Março
Há três dias eu conheci um garoto no time da faculdade, ele até que é bonito, mas o que me fascina é a postura confiante durante o treino. Não sei o nome dele ainda porque cheguei atrasado no ginásio, mas amanhã eu com certeza vou descobrir.
Oikawa acordou na manhã de quarta-feira animado tanto pela curiosidade pela matéria prática da faculdade quanto pelo treino com o garoto desconhecido, o moreno saiu do alojamento com o maior sorriso no rosto.
Descobri! Kuroo-chan, esse é o nome dele! E também descobrir que ele era capitão do time de vôlei da Nekoma, hoje eu vou pesquisar sobre ela, eu vou estou tão curioso sobre quem ele é…
- OIKAWA! - O atacante gritou do fundo da quadra claramente pedindo o levantamento.
As mãos ágeis do levantador jogaram a bola por instinto na direção do som e se virou para ver o outro acertar a mesma com uma maestria invejável, no instante seguinte o som da bola batendo no chão do outro lado da quadra se fez presente. Um coro de comemorações foi feito no lado de Oikawa que ainda estava surpreso com a facilidade a qual ele subira a bola para Kuroo, este que estava vindo em sua direção com um sorriso largo carregado de satisfação e felicidade, as pernas de Oikawa tremeram só com aquele pouco, mas ele se controlou não deixaria que ele notasse seu estado, por isso devolveu o sorriso com outro tão largo quanto.
- Kuroo-chan, como foi o levantamento?
- Perfeito, Oikawa-kun.
Abril
Já faz um mês que eu tô treinando com o time da faculdade, é tudo tão perfeito que eu não poderia estar mais feliz! Além do pessoal do time ser incrível, Kuroo-chan começou a sair comigo... Não com interesse romântico, descobri que ele está gostando do atacante da faculdade rival,Koutaroo nome dele. Não estou triste com isso, até gosto, é legal ver como os olhos dele brilham e o mini sorriso se faz presente quando ele começa a falar sobre as coisas que ele já fez com o "bro" dele.
-Oikawa-kun! Vamos sair hoje? - Kuroo perguntou ao mesmo tempo que empurrava as costas de Oikawa forçando as pernas dele.
- Onde vamos Kuroo-chan? - O moreno vira o rosto pra encostar as bochechas no joelho.
- Que tal ir buscar o Bokuto na faculdade e depois shopping?
O interior de Oikawa tremeu, uma onda de frio cobriu-lhe o peito e estômago, agradeceu estar de olhos fechados, pois assim Kuroo não veria o quão incomodado ele estava.
- Kuroo-chan você vai me fazer segurar vela! - Resmungou num tom manhoso enquanto voltava a se sentar normalmente.
- Não vou, eu e o meu bro não temos nada.
Os garotos trocaram de lugar, Oikawa agora tinha as mãos no meio das costas de Kuroo e empurrava pra baixo aos poucos.
- Mas você vai ficar flertando com ele...
- Não vou eu juro.
- De dedinho?
- Urum.... Ai Oikawa, tá doendo... - Reclamou ao sentir a pressão nas costas aumentar e forçar ele a colar a testa nos joelhos.
- Gomen.
Oikawa o soltou e se sentou ao lado dele para esperar os outros terminarem seus exercícios.
- Então? Você vai comigo?
- Tudo bem....
Eu não deveria ter aceitado ir, claramente os sentimentos de Kuroo-chan eram correspondidos porBokutoele que era cego demais pra notar. Durante todo final de tarde e uma parte da noite eu fiquei vendo os doisflertaremdescaradamente, meu peito ainda tá doendo, mas não sei é estranho estar feliz e triste ao mesmo tempo.
Maio
- Oikawa-kun! Você não vai acreditar!
Estavam no vestiário do clube e Kuroo andava de um lado pro outro, parecia ansioso e Oikawa não deixou de notar.
- O que aconteceu? - Perguntou num tom de pura confusão.
- Bokuto!!!! Ele... AAAA - As sobrancelhas castanhas se juntaram indicando o quão perdido o outro estava.
- O que tem ele?
- Me pediu em namoro! – Os olhos do atacante sintilavam de felicidade.
- Oh.... E como foi isso? – O moreno perguntou se sentando no banquinho de madeira só com a calça que iria embora.
Kuroo começou a contar com uma felicidade palpável, Oikawa apenas o estimulava a continuar com um sorriso pequeno no rosto, no momento ele não sentia dor alguma, estava feliz pelo amigo que Kuroo se tornou, para Oikawa era impossível ficar triste na frente de Kuroo já que o mesmo era seu pontinho de felicidade diária.
Faz um tempo que eu cheguei no dormitório, meu coração tá doendo um pouco, eu me sinto bem egoísta agora que estou sozinho, não consigo ficar tão feliz como antes... É estranho ver que eu sequer tive espaço pra tentar expor meu interesse. É tão frustrante... Semana que vem começam as provas e eu não sei se estou pronto pra isso, meu foco foi pro espaço e eu sinto que estou super sozinho aqui... Acho que vou ligar pro Iwa-chan... É vou sim...
Julho
A primeira semana de Julho é a última do primeiro período, o nosso time de vôlei conseguiu muitos títulos importantes estou muito feliz por isso, nas matérias da faculdade eu também vou muito bem, consegui passar em quase tudo (maldito seja o Cálculo Diferencial e Integral I), mas não estou triste, Kuroo-chan disse que me ensinaria a matéria maldita quando voltasse das férias. Já que toquei no nome dele, Kuroo-chan ganhou vários prêmios acadêmicos mesmo estando no primeiro ano, confesso que me doeu o ter Kuroo esfregando isso a cada segundo na minha cara, assim como me doía quando ele falava sobre as aventuras sexuais com o namorado. Eu consegui segurar tudo pra mim, não deixei nenhum sentimento ruim ser colocado sobre o meu amado. Sim... Em dois meses a admiração que eu tinha pelo colega de time se tornou algo mais forte em mim, espero que nas férias eu consiga me abster disso.
- Oikawa-kun!!! – Kuroo veio correndo na minha direção acenando com um papel acima da cabeça. Paro de andar para o esperar.
-Oh.. Kuroo-chan, já está indo ? – Sorrio sentindo meu corpo inteiro esquentar como de costume quando estava perto dele.
- Já, mas preciso falar com você antes. Ou melhor fazer um pedido. – Ele parou de frente ao garoto com cabelos rebeldes e estendeu o papel que mais de perto se parecia com um envelope. – Não precisa me dar a resposta agora, pode me chamar nas férias a qualquer momento.
- KUROOOOOO – A voz de Koutaro ressoou atrás dos dois, os ombros de Oikawa se encolheram e ele se virou antes que visse a cara de Koutaro.
- Já vou indo Kuroo-chan, boas férias. – Então ele saiu correndo sem ao menos ouvir a resposta de Kuroo.
Agosto
As férias passaram num flash, eu não descansei nem um pouquinho já que decidi enfiar a cara na matéria que reprovei, por isso mal vi meus amigos do Aoba, nem mesmo Iwa-chan e sua nova namorada, por estar focado nos estudos não abri o envelope de Kuroo, nem pensei nele, na verdade não tive tempo pra nada que não fosse as fórmulas de cálculo. No último dia de férias, fui na festa que meus amigos fizeram foi renovador, me diverti, matei a saudade e relaxei minha cabeça o suficiente para me preparar para o segundo período. A noite, saí pra jantar com meus pais que fizeram todo tipo de pergunta, foi uma boa noite. De madrugada, quando finalmente minhas malas estavam prontas e meu corpo estava deitado virado para parede, uma mensagem de Kuroo chegou para mim, ele perguntava o que eu estava fazendo, se eu estava bem e muitas outras coisas, incluindo sobre a proposta dele, então li o envelope e notei que era um contrato, uma proposta para dividir um aparamento com ele. Me sento na cama e balanço os cabelos confuso sobre o que fazer, depois de pensar muito mandei a mensagem aceitando a Kuroo-chan, eu não deixei de me sentir extremamente feliz quando ele me mandou um vídeo com um sorriso enorme me agradecendo do fundo do coração por ter aceitado e no quão ansioso estava para viver comigo, aquele sorriso era um dos mais belos que vi ele abrir para mim, meu coração se aqueceu de uma maneira tão intensa que eu não consegui dormir de felicidade.
Setembro
Deu tudo errado, vir morar aqui no mesmo teto que ele, não consigo me concentrar em nada com meu corpo queimando desde o momento que acordava até quando ia dormir. Hoje particularmente foi tão difícil me segurar, Kuroo-chan decidiu que seria uma boa ideia ficar desfilando de cueca pela casa, céus.... Que injusto! Estou muito preocupado com as minhas notas, parece que eu vou tomar pau em todas as disciplinas e isso está me enlouquecendo. Eu invejo Kuroo-chan por não ter esses problemas, o invejo por ser focado e não precisar estudar muito pra se dar bem.
Oikawa estava posicionado para fazer o último levantamento do dia, mas sua mente começou a viajar para longe, a mágoa crescia a cada movimento e pode ser vista no levantamento que fez para Kuroo, a bola passou tão longe das mãos do atacante que nem mesmo se esticando ao máximo as pontinhas dos dedos tocaram a bola. O treinador apitou e pela primeira vez desde que entrara no time titula, o garoto foi substituído, Kuroo se preocupou verdadeiramente ao ver o olhar vazio do amigo enquanto caminhava para o banco.
Acho que vou largar o vôlei... A decisão vai doer, mas eu acho que vai ser melhor... É... Eu vou ter mais tempo de estudar... Iwa-chan vai querer me bater quando souber, é... Uma pena eu não ter meu fiel Iwa-chan pra me tirar desse lugar confuso e escuro... Estar sozinho é assustador, sentir que incomoda é assustador, se sentir mal por não conseguir ser honesto com os outros e consigo mesmo... É uma merda se sentir inferior, não estar satisfeito com quem você é. É muito horrível pensar no quão sujo eu sou por desejar meu melhor amigo, francamente eu já era... Não sei o que vou fazer, mas não vou escrever mais, era para essa terapia me ajudar... De fato, é uma pena nada ter adiantado.
Outubro
Manhã
Kuroo largou o treino do dia ao saber que Oikawa não iria mais jogar vôlei, o moreno andou toda a faculdade procurado o amigo, mas não conseguia o encontrar em lugar algum. Haviam alguns dias que ele tinha encontrado as cartinhas na gaveta de meias do outro enquanto limpava a casa, faziam algumas semanas que a última tinha sido escrita, Oikawa estava tão normal que nem parecia que pensamentos tão confusos rondavam a cabecinha oca dele. Kuroo correu pra casa com a preocupação aumentando ainda mais, ele não queria pensar nas besteiras que o outro poderia fazer, contudo tudo que sua cabeça conseguia pensar era que ele não queria perder o outro, não sem contar como ele se sentia, não antes deles rodarem o mundo, não antes deles viajarem o mundo, não antes de Oikawa ganhar o Nobel de física. A corrida se tornou mais acelerada, o garoto não subiu de elevador como sempre fazia, a adrenalina no seu corpo o obrigou a correr escadas acima caindo várias e várias vezes. Ao entrar no apartamento aconchegante que dividia com o outro, Kuroo procurou em cada cômodo pelo outro, a única coisa que encontrou foi a gaveta de meias mexidas e a caixa com as cartas ausente, a essa altura do campeonato ele chorava e tremia em puro desespero, olhou pela janela implorando por qualquer divindade que fosse que sua plantinha estivesse bem.
Noite
Oikawa encarava o mar sem saber o que fazer, a caixa com as cartas estava aberta e vazia do seu lado esquerdo, a câmera fotográfica em suas mãos, os óculos estavam frouxamente no rosto, embora tantos sentimentos ruins estivessem destruindo o garoto pouco a pouco, o alívio por destruir as cartas num ato impulsivo era tão grande que reconfortava. Oikawa sabia que aquilo não tiraria os sentimentos que tinha por Kuroo, muito menos as angústias e cobranças consigo mesmo, entretanto não conseguiu não associar as cartas a sua vida, talvez fosse um indicativo do que deveria fazer com ela, mas... Franziu o cenho ao ouvir o toque de seu celular, fazia séculos que ele não tocava, então uma risada escapou quando os acordes de uma música antiga tocou, pegou o celular e viu o nome de Kuroo no indentificador.
- Moshi moshi Kuroo-chan. – Apesar de tudo, Oikawa ainda se faria de forte para o conforto do seu amor.
- Kawa... – A voz de Kuroo estava quebrada indicando um possível choro.
- O que aconteceu Kuroo-chan? – Abaixou a cabeça e deitou a bochecha no joelho.
- Kawa... Onde você está? Por favor me diz que tá bem e que não fez nenhuma besteira... Kawa eu não posso te perder, por favor plantinha, me diz que você não fez nada, que você vai voltar pra mim... – Oikawa chorava em silêncio enquanto ouvia o outro proferir as palavras que ele sempre quisera ouvir. – Kawaa.... Por favor... Eu to te implorando.... Volta... - Os olhos castanhos se fixaram no ponto onde não se enxergava mais nada além da escuridão e deu um sorriso pequeno no meio das lágrimas.
- Kuroo-chan, desculpe atrapalhar sua noite com o Koutaro-san. – Colocou a câmera fotográfica no colo e desenhou as iniciais de Kuroo na areia. – Não era minha intenção te fazer chorar... – Oikawa se segurou muito pra não soluçar junto a Kuroo. – Você deveria confiar mais em mim Kuroo-chan, você sabe bem que eu sou covarde demais pra fazer alguma coisa... E afinal eu te amo demais pra me matar.
- Tooru....
- Estou na praia. – Então desligou, ele não aguentaria ouvir aquilo, a rejeição, por telefone.
O longo silêncio na linha fez Oikawa refletir sobre o que deveria dizer a Kuroo quando ele chegasse, tinha acabado de se declarar para ele, não recebeu resposta alguma, mas a certeza que levaria um fora era enorme. Seus olhos foram até a caixinha agora vazia e ficaram ali até sentir o toque quente característico de Kuroo nos seus ombros. Quando virou o rosto, se surpreendeu com o abraço firme que foi deixado ao seu redor, enquanto sentia as lágrimas de Kuroo molharem suas roupas o apertou mais um pouco querendo aproveitar a pouca distância entre eles.
- Vamos para casa, Plantinha...
Não respondeu verbalmente apenas o aceno positivo foi necessário, no caminho de volta nada foi dito, Kuroo não desgrudava do corpo do levantador que abraçava seus pertences contra o peito e possuía um olhar perdido em pensamentos. De fato ele estava, em sua perspectiva tudo bem se não teria um Kuroo de maneira romântica, qualquer migalhinha servia então Oikawa decidiu que viveria daquilo, afinal ele amava demais o outro, não importava se não o teria sobre o título de namorado, ele ainda teria o prodígio, o gamer, o amigo, o talentoso, o provocador, o engraçado, o fiel, o atacante e tudo mais que Kuroo se mostrasse, era o suficiente, não importava se Oikawa fosse sair ou não daquela situação caótica, a única coisa que valia era o carinho como o que os dedos longos fariam em sua cintura naquele momento.
Merci pour la lecture!
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