Como entender de Fato uma Narrativa e como cria-la? Existem zilhões de formas de se criar uma narrativa, a única exigência para todas elas é não perder a coerência.
E nós ficwriters não estamos de fora disso!
Obviamente que para cada modelo de gênero, existe um padrão a ser seguido, no romance os personagens ficam juntos no final (quase sempre), no terror alguém precisa morrer ou ser perseguido, no drama muitas lágrimas precisam rolar, e assim por diante.
Por mais que para cada gênero, exista um padrão, você pode sim criar o seu próprio. A escrita é um espaço livre! Se a sua história tiver coerência e seguir um desenvolvimento verossímil, vai dar bom sim!
Hoje vou só comentar bem por alto de alguns aspectos, não vou falar de todos pois são muitos, mas vou abordar aquilo que para iniciarmos o ponta pé da nossa escrita vai nos ajudar bastante.
Compreender uma história e o que o escritor quer dizer, é a primeira percepção para sermos bons escritores. Por isso antes de você criar a sua história, é preciso entender sobre outras narrativas, principalmente a que você quer trabalhar.
Cuidado para não confundir os gêneros, técnicas usadas, estrutura e desenvolvimento. Uma mesma história pode ser feita de formas TOTALMENTE diferentes por cada autor. Mas para quase todas as histórias dentro de um modelo X precisam seguir a técnica quando você vai estruturar o seu enredo.
Por exemplo: se a sua história será um suspense, você precisa criar motivos coerentes para que aquilo seja plausível para o seu leitor. Que quando ele descubra não se sinta feito de bobo. O feito de bobo aqui, não é por ter sido enganado e sim por o motivo real do desfecho daquele suspense ser simples ou sem sentindo.
Dentro do universo das Fanfics vamos ter algumas estruturas de narrativas.
Oneshot por exemplo, que pode ser comparada a um Conto.
Contos não precisam retratar todas as passagens dos personagens, ou se aprofundar nisso. Muitas vezes são uma cena, um momento, algo que o autor quer contar em breves palavras ou em muitas. Mas ainda assim ele não vai te explicar detalhadamente o que aconteceu com aqueles personagens, quem eles são, de onde vieram e para onde vão.
Existem MUITAS coisas que não são obrigatórias em uma narrativa, como descrever detalhadamente todos os personagens, ou narrar o que cada um está exatamente fazendo etc. Algumas dessas informações podem não ter — e quase sempre são desnecessárias —, simplesmente para que o leitor possa criá-las em sua mente.
Dica de Pedro Bandeira: deixe o seu leitor se sentir parte da história, deixe-o sentir como se ele também fosse o autor. Por isso que deixar apenas detalhes dos seus personagens, porém sem especificar muito vai fazer com que o seu leitor os crie como bem entender em suas mentes.
Como ficwriters isso em si não é uma demanda, afinal se eu digo que o Sehun do Exo está na minha história, logo quem o conhece já consegue imaginá-lo, porém mesmo com isso, muitas vezes a narrativa se perde em longos parágrafos focados em descrever sobre o Sehun.
Outro detalhe importante: entender qual tipo de narrador você irá usar para contar a sua história. Narrador personagem, observador ou onisciente?
O narrador personagem é aquele que participa da história. Ele pode ser um dos personagens principais ou ser apenas um personagem secundário. Sendo um porta-voz de histórias narradas em primeira pessoa, esse tipo de narrador apresenta relação intrínseca com os demais personagens.
Dentre os tipos de narradores personagens podemos destacar “Memórias Póstumas e Brás Cubas” de Machado de Assis. Nessa obra, o narrador personagem é também o personagem principal, chamado de narrador protagonista. “Que me conste, ainda ninguém relatou o seu próprio delírio; faço-o eu, e a ciência mo agradecerá.
O narrador-personagem conta na 1ª pessoa a história da qual participa também como personagem. Ele tem uma relação íntima com os outros elementos da narrativa. Sua maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas, emocionais.
O narrador observador, assim como o narrador personagem, é centrado no foco narrativo em 1ª pessoa do discurso. Distingue-se do narrador personagem, pois o narrador observador participa da história não como um personagem protagonista, mas como um coadjuvante que vê o que narra, mas sem ser o centro do enredo.
É um narrador que narra apenas o que vê, o que observa, isto é, não participa da história e nem tem conhecimento total dos fatos e personagens: “O sol estava começando a abaixar e a luz da tarde estava sobre a paisagem quando desceram a colina.
O narrador observador, assim como o narrador personagem, é centrado no foco narrativo em 1ª pessoa do discurso. Distingue-se do narrador personagem, pois o narrador observador participa da história não como um personagem protagonista, mas como um coadjuvante que vê o que narra, mas sem ser o centro do enredo.
O narrador onisciente intruso é um narrador observador – ou seja, não participa da história como personagem. Ele usa geralmente a terceira pessoa e tem conhecimento ilimitado do que se passa na história, inclusive na mente dos personagens, seus pensamentos e estados psicológicos.
O narrador onisciente, também chamado de onipresente, é um tipo de narrador que conhece toda a história e os detalhes da trama. Além disso, ele tem conhecimento sobre seus personagens, desde sentimentos, emoções e pensamentos. ... No entanto, por vezes, a trama pode ser narrada em primeira pessoa.
O narrador-onisciente conta a história em 3ª pessoa e, às vezes, permite certas intromissões narrando em 1ª pessoa. Ele conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo das personagens, conhece suas emoções e pensamentos.
Por que é importante entendermos quem conta a nossa história? Para saber como contar e não deixar nosso leitor confuso.
Algo que ocorre no universo das fanfics são as famosas adaptações de histórias para o seu grupo favorito, muitas vezes apenas trocando os personagens originais pelos idols.
Por mais que muitas vezes se usem aqui o termo Adaptação impregnado de uma forma errônea, lembre-se sempre que Adaptação não é o mesmo de Inspiração.
Posso ler Star Wars, me inspirar na ficção ali criada e criar minha própria narrativa pegando apenas elementos da história. Isso fica até errado, pois o escritor vive de inspirações, sem suas inspirações ele não escreve nada.
Se quero escrever sobre uma trama policial, só assistindo e lendo coisas do mesmo gênero que vou me aprofundar mais nessa estrutura de narrativa.
A forma correta de se criar uma adaptação é: usar os personagens, eventos da história e o plot. Você só não usa a narrativa original, pois você irá adaptá-la para algo novo.
Ex.: Dom, filme brasileiro de Moacyr Góes é uma adaptação de Dom Casmurro (Machado de Assis) que foi feita para o cinema/livros e colocado passando nos dias de hoje. A adaptação ela requer se prender à história original, porém com uma nova narrativa/ambientação.
Dentro do formato geral existente para o ficwriter, existem dois estilos gerais nas fanfics. Isso ocorre segundo de quem esse autor é fã.
O primeiro é usar de um filme, série ou personagens já existentes e criar algo dentro disso, usando os mesmos elementos e até agregando elementos novos. Posso estar enganada, mas na minha visão acaba tendo um ponto positivo e outro negativo.
O positivo que você tem todo um universo já pronto para você, é só se aprofundar na história para criar a sua versão dela.
O negativo é que querendo ou não você tende a ficar um pouco limitado, afinal se você vai usar os filmes ou livros de Percy Jackson é dentro daquele universo que você vai criar a sua fic.
Ficwriters de Harry Potter ou Crepúsculo usam toda a estrutura já existente da narrativa e criam um spin-off dentro daquilo, muitas vezes trocando os pares ou criando novos desafios para os personagens resolverem.
O segundo estilo é usar algum artista ou celebridade e criar a sua história com essas pessoas como seus personagens.
E na minha concepção esses são os que mais conseguem criar narrativas saindo do zero, ou também agregando esses artistas em universos já criados, fazendo uma espécie de crossover. Um exemplo disso é você colocar o Jimin do BTS dentro Hogwarts.
Ambos os estilos são incrivelmente maravilhosos!
Conseguiu entender um pouco como pensar em um gênero, entender da narrativa, da estrutura e quem sabe começar a escrever a sua fanfic?
Tem algum assunto que você gostaria que eu abordasse no Dicas de Escrita?
No vemos semana que vem, espero, então um ótimo final de semana para você!
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LINGUAGEM NA ESCRITA
Sabemos que cada autor segue a sua escrita de acordo com o que consome como leitura e entende de narrativa.
Dentro do ambiente das Fanfics é mais livre, portanto, mais acessível. O que não é algo ruim, afinal o acesso a contar suas histórias precisa sim ser um espaço aberto.
Mas como o intuito deste humilde blog, jornal é ajudar você com algumas dicas, então vou mencionar algumas manias de linguagem dentro das narrativas de ficwriters.
Dependendo da quantidade do seu uso, em si não interfere no desenvolvimento da sua narrativa, mas pode ficar maçante ou “chato” para o leitor.
A primeira delas é: o uso de “o menor” “o loiro” “o moreno”... etc.
Usar Adjetivos do Personagem no lugar do Nome ou Pronome Pessoal é errado, e ao mesmo tempo distancia o seu leitor daquele personagem.
Algo muito usado nas lojas quando um vendedor quer conquistar o seu possível cliente, é chamá-lo pelo nome, isso aproxima, quebra barreiras que esse cliente poderia ter em comprar ou não tal objeto.
O mesmo ocorre numa história, quanto mais próximo estou daquele personagem, mais quero ler e descobrir sobre ele.
A segunda é: Usar “O mesmo/A mesma” para se referir ao Personagem ou Objeto.
“o mesmo” é um Pronome Demonstrativo, quando usado para se referir a alguém o empregam com valor de Pronome Pessoal. Acaba que esse “o mesmo” vira quase que uma pessoa na frase.
EX: “João andou correndo pela chuva para que não se molhasse tanto. O mesmo chegou respingando todo o local ao seu redor me dando uma sensação nostálgica.”
Quem chegou respingando o local? O mesmo ou o João?
A forma correta seria: “João andou correndo pela chuva para que não se molhasse tanto. Ele chegou respingando todo o local ao seu redor me dando uma sensação nostálgica.”
OU
“João andou correndo pela chuva para que não se molhasse tanto. Chegando respingou todo o local ao seu redor me dando uma sensação nostálgica.”
Conseguem visualizar?
A terceira é: Quando for usar o nome do seu personagem ou o substantivo (ele/ela) não tem a necessidade de repetir trocentas vezes. O seu leitor é inteligente!
O que vai fazer que seu leitor entenda sobre João ali na narrativa é como a cena está ocorrendo, e mesmo que João esteja em um diálogo com Pedro, é possível criar uma dinâmica onde a repetição dos nomes ou substantivos não fique maçante.
EX: João sabia que estava atrasado, mesmo olhando o trânsito a sua frente tentava de tudo para chegar o mais rápido que conseguia. Não era do seu costume se atrasar, mas justamente naquele dia seu despertador não funcionou, logo quando teria uma reunião com Pedro.
Assim que estacionou seu carro, correu em direção ao elevador e indo direto para a sala de reuniões. Pelo vidro notou que a reunião já havia começado e simplesmente respirou.
— Licença senhores, desculpe-me pelo atraso houve um imprevisto.
— Tudo bem João, acabamos de começar! — Disse Pedro de forma simpática.
A quarta dica e última é: Você tem três personagens que vieram de diferentes lugares e tiveram diferentes realidades ao longo de suas vidas até aquele momento, eles vão usar exatamente a mesma linguagem?
É importante ao criar seus personagens, também desenvolver gírias, manias de linguagem, palavras que costumam usar mais, formas de se portar e falar de acordo com determinadas situações.
Assim você não somente está criando um personagem, mas dando identidade a ele.
Gostaram das Dicas de Escrita de hoje?
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RECADINHO: O #FanficShow voltou, e nesta sexta-feira às 19h vamos ter um especial de Dicas de Escrita com a Wlange Keinde do Ficçomos! Vai ser INCRÍVEL e eu sei que você vai amar!
Usem máscaras e nos vemos semana que vem!
Como estamos? Espero que bem!
Quando fiz o curso de escrita criativa com o Tiago Novaes descobri que existe o decálogo do leitor, e você saberia me dizer o que seria isso?
O decálogo nada mais é, que os mandamentos da leitura. Existem vários deles, e o que trago hoje para vocês é do: Daniel Pennac um professor e escritor Francês, um dos autores mais importantes da literatura popular francesa contemporânea e um apaixonado por pedagogia. Ele escreveu o livro intitulado Como um Romance (1992) no qual discute os direitos imprescritíveis do leitor.
Decálogo do Leitor
1 - O direito de não ler. (Quando a obra não nos interessa. A atividade da leitura precisa ser prazerosa)
2 - O direito de pular páginas.
3 - O direito de não terminar o livro. (Quando este não está bom. Existem ótimos livros te esperando)
4 - O direito de reler. (Quando gostamos muito, ou queremos entender melhor)
5 - O direito de ler qualquer coisa.
6 - O direito ao bovarismo. (Quando queremos vivenciar aquela obra.)
7 - O direito de ler em qualquer lugar.
8 - O direito de ler uma frase aqui e outra ali. (Quando já lemos, e pegamos uma das frases que gostamos, ou que nos marcou)
9 - O direito de ler em voz alta.
10 - O direito de calar. (Você não é obrigado a elogiar sempre, ou externalizar isso)
Gostou? Quais desses decálogos você mais faz?
Talvez você possa não ter entendido o que significa bovarismo, ele nada mais é que: quando estamos lendo uma história e ela mexe profundamente, que gostaríamos de estar vivenciando aquilo, seja na perspectiva de algum dos personagens, seja por querer viver naquele mundo/universo.
Eu mesma até hoje espero minha cartinha de Hogwarts!
Dentro do que foi dito no jornal de hoje, vou agregar alguns pontos voltados agora para o escritor.
Para escrever bem, precisa aprender a ler! Quanto mais se lê, mais repertório.
É preciso traduzir a leitura em território de escrita, ao ler uma obra que você goste muito pergunte-se: Como elu fez? Como elu criou isso?
Não apenas ler e curtir uma obra, mas analisar como o autore conseguiu criar tudo aquilo. Fazer essa análise critica a obras nas quais você gosta muito, pode te ajudar na criação da sua própria história.
Ler é um Processo Criativo.
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Fiquem bem, beijokas e abraços!!!
Até o próximo...