Ando meio perdida esses dias, sem rumo certo, sem motivação.
Olhando para minha xícara de café esfriando entre as mãos, eu fico me perguntando sobre as migalhas de pão que deixei no caminho. Onde fui parar? Como volto para casa?
Talvez seja uma crise existencial a mais às 2 da madrugada, mas olhando para as paredes do apartamento, em mais uma cidade distante, eu me vejo refazendo meus passos.
Olho para trás procurando onde errei, ou para frente esperando achar a saída?
Ando meio calada esses dias, mesmo tendo tanto o que dizer.
Penso se essa vai ser minha causa de óbito: me sufocar com todas as coisas que não falei. Quem iria me ouvir? O receio de me expor sempre pesa demais. Um pecado por omissão me faz renunciar ao que poderia dizer, pois dói menos ser rejeitada pelo silêncio do que me abrir e ser rejeitado por ser quem eu sou.
Sofro em silêncio nessa floresta, ou grito por ajuda e arrisco a atrair atenção da bruxa?
Ando meio triste esses dias, mas não entendo a razão certa.
Talvez seja a pura melancolia que sempre me perseguiu. Hoje em dia, eu me assusto com o som da minha própria risada, como se fosse uma língua não praticada ao qual esqueci. O medo da felicidade ilusória me impede de tentar sair disso, ao imaginar o quanto pode pesar mais ter um breve momento de felicidade apenas para ele ser arrancado de mim.
Com as mensagens não respondidas no telefone, as ligações perdidas, ou me vejo entre dois caminhos da floresta: Me arrisco em aceitar uma felicidade momentânea, ou me protejo na solidão já conhecida? Como saber se dentro dessa casa de doces, não vou encontrar minha pior bruxa?
“Onde deixei as migalhas?” Eu me pergunto, enquanto retomo cada passo, enquanto repenso cada ação. Eu quero voltar para algum ponto que deixei para trás, para entender o que preciso para sair do meu estado de inércia. Eu preciso saber o que perdi, para começar a procurar. Entender em qual esquina virei errado, se tem uma outra de mim por aí, vivendo uma vida que deveria estar vivendo.
Porém, me vejo nesse impasse ao pensar se de tanto olhar para trás acabei estagnada. Se minha cautela em cometer os mesmos erros me faz ficar parada. O quão triste é se sentir perdida, mesmo sem sair do lugar?
“Não tem como voltar para casa.” Um breve olhar, eu respiro fundo enquanto decido. Meu café esfriando, o barulho do relógio na parede e do carro passando na rua. “Casa não existe mais.”
Ando meio perdida esses dias. Talvez a saída seja ir sempre em frente.
Talvez eu esbarre na casa da bruxa, talvez eu ache a saída dessa floresta.
É um começo.
Só vou saber se continuar andando.
Obrigado pela leitura!
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