— E eu achando que a segunda etapa seria tão fácil como a primeira— Botan pode, pela primeira vez, suspirar tranquilo e certo de que não será atingido por kunais ou socos ou jutsus complexos.
— A primeira era fácil demais apenas para nós! Afinal, somos uma equipe especializada em espionagem.— dentre os três, Yakumo é a mais cansada. Sua coluna está curvada e suas mãos apertam os joelhos e sua respiração está tão forte e desordenada que seu peito dói.
— Pelo menos já recolhemos os dois pergaminhos. Talvez seja melhor descansarmos um pouco.— Botan se senta sobre um tronco caído e podre. O musgo suja sua bermuda preta, mas ele não se importa.— Mas, lembrem-se, devemos estar espertos e bem atentos!
Yakumo e Aya assentem e imitam o companheiro de time.
De fato, a primeira etapa do exame fora simples e rápida para aquelas crianças. O time foi montado para um objetivo: espionagem. Os três são especialistas em conseguirem informações e passarem despercebidos até mesmo pelos fiscais treinados e pelos outros competidores.
Yakumo Kurama: a especialista em Genjutsu. Seu poder é tão grande que nem ela consegue controlar direito. Suas ilusões podem causar danos reais em suas vítimas.
Botan Yamanaka: membro do nobre Clã Yamanaka, sua especialidade é a Mente. Ele pode explorar os pensamentos das pessoas com facilidade.
Aya Karura: seus poderes ainda são misteriosos para muita gente, mas ela se destaca com uma curiosa Kekkei Genkai que permite ter olhos com as mesmas características de uma águia, podendo enxergar a longa distância. Além disso, ela sempre carrega sua águia Shiroi.
Juntos de Hanashobu sensei, eles formam uma equipe poderosa e famosa. Mas nem tudo são flores.
Yakumo tem vários problemas de fadiga, ficando cansada rapidamente com o mínimo esforço; Botan tem o temperamento ruim, deixando-se levar pela emoção várias vezes; Aya não fala muito por conta de um trauma, além de seus mistérios quanto as suas habilidades.
Hanashobu sensei, bom... há alguns meses vem adoecendo com facilidade.
O time resolveu esperar 1 ano para se inscrever no exame Chunin, o que deu a oportunidade fazerem várias missões e treinarem bastante para elevarem o nível.
— Eu irei verificar o território. Sei que não vão querer inimigos agora.— diz Shiroi, que sai do ombro de Aya e engata num voo pela floresta densa.
Os três sentem-se gratos pela águia.
— É difícil ele falar. Sempre que escuto a voz dele, me sinto arrepiada.— diz Yakumo, que se joga sobre o chão para descansar.
— Bom, a voz dele é assustadora, mas o que importa é que ele pode nos ajudar.— Botan pega um pequeno recipiente onde está a água.
Aya pega um kunai e se posiciona com muita atenção. Ela decidiu ficar de vigia enquanto seus amigos descansam, já que em sua última batalha, ela não usara tanto chakra.
Alguns minutos se passam e Shiroi volta e pousa sobre a cabeça de Aya;
— Há vários inimigos por perto, mas vocês estão bem escondidos. E estão vindo três competidores do País do Vento, mas vi que eles têm os pergaminhos.
— Puxa, obrigada, Shiroi.— Yakumo se levanta e sorri para a ave.— Acho que não devemos nos preocupar com esses competidores, não é?
Aya fica inquieta, mas antes de dizer qualquer coisa, sua ave resolve falar:
— Eu não ficaria tão tranquilo. Você também percebeu, não é, Aya?— ele faz o questionamento direcionado a sua dona, que assente com a cabeça— Um deles tem um chakra assustador, assim como o olhar. Eu ficaria atento, se fosse vocês.
Yakumo engole em seco e se encolhe. Seu corpo precisa de mais descanso e não aguentaria outra batalha sem desabar.
— Se é assim, devemos continuar até chegarmos a Torre— diz Botan, alheio ao cansaço da amiga.
— Estou cansada demais para andar tanto! Ainda temos alguns dias, afinal. Podemos acampar por aqui e amanhã cedo mesmo continuamos.
— Ora, vamos! Podemos andar mais um pouco, eu posso até te carregar. Eu e Aya ainda temos muita energia para gastar. Não concorda, Shiroi?
De repente, Aya e sua ave ficam inquietas. A garota adquire uma expressão aterrorizada e cai ajoelhada no chão. Seus amigos logo correm para ajudá-la.
— O-o que foi... isso?— Aya diz em sua voz frouxa e seu sotaque estranho.
— Orochimaru...— a ave balbucia.
— O quê?— Botan questiona, confuso.
A ave o observa intensamente antes de falar:
— O melhor é ficarem aqui. Não saiam daqui por nada!— Shiroi ordena e sai voando novamente.
Yakumo e Botan ficam perplexos assim que Aya começa a tremer fortemente.
— O que há?— Yakumo grita.
— U-uma... cobra terrível.— Aya tem a mesma dicção de uma criança de três anos, mas seus amigos conseguem entender.
— Cobra? Onde?— Yakumo já tinha consciência de que havia vários animais perigosos pela floresta, mas ela sabe que Aya e sua ave são extremamente sensitivos quanto a chakras, o que a faz ter certeza de que eles não sentiram a presença de uma cobra qualquer, vide o terror que há nos olhos de sua amiga.
— Acho melhor respeitarmos Shiroi. Se eles estão tão aterrorizados, o mais prudente a se fazer é nos escondermos.— Botan se pronuncia.
E assim, o time inteiro escondeu-se entre alguns arbustos e esperaram a chegada de Shiroi para mais informações.
A águia demora, mais ou menos, 1 hora para voltar.
É importante frisar que os chakras de Aya e Shiroi estão conectados, então não é preciso eles falarem para se comunicarem, basta saberem ler os sentimentos.
Yakumo é a única que sabe disso, portanto logo entende que algo está muito errado quando Shiroi volta silencioso e Aya desfaz a careta assustada. Ela se sente ofendida em não ser informada do que aconteceu, mas se concentra em descansar e estabilizar seu chakra.
— O que aconteceu?— Botan não esconde a curiosidade.
— Nada que deva se preocupar. Já avisei para os responsáveis da prova.— Shiroi é direto e se cala diante das outras perguntas do rapaz.
Os quatro passam mais alguns minutos escondidos até que Yakumo consegue convencê-los a continuarem a caminhada até a Torre.
— Por garantia, eu vou na frente.— Botan se adianta, porém, é logo impedido por Aya, que o puxa pelo braço e toma seu lugar na dianteira.
Botan resolve ficar na retaguarda, enquanto que Yakumo fica no meio. A moça de pele pálida sente-se inútil e fraca na posição, mas ela é obrigada a aceitar, visto que seu corpo ainda precisa de repouso.
Os três caminham sem obstáculos ou inimigos, enquanto que Shiroi se mantém a uma certa distância, na copa das grandes árvores.
Mesmo com a calmaria, Aya anda rápido e se distancia de seus amigos sem que percebesse. De alguma forma, ela ainda está assustada, mas preparada para batalhas.
Em certa parte do percurso, um barulho alto de passos a chama a atenção e ela vê um lagarto.
Aya morre de medo de lagartos.
Esquecendo todos os ensinamentos do Iruka sensei, ela sai correndo, com medo do réptil.
Correndo, sem rumo e desesperada, ela acaba batendo a testa em algo... alguém.
Automaticamente, a águia sai da copa das árvores e pousa sobre um galho, mais perto de sua humana.
Com o impacto, Aya cai sentada sobre o chão úmido do lugar. Sua cabeça se ergue e ela vê uma moça loira com um leque pendurado em suas costas.
— Que garoto feio!— a loira resmunga.
Aya arregala os olhos ao perceber que se trata do time vindo do País do Vento.
Ela nada diz ao ser confundida com um garoto. Isso é comum. Aya não gosta de cabelo grande, por isso o mantém tão curto quanto de um garoto. Além das roupas masculinas, que ela considera mais confortável para lutas.
O cabelo castanho claro cai, pontudo, sobre sua bandana na testa.
— Ei, peça desculpas para a minha irmã, seu moleque!— um rapaz que ostenta pinturas roxas sobre a face a pega pelo colarinho de sua camisa, conseguindo erguer o seu corpo.
Aya nada consegue dizer— como sempre—, apenas grita de dor, mas reage com uma mordida na mão do irmão da loira. Ele logo a solta, em reflexo da dor.
Logo, diante dela, os três formam uma fila de lado, observando-a como se ela fosse miserável e digna de uma boa surra.
— Você não fala?— a loira diz com um ar sarcástico.
Aya não consegue olhá-los nos olhos. Principalmente porque, diante dela, está um rapaz ruivo, de olhos intensos e aterrorizantes. Ele se mantém indiferente, na sua tradicional posição de braços cruzados.
— Aya!— a voz de Botan é suficiente para os três forasteiros tirarem o foco da garota jogada no chão para o rapaz que corre em seu encontro.
Logo Yakumo chega correndo também, apresentando mais fadiga.
— Aya? Então você é uma garota?— diz a loira.
— O que fizeram com você? Te machucaram?— Botan não hesita em pegar um kunai assim que vê a camisa da amiga toda amarrotada.
Seu erro foi olhar diretamente para o ruivo. Um olhar feroz entre os dois.
— Foi ele quem te machucou?— Botan insiste e avança, chegando cada vez mais perto do trio. Ele aponta para o ruivo inexpressível e lança a kunai.
Aya e Yakumo ficam inertes diante do conflito. Seus olhos se arregalam em sintonia. O trio, porém, permanece indiferente e frio.
A kunai é ridiculamente impedida por um pequeno escudo de areia. Os três ficam perplexos ao verem a tranquilidade dos forasteiros.
— Ora, não passam de pirralhos da Folha.— observa o rapaz com pinturas no rosto.
Aya começa a tremer quando sente uma movimentação estranha de chakra vindo do ruivo.
— É perda de tempo. Vamos!— A loira diz.
— Não tão rápido.— o ruivo finalmente se pronuncia. A voz tão fria e dura como seu olhar.— Não gosto do jeito que você me olha.
— Gaara, deixe disso. São apenas crianças idiotas.— a loira tenta impedi-lo. O olhar da garota denuncia algo ruim. Sua testa começa a suar, como a de Yakumo.
— E eu não dou a mínima para você.— Botan o desafia, ficando em posição de batalha. As mãos se erguem para fazerem o jutsu de exploração de mente.
Porém, Gaara é mais rápido, mesmo que tudo se passe em câmera lenta para Aya e Yakumo.
As duas observam uma boa quantidade de areia sendo manipulada pelo forasteiro. Os grãos mortais vão em direção as mãos de Botan. A areia logo toma conta da pele do Yamanaka. Logo, apenas o que se pode ouvir são os gritos dele e os pedidos.
— Salvem-se, meninas!
Yakumo está paralisada de medo diante da imagem de seu amigo sendo tomado por uma camada grossa de areia. Aya ainda não consegue levantar-se. Ela está assustada pelo poder e sombriedade daquele chakra.
As duas compartilham a vontade de não fugir, mesmo que não consigam fazer algo.
— Caixão de Areia!— o ruivo levanta uma das mãos e aperta os dedos num punho pesado.
A areia aperta o corpo de Botan e logo, Yakumo e Aya sentem um líquido escuro e grosso cair sobre elas.
Os restos mortais de seu melhor amigo.
Um segundo passou-se tão devagar. Um silêncio cruel instalou-se naquela floresta.
— Chega, vamos embora, Gaara!— o rapaz de rosto pintado grita assim que nota o olhar do ruivo em cima de Yakumo.
O olhar assassino.
Yakumo, com os olhos violetas arregalados, fica sem reação. Porém, um longo e agonizante grito é liberado.
Aya finalmente se levanta. Os olhos tão ameaçadores e intensos como os de uma águia pronta para atacar.
— Garasugan!— ela grita e logo suas íris transformam-se. Elas adquirem uma cor cinza e opaca, como um vidro, substituindo a cor castanha natural.
Finalmente, a moça loira e o rapaz de rosto pintado esboçam uma reação assustada. Menos Gaara, que permanece inerte e indiferente.
Aya, suja com os restos mortais de seu amigo, abre as mãos e começam a crescer rapidamente espadas de gelo.
— Ido!— Yakumo grita.
Logo, tudo se transforma num furacão de cores ondulantes e neon. As árvores se contorcem até se tornarem redemoinhos e misturarem-se com as cores roxas e vermelhas do céu.
O chão, que agora nada mais é do que uma superfície branca e brilhante, começa a ter redemoinhos pretos, de onde sai uma mão escura, com garras podres e pele enrugada.
Dessa vez, o trio do País do Vento expõe seu medo. Até o ruivo arregala os olhos e entre abre a boca.
— Mate-o, Ido.— Yakumo ordena.
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