Eu queria falar sobre o sangue, queria ter um raciocínio mais coeso e certo pra expressar o que estou sentindo. Um misto de raiva, indignação e revolta, Sangrar é natural, é uma maneira de mostrar que seu sistema reprodutivo funciona, de que forma né? Minha vontade de xingar e chutar o cu de quem projetou essa máquina que somos e perguntar o motivo de ser assim é enorme. Nos dias antes de chegar aqui na Upa eu levantava e o rastro de sangue me seguia, além da dor todo um constrangimento, as pessoas olhavam horrorizadas, os cochichos enquanto eu me dirigia ao banheiro ou ia pedir pelo amor de deus pra me darem algo pra diminuir aquilo foram massacrantes. Meus medos e inseguranças estão de volta, não tão exacerbados no momento, agora que o sangramento diminuiu consegui dormir um pouco melhor, os exames que fiz tiveram bons resultados, mas ainda fico zonza quando levanto, sinto fraqueza, e dor, pequenas cólicas irritantes e estressantes demais para aguentar quieta. Hoje o médico veio aqui (cirurgião chefe de setor) conversou comigo sobre possíveis tratamentos que não incluam a retirada do útero; eu chamo de balela de homem querendo decidir sobre o corpo da mulher. Eu não quero ter filhos, já não queria anos atrás, agora que estou tendo problemas novamente não iria mudar de opinião sobre um fato médico. Explicar que moro num lugar que não me dá suporte para criar alguém de uma maneira digna e tranquila foi um dos fatores para minha decisão. Mas como planejei sair de lá e correr atrás de uma vida melhor, em 5/10 anos com uma estabilidade financeira e psicológica eu pretendo adotar. Não vejo distinção em filhos biológicos e adotivos, me conheço, serei capaz de amar e cuidar com carinho de qualquer maneira, meus ou não. Mas enfim... Eu quero falar do sangue de novo. Ficar achando que vou morrer ou essa fraqueza o tempo todo me assustam e deprimem, me levam pra 2019 onde eu vivia em alerta, com medo, e sem perspectiva. Bem, continuo aqui, esperamdo e fazendo exames, pensando no que fazer quando for lá fora, eu não vou ficar quieta, esperamdo resultado de biópsia, ou outras coisas, saindo daqui, vou no HC marcar consulta com o médico que me acompanhava antes, tentar entender o que está acontecendo, voltar ao meu tratamento psicológico e psiquiatrico e sentir de fato que estou fazendo algo. Que não estou parada a la Raul Seixas numa poltrona observando pela janela.
Nunca pensei que diria isso nesse mundo, nessa vida, eu amo viver, e amo o que tenho, mas quero uma vida melhor, tenho esse direito, tenho essa obrigação de correr atrás dos meus sonhos e desejos, das coisas que amo e sempre amei. Eu quero viver plenamente e sentir que fiz e faço algo que signifique estar e me sentir viva. Amo Raul Seixas mas esperar a morte chegar não faz meu estilo.
Não mais. Morrer é natural e vai acontecer, mas esperar por isso pacificamente não está nos meus planos. Nem por um minuto me render. Nem por um segundo voltar àquele caminho. Eu quero que meu sangue fique dentro de mim, é onde ele realmente deve estar e não por aí fazendo trilhas de desespero.
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