Queria muito ter seu nome gravado na história. Nunca, porém, alcançava seu objetivo. Tentou de tudo. Música, política, causas ambientais e sociais e, apesar do excelente trabalho em cada um deles, não se destacava. A última tentativa, ele prometera a si mesmo, seria surfando a maior onda da costa da Austrália. No meio do mar, com vários helicópteros ao redor, cinegrafistas gravando tudo, se tornou a famosa primeira vítima de um Megalodonte, que ninguém sabia dizer de onde havia surgido.

Nunca tivera sorte com as mulheres. Não podia ser considerado feio, era apenas tímido ao extremo. E inocente. Ficara com poucas mulheres, mas estava pronto para casar com cada uma em pouco tempo de relacionamento. E, de fato, ao menos, duas vezes casou, mas foi enganado, traído e terminou na sarjeta em ambas as vezes. Perto dos seus quarenta, conheceu num bar uma jovem lindíssima, que se aproximou e, com pouco mais de uma hora de conversa, o levou até seu apartamento.

Nunca tivera sorte com as mulheres. Não podia ser considerado feio, era apenas tímido ao extremo. E inocente. Ficara com poucas mulheres, mas estava pronto para casar com cada uma em pouco tempo de relacionamento. E, de fato, ao menos, duas vezes casou, mas foi enganado, traído e terminou na sarjeta em ambas as vezes. Perto dos seus quarenta, conheceu num bar uma jovem lindíssima, que se aproximou e, com pouco mais de uma hora de conversa, o levou até seu apartamento.

O pedaço de vergalhão, atravessado em seu tronco, o forçava a andar com o corpo pendido para o lado. Ainda assim ele não parava. Os destroços ao redor formavam um labirinto que, mesmo que estivesse bem, seria impossível achar uma saída. E ele seguia em frente. O terremoto, com certeza, deveria ter estourado as escalas, ainda assim, não se permitia desistir. O shopping viera abaixo, mas ele não podia deixar sua filha sem seu presente de Natal. Com sorte e um milagre, ele a veria outra vez.

As grades nas janelas oprimiam. Todo dia, ao vê-las, era necessário uma força hercúlea para conter algumas lágrimas. Antes mesmo que conseguir acordar direito já se entregava às obrigações, que mal deixavam espaço para sair e tomar um pouco de sol no rosto necessitado. O almoço, insosso, só o lembrava do que já não podia comer normalmente. Ao fim do dia, se imaginava numa prisão, após surtar e matar seu chefe abusivo. Com certeza, se sentiria mais livre lá do que no maldito escritório.

As mãos suavam, os dedos tremendo levemente, iam e voltavam, mas sem tocá-la. As batidas do seu coração ressoavam nos próprios ouvidos, como tambores selvagens. O canto do olho esquerdo exibia pequenos e incômodos tremores, mas sem que a imagem dela saísse de foco. Só depois de longos minutos sofrendo, ele ampliou a tela e deu play no vídeo que ensinava a fazer Miojo Gourmet. Com 25 anos, era a primeira vez que ia fazer sozinho sua refeição. “essa vida de solteiro não é fácil”.

O detetive particular Thomas Malone estava encurralado em seu escritório. Sem querer, esbarrou em algo grande e agora a máfia havia mandado seus melhores capangas para silenciá-lo. Eles só não contavam com os vários interruptores que o detetive instalou na última reforma. Thomas apagou a luz e os tiros pipocaram. “Deu certo” ele pensou, quando a luz se acendeu e apenas ele estava de pé. Mas logo percebeu que seu corpo também estava caído. “Merda… Espero que precisem de Detetives no além".

 Aram, Taboo e Kiara combinaram um jantar romântico para comemorar um ano de relacionamento. Escolheram um restaurante caro, a mesa com melhor vista da cidade. No meio da refeição, os olhares de amor entre eles se alteraram e estavam prontos para um combate. Ao redor, os demais clientes, bem como os funcionários do lugar, deixavam seus pratos de lado e assumiam suas verdadeiras formas. Vampiros. “Agora sim…” Taboo dava voz ao que seus amantes pensavam “Esse sim parece um encontro prá mim."

Ele desenvolveu poderes elétricos. Conseguia controlar uma TV piscando um olho. Nunca mais pagou contas de luz. Em festas, se destacava fazendo shows de raios e relâmpagos. Seus poderes aumentavam, assim como sua irresponsabilidade. Quando se apaixonou, tentou fazer uma surpresa para sua amada. Assim que ela atendeu o celular, ele converteu seu corpo em impulsos elétricos e foi até ela. O que não contava é que a pobre moça estava numa banheira cheia de água. Ambos morreram eletrocutados.

Em meio à trilha que estava fazendo, se afastou do caminho e caiu em um buraco. O que amorteceu sua queda parecia um ninho repletos de ovos que, ao quebrar, deixaram escorrer um líquido viscoso e fétido. Com vergonha do erro amador, não falou para nada, chegando em casa, tomando um longo banho e se trancando. Os dias se passaram e quando, finalmente decidiu pedir ajuda já era tarde. Suas costas haviam derretido e, dentro de seu corpo, criaturas aracnídeas recém-nascidas começavam a se alimentar.

Juca “Três Oitão” estava sentado em um beco, numa das maiores favelas do mundo. A velhinha que ele empurrara caiu dura, por isso foi fácil para que ele levasse sua bolsa. Ao abri-la, tentáculos roxos o agarraram e o arrastaram para dentro, quebrando todos seus ossos. “Bem vindo ao inferno, seu merda”. Conforme ia se aproximando da bolsa, a velha senhora foi se transmutando numa linda e jovem mulher. A feiticeira chamada Encanto Rubro agora podia seguir para o próximo criminoso de sua lista.

A estrela havia, finalmente, atingido a idade. Sua luz brilhou mais intensamente, sendo atendida pelo Sol mais próximo. “Qual seu desejo pequenina?” disse o astro-rei “Se extinguir e descansar, ou ressurgir com um novo viver e propósito?” a estrela não pensou duas vezes “Quero viver uma aventura!”. E assim nasceu uma menina. Aquela que, imbuída de poder estelar, se tornaria a maior heroína do planeta.

Sempre que a chuva caía, a jovem ia para os jardins do castelo, onde passava horas dançando em meio aos pingos de água. Sentia-se renovada e, quem a visse, poderia jurar que ela parecia refulgir com um brilho tão alvo quanto seus cabelos. Ninguém entendia, mas era um belo espetáculo. E ninguém também entendeu quando ela pediu para viajar até o deserto mais próximo. Assim que lá chegou, a verdade foi revelada. Ela dançou e, pela primeira vez em séculos, choveu no deserto.

Tudo, enfim estava em ordem. As suturas perfeitas. Os parafusos bem apertados. Partes frescas de cadáveres retirados de necrotérios, após vários subornos. O homem solitário e com graves distúrbios mentais achava que, finalmente, teria uma companheira. A Noiva foi levada até uma propriedade da família, localizada no interior. Agora era só aguardar pela próxima tempestade de raios. O que o homem não esperava foi a época de estio. Mais de três meses sem chuva. A Noiva apodreceu e se perdeu.

A escuridão total do quarto não oprime a criança. Não mais do que saber o que vai acontecer em instantes, quando a porta se abrir. Mal completou 13 anos, ou 14, ela já nem lembra sua idade. A dor, o desespero, tudo colaborou para que sua alma murchasse. Mas não podia demonstrar nada disso, senão as agressões seriam certeiras. O clique da maçaneta faz seu corpo magro de menina moça sobressaltar. Quando percebe que é um policial, que veio para salvá-la, finalmente, ela volta a respirar em paz.

Estava caído no chão frio. As articulações dos cotovelos e de um dos joelhos estavam dobradas de uma maneira estranha, ao contrário. O dedão de uma das mãos fora arrancado a tempos. O lado direito do rosto exibia uma imensa cicatriz, de quando ele fora arrastado pela rua. Suas armas foram levadas, só não perdeu as roupas pois era impossível tirá-las. Agora ficaria por anos jogado embaixo da máquina de lavar da cozinha. Não era fácil a vida de um bonequinho velho.

A visão estava ficando turva. Os sons chegavam a ela de forma abafada, distante. As batidas do coração seguiam descompassadas. O suor frio escorria-lhe pela fronte e até mesmo pelas costas. Pequenos tremores começavam nos canos dos olhos, logo se espalhando. Um passo foi dado para trás. Ao sentir que podia desmaiar, resolveu mudar sua postura. Firmou os pés, fechou o punho e acertou com tudo um soco no queixo do chefe, que a ofendia a mais de uma hora. Estava desempregada, mas feliz.

Era difícil ficar em pé. Os ferimentos eram extensos e profundos. Ainda assim ele mantinha sua katana empunhada, mas, quando tentou se levantar, os joelhos fraquejaram. Mesmo assim jamais se entregaria. Foi quando sentiu mãos segurando seus ombros, dando passagem para um casal de jovens. "Pode descansar pai... A defesa de nossa família agora é com a gente..." Foi assim que o guerreiro viu a próxima geração finalmente dar um passo à frente, em direção a um novo futuro.

Quem seguia com seus veículos pelas estradas só via uma pequena parte das plantações. Milharais, canaviais. Esconderijos perfeitos. Milhares de naves pousaram no meio das plantações e quando a invasão finalmente começou, os viajantes foram os primeiros a ser atingidos.

O mundo havia acabado numa onda de fogo e calor. Num antigo parque aquático surgiu um culto ao Deus das chuvas. Sacrifícios eram diários. Era a vez do velho Antuerpe e ele desceu por um tubo. No meio da descida lâminas surgiram. Na saída apenas sangue e restos do velho. E nada de chover.

"Nossa querido. Eu nunca havia reparado naquela casa..." o casal sempre viajava usando a mesma auto estrada, cujas laterais apenas tinham longos trechos de floresta. Pouco depois de verem a velha casa abandonada, maculando a bela paisagem, o carro virou. Mais dois fantasmas se juntaram à Mansão dos Acidentes.

Sua avó sempre contava sobre os perigos da noite. Lobisomem, Saci, Mula sem Cabeça. Depois de um dia inteiro na lida da roça, ele adorava ouvir seus causos. Muitas vezes pedia para a mãe deixar o lampião aceso até ele pegar no sono. Os dias eram seguros, pois os monstros só atacavam à noite. Certo dia, enquanto ele tentava ver a vizinha que nadava nua no rio, um monstro do qual nunca ouvira falar, o agarrou e devorou em segundos. “Nham… Adorei me mudar para cá…” o Wendigo sorria de felicidade.

Estavam cercados. O herói de armadura e a heroína com poderes sônicos. Protegidos por eles dezenas de crianças, sequestradas de uma escola apenas para atraí-los até aquela montanha cujo pico sempre estava envolto em gelo e neve. “Sem escolha… Vou erguer o escudo de energia. Você sabe o que fazer…” Ela sabia. Assim que os heróis e as crianças estavam protegidos por detrás de um domo de energia, a heroína gritou. A avalanche derrubou os inimigos e os espalhou. “sempre use o terreno a seu favor"

A noite foi intensa. O casal seguiu até um clube de swing e experimentaram de tudo. Muitos parceiros, várias posições, algemas, látex, couro. Houve gemidos e gritos de prazer. Foram para casa já de dia e desmaiaram ao chegar na cama. A volta à rotina foi esmagadora. “Já estou com saudades dela…” disse a esposa, ao relembrar da sucubbus, cujo contrato assinado pelo casal, os levou àquela noite. “Bora fazer mais um contrato?” o marido disse. Futuras consequências? Quem liga?

A lembrança do sangue não saia de jeito nenhum. Seu rosto, suas mãos, até mesmo em seu cabelo. Viscoso, ainda quente, com um odor ferroso, que preenchia o ar ao seu redor. Ainda assim ele tentava controlar sua respiração e também o ódio que ardia em seu peito, conforme observava o rosto sorridente do assassino de sua família. Seu ódio tomou forma de uma energia rubra, que ia se concentrando desde a coluna, seguindo até seus antebraços. Era chegada hora da justa retribuição.

Ele era apenas um camponês, mas contraiu a doença dos olhos de cristal. Pouco a pouco. formações cristalinas nasceram nos cantos de seus globos oculares e começaram a se expandir. Após semanas de agonia, ele apresentava imensas lentes de um cristal rubro nunca antes visto. Era certo que ele nunca mais conseguisse ver ou trabalhar no campo. Quis o destino que seus novos olhos fossem capazes de ver demônios. Acabou se tornando o maior caçador do reino.

O primeiro que se colocou em seu caminho caiu de joelhos após um golpe fulminante na traqueia. Os três seguintes se juntaram a ele, cada um com um tiro certeiro no meio dos olhos. Dois outros tiveram os pulsos quebrados, antes de ter suas cabeças batendo na parede. Não importava quem fosse enviado, ninguém ficava em seu caminho. No quarto onde era mantida presa, a pequena criança apenas ouvia os sons da luta, quando a porta abriu “Pronta para ir para casa filha?” Ela estava.

O cerco policial durou horas. Pego de surpresa, o serial killer apelidado de Ladrão de Sorrisos, não teve escapatória. Dez pessoas foram salvas. Fez mais de trinta vítimas em cinco anos de atividade. Todos os mortos tiveram seus dentes e lábios arrancados e guardados. Condenado a morte na cadeira elétrica, pouco antes de ligarem a chave, seu último pensamento foi a lembrança de seu pai, um palhaço de circo, lhe dizendo “Arrancar um sorriso é uma dádiva”. Infelizmente não entendera o recado.

O ciclo de agonia não tinha fim. O arame farpado nascia dos poros de vários locais na extensão de sua pele. Ácido pingava lentamente em seus olhos, permanentemente abertos por ter tido as pálpebras arrancadas, as unhas cresciam, mas ele sabia que logo seriam arrancadas outra vez. Seus testículos eram apertados até estourarem, só para crescer outra vez. Em sua mente apenas ecoava “Eu precisava ter lido as letras miúdas”. Nunca confie num contrato demoníaco.

Tudo o que ele queria era ser aceito. Infelizmente ele só sabia causar dor absoluta e tal capacidade só foi ser reconhecida na época do exército, onde ele rapidamente se tornou um interrogador militar. Ao cometer uma “indiscrição” com o filho adolescente de um major, foi desligado do exército e quase morto. Começou a sequestrar jovens e torturá-los, sempre se mantendo fora do alcance da polícia. Encontrou seu fim com uma bala mística entre os olhos. O Santo Caçador de Serial Killers não perdoa.

Ele estava no centro comercial de São Paulo, cercado por pequenos diabretes cuja pele era de pedras negras e no interior de seus corpos fluía lava. Enquanto muitos ao redor corriam por suas vidas, ele permaneceu impávido. Alguns começavam a gravar a cena, esperançosos por conseguir atenção nas redes sociais. “Vector Zero!” uma armadura se formou ao redor dele e no instante seguinte, o ar ficou cheio de flocos de neve. Cryogen havia chegado para eliminar a ameaça dos Sinistros Flamejantes.

As sombras pareciam ondular no canto esquerdo do quarto, bem ao lado da cabeceira da cama. Vozes que não pareciam desse mundo, ecoavam em seus ouvidos, sugerindo mortes, ferimentos, assassinato. Ansiedade. Toda noite era um inferno. Quando ela finalmente estava prestes a pegar uma faca, a porta de seu quarto se abriu. Seus pais haviam voltado de viagem e trouxeram com eles a luz que vencia as trevas. Respirou aliviada e, naquela noite, dormiu tranquila.

O sol forte feria seus olhos, que permaneciam semicerrados, com lágrimas escorrendo. Mesmo com o calor causticante da areia, queimando-lhe as costas, era impossível se erguer. A dor, que se espalhava por todo seu corpo, o impedia de desmaiar. O único som que quebrava o silêncio do deserto era a risada daquele que matara sua família. Foi o que ele precisava para se reerguer e colocar os punhos diante do rosto “Se prepara demônio… Vamos para o segundo round.”

A luz da lua iluminava a clareira, enquanto as feiticeiras dançavam ao redor de uma fogueira. Entoando cânticos que falavam sobre estar livre, intuição, sobre ser quem elas eram, os passos de dança iam ficando mais rápidos. O suor empapava seus cabelos. O frio da noite fazia a pele arrepiar. “MENINAS! SAIAM JÁ DESSE FRIO! TÃO DOIDAS?” no instante seguinte as pequenas crianças de 5 anos saiam do quintal, deixando a “fogueira” de celofane vermelho, para o calor da casa e de um chocolate quente.

Quando era criança, disseram que ele demoraria para andar. Com 6 meses já corria. Na escola diziam que ele nunca aprenderia a Língua Portuguesa direito. Com 10 anos publicou seu primeiro livro. Quando o mundo acabou disseram que ele não sobreviveria. Aos 40 liderava um grupo de sobreviventes que prosperava dia a pós dia. Morreu com quase 100. Na lápide foi escrito “Ele quebrou todas as barreiras”.

A chuva caía a mais de dois dias. Ele sentia até sua alma encharcada, mas esperava, pois o rito de passagem dos Caminhantes das Águas fora seu maior objetivo desde criança. Por isso não reclamou da longa viagem até uma clareira isolada, nem de ficar em posição de lótus debaixo da verdadeira cachoeira que atingia seu corpo com força. O sacrifício valeu a pena. Seu corpo formigou, ele se ergueu, os olhos brilhando e diante dele, em meio a uma distorção dentro das águas, sugiro um Demônio da Chuva.

Ela fora amada por anos a fio, ou, pelo menos, foi no que acreditou. Num passeio à praia, acabou perdida de sua família, sendo levada pelo mar e passando sabe-se lá quanto tempo à deriva. Certo dia sentiu sendo tirada das águas salgadas, colocada numa caixa e, depois de uma rápida viagem, chegou numa ilha, onde foi amarrada a uma árvore. Era o comum na Ilha das Bonecas, mas ela era diferente. Susi se libertaria e também suas “irmãs”, menos as Barbies, claro e levaria o apocalipse à humanidade.

Ela fora amada por anos a fio, ou, pelo menos, foi no que acreditou. Num passeio à praia, acabou perdida de sua família, sendo levada pelo mar e passando sabe-se lá quanto tempo à deriva. Certo dia sentiu sendo tirada das águas salgadas, colocada numa caixa e, depois de uma rápida viagem, chegou numa ilha, onde foi amarrada a uma árvore. Era o comum na Ilha das Bonecas, mas ela era diferente. Susi se libertaria e também suas “irmãs”, menos as Barbies, claro e levaria o apocalipse à humanidade.

Essa é uma ideia que tive a um tempo… vejamos se dá certo. “Jack teve uma infância e adolescência extramente complicadas, se tornando um adulto cheio de dificuldades. A pior delas era o segredo que trazia desde o berço…” Agora, quem quiser participar, continua essa história nos comentários, tudo sem passar de 500 caracteres e, se der certo, depois reunirei tudo, citando todos os participantes e lançarei como um conto no meu perfil. Bora participar?

O corpo estava nos períodos iniciais da decomposição. E o seu riso ecoava pelo ar. As pernas, que o fizeram correr tanto, agora estavam quebradas e torcidas em ângulos estranhos. O riso não cessava. Os olhos lívidos pareciam embaçados, a esclera repleta de veias estouradas. Ele ria mais e mais. A carne foi soltando fácil dos ossos. O riso agora era abafado, por causa da boca cheia. Fazia meses desde que embarrara numa carniça tão apetitosa. Às vezes é bom ser uma hiena.

O ventilador de pedestal continua com seu som monótono, indo da direita para a esquerda, numa tentativa patética de diminuir o calor. Perda de tempo e energia, o ar que passava pelas barulhentas hélices, se mantinha quente, o que deixava a camisa branca empapada de suor. Mas o Detetive Particular não tinha tempo para se preocupar com isso. Antes ele precisava sobreviver ao feroz ataque. De quem? Ele nem fazia ideia. Era um péssimo detetive, no fim.

Com base em mentiras e desinformação, o Ditador havia subido ao mais alto cargo do país. Seu caminho rumo ao poder fora pavimentado com os corpos e almas de milhares de pessoas. Uma mãe que perdeu o marido e os filhos jurou vingança. Anos se passaram, mas finalmente seus planos deram fruto. Com o ditador ajoelhado a seus pés, implorando pela vida, finalmente ela sorriu. O disparo acertou o ditador bem entre os olhos.

A chuva fria se misturava com as lágrimas que insistiam em descer por sua face, mas nem uma tempestade seria capaz de limpar completamente o sangue em suas mãos. Por anos havia conseguido controlar o animal que havia dentro dele. Naquela noite foi humilhado, insultado, espancado e não revidou. O erro dos agressores? Terem dado um tapa no rosto de seu namorado. O maior assassino do mundo então despertou. Nunca mais humilhariam ninguém.

Quando ele viu o machucado da filha sentiu um ódio fervente subindo-lhe pela garganta. Saiu de casa pisando duro. Quando encontrou o responsável, apontou o dedo na sua cara e, com a voz mais ameaçadora que podia fazer, deu seu recado “Se isso acontecer de novo, não é você que vai pra cadeia… Eu vou.” nunca mais nenhuma criança da creche machucou a sua filha.

A tão sonhada viagem finalmente aconteceu. Conheceria o berço da humanidade na África. Ao sair do avião, sentiu-se como que reconectada com suas raízes, comprou roupas coloridas e toda sorte de lembranças para levar para a família. Assistiu shows, dançou, arranjou um amante. Faltando três dias para voltar, resolveu fazer um safári. Ninguém do passeio deu atenção aos grupamentos díspares de animais que começaram a segui-los. Liderados por leões e leoas, havia chegado a hora dos animais revidarem.

Ele era como um gigante. Maior que a vida e todos os deuses. Quando os inimigos tentavam se aproximar da vila, eram feitos em pedaços antes de perceber o que os estava cortando. Ou eram esmagados, ou atingidos com centenas de flechas. Tudo dependia do humor de meu pai e da arma que ele escolhesse usar na ocasião. O Matador Perfeito. Até o dia em que um deus o venceu e o matou. Seu sangue choveu n vila durante dias e nele eu me banhei. Seguirei seus passos e me transformarei do Matador de deuses.

Mais de vinte anos preso. Pegara prisão perpétua, após ser acusado de matar várias pessoas em um restaurante e, como seu advogado insistia em dizer, teve sorte de ter feito aquilo em um estado onde não havia pena de morte. Era inocente. Nunca mudou sua história. Fora possuído por um demônio. Por pouco não foi direto para um manicômio. Vinte anos e finalmente ele voltara. Agora o Detento 457 vai encarar seu demônio e somente um deles saíra para o mundo.

“A cada dia fica mais e mais difícil…”. Ela quebrou as duas pernas em um acidente. Meses de recuperação, retirada da gaiola da perda direita e, finalmente, o início da fisioterapia. “Parece que a dor só aumenta… Tô quase desistindo…” “Você nunca foi de desistir… Vai começar justo agora? Vamos! Mais um passo!”. E um passo foi dado. Todos os médicos que viam o avanço quase miraculoso da mulher se espantavam. Era estranho a mania dela falar consigo mesmo, mas… Quem se importa?

“Essa ânfora é amaldiçoada” disse o homem à mulher que havia se apresentado como uma médium, capaz de se livras de poltergeists, fantasmas, assombrações. “Desde que ganhei esse treco, não consigo dormir, pois à noite algo fica como que uivando e durante o dia, é como se uma música estranha ecoasse pelo ar…” O ritual deu certo e, assim que ela terminou, houve apenas o silêncio. Duas semanas depois ele retornou “Sabe… A casa tá muito quieta… Será que você pode trazer o fantasma de volta?"

O mormaço da praia envolvia seu corpo, os últimos raios de sol desenhavam um por do sol espetacular. O som das últimas gaivotas chegavam a ela como despedida de amigos queridos. Aos poucos, o calor do dia deu lugar ao frio da noite, frio esse que foi aumentando, conforme sua consciência foi se apagando. A dor da mordida do tubarão, no seu flanco direito já não doía, na verdade ela já não sentia mais nada. No dia seguinte seu corpo foi encontrado e ela entrou para as estatísticas.

Nunca havia andado de avião. Já na decolagem, ao ter a sensação de que seu banco estava sendo erguido, agarrou os braços da poltrona com tanta força que os dedos pareciam prestes a quebrar. O voo transcorreu de forma tranquila, sem sequer uma turbulência. Pouco antes de pousar, arriscando um olhar pela janela à sua direita, viu, ao longe, dois dragões se enfrentando. Ao pisar no solo fez duas promessas para si mesmo. Nunca mais voar. Nem beber.

A corrida entrava na reta final, o corpo já pedia arrego, tudo o que ele queria era deitar, ignorando o calor que vinha do chão, e dormir durante um dia inteiro. Se perdesse aquela oportunidade, voltaria para os barracos da favela ao lado da brilhante Megacidade Shiny. Em 2129 as Corridas pela Sobrevivência, são a única maneira de se conseguir uma vida melhor. Mesmo sabendo disso, o corredor Redwing, 19 anos, ajudou Sethwave, 52, a cruzar a linha de chegada. Perdeu a chance, manteve a honra.

Os olhos estavam fixos na tela do computador. Diziam nas redes sociais que era o filme mais assustador do ano. Sem querer gastar dinheiro, ele seguia um obscuro site de downloads, que havia aparecido no seu feed sem aviso prévio. Ao consultar as fotos que o Captcha apresentava, a surpresa. “Clique nas imagens de quem já morreu”. Diante dele uma foto sua, com a cabeça caída para o lado, apenas um fiapo de pele prendendo-a no pescoço. Atrás dele o assassino erguia seu machado.

A dez anos atrás, após o Ragnarock, o mítico Mjolnir caiu no meio da vila Borg e lá permaneceu, imóvel. Ninguém conseguia chegar perto, sem ser atingido por um relâmpago. Quando os deuses morreram, as criaturas nórdicas se espalharam por Midgard, principalmente os terríveis Gigantes de Gelo de Jotunhein. Durante um ataque, após ter seus pais devorados, o pequeno Bjørn conseguiu, não penas alcançar o martelo dos deuses, como também empunhá-lo contra os monstros. Nascia um novo Deus do Trovão.

Preparou tudo. Deixou o quarto todo enfeitado, usando todos os seus lençóis bonitos pendurados, criando um cenário que, achava, seria sensual. Escolheu as melhores calcinhas, que seriam pouco usadas, claro. Ajustou todo um aparato de gravação, pois ela já se informara sobre como os usuários preferiam vídeos. Assim que começou o primeiro, acabou tropeçando, derrubou os lençóis e terminou caída de bunda pra cima. Pensou por alguns minutos e jogou o vídeo no Youtube. Hoje é uma famosa humorista.

Ele havia exagerado na pimenta do almoço e, por isso, acabou passando algumas horas no banheiro do escritório, aproveitou e caiu no sono. Acordou apenas quando sentiu algo puxando seus pés e se assustou ao ver mãos de carne carcomida passando por debaixo da porta do banheiro. Conseguiu chegar no topo do edifício, evitando uma horda de mortos-vivos, apenas para constatar a terrível verdade: O apocalipse zumbi começou enquanto ele estava no vaso.

A tela parecia capaz de absorver sua alma. Redes sociais, joguinhos, aplicativos de compra e venda, o pescoço até doía de tanto ser mantido inclinado, as pontas dos dedos indicativos estavam quase sem digitais. De repente um pulso eletromagnetico fritou todos os aparelhos da região. Só então seus olhos se voltaram par o céu azul, se deliciando com aquela “descoberta”. Poucos minutos depois deu de cara com um poste.

Havia tantas moscas pousando e voando que seus zumbidos podiam ser ouvidos longe. O local não era longe da estrada, mas estava num declive, impossibilitando que motoristas ou passageiros de qualquer veículo vissem alguma coisa. Quando o corpo do abusador foi encontrado, os legistas concluíram que ele havia ficado vivo por alguns dias, apesar do estado miserável em que seu corpo ficara. Longe dali, um pai e uma mãe finalmente sorriram, um ano após o enterro do filho.

Parece que foi ontem. Aquele “pacotinho” que foi entregue aos meus cuidados, que mudou para sempre minha vida. Parece que foi ontem. Quando você machucou feio seu joelho e fui te buscar na escola, coração na mão, dando graças por não ter sido nada sério. Parece que foi ontem. Que ouvi pela primeira vez “te amo pai” e meu coração inflou. Parece que foi ontem. E lá se foram onze anos. Mas posso esperar pelos próximos “parece que foi ontem”. Te amo filha.

O banho foi demorado e prazeroso. Lavou os cabelos longos e cacheados. Aproveitou para esfregar bem a pele, precisava tirar a sujeira do último trabalho. Em meio ao vapor no ar, após desligar o chuveiro, conferiu os seios e a bunda, ainda incríveis, mesmo com sua idade. Foi até o quarto dando pulinhos para evitar a sujeira no chão. Quando finalmente saiu da casa, as luzes das viaturas iluminaram-na em vermelho e azul. Pegou prisão perpétua pelo assassinato da família que morava ali.

Em meio ao cerco do Castelo Grayfound, com imensas catapultas fazendo, literalmente, chover fogo sobre os outrora belos e bem cuidados jardins, uma carroça, trazendo uma família de dois adultos e cinco crianças, todas órfãs da guerra, pedindo abrigo. O rei, piedoso, deixou que a carroça entrasse. Naquela noite todos nos castelo morreram, sem deixar uma gota de sangue sequer para trás. Vampiros sempre aproveitam qualquer oportunidade para se alimentar.

Os olhos estavam pesados, cada piscada exigia muita força de vontade para voltar a abri-los. A respiração estava entrecortada, seus pulmões entrariam em colapso em breve. A sensibilidade ia deixando lentamente suas pernas e seus braços, aqueles que não perdeu no desmoronamento do prédio. Sua vida passou diante dele e sua tristeza só aumentou, ao ver o tanto de tempo que ele dedicou ao trabalho “eu não devia ter aceitado fazer hora extra”. Semanas depois, sua vaga foi preenchida.

O pô do Sol marcaria o início do duelo entre o Bárbaro e a Paladina. Ambos acertaram o local, um descampado longe da cidade e dois olhos de curiosos. Os raios alaranjados do astro-rei iluminaram os músculos à mostra do selvagem e refulgiram nos cabelos louros da guerreira sagrada. Caminharam lentamente na direção um do outro e quando chegaram na distância em que poderiam começar a lutar, jogaram longe as armas e suas roupas. Naquele final de tarde a batalha foi outra.

O mar a fascinava e amedrontava. Passou por toda sua vida dividida por esses sentimentos de atração e repulsa. Se estava longe do mar, queria desesperadamente se molhar, se ia para a praia, mal pisava na areia. Aos sessenta finalmente aceitou participar de um cruzeiro. O navio naufragou. Ao se ver cercada de água, a verdade surgiu na forma de um rabo de sereia. A rainha do mar havia retornado.

O rosto do jovem exibia uma expressão de enfado, de cansaço, resultado das noites mal dormidas. Sua missão era encaminhar as almas penadas para seu descanso final, por isso, na maioria das vezes, ele só se deixava levar pelas energias emanadas dos locais mais assombrados do mundo. Assim que seus pés tocavam o chão, os espíritos inquietos se agitavam e atacavam. Só então ele abria seus braços “Onda Fantasma!” e então seus próprios fantasmas surgiam e arrastavam os demais para seu descanso final.

Os telhados eram seu domínio. Toda noite ele saía de onde estava acostumado a ter algumas refeições, um canto para fazer suas necessidades e quanto carinho quisesse e até muito que ele mesmo não fazia questão. A noite, entretanto, sempre o chamava, principalmente quando a lua brilhava no céu estrelado. Dessa forma, aquele chamado de Gatuno, entrava pela janela de outra esposa frustrada, que o esperava de braços abertos. A vida era muito boa.

Ela arfava e gemia alto. VVVVVRRRRRR. O parceiro tinha o dom de acertar em todos seus pontos erógenos. VVVVVRRRRRR. Os bicos dos seios. VVVVVRRRRRR. A área pouco abaixo de seu umbigo. VVVVVRRRRRR. Mas o maldito som começava a atrapalhar sua concentração, distraindo-a da melhor transa de sua vida. VVVVVRRRRRR. Sem conseguir resistir, acordou e, com um soco forte, jogou longe o despertador. Bem vinda Segunda Feira.

O por do sol tingia o mundo de laranja, algumas nuvens assumiam uma colocarão negra, quando diante do astro rei. As mãos estavam amarradas para trás, no tronco que machucava suas costas. Ao seu lado o executor erguia seu machado, a lâmina vindo rápida na altura de seu pescoço. O feiticeiro terminou a tempo seu mantra de ressurreição. Melhor sorte na próxima vida, para vencer o tirano imortal.

O joelho encostado no chão não doía. A dor vinha da humilhação. A gravidade exercida sobre ele o mantinha de cabeça baixa. Mais humilhação. A dor era lancinante, mas ele não daria o prazer ao outro de ouvi-lo sequer gemer. Em certo momento o ódio venceu a dor e ele começou a se reerguer, para desespero de seus inimigos. Não era o maior vilão do mundo à toa.

A velocidade da queda fazia o rosto dele sofrer pequenas deformidades. O som das batidas do coração ressoam em seus próprios tímpanos como se fossem imensos tambores. A cidade sobre a qual ele caía, aumentava numa velocidade preocupante. Um alarme tocou no seu capacete, quando ele atingiu a altitude correta. Abriu os braços, inflando as “asas” do traje planador, conseguindo pousar no prédio alvo. A missão do maior espião do mundo começava agora.

Sua presa daquela noite fora escolhida a dedo. A mulher mais linda. A mais desejada. A cujo sangue parecia ser mais saboroso. A observou de longe, os olhos cruzando sempre com os dela, tentando usar seus poderes hipnóticos. Não foi preciso. Ela veio até ele e praticamente o arrastou até um motel fuleiro. Ela se despia de costas para ele, cujas presas já iam crescendo. Num movimento rápido, o prendeu com amarras de prata, enquanto seguia nua até sua bolsa, tirando de lá várias estacas. Surpresa.

“Mas ele me ama” disse a mulher, com um dos olhos inchados, o lábio ferido e um braço quebrado. Seu namorado ia sendo levado para o carro de polícia, gritando impropérios para ela e a vizinha que havia chamado a polícia. Depois de muito apoio, uma mudança de endereço e de mentalidade, ela se reergueu. Em uma balada, um homem se aproximou, todos os sinais de alerta apareceram, ele parecia igual ao ex. Quando perguntou se ela queria sair dali, apenas disse “não”.

A situação estava complicada. O filho de três anos não desgrudava de seus pais. Toda noite uma nova desculpa para dormir entre eles. Não aceitava dormir for de casa. Parecia até bruxaria, pois toda vez que o casal acreditava ter uma chance de ficar junto, o menino aparecia. Estavam prestes a desistir de ter outro filho. Um dia, no parquinho, o menino estava falando sozinho. “Estou acertando senhor anjo?” “Perfeito criança… Continue assim e o Anticristo não nascerá”.

O maldito nunca fora bom. Sua maldade não veio de um lar conflituoso, nem de videogames violentos. Ele era puramente mau. Começou matando insetos, passou por tortura de cães e gatos, morte de pássaros. Matar, ele acreditava, era seu dom. Quando achou que havia chegado o momento do próximo passo, se armou e seguiu com passos firmes em direção a uma escola. O herói Resgate o impediu e o ciclo de crueldade foi quebrado. Infelizmente, essa não é nossa realidade, mas é preciso ter esperança.

A dor era excruciante. Um braço a menos, uma perna quebrada. O sangue escorria farto. E ele não desistia. O fim do mundo chegou e ele queria, a todo custo, proteger seus filhos dos monstros. Não podia desistir. A ex mulher o encontrou e então reataram. No fim, foi vítima de uma emboscada e agora, mais morto que vivo, carregava os filhos até a segurança oferecida pela por um abrigo. Eles entraram. Ele não. O principal é que eles viveriam. E ele também. Nas memórias.

Ele havia finalmente conseguido a coragem para marcar um encontro às cegas. O aplicativo indicou a candidata perfeita. Ao se encontrarem, viu que ela era ainda mais perfeita. Comeram, beberam, brincaram, sorriram, beijaram e correram para o motel mais próximo. Ele conhecera o paraíso quando seus corpos se uniram. Mal percebeu quando começou a virar pedra. A porta do quarto explodiu para dentro e logo um punho de energia colocou a górgona para dormir. Aram havia chegado a tempo.

Havia se apaixonado e, por causa do outro, deixou de ser ela mesma, procurando alcançar os níveis de beleza que ele considerava importantes. Passou fome, mas se alimentou de amor. Ficou com os músculos doloridos, mas agora estava tudo durinho. Quando finalmente chegou o dia, em que ele prometera lhe pedir em namoro, o encontrou aos beijos com outra. Ele ficou com três dentes a menos depois de um soco. Ela com a decisão de nunca mais deixar alguém assim ditar seu destino. Aprendeu a se amar.

“Teia… Teia… Me dá a teia…” o velho senhor se debatia em febre na cama já fazia três dias, desde a última grande chuva. Medicado, por causa da idade avançada, os familiares foram avisados de que era necessário se preparar para uma despedida. Assim fizeram e, numa noite em que uma tempestade se aproximava, o idoso continuava seu mantra. Quando a água caiu descobriram o motivo, da febre e do que ele pedia. Uma imensa goteira bem sobre sua cabeça. Ele queria, na verdade uma “telha”.

Mordeu, arranhou, deu patadas. O alvo não se feriu, nem se afastou. Não era um problema. No dia seguinte tentaria de novo. E de novo. E de novo. Mas quando o filhote de dentes de sabre crescesse, seu dono teria de encontrar um novo par de botas.

Se tornou uma Idol aos 15 anos. Passou exatamente seis anos de abuso constante, no rosto um sorriso angelical que os fãs idolatravam. Aos 22, seu contrato terminou. Terminou também o interesse dos fãs “ardorosos”, que agora passavam por ela sem notar sua presença, indo comprar produtos das meninas mais novas. Aos 45 foi presa, após anos seguindo e matando todos que um dia, foram parte do seu fã clube. Foi encontrada morta em sua cela. Um corda feita de lençóis amarrados foi sua última fantasia.

O Troll decidiu que nunca mais moraria debaixo da ponte. Todos que por lá passavam, óbvio, deixavam para trás todo tipo de lixo, que mudava com o passar dos tempos. Restos de fruta, cigarros, seringas, camisinhas, latas de cerveja ou refrigerante, restos de androides, ao menos uma dúzia de espadas laser. De repente nada. Décadas de nada e finalmente o Troll saiu debaixo da ponte. Encontrou um mundo devastado e sem sinal da humanidade. Ganhou o mundo e mais que isso. Paz.

Primeiro colocou a peruca rosa choque, depois os cílios gigantes, a roupa de ombros bufantes gritava em amarelo limão e verde fluorescente. Uma das botas de cano longo era vermelha e a outra preta, cobrindo parcialmente a meia arrastão, cuja cobertura contava com uma minissaia laranja. A pele roxa foi porcamente coberta por maquiagem e então ela saiu para as ruas “Disfarce perfeito… A invasão começa...” pensou, antes de dar cinco passos na calçada e ser presa pelos Homens do Governo.

A mulher era exatamente do seu tipo. Voluptuosa, seios fartos, bunda grande. Na cama aceitou tudo o que ele queria fazer, ficou deitada, de quatro, em pé. Ele jamais tivera tanto prazer em cada orgasmo com aquela que ele já chamava de “minha deusa”. Passadas três horas, cujo prazer fez com que ele sentisse como se fosse menos tempo, o aviso de “deposite crédito” soou e ele foi expulso da Realidade Virtual. Sem dinheiro, saiu de casa, depois de semanas, para procurar algum bico na vida real.

Enfrentou gigantes e dragões. Viajou por vários continentes. Ergueu e derrubou impérios. Suas armas erradicaram vidas e salvaram outras. Dormiu com várias mulheres. Foi guerreiro, bárbaro, mercenário, ladrão, rei, servo. Quando finalmente ergueu uma casa. Criou raízes. Quando sua primeira filha nasceu e ele a pegou no colo, finalmente descobriu a verdadeira felicidade

Após vários golpes, ela perdera um dente, o maxilar deslocado. Um dos olhos estava inchado. Os pulsos amarrados doíam, a nudez lembrava do que fora feito com seu corpo. “Maldita hora em que confiei nesse desgraçado”. Quando os lobisomens dominaram o mundo, os chamaram de monstros, mas ela descobrira quem era o verdadeiro monstro. Por isso sorriu ao ouvir os uivos do lado de fora do porão. Quando a porta do cativeiro caiu e a imensa mandíbula veio até ela, abraçou a morte com alegria.

A anos ela era chamada de bruxa. Cada vez que uma família se mudava para sua rua, tento crianças, lá vinha o apelido, os olhares divididos entre zombaria e medo. Não importava o que fizesse, todos os doces que oferecesse, o preconceito com sua aparência era sempre mais forte. Bruxa. Bruxa. Bruxa. As crianças gritavam em uníssono. Por isso ela acabava sempre colocando-as em seu caldeirão.

Seus pais morreram em um acidente quando a menina tinha cerca de oito anos. Foi criada por uma tia amorosa e nunca demonstrou o menor sinal de sentir-se abandonada. “Eles estão sempre comigo” ela dizia. Aos 18, quando o apocalipse começou, ao ser cercada por demônios, dois anjos se materializaram ao seu redor, para protegê-la. “Obrigada mãe… Obrigada pai...”

A dor vinha de tempos em tempos. Travava suas costas e ele tinha que recomeçar o ciclo de remédios e exercícios para reforçar o corpo de mais de sessenta anos. A vida, que já era difícil antes do apocalipse zumbi, ficou pior. O mais doloroso eram as risadas dos colegas quando ele, com as costas travadas, precisava “correr” mais que os monstros lerdos que vinham em seu encalço.

Caio de Assis. Guardião Cronal. Sempre pronto para enfrentar as ameaças à humanidade, não importando quando acontecessem. A incursão ocorrera no Pleistoceno médio e ele precisou encarar centenas de neanderthais, dominados por Seculares. Quando a batalha se aproximava do final, diante do guardião, surgiu um poderoso oponente. Mais de 5 metros, músculos imensos, quatro braços, rosnando como um animal selvagem. “Finalmente” pensou Caio “Agora vai ficar divertido…”

Nenhuma criança com até cinco anos dormiu. Não importava se fosse manhã, tarde ou noite. Todas ficavam sentadas, repetindo que “As estrelinhas estão caindo… Caindo… Caindo…” num tom quase musical de transe. No início quase ninguém ligou, mas quando foi sendo descoberto que não havia uma criança sequer, naquela idade, sem repetir a canção, o pânico se espalhou. Dois dias depois, uma chuva de imensos meteoros destruiu a Terra.

As costas sempre coçavam nos mesmos locais. Perto das omoplatas, por isso muitas de suas camisetas viviam com furos nessas áreas. Ainda assim, nunca se arrependera . Se tornou o anjo da guarda de uma jovem e se apaixonar por ela, foi questionado sobre seus sentimentos. Não houve hesitação. Amor. Virou um anjo caído, perdendo suas asas, que deixaram duas manchas na pele que coçavam bastante, mas não sentia falta das asas, pois, às vezes, sua amada esposa ou a linda filha coçavam para ele.

Após o trabalho, na cidade de Coimbra, Minas Gerais, como de costume, o homem, caucasiano, loiro, olhos azuis, lavou o rosto por dez longos minutos. Ao se erguer, o rosto refletido no espelho era o de um adolescente japonês, cabelo cor de rosa, que saiu pelas ruas de Tóquio. O assassino das mil faces nunca tinha descanso.

Os dois amigos se armaram até os dentes. Armas de fogo, facas, espadas, até mesmo granadas. A fachada da escola apresentava os portões totalmente abertos. Entraram com suas metralhadoras em punho. Passaram pelo corredor principal, armas em punho, adrenalina a mil. Um menininho de 5 anos saiu de uma sala e ficou diante deles. Puxou uma pistola das costas, disparou duas vezes e os invasores caíram com um buraco na testa. O mundo pós apocalíptico não era para fracos.

Ela acessou o site que todos seus amigos estavam comentando na escola. Fez o cadastro e seguiu as regras dadas para a invocação de um demônio. Pura creepypasta. “Quem fizer a invocação correta, se for merecedor, receberá um passei pelo inferno, mas voltará são e salvo.” Ela fez e nada. Três meses depois a moda passou. Ao atravessar uma rua, ela foi atropelada e arrastada por dezenas de quarteirões. Quando seus restos foram encontrados diziam ter sido um “passei infernal”. Ela foi a primeira.

Morte, o Cavaleiro do Apocalipse, fora derrotado. A função para a qual existia fora interrompida por uma “cura milagrosa”. Os humanos eram imortais agora. Algum tempo após, quando passou a euforia que tal evolução genética causou, os primeiros efeitos colaterais. Corpos sem ossos, pouco mais que uma massa de carne, nervos, gordura, sangue. Em meio à agonia a humanidade implorava por misericórdia e a Morte disse “Cá estou”.

Finalmente a maioridade. Agora poderia fazer a tão sonhada tatuagem, já tinha em mente algumas opções. Escolheria uma entre as vinte assim que sentasse na cadeira do tatuador. Na saída da faculdade um estranho lhe estendeu um cartão. “Tatuagem reveladora”. Acreditando ser o destino, seguiu até o endereço, o local escolhido foi entre as omoplatas. Fez o desenho. Na manhã seguinte matou a família com garras e presas imensas, nas costas a palavra “Monstro”.

Se apaixonou outra vez. Era loira, como as números 5,9,12 e 16. Foram muitas as tentativas, mas ele sentia algo referente ao número 21 “Vai ser meu número da sorte! Finalmente casar e sair da sombra das asas dos meus pais. É como se eles quisessem um pedaço de mim!” Marcaram um jantar na casa dela. Sonífero na bebida. Acordou três dias depois, preso no porão, sem uma perna.Finalmente não voltaria para a casa dos pais.

A cidade parecia prestes a derreter. Era a pior onda de calor a assolar a Terra nos últimos séculos, como a TV não parava de destacar. Ele revirou a casa atrás de cada moedinha. Juntou cerca de dois reais. Tinha que dar. Foi até o mercado, tentando aguentar o ar quente. Esforço inútil. Chegou em casa todo assado, mas na mão direita a bendita lata de cerveja gelada. Quando a levou à boca, o Sol finalmente colapsou e explodiu.

Ele preencheu todos os pré requisitos. Lhe entregaram um roupão brando extremamente confortável. Foi conduzido por corredores que pareciam intermináveis. Ao chegar no local onde moraria até o fim de seus dias, deitou-se numa poltrona reclinável extremamente confortável. Uma bela ruiva pouco vestida de branco trouxe uma agulha, tubos e um acesso e logo o líquido carmesim escorria para fora de suas veias. Num mundo dominado por vampiros, ser um doador de sangue O negativo garantia um fim tranquilo

Acessou o site de conteúdo pornográfico, como fazia todas as manhãs. Fora do ar. Levantou da cadeira, pegou um rifle, duas pistolas, um facão e sua mochila, repleta de suprimentos. Abriu a porta da casa e olhou para os altos portões da frente. Os zumbis, ao ver uma possível refeição, salivaram. O sobrevivente encheu os pulmões e gritou “Agora o mundo acabou mesmo cacete!” e partiu para cima dos mortos-vivos.

“Não sinto as minhas bolas” o bárbaro que usava poucas peças de coura animal como vestimenta vinha reclamando do tempo desde que o grupo iniciara aquela aventura. “Coisa simples” dissera a contratante “Só preciso que cheguem ao Castelo do Inverno Eterno e tragam de volta minha filha”. Quando finalmente a encontraram, ela parecia estar sob um encanto do sono, o Bárbaro a beijou e… Levou um chute no saco, pois ela estava realmente apenas cochilando. Lição aprendida.

Comeu a carne com gosto. Curtiu cada dentada, cada fiapo de nervo que se prendeu em seus dentes. Ignorou as lascas de osso que perfuraram o interior de suas bochechas. O sangue que escorria garganta adentro resultou num som gorgolejante de prazer. Os cientistas anotavam tudo o que acontecia enquanto o Zumbi se alimentava, sem saber que um deles, mordido no dia anterior, lambia os lábios ao ver tão farta refeição.

Thun’draktor enfrentara centenas de batalhas, muitas tendo se tornado canções eternizadas em tavernas por vários bardos. Naquele momento, no entanto, ele se encontrava numa das piores situações de sua vida. As mãos suavam e tremiam, os olhos lacrimejavam e em sua cabeça ecoava a indagação “Por que diabos eu aceitei cuidar dessa princesa bebê?” enquanto a fralda aberta exibia seu conteúdo “macabro”

A pequena fada havia sido abusada de todas as formas imaginadas. Sempre inocente, bastava algumas poucas mentiras para que ela confiasse totalmente nos estranhos que encontrava em seu caminho. Ferida, caída em meio à relva, quando percebeu que algo se aproximava, agarrou um graveto próximo e, decidida a nunca mais ser uma presa fácil, matou uma pobre joaninha, usando seus restos para forjar uma armadura mística e começar a perseguir todos que a tinha ferido. A lista era enorme.

Kim’ja acreditava piamente em tudo o que lhe fora dito pela Ordem da Justiça de Forth-sig, uma divindade menor da justiça. Isso até que fora enviado para destruir um covil de adoradores de deuses sombrios e descobrir que o local nada mais era do que uma simples vila de pescadores. Se tornou um paladino “caído” que viaja por todo o continente, enfrentando seus antigos companheiros e protegendo os inocentes de sua “justiça”.

Sempre fora tímido. Seu pai, um homem mais velho e embrutecido pelo tempo, dizia que um dia ele acharia uma mulher para ficar com ele, mas precisava virar homem primeiro. A visita ao, como disse seu pai e alguns tios, melhor bordel da vila foi marcado. O rapaz foi escolhido por uma bela ruiva e descobriu o que significava o termo “nó no estômago”, quando ela se revelou sendo uma súcubo, abriu sua barriga e começou a brincar com suas entranhas.

A chuva caia torrencialmente. Os corpos molhados dividiam um ponto de ônibus cuja cobertura estava esburacada, deixando-os encharcados. Ela se voltou para ele. Ele tomou os lábios dela num beijo ardoroso, cheio de paixão. Terminou sozinho e com uma marca de mão a esquentar-lhe o rosto. Ela só queria saber as horas.

Debaixo da moderna ponte ainda vivia um troll. Sobrevivia, na verdade, uma vez que faia séculos desde sua última refeição decente. Certo dia um menino de imaginação fértil conseguiu vê-lo e se aproximou. Acreditou que teria uma grande história para contar aos amigos. O troll finalmente pode descansar após uma nova refeição.

O pai, ausente, aproveitou sua inteligência e carreira como geneticista para fazer um agrado ao filho pequeno. Engendrou uma criatura igual à do anime que o pequeno amava. O presente foi dado no aniversário do menino. Ao fim do parabéns todos os presentes foram eletrocutados por um rato amarelo elétrico.

Ela aceitou as piadas e humilhações a respeito de seu tamanho em silêncio. Toda a taverna observava a cena dos cavaleiros que ofendiam uma anã sem nenhum motivo aparente. O erro foi cometido quando, após ela pagar sua conta, um deles barrou seu caminho. Nova ofensa. Uma machadada, na altura da cabeça da guerreira anã e o cavaleiro nunca mais falou grosso.

Sua armadura vermelha é uma constante lembrança do sangue que lhe cobriu o corpo. Primeiro ser humano a escapar de uma das instalações aliens, espalhadas pelo mundo. Foi o que melhor se adaptou às habilidades que recebeu no Thanatos Codex. Só se alegra no campo de batalha, agora coberto pelo sangue dos inimigos.

Filho de uma poderosa e influente família inglesa, ele acabou se oferecendo ao procedimento. Esperava morrer para fugir das obrigações, mas acabou sobrevivendo. Sua espada recebeu o nome de Excalibur e mesmo tendo se tornado uma celebridade, ainda procura uma paz que só a morte pode lhe oferecer.

Ele sobreviveu a um dos ataques aliens, mas toda sua cidade, na França, foi destruída. O Thanatos Codex lhe deu a chance de revidar e ele aproveitou. Cérberus se especializou nos mais modernos, pesados e destruidores canhões manuais. Nem as mais blindadas naves podem resistir ao seu avanço.

Os aliens haviam levado sua mulher e filha. Ele aceitou participar do procedimento Thanatos Codex. Foi um dos poucos a resistir e então o soldado Leviathan nasceu. Usando escudo e lança, ou as mais modernas armas de fogo, ele abre caminho pelo exército alien e só descansará quando encontrá-las.

A princesa nasceu. A alegria que se espalhara pelo reino arrefeceu diante da maldição imposta por um dragão que deveria recebê-la como pagamento por favores passados. Águas viraram lava, o ar queimava os pulmões. As pessoas já não viviam, apenas sobreviviam. Em meio ao caos, depois de dezoito anos, a Princesa Cinzenta ergueu sua espada e desafiou o dragão.

Ele vira. Bem no meio daquela fresta, ali, no canto da sala, onde o aspirador de pó mal alcançava, mas ele vira. Não era louco afinal. Se moveu, os tentáculos tremelicaram de leve. Foi com o canto dos olhos. Impressão apenas. Nada que vá atrapalhar seu sono ou o senso da realidade. Lá fora os golfinhos mortos batiam nas janelas.

Os pneus cantaram no asfalto quente do meio dia. O carro deixou a inércia e avançou como um animal faminto. Os frágeis corpos humanos eram jogados longe, ou simplesmente destruídos sob o peso de suas rodas. Dezenas de mortos e feridos em apenas uma rua. Atrás do volante? Ninguém.

Ele estava diante de uma encruzilhada. Passou dias para escolher qual caminho trilharia até o fim da vida. Escolheu um. Riu. Chorou. Casou. Separou. Ganhou. Perdeu. No fim, pode voltar e, ao lembrar da filha amada, fez tudo igual, só para viver com ela mais uma vez.

A mordida espalhou o vírus, mas seu cérebro o rejeitou. O corpo começou a apodrecer, mas carne de animais retardava a podridão. Apesar da rigidez muscular, ele ainda conseguia realizar ações básicas. Ao encontrar humanos pela primeira vez, tentou falar. Só grunhiu e morreu.

O bafo do Dragão esquentou o ar, parecia o interior de um forno. Suas garras cortaram carne como uma faca afiada. Seu rabo esmagava corpos como um pilão. Nenhum dos saqueadores sobreviveu. Todos querendo roubar seu tesouro. O pior? Se tivessem pedido, ele compartilharia.

A música parecia encher seu corpo de energia. Ela agitava os braços, cantava até ficar rouca e dançava até quase as pernas caírem. Estava viva, feliz, completa. Mas logo o aparelho de Realidade Virtual foi desligado e ela voltou para a escuridão do coma.

Nunca tivera sorte na vida. Nunca. Num mundo repleto de superseres, onde a batalha entre o bem e o mal era constante e repleta de emoção, ele nasceu normal. Nos concursos de serviços públicos, sempre perdia por pouco. Não casou, pois nas poucas tentativas, descobriu antes da cerimônia, estar sendo traído. Durante uma batalha entre heróis e vilões, caiu em suas mãos uma das mais poderosas armas do universo. Teve um infarto fulminante e morreu. Que azar.

A espada era muito pesada. Diziam os “especialistas” que não deveria ter mais de um quilo e meio. Idiotas. O peso vinha da necessidade de empunhá-la contra quem não merecia seu corte. Trolls, goblins, bugbears? Fácil. O problema foi quando chegara o momento de assumir a coroa. Com seu velho pai ajoelhado a seus pés, os olhos marejados, implorando pela vida. A espada desenhou um arco descendente no ar. Um novo rei surgiu.

Ela só queria ver o nascer do Sol. Decidira naquela semana e, para seu desapontamento, um longo período de chuva sucedeu sua decisão. Com a promessa de um dia de céu limpo de nuvens, ela começou a subir as escadas. Familiares e amigos tentaram dissuadi-lo de tal loucura. Tudo em vão. A decisão fora tomada. Ela finalmente viu o nascer do sol mais lindo de sua não vida.Quando os raios solares tocaram sua pele, ela se desfez numa nuvem de cinzas.

O parto correu sem problemas. As mãos seguraram o bebê. Quase quatro quilos. Pele macia, corpinho molenga. Após algumas fungadas, o choro, forte, alto. O milagre da vida. Logo depois foi esmagado, junto com a mãe. Nascimentos não autorizados tinham sempre o mesmo fim. Não havia espaço para caos no mundo dominado pelas máquinas.