nonna.ayanny Nonna Costa

-Eu costumo acordar cedo para preparar o café da manhã e limpar a casa. Por volta das cinco. Meu marido e suas esposas só despertam depois das oito, as crianças após as nove horas da manhã, já que as escolas estão fechadas. Será muita ousadia minha convidá-lo a dividir a refeição comigo? Pelo menos até a guerra acabar. Posso preparar o que preferir, sou bom cozinheiro. - sugeriu um tanto temeroso com sua própria ideia. -Se eu tiver tempo, virei. - respondeu sem pensar direito. - Eu gosto de café com leite. - avisou e desapareceu num piscar de olhos, literalmente. Quando deixou o terreno da casa, Sasuke deu-se conta que aceitou o convite de um lobisomem para tomar café da manhã. LEIAM OS AVISOS POR FAVOR Contém cenas de abuso físicos e psicológicos, se for um gatilho para você, leia por sua conta e procure ajuda profissional. Contém cenas de violência doméstica, se for um gatilho para você, leia por sua conta e procure ajuda/denuncie caso passe por isso (seja homem ou mulher). Contém ABO/Omegaverse, se não gosta, não leia. Contém relação homoafetiva, se não gosta, não leia.


Fanfiction Anime/Mangá Para maiores de 18 apenas.

#naruto #sasuke #sasunaru #sobrenatural #abo #lobisomem #vampiro #romance #guerra #abuso #r18
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~1~

O primeiro sinal da guerra foi tão sutil que ninguém percebeu, mesmo se tratando da capital de toda uma nação poderosa. Uma criança foi encontrada morta e teve seu corpo mutilado e arrumado de forma a parecer um anjo crucificado, um sinal de pureza profanada. Ninguém entendeu a princípio, ninguém deu atenção ao significado, pois era um menino de rua qualquer, sem família ou sem nome - assim disseram nos pequenos tablóides que se preocuparam em noticiar. Foi considerado como um simples caso de briga entre gangues, nada que a polícia quisesse envolvimento.

Naquela cidade cheia de pessoas, famosa por sua cultura ancestral de belos tecidos coloridos de seda, estampados e lisos, e os tons sóbrios do linho, aquela era a capital da tecelagem e dos ourives em ouro e pedras preciosas, o status está em como se veste. Qualquer peça, seja de tecido, seja de joalheria, custava milhares e milhares da moeda internacional, o que garantia certa soberania entre tantas outras nações, pois ali estavam as mais poderosas famílias do mundo. Enquanto as aparências reluzissem e as pessoas fossem belas, ricas e sorridentes para todos os que vissem, não importava o que acontecia nas ruas perdidas dos bairros afastados, nas vielas sem nome, nas casas sem iluminação.

É o preço que se paga para se ter o que se quer: o desequilíbrio da balança social, silenciar os mais frágeis para dar voz aos mais fortes e manter pairando a sensação vaga de harmonia e organização, pois a Força do Lobo está em sua Alcateia.

Esta é a primeira lição ensinada por pais, mães, cuidadores e professoras para todas as crianças, que são separadas em castas conforme sua natureza biológica. Alfas são fortes - nasceram para dominar -, Betas são mão-de-obra necessária - as engrenagens - e os Ômegas são frágeis - abaixo da pirâmide, são aqueles responsáveis por gerar descendentes. Desde o nascimento, quando se é determinado a qual casta pertencem, as crianças são condicionadas para o seu papel na sociedade.

Não há como escapar no mundo dos Lobisomens, não existem outras opções quando se nasce escravo de sangue dos senhores alfas. E por haver tamanha repressão, tamanha restrição para que todos cumpram os seus papéis e a cidade de El Dorado continue como é aos olhos do mundo, ninguém se importou com aquela criança morta. Era apenas uma ômega. E também não se importaram quando dois betas, trabalhadores numa metalúrgica, foram achados sem suas cabeças.

Os únicos que choraram foram aqueles que enterraram seus familiares, alegando alguma causa natural nunca mencionada, pois aquelas famílias não tinham o direito de reclamar uma vez que o governo encarregou-se dos “fins apropriados” para cada um dos mortos.

Passou-se um mês entre o primeiro crime e o segundo, não havia conexão aparente, então também não houve conexão com os outros viriam a cada mês naquele ano: sempre betas e ômegas, partes lhe faltavam - para os primeiros as cabeças, para os segundos os órgãos reprodutores -, e sempre os mesmos veículos jornalísticos com pouquíssima visibilidade, destratados pelos grandes jornais e por outras forças que não podiam ser derrotadas.

O segundo sinal da guerra, depois de dois anos de assassinatos constantes, com intervalos cada vez menores entre as mortes, foi o atentado a uma escola de elite. Quem quer que fosse o responsável por aqueles crimes, por não receber a devida atenção para sua mensagem implícita, decidiu agir de forma mais incisiva, aliás, coercitiva seria a palavra. 35 crianças, em sua maioria alfas, morreram, pois uma bomba foi implantada na bolsa de uma professora. No mês seguinte, outro ônibus escolar, levando adolescentes betas e ômegas foi destruído por outra bomba.

Enfim o governo deu atenção e fez a devida as conexões devidas aos crimes antigos, trazendo à tona a cadeia de eventos que os mais pobres e menos afortunados, aqueles esquecidos pelo sistema bem conheciam e temiam. Ninguém saía à noite sozinho, ninguém andava sem companhia pela manhã ou em qualquer outro horário, os pais passaram a ensinar dentro da segurança da casa enquanto esta ainda existisse, pois não tardou para que as casas fossem invadidas por lobisomens encapuzados, sequestrando inocentes e os matando no meio da rua. Também não demorou para que os apartamentos suntuosos nos arranhas-céus também fossem alvo dos sequestros, ou mesmo os escritórios imponentes, as lojas de tecidos caros e de joias valiosas, nenhum lugar era seguro.

Três anos de atentados passaram desde a primeira morte e o último sinal da guerra foi lançado naquela nação. O filho do governador da Zona Norte foi sequestrado por um grupo rebelde de lobisomens que era contrário ao regime ditatorial vigente e, durante uma transmissão ao vivo que não puderam impedir a tempo, o jovem alfa foi degolado como nos tempos medievais. O líder do grupo declarou guerra ao país e avisou não parariam até que todos os tiranos estivessem sem suas cabeças.

Foi o suficiente para uma guerra interna iniciar de tal maneira que o país se viu dividido entre, como diziam pelas ruas, gregos e troianos - os apoiadores do governos e os apoiadores dos rebeldes -, transformando aquela nação de cores, tecidos caros e joias inestimáveis num campo sangrento de batalha, em que todas as ações eram feitas para se sobreviver.

Não havia como escapar, não havia para onde ir, por mais que afirmassem não haver problemas, que tudo estava sob controle, que ninguém devia se preocupar, a guerra avançou pelo anos como uma doença cuja cura parecia um sonho distantes.

Houveram crianças que nasceram sob os tiroteios no meio da rua, as ameaças de nunca verem o dia chegar com o cair da noite, que nunca foram à escola.

Houveram jovens cujos sonhos se tornaram cinzas levadas pela poeira e pelos ventos violentos das explosões e dos incêndios, a perspectiva de futuro era viver um dia de cada vez.

Houveram pais que enterram seus filhos sem merecer; houveram filhos que enterraram os pais cedo demais; houveram crianças que nunca cresceram; houveram famílias que nunca se formaram; houveram planos que nunca se realizaram;

Tudo era trocado por proteção, por comida e pela chance de viver. Foi assim que seis anos após o início da guerra civil, Naruto trocou seu trabalho no setor empresarial conseguido com muita dificuldade e enfrentando toda sorte de problema e de preconceito por um casamento que desse proteção aos seus pais e aos seus irmãos. Não havia como continuar trabalhando: primeiro, a empresa faliu, depois o prédio foi destruído por causa de um míssel.

Não havia muitas opções para si além de seguir o sistema e se casar com um alfa. Seu plano deu certo. Sua família e seus irmãos pequenos ficaram a salvo, mas não poderia dizer o mesmo de si. O único alfa que aceitou um ômega “velho” - a média de idade para casamentos na sua casta é de 15-18 anos, mas Naruto só se casou aos 25 - não era o mais gentil dos homens ou mesmo o mais fiel. Mas não importa o que aconteça consigo, desde que sua família estava bem.

Sua vida se resumia a cozinhar, lavar e passar roupas, cuidar de filhos que não eram seus, obedecer em silêncio, limpar a casa e no fim do dia realizar todos os desejos do seu marido. Até aqueles que fossem violentos. E, claro, o mais importante de todos os trabalhos como dona de casa: ser responsável por qualquer problema, até os impossíveis - como a desvalorização da moeda nacional, consequentemente, a perda de lucros do seu marido - e aceitar o castigo em silêncio. Pelo bem da família que deixou para trás, Naruto aceitou sua sina violenta sem perspectiva de mudança, porque depois do segundo ano de casamento, deixou de acreditar em milagres.

Houve um breve momento de trégua entre os exércitos inimigos para que negociações de paz fossem feitas e novos acordos estabelecidos. Foi o único ano em que Naruto se permitiu sentir paz. Como é de costume numa matilha - apelido dado às famílias de lobisomens -, o alfa quando não satisfeito com seu ômega pode ter outros ômegas. A cada dois meses, uma “nova esposa” surgia e logo foi preciso se mudarem para uma casa maior, com mais espaço para os filhos e para os ômegas.

Os mercados melhoraram com a trégua, o país pôde respirar, então foram dias prósperos para quem precisava reabastecer suas reservas vitais - dinheiro, comida, medicamentos, chances de partir para outros países, para longe da morte e para perto da esperança - e isso deixou o seu marido em ótimo humor, chegou a lhe dar flores e permitiu que escolhesse um quarto.

Naruto pediu pelo quarto dos fundos, o mais longe possível das outras esposas e dele, mas a desculpa que usou foi estar perto do seu jardim e da sua horta. Então, os dois cômodos sobre a garagem foram convertidos num quarto particular. Porém, não deixou de cumprir com as obrigações de primeira esposa, uma vez que se negava a ser marcado e esta foi a primeira razão para os dois brigarem e Naruto chegar ao ponto de implorar de joelhos para não morrer. Caso fizesse tudo como ele queria, tudo no tempo certo, nada desse errado, ele lhe deixaria em paz.

Não existe qualquer lei que permita um ômega iniciar um processo de divórcio, principalmente um tão velho como ele, e seu marido jamais lhe daria a possibilidade de uma separação que traria felicidade. Não em tempos de guerra. Ele não concordava com o fato de um ômega ser feliz sem um alfa por perto, principalmente um “alfa como eu” - sempre dizia com muito orgulho perto das outras esposas. Estava tudo bem, a guerra levou tantos, poderia levar seu marido.

Depois de um ano e meio de trégua, o governo perdeu todo o seu apoio militar e se viu com a terrível decisão nas mãos de chamar reforços. Ninguém acreditou quando os helicópteros pousaram nos prédios mais altos - Naruto estava em seu jardim cuidando dos seus pés de tomate e dali tinha uma boa visão da cidade ao redor daquele bairro de classe alta - e deles saltaram pessoas. Eram as Forças Especiais da outra superpotência do continente, que tinha acordos comerciais e profundo interesse nas jazidas de pedras preciosas, não usaram nenhum conto humanitário para isso.

O confronto armado recomeçou e desta vez o exército de El Dorado tinha em seu favor o famigerado Batalhão das Sombras. A nação vizinha era mista, como El Dorado é composta de lobisomens e humanos, porém nenhum lobisomem reside lá. São proibidos e, em alguns lares, odiados. No lugar desta raça canina, vivem os vampiros e aquela nação é regida por um conselho formado pelas cinco famílias mais antigas, os Milenares.

Isso tudo Naruto lembrou ao ver a notícia no rádio de que a cidade será patrulhada pelos Caçadores e eles receberam ordens de atacar - e matar quando necessário - todos aqueles que julgarem ser uma ameaça à paz e ao convívio social. Foi uma medida desesperada, pensou o ômega enquanto lavava a louça, que o governo tomou para retomar o controle. Pela barganha certa e pela possibilidade de matar alguns lobos - seus inimigos naturais - os vampiros aceitaram enviar sua melhor equipe antiterrorismo, verdadeiros soldados de guerra, para enfrentar os rebeldes ao se misturarem às tropas.

Eles eram precisos e implacáveis. Não deixavam rastros, atacavam e matavam sem que o criminoso se desse conta de sua morte, os vampiros fazem do assassinato uma arte elegante, limpa e muito assustadora. Ninguém deveria estar na rua entre as seis da noite e as seis da manhã, pois segundo as novas “regras da guerra”, elas pertencem aos vampiros. E Naruto nunca gostou de quebrar nenhuma regra, principalmente as que o mantém vivo, mas seu marido quer cerveja.

Sem opções, como sempre, ajustou sua túnica de esposa sobre a cabeça, retirou todas as suas joias para não atrair ladrões, levou o suficiente de dinheiro para a bebida e partiu. Era uma caminhada de dois quarteirões. Não demoraria mais que dez minutos para chegar à loja, comprar as bebidas e voltar para casa, nada de errado poderia acontecer em dez minutos, não?

Chegou como planejado - o caminho estava bem iluminado e havia algumas lojas abertas -, comprou as bebidas, porém demorou-se alguns minutos na fila e isso o preocupou. Lutava contra o ponteiro do relógio, bem visível na parede. Assim que terminou o pagamento, recebendo sua compra, e saiu fora do estabelecimento, a sirene alta ecoou por todas as ruas, acima dos prédios, em todas as televisões, em todas as rádios.

Naruto sentiu que era tarde demais. Segurando firme a bebida, disparou em carreira para sua casa, achando aquele trajeto estava mais longo do que antes. As luzes da rua começaram a apagar: as lojas, os postes, os letreiros, tudo preparou-se para os Caçadores. Naruto sentiu um arrepio na sua nuca, um aviso de medo, e isso o fez olhar para trás. Havia olhos vermelhos na escuridão.

Joias infernais.

A calçada irregular por causa da destruição feita em anos anteriores, restos de entulhos que nunca foram retirados, criou uma crista que o ômega não viu.

Seu medo de ser pego pelos Caçadores o fez cego naqueles segundos, tempo que definiu o seu destino. Naruto tropeçou e caiu rolando, protegendo a bebida. As sombras estavam tão próximas que sentia em seu nariz de lobo o fedor do sangue e da morte.

Naruto se ergueu sentindo seu pé doer tanto que ao dar um passo, a ponta o fez fraquejar e se segurar no poste - o único aceso. Sua casa estava perto, mas os vampiros mais ainda. Seu coração batia rápido, tão rápido que pararia, o único sinal de que está vivo é o frio das latas intactas contra o seu peito.

Ele ouve bater de asas frenéticos e altos, ao alcance de seus ouvidos lupinos - escondidos pela túnica sobre sua cabeça. Estão mais perto. É como uma revoada de inúmeros pássaros, mas chiado agudo que envolve esses ruídos lhe lembram outro animal: morcegos.

De repente para.

O mundo é tomado por um silêncio sepulcral.

A luz pisca sobre sua cabeça e isso faz Naruto erguer lentamente os olhos para o alto. Há uma criatura abaixada, rosnando para si, pendurada de ponta cabeça no topo do poste, por trás da lâmpada, portanto, não a enxerga bem. Ela rosna baixo para si, suas garras brilham como facas na escuridão.

A cauda do ômega foi para entre suas pernas e suas orelhas baixam, sinais de que estava muito assustado com aquela visão.

Seu corpo inteiro treme, o suor escorre por baixo de suas vestes, criando rastros frios de desespero, e a luz se apaga. Ele não grita. Há tempos aprendeu que o grito é um estimulante para a violência exacerbada. Talvez, se ficasse quieto, se respirasse devagar, se não se mexesse, a criatura iria embora e ele poderia voltar ao seu marido e…

Naruto sente-se repentinamente lúcido quando ouve a criatura - é um lobisomem em sua forma monstro, agora sabe pelo cheiro - se pergunta naquele momento não será melhor morrer e nunca mais sofrer nas mãos dele.

Esperou que a guerra o levasse e assim ele se veja livre do tormento diário, mas talvez a solução seja levar a si. É, é melhor assim. Os filhos que deixa para trás não são seus. Viveu sua vida como quis até o momento que a aliança cingiu seu dedo. Fez o que fez por amar quem lhe ama - seus pais e seus irmãos - e não há arrependimentos em seu peito.

Encontrarão seu corpo pela manhã e dirão que foi vítima do exército rebelde. Talvez seu marido lhe veja com bons olhos uma última vez antes que seu corpo seja jogado numa vala qualquer - não há tempo ou espaço para enterros numa guerra. Não iria querer mais do que isso. É o bastante para um ômega velho, sem perspectivas, cuja beleza foi arrancada pela violência do lar e pela guerra.

Naruto respira fundo, arruma sua postura e sente-se calmo. Seu destino fúnebre foi aceito como uma dádiva. Esperou pelo ataque violento, mas este não veio.

Ouviu sons de luta. O lobo rugia ao atacar e era espancado. Então um tiro ecoou, que fez Naruto cair sentado, perdendo completamente a dormência que assolou sua alma. A luz do poste reacendeu e ele viu.

O lobisomem voltara à sua forma quase humana - não eram totalmente humanos por causa do par extra de orelhas, da cauda e das unhas um pouco proeminentes e pontudas - e sobre si estava um soldado.

Sua roupa militar era preta e em suas costas reluzia a arma responsável pelo disparo. A fumaça do recente tiro escorria pelo cano como uma alma que deixa o corpo. Naruto arregalou os olhos, incapaz de gritar, ao entender que aquele vampiro sobre o homem estava lhe sorvendo o sangue com avidez. Ouviu falar deles no jornal que passa às dez horas da noite: são os Blasfemadores.

Sangue é mais que um alimento para os vampiros. É sua fonte de poder. Sua longevidade. Quanto mais bebem, mais fortes ficam e por mais tempo vivem, mas o Código de Sangue - a lei máxima do vampiro - ordena que só bebam de humanos. Seja ele dado pelos humanos ou roubado, mas apenas sangue humano. Os Blasfemadores são vampiros que bebem sangue de lobisomem - vistos como hereges pela própria cultura vampira. Ter contato com o veneno lican é fatal para os vampiros comuns, mas alguns seguem o que há de mais primitivo em seus instintos e não distinguem lobisomens ou humanos ao escolher suas presas. Não sabe o que acontece com os Blasfemadores, apenas que ficam mais fortes que a média vampiresca.

O corpo murchou como se houvesse passado por um processo de mumificação, eternizando a expressão de desespero por ter sua vida roubada daquela forma, e logo o soldado ficou de pé, lambendo os lábios para limpar os últimos vestígios da morte.

Naruto tentou se levantar, mas seu tornozelo doeu de tal forma que o recordou de sua incapacidade de caminhar. Será se torceu ou quebrou? O soldado voltou-se para si, os olhos vermelhos brilharam como fogo à medida que se afasta da luz e vai até o lobisomem caído. Naruto balbucia palavras, implora por sua vida - morrer daquele jeito é tão pior quanto voltar para o seu tormento.

-Senhor. - o soldado se abaixa e liga a lanterna presa que retirou do seu colete, iluminando o ômega e a si mesmo. Ele lhe observa e nota o quanto está assustado. - Permite que eu o examine, senhor? - indicou a perna, cujo pé estava sem a sandália.

-O-o quê?

-Sua perna, senhor. - Naruto observou o tornozelo inchado e assentiu.

O vampiro ajustou a arma nas costas com a bandoleira para logo retirar suas luvas. As mãos pálidas, cujas veias e artérias eram bem visíveis, tocaram com muito cuidado a região machucada - eram frias nos dedos como um cadáver, mas cálidas na palma, estranho. Ele girou o pé e puxou, causando um estalo alto e um susto em Naruto.

Não doeu, aliás, não doia mais. Da bota de soldado, ele retirou uma caixinha retangular, colocou-a sobre a coxa para abrí-la e tirar dali um rolinho branco empacotado. O soldado rasgou com os dentes - presas de pérola, pensou Naruto ao vê-las tão brancas que pareciam iluminadas - e abriu o rolo. É uma bandagem adesiva com medicamento.

Uma vez feito o curativo, Naruto foi erguido devagar e sua sacola foi devolvida - não lembra em que momento as derrubou. As cervejas estavam arruinadas. Os olhos azuis encheram-se de lágrimas quando imaginou os socos que levaria por aquilo.

-Sente dor? - negou, enxugando os olhos com a ponta da túnica. O soldado ligou seu rádio de comunicação e enviou informações sobre o ataque e a vítima. - Central, um 122 finalizado. Um indivíduo beta, 35-40 anos, abatido durante um ataque a um ômega… - ele lhe fitou. - casado de retorno…

-Casa. - sussurrou.

-Para casa. - continuou com a voz de quem nunca será questionado. - Pedido de apreensão para análise. Código 77. Câmbio. - desligou e observou o menor. - Onde reside, senhor? - Naruto indicou sua casa, há poucos metros de onde estão.

7 de Julho de 2020 às 13:24 0 Denunciar Insira Seguir história
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