era o local que no passado distante era considerado uma das mais belas e violentas cidades do mundo. Ainda guardava em suas entranhas a estátua carcomida do Cristo Redentor envolta em trepadeiras e musgos. Aos poucos, as pessoas voltavam a circular vigiadas, famintas, com roupas remendadas entre tecidos, couros e metais. Metade da população usava algum dispositivo mecânico ou eletrônico como substituto de algum membro ou órgão do corpo. Outros compartilhavam dispositivos para suplementar seus corpos modificados geneticamente adaptando-os ao novo ser humano. A maioria dos circulantes se deslocavam com seus aparatos veiculares para o Mercado Principal.

Axel colocou as luvas encardidas que expunham as pontas dos dedos. Vestindo a jaqueta de couro desprovidas de mangas, sentou-se apressado no veículo que comprara com o fruto de seu trabalho. Acionou o dispositivo de ignição, mas o motor da aeromoto não respondeu. Insistiu por duas ou três vezes e percebeu seu veículo roncar, levitou a cerca de trinta centímetros do solo, espalhando poeira e calor. As luzes frontais se acenderam em cores anil e laranja. Partiu para o Mercado Principal. No perímetro, existiam reguladores de voos para identificação e controle da altura, da velocidade e o do distanciamento entre os veículos. Qualquer infração cometida era repreendida por um drone rondal que emitia multas e informava a Central Veicular sobre o infrator. O garoto começou a se deslocar por entre os prédios altos, velhos e destruídos, habitação de muitos outros protofeudos. Na medida em que se aproximou da via principal, perdeu altura para se adequar ao fluxo migratório de veículos planadores que terminava no Mercado Principal. Ao acoplar a aeromoto em um dos jiraus, o rapaz saltou memorizando o que teria que comprar: algumas raízes, frutas cristalizadas e um bogotóin. Os seguranças o olhavam com desconfiança. Todos que eram oriundos do Outeiro eram sondados o tempo todo, mas o garoto era conhecido e respeitado pela maioria das autoridades repressoras.

O local comercial era uma mega construção do início do terceiro milênio, construída e financiada pelas teraempresas supra conglomerais que governavam o planeta. A maioria dos produtos era para as chamadas classes superiores. A ideia do público e do coletivo havia se apagado da consciência da humanidade há séculos e o individual e o privado davam as cartas na nova ordem mundial. Os prefeitos distritais e os governantes dos conglomerados federativos eram meros gestores do poderoso empresariado global. As pessoas perderam o status de cidadão e não passavam de uma série de números consumidores de mercadorias. O modo de pensar das pessoas era moldado por uma educação que mantinha estanque as classes de pessoas. As reivindicações e as contestações às autoridades constituídas estavam longe de se consolidar numa sociedade em que se acreditava que as mudanças sociais eram utopias de vagabundos baderneiros. A fome e a miséria eram a tônica diária para a maior parte da população mundial e não era diferente naquele distrito que era parte do CFE – Conglomerado Federativo Equatorial.

Axel presenciou uma cena do andar alto do Mercado Principal; no chão, onde ficavam os nomeados de espúrias e os imigrantes que vinham do que sobrou do hemisfério norte. Pessoas se digladiavam por uma arroba de carne que fora usurpada do Mercado Principal. Os consumidores pararam para assistir os seres humanos lutando entre si por comida. Selvagemente, eles arrancavam pedaços da arroba com facas e até mesmo com as unhas. Socos, chutes e empurrões incrementavam a cena. O olhar do rapaz se deteve numa família de imigrantes os quais, pai e filho, foram disputar algum pedaço da arroba. A garota suplicava para que seu pai e o irmão saíssem daquele emaranhado de agressões. Ela e a mãe negavam-se a participar daquela humilhação. A garota que parecia ter quinze ou dezesseis anos era morena, olhos amendoados e cabelos negros até a cintura. Mirou para cima, na direção dos andares abertos do Mercado Principal, encontrando o olhar paralisado de Axel para ela, porém sua atenção foi deslocada.

—Hija, tenemos un trozo de carne. — O pai falou, saltando de euforia, exibindo o alimento.

Ramires se aproximou, seguido do filho, dois anos mais velho que a irmã, que teve dificuldade em andar até eles. Assustado, o rapaz apertava o abdômen.

—¿Qué está pasando? — Perguntou Sandara, mãe do rapaz.

O jovem olhou para a mãe e desmaiou no mesmo instante em que os Guardiões do Distrito chegaram num grande Veículo de Contenção e dispersaram a multidão com bombas de efeito moral, recuperando o que sobrou da arroba.

— Por favor, ayuda a mi hermano. — A garota pediu para o guardião que se aproximou dela. O sargento passou um escâner de mão que projetou uma luz lilás sobre o corpo do rapaz que apoiava a cabeça no colo do pai.

— Lamento. Poderíamos até prestar os primeiros socorros, mas a perfuração foi profunda. Ele terá que ser suturado o mais rápido possível, se não morrerá. — O militar guardou o aparelho na cintura e olhou para a garota, sem comoção.

— ¿ Donde esta el hospital mais cercano?

— O hospital mais próximo fica a alguns quilômetros, uns vinte talvez. Vocês têm dinheiro para pagar o socorro e a hospitalização?

— No tenemos. — Respondeu Ramires.

— Lamento. É a regra. Só se pagarem pelos serviços. Assim que ele morrer, vocês podem vender os órgãos à Coletora. Aproveitam tudo, até a pele. Pagam um bom dinheiro.

— No haremos eso! — a garota protestou e engoliu o choro.

— Então tratem de resolver isso logo. Se o garoto morrer na rua, as mesmas pessoas que tentaram despedaçar a arroba, farão isso com ele. Nesse caso não vamos intervir, não é nossa obrigação.

O sargento virou-se e voltou para o veículo militar que flutuava a trinta centímetros do solo enlameado pronto para entregar a arroba para o comerciante que denunciou o roubo, enquanto a família entrava em desespero e notava oportunistas se aproximando. Alguns com machados, outros com facões. Um ser humano mortalmente ferido era um chamarisco para os traficantes de órgãos. Ramires se levantou e pegou um bastão de ferro deixado pelo tumulto anterior.


— O garoto não tem chances de sobreviver. Vai agonizar e morrer. Viemos aliviar o sofrimento dele ao mesmo tempo que ganhamos algum dinheiro. Até podemos dar um pouco da grana para vocês, caso cooperem. — O líder dos oportunistas falou ao perceber a partida dos militares. Ligou a motosserra, fazendo ruídos intermitentes de aquecimento do aparelho. — Prometo que será rápido, sem sofrimento. — Falou Drácula. Este foi o apelidado que ganhou depois que descobriram um livro preservado de Bram Stoker. O mutante tinha uma feição triangular, esclerótica severamente avermelhada e nariz aquilino. Além de ter uma altura acima da média e uma magreza singular que se escondia por debaixo de um sobretudo cinza-escuro. Os cabelos e pelos do corpo haviam caído por causa de um banho de chuva ácida em que foi cruelmente exposto por seus algozes quando adolescente.


— Vete. Deja a mi familia em paz!


Os oportunistas começaram a rir e caminhar em direção a Ramires. Respingos de lama se espalharam ao redor quando a aeromoto, com uma carroceria acoplada, baixou entre a família e a gangue de oportunistas.

— A Melody pediu para avisar que chegará em menos de cinco minutos, caso queiram ouvir novamente a canção dela. — Axel falou com cara de deboche.

— Moleque, você é do Outeiro, não pode se meter com o Povo do Chão. Essa é a regra.

— Danem-se as regras. Eu vou levar eles daqui e vocês não vão me encher o saco. Se não vão “ouvir” a Melody como da última vez... além disso, não se esqueçam de que ela pode mandar os arquivos diretos para os drones rondais e exibir todas as imagens criminosas dos ataques contra os cargueiros das empresas que tenho arquivado de sua gangue.

Drácula olhou para os comparsas, sua pele ruborizou, respirando fundo falou:

— Mais um dia você conseguiu, Axel. Mas um dia vou colocar a mão em você e vai desejar nunca ter nascido.

— Se esse dia chegar, pode ter certeza que estarei preparado. Se não se dispersarem agora, vou fazer o que acabei de falar.

Drácula fez um sinal com as mãos e os oportunistas foram se apartando. Ele deu um sorriso irônico para Axel exibindo seus dentes de metais, deu uma cusparada de sangue no chão e foi se afastando com sua motosserra já desligada.


— Eres valiente chico. — Ramires disse.

— Talvez. — Axel procurou disfarçar as pernas bambas. — Entrem logo por que a Melody não vai conseguir chegar aqui em menos de cinco minutos. Eles têm medo dela porque não a conhecem direito.

— ¿Cual es tu nombre? — a garota perguntou.

— Axel, e o seu? — o rapaz perguntou já ajudando Ramires a estancar o sangramento e colocar o ferido na carroceria.

— Rayka.

— Gostei do seu nome. — Axel deu um sorriso gratuito.

—¿Por que nos ayuda? — Sandara perguntou entre a angústia e a desconfiança.
— Eu também estou me fazendo a mesma pergunta. Vamos, não temos tempo para isso.


Axel acionou a aeromoto e a colocou em modo turbo, já que o peso era muito maior agora. Levitou e partiu para o Outeiro. A aeromoto trepidou algumas vezes, mas estabilizou-se e rumou para o lar. A pequena viagem foi em silêncio, às vezes quebrado pelo gemido do ferido. Rayka foi na garupa do veículo, abraçada ao piloto, olhando para baixo.

Pequenos deslocamentos do Povo do Chão e acampamentos de imigrantes estavam espalhados por um vasto terreno enlameado, com poucas árvores espaçadas. Ainda no terreno, próximo aos morros, ela viu um transatlântico encalhado dos antigos, habitado por pessoas e animais domésticos. Numa parte plana, meninas e meninos jogavam futebol, enquanto adultos trabalhavam a solda para criarem mais espaços habitáveis. Olhou adiante e viu dezenas de arranha-céus, prédios comerciais e torres.

— Chegamos. Segurem-se firmes.

Axel piscou as luzes da aeromoto e conseguiu resposta positiva de um pequeno farol. Uma plataforma foi içada. O rapaz manobrou e aterrissou na plataforma improvisada do andar.

— Quem são essas pessoas? — Andher perguntou.

— Precisam de nós. Pede ajuda ao pai e a mãe. Pede o Hiovel para despertar a Melody e ajustá-la para o modo saúde.

— Você sabe que o sistema operacional da Melody está apresentando falhas. Talvez não seja possível.

— Meu filho, o que está acontecendo? Por que trouxe essas pessoas para cá? — Elyz falou, mas se apiedando do estado dos estrangeiros.

— Filho, o que está acontecendo? — Leumas se aproximou.

— Depois falamos sobre isso. Me ajudem aqui.

Colocaram o rapaz sobre uma mesa extensa, depois de a forrarem com panos velhos e limpos. A Melody se aproximou dando estrimiliques, contaminando o ambiente com insegurança e descrédito. A autômata se apresentou, repaginou as feições e já parecia reconfigurada.

— Bom, acho que consegui dar um jeito nela. — Hiovel falou olhando para Axel que recobrava a esperança.

A ginoide ficou diante do paciente e da palma da mão direita surgiu um visor que emitiu uma luz de formato triangular sobre o corpo do rapaz.

— Escaneamento concluído. Qual o seu nome rapaz?

— Pedro. — Falou, suando bastante.

— Tem um percentual razoável de sobrevivência. Nenhum órgão foi atingido e a quantidade de antibióticos e anti-inflamatório que disponho nas minhas reservas é suficiente. No entanto, não disponho de analgésico específico para o procedimento. Necessito de autorização para continuar.

Foi um momento tenso para todos, inclusive a ginoide sentia aquela energia emanada dos corpos humanos e captadas pelos seus sensores. A única coisa a se fazer era a intervenção dela que, depois de autorizada pelos pais de Pedro, agiu com a máxima eficiência do mesmo modo que agia nos tempos em que guerrilhas pelo poder aconteceram há mais de um século e meio quando ela estava em sua mais alta performance. Guerrilhas estas que já não tinham a ver com a guerra nuclear devastadora do tempo dos antigos.

Pedro sofreu bastante mastigando um pedaço roliço de borracha, desmaiou e não viu, nem sentiu, Melody concluir a sutura. Foi melhor assim e o rapaz já estava pronto para reiniciar sua recuperação.


Elyz e Sandara, Leumas e Ramires compartilharam o que tinham. O pedaço de carne bovina cujo sabor não era apreciado há quase dois anos pela família Silva Solivor, acompanhado de raízes cozidas e de sobremesa: frutas cristalizadas. Também, muita água descontaminada e geladinha.


A noite havia chegado e esperavam o romper de três mil e vinte e um. Como novo ano, como sempre, a humanidade renova sua esperança no futuro, acreditando que algo de bom irá acontecer. E é essa esperança que traz o movimento da vida, a fé. A fé em dias melhores, no desenrolar do sentido da vida nos impulsionando para novas descobertas, novas alianças, novas amizades. E esse sentimento de renovação, de ajudar quem estava próximo, fez Axel entender a importância do coletivo, do compartilhar atitudes positivas e sentimentos sinceros.

Enquanto as duas famílias terminavam a ceia. Rayka e Axel se encaminharam para a plataforma, contemplando naquela noite os diversos pontos de luz das habitações espalhadas por vales e planícies, até onde as vistas podiam alcançar. Sentados, com as pernas balançando, bem juntos, podiam sentir o calor um do outro. Ela pegou na mão dele e sorriu. Aos poucos se aproximaram os rostos, e pela primeira vez descobriram um beijo. Boro-boro se aproximou e lambeu a orelha de Rayka. Sorriram em seguida.


— Ax, cadê o bogotóin? Já são quase meia-noite. — Hiovel perguntou.

Levantaram e Axel tirou o bogotóin do bolso. As famílias se reuniram na plataforma.

— Esse ano, quem vai jogar o bogotóin para o alto? — Elyz perguntou.

— Acho que é sua vez, meu amor. — Leumas falou.

— Então, deixa a Rayka fazer isso. — Elyz disse.

— Obrigada. É só jogar para o alto? O que acontece?

Axel entregou a pequena esfera de metal que comprara no Mercado Principal. Leumas marcou o tempo:

— cinco, quatro, três, dois, um.

Rayka lançou o bogotóin para o alto. Milhares de esferas semelhantes foram lançadas pelas pessoas em todas as partes. O artefato esférico, acionado pelo impulso, voou ainda mais alto emitindo luzes. Disparou ondas concêntricas de círculos coloridos que se chocavam uns com os outros, produzindo pequenas explosões luminosas que preenchiam todo o céu. Ao mesmo tempo em que o espetáculo visual era deslumbrado pelas multidões, os sons do planeta antigo eram propagados pelas esferas que se mantiveram flutuantes por quinze minutos. Sons de cachoeiras, o bramir dos elefantes, o canto das crianças e muitos outros sons da natureza lembravam ao novo ser humano que ele tinha muito que aprender ouvindo seu planeta. Ao final das comemorações, quando a maioria se preparava para dormir, as nuvens abriram caminho para as estrelas, incontáveis estrelas.


— Feliz, 3021!


26 de Dezembro de 2020 às 01:50 0 Denunciar Insira Seguir história
11
Fim

Conheça o autor

Alex Lorenzo Olá, sou o Alex. Carioca. Amante de literaturas, com desvios de predileção por fantasia medieval. Curto novelas de ficção científica, com distopia, melhor ainda. Viajo por contos de quaisquer modalidades, seja estilo Stephen King, seja Machado de Assis. Escrevo por terapia, por amar. Nas horas vagas, desenho. Meu sonho é desenhar meus próprios personagens. Bom, se quiser conversar, sugiro uma xícara de café com biscoitos amanteigados. Abraços!

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Hydrus
Hydrus

Hydrus é um universo alternativo. Em 3019, através de uma convenção interconglomeral, o planeta Terra foi rebatizado passando a se chamar Hydrus. O novo nome se originou da nova realidade. Após a grande guerra nuclear do tempo dos antigos, o planeta Terra sofreu intensas mudanças climáticas decorrentes da contaminação radiotiva e dos gases tóxicos. A chuva passou a ser constante, a cada dois ou três dias chovia um dia inteiro. Dutos foram construídos para escoarem as águas e o volume dos oceanos se avolumou cobrindo 87% do planeta. O planeta passou a ser chamado de Hydrus pelos cientistas dos séculos passados ​​e se popularizou. Nesse mesmo ano, regulariza-se oficialmente uma nova sociedade. Um novo mundo surge para o novo ser humano que além de sofrer alterações genéticas agregadas à alta tecnologia ao seu corpo, ao seu modo de vida, à sua cultura. Contudo, Hydrus está longe de ser o paraíso, é na verdade formado por uma sociedade global distópica que procura compreender a si mesma, ao outro e à tecnologia, buscando valores que possam mediar o convívio pacífico na nova sociedade emergente. Leia mais sobre Hydrus.