Me sentia sozinha e o nó em minha garganta se tornava mais firme, a angústia aumentava conforme os dias. Entretanto, uma vez ou outra, eu era recepcionada pelo desespero e a ansiedade. Meu corpo tremia e eu sentia frio, minhas mãos suavam e meu estômago estava tão comprometido que eu sentia a azia subir até a garganta. O coração acelerado com suas batidas rápidas se tornaram audíveis; a dor assolava o meu peito mais uma vez. "Eu já passei por isso antes, só preciso respirar com calma", pensei comigo mesma, porém, a dor continuava ali. Latejante e incômoda. Meus pensamentos eram rápidos e revisitavam cada momento dilacerante da última semana.
"Eu só quero paz…" implorei e chorei, apertei a mão esquerda contra o peito com o intuito de cessar todo o meu sofrimento. Eu sempre imaginei que chegaria um dia onde meu coração simplesmente não aguentaria mais e eu morreria. Fácil, não? Mas ninguém morre de ansiedade e eu realmente lamentava por isso.
Meu quarto estava escuro e eu me encontrava mais uma vez deitada em minha cama. Não senti fome durante o dia e, ao tentar comer algo, meu estômago se rebelou e fui obrigada a vomitar o que conseguira ingerir. Me olhei no espelho e não me reconheci, meus cabelos estavam desgrenhados e secos, enormes olheiras contornavam os meus olhos e minha pele estava oleosa e sem vida. Lavei as mãos e a boca e voltei para o quarto, onde me encontrava desde então.
Me virei para o outro lado e encarei minha estante de livros, corri os olhos por alguns títulos que eu não tinha a esperança de ler um dia. Respirei fundo para aliviar o incômodo crescente em meu peito, eu sempre tinha a impressão de que sufocaria. Tornei a olhá-los e eles pareciam me encarar de volta, como se estivessem se queixando pelas histórias que guardavam e que não tiveram a oportunidade de serem lidas por mim.
— Eu sinto muito — disse e me encolhi nas cobertas. —Mas eu não tenho mais forças para nada.
Olhei na direção da janela e enxuguei os olhos com o dorso da mão, desejei que estivesse aberta para que eu pudesse admirar a lua. Porém, o meu corpo não desejava se levantar somente para realizar aquela ação. Bufei e desejei somente me ver livre daquela situação e, imediatamente, os meus pensamentos se voltaram para ele. Ele. Meus olhos lacrimejaram e eu tornei a chorar silenciosamente, eu não aguentava mais sentir tanta saudade.
Meus olhos estavam inchados e eu sentia a minha boca seca, vários minutos se passaram e o choro não cessou. Senti vontade de gritar e a raiva queimou o meu peito. "Eu espero que ele se foda de todas as formas possíveis", pensei. A fúria no meu peito era tanta que me levantei, acendi as luzes e finalmente abri a janela. Pelo menos algo me acalmaria naquela situação.
Sentei em minha cama e o céu estava cinza, a lua estava encoberta pelas nuvens e somente consegui visualizar a sua vasta claridade. Ouvi o farfalhar das árvores e a paz momentânea percorreu o meu corpo. Sorri e fechei os olhos, desejei estar na praia na companhia de amigos, mas eu decidi me isolar de todos por um tempo para lidar com a minha dor sozinha.
Comecei a me sentir sonolenta e decidi levantar, apaguei as luzes e me deitei. Ao me cobrir e fechar os olhos, desejei mais uma vez não acordar. Eu não suportava mais ser bombardeada todos os dias pelos mesmos pensamentos ruins, pelas mesmas memórias dolorosas. Me sentia exausta e logo adormeci.
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