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AutoraRegina Alcântara


Quantas vezes um coração suporta ser quebrado para cicatrizar, e quanto tempo uma alma ferida leva para se recuperar?! Sílvia sentiu na pele o desprezo da pessoa que deveria lhe amar acima de tudo, sentiu o quanto o mundo pode ser cruel, mas descobriu também o quanto poderia ser amada onde menos imaginava. Será que amor capaz de curar feridas profundas, ou abrir novas feridas?!


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#romanceinterracial #ianesilvia #amizade #amorverdadeiro
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Prólogo

Atenção, capítulos com cenas fortes de violência física e verbal, palavras de baixo calão e uso de drogas.

Se você não suporta espere o próximo.

Sem correção ortográfica

Ando pela ruela da vila, passos ligeiros, pernas finas, minha sandália gasta não é suficiente para impedir que meus pés toquem a água suja de esgoto a céu aberto que escorre do barraco de vários moradores, ratos disputam espaço com cachorro, crianças, eu sou mais uma no meio de tantas, a cada passo o coração acelera nos ouvidos, a cada passo aproximo do inferno, eu preferia não ter nascido.

Meu corpo não tem marcas, superficiais, o negro da pele não transparece as cicatrizes da minha alma, eu queria ser igual aquele moleque que acabou de chegar da escola, e não estar chegando do sinal de trânsito sem nenhum centavo no bolso, sei o que me aguarda lá.

Dez anos de idade, não lembro a data do meu aniversário, acho que são dez anos, meu corpo começa mudar eu sinto isso, tenho medo de chegar aos onze anos, a mãe da Brunna a vendeu aos onze anos, e entupiu o nariz de farinha com a Mara, minha mãe, na minha boca esse nome tem um gosto amargo, pior que fel.

A primeira vez que a chamei assim nunca vou me esquecer, tenho até hoje os vergões que a pele escura esconde, sou mais uma no meio de tantas outras, faço parte das estatísticas.

Aqui nem a polícia vem, de vez em quando os bandidos usam nossa casa como esconderijo, depósito de armas, por cinco gramas de pó ela guarda as armas no teto de madeira ruído do que um dia foi um barraco quase decente.

De longe escuto o choro do meu irmão Escobar, homenagem ao seu herói, tenho medo mas preciso cuidar, como posso do meu irmãozinho de um ano, que deve chorar de fome, do lado de fora escuto.

- Desgraçado deveria ter matado você assim como a imprestável da sua irmã!- seus gritos são ouvidos de longe, tenho vontade de sair correndo e ir morar nas ruas, mas o que me aguarda na rua é o mesmo que me aguarda lá dentro.

Aos sete anos de idade até que era mais fácil ganhar uns trocados no sinal de trânsito, alguns patrões querendo talvez uma redenção jogava umas moedinhas, mas aos dez anos, o bico do seio apontando na blusa gasta não oferecem nada além de cinco reais por uma hora.

Infância? Não sei o que é isso, muito menos inocência depois de ver a Mara com seus clientes, no sofá gasto da sala ou ouvir seus gemidos durante a noite inteira e ela contar para a sua amiga quanto de pó conseguiu com seu árduo trabalho, não há espaço para inocência.

Com minha pouca idade já pedi a Deus várias vezes para morrer, ela sabe que horas eu chego, sente meu cheiro sujo de longe, não sei como ela ainda sente meu cheiro com o cheiro podre de dentro do barraco, latinhas de cerveja pra todo lado, a louça da pia oferece comida para as batatas e até os ratos, nunca sobra pra mim.

- Então a putinha chegou... Passa, passa toda a grana, quero meu dinheiro, nem que você tenha que fazer programa... Sua puta dos infernos.-

ela me puxa pelos cabelos e eu espero o que não demora a chegar, já nem dói mais estou anestesiada, na segunda chibatada com os fios de energia, cobre roubado envolto por um plástico. Minha mente viaja para o sinal, um garotinho de cinco anos faz uma careta e com a inocência de uma criança bem cuidada pergunta para os pais.

- Mãe por que ela não toma banho, a mãe dela não gosta de dar banho nela?!-

Já não me importo mais com os comentários, racismo é crime para aqueles cuja sociedade olham, eu sou invisível, me olham como se eu fosse uma ratazana grande e nojenta.

Sete chibatadas e o Escobar continua chorando ao longe, não vejo mais nada, a fome a dor me apaga, e antes da escuridão me abraçar escuto sua fala embolada.

-Tomara que tenha morrido, vou ligar pra juciléia deve saber o que fazer com o corpo...-

Acordo com dor de cabeça, o corpo moído, as costas em brasas, por incrível que pareça aqui está mais macio que minha cama, abro o olho assustada, mas não consigo me levantar, meu corpo queima.

Abro os olhos e vejo tudo branco...

10 de Outubro de 2020 às 02:33 0 Denunciar Insira Seguir história
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