Mike e Anna eram muito travessos.
Eles eram imparáveis...
Todos os sábados sua mãe os deixava na casa da avó para que ela e o marido tivessem momentos a sós. A casa da vovó Mary ficava numa parte pouco povoada da cidade. Era um casarão de dois andares num terreno rodeado por um matagal alto e árvores retorcidas. Quinquilharias antigas enfeitavam cada cômodo.
Certo dia, Mike quis brincar de esconde-esconde. Anna, sempre enérgica para qualquer possibilidade de diversão, aceirou na hora. Ela começou a correr freneticamente pela casa, à procura do melhor esconderijo. A garotinha avistou a porta das escadas que levavam ao porão e jurou ser o lugar perfeito para se esconder, apesar de a Vovó Mary sempre ter lhes dito que jamais deveriam entrar lá. Ainda assim, na cabeça travessa de Anna, seria o lugar perfeito — Mike nunca a encontraria.
Anna abriu a porta com todo o cuidado, desceu as escadas de cômodo escuro e pôs-se atrás de uma antiga e enorme prateleira. Lá, ela conseguia ouvir os passos de Mike através do teto. Um sorriso brincalhão enfeitava o rosto dela, que foi adentrando, silenciosamente, cada vez mais o porão. De repente, ela sentiu as costas baterem em uma espécie de estrutura metálica.
Um arrepio gélido percorreu todo o seu corpo, e garotinha caiu no chão, olhando para uma velha porta de ferro, imensa e horripilante, com grossos detalhes escuros e ornamentos e símbolos que Anna não saberia descrever. Ela começou a suar, assustada, mas ainda destemida.
Anna se levantou e observou a porta, a qual ela tateou para compreender quais segredos ali deveriam estar escondidos. Ela buscou pela maçaneta, mas não a encontrou. Inquieta com o achado, olhou para trás para conferir se havia sinal de seu irmão. Nada. Ela tinha tempo.
Anna forçou a porta metálica, pondo toda a pequena força infante que possuía nos braços para tentar abri-la. Vagarosamente, a porta se abriu com um rangido estridente.
A garotinha entrou no breu da sala recém descoberta, passo após passo. Algo gotejava, mas Anna não saberia dizer o quê. Achou que fosse água. Então, um ruído a fez virar-se para trás. Ela tinha certeza que ouvira um barulho vindo da entrada — mas não havia nada lá. Anna, de repente, passou a sentir o ambiente esfriar ao seu redor e, naquele instante, sentiu algo tocando vagarosamente suas costas. Ela virou-se novamente. Apenas breu.
A garotinha corajosa havia desaparecido, e Anna, desesperada, saiu correndo. Contudo, a porta metálica estava trancafiada. Ela começou a gritar por socorro e a socar incansavelmente a porta, ainda esperançosa de que Mike a ouviria — mas ele não a ouviu, e foi então que Anna percebeu que de fato não estava sozinha naquele lugar.
— Eu lhe disse para nunca entrar aqui, minha querida. — O corpo de Anna paralisou em meio a escuridão quando a voz aguda sibilou de algum lugar. Anna começou a tremer, e mesmo que reconhece a voz, estava receosa. A Vovó Mary continuou: — Pena que não me dera ouvidos, criança. Porque agora ninguém irá te escutar. — Anna começou a chorar ao ver as chamas avermelhadas surgirem pelo olhos da avó, que gargalhou em seguida.
Naquela tarde, uma garotinha dera entrada no hospital da cidade com um dos braços amputados após um trágico incidente trágico quando ela e o irmão brincavam de esconde-esconde no porão da casa da avó.
Obrigado pela leitura!
Podemos manter o Inkspired gratuitamente exibindo anúncios para nossos visitantes. Por favor, apoie-nos colocando na lista de permissões ou desativando o AdBlocker (bloqueador de publicidade).
Depois de fazer isso, recarregue o site para continuar usando o Inkspired normalmente.