Penso que, às vezes Não tenho palavras o suficiente Para descrever o que estou sentindo Então escrevo frases curtas Em um poema pequeno Contamino o papel com aquilo que me afoga E por algum tempo Parece que respiro em baixo d’água - Quando parece insuportável

Eu assisto queimar Temendo as cinzas e os escombros Mais do que o próprio fogo Eu assisto queimar Assustada, aliviada Que fui eu a atirar a gasolina E acender o fósforo Eu assisto queimar Respirando a fumaça Esperando as chamas cansarem da dança furiosa, Triste Eu assisto queimar - Não há fênix aqui

Não, querido, quantas vezes tenho que explicar? Bibelôs ficam em estantes Acessórios adornam pessoas Quadros, louça, até mesmo seus vinis Todos permanecem estáticos Esperando sua chance de serem úteis ou observáveis Está acompanhando até aqui? Te peço então, mais uma vez: Não me confunda com um destes - Lecionando livre-arbítrio

Construí meus castelos e os derrubei De novo e de novo Sempre que tudo cai por terra Junto mais areia e recomeço De novo e de novo Acho que por isso sou capaz De sentir tanto orgulho de mim Quando me vejo no meio de tantos Castelos imbatíveis - Desconstrução

Tentei te pintar em um quadro O maior que eu tinha E ainda assim Não coube Nem um terço De você - Queria que se visse com meus olhos

Ah, quantas mentiras doces de ouvir Amor sai fácil pelos seus lábios Logo depois de tanto ódio Ainda assim, tão doce, Que mesmo com cáries doloridas e aparentes Acabo sempre voltando para o seu açúcar Um dia perderei todos os dentes E, quando acontecer, Implorarei para que ainda me queira - Amor Amargo

No incômodo do silêncio Onde até mesmo a voz dos meus pensamentos se torna escandalosa É nesse vão Hostil e assustador Onde eu me conheceria por completo E no final Me daria a sentença que fosse necessária Para me tornar quem quero ser - Espelho da alma

O pior vão Em que poderíamos nos encontrar É nesse espaço Entre palavras Não ditas - E se?

Não sei em que momento me perdi A noite e o dia se fundiram Não fazia mais diferença Luzes fortes machucavam Música alta parecia abafada Era um mergulho profundo Estava cercado de água Presente e distante ao mesmo tempo Meu corpo não me pertencia mais Eu era dela - Melancolia

Percebi que era sério. Foi só eu fechar os olhos para Me lembrar do seu rosto inteiro A disposição das suas sardas A bagunça dos seus cabelos O detalhe em verde nos seus olhos escuros Quando me peguei sorrindo Dei o diagnóstico final de Caso Perdido O coração não batia mais como devia e as Borboletas dançavam no meu estômago Já era Estou caidinho por você - Para quando a gente namorar

Escrevo para tirar apertos do peito Superação Mas sempre que penso em você Acabo gastando Mais e mais Papel - Espero que passe logo

Não me chame de romântico Não preciso de conforto Ao invés disso, diga o que pensa Me chame de louco Exagerado Iludido Emocionado Sou tudo isso e ainda tenho a cara de pau De arriscar Um “eu te amo” - Fui feito assim

Meu peito se aperta e Meus pulmões se contraem Sempre que penso em você Como um lembrete físico Dos sentimentos que ainda Me afogam

“O tempo cura tudo” – disseram Não acreditei na época Não acredito agora Mas quando olho para trás Te vejo sorrindo E consigo até Sorrir também - Lágrimas de saudade