william-franco William Franco

Trevor Mendes vivia muito bem a sua vida. Para ele, nada mais poderia abalar o seu mundo e tudo o que aconteceu no passado fora esquecido. Até que um assassino, usando uma fantasia de espantalho matou sua vizinha e o namorado dela. Desde então, coisas estranhas vêm acontecendo e ele começa a receber ligações estranhas de alguém dizendo que sabe de seu segredo e do que ele fez. Para tentar impedir que o Espantalho cometa uma chacina em sua cidade, o garoto irá fazer de tudo para desmascarar quem quer que esteja atormentando ele e os amigos. Que o banho de sangue... comece!


Horreur Horreur Adolescente Interdit aux moins de 18 ans.

#terror #lgbt #sociopata #psicopata #morte #espantalho #assassino #assassinato
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Só mais uma vadia morta

Paola Ferraz chegou cedo da escola, correu para dentro de casa e se escondeu. Desde que recebera o primeiro telefonema sua vida se tornou um inferno, ligações estranhas, mensagens assustadoras e pessoas a olhando de um jeito estranho, quase como se soubessem o que ela havia feito. Entretanto, isso é impossível, eles foram tão cuidadosos e ninguém soube por um ano, por que justo agora? Por que isso está acontecendo com ela?

Um barulho do lado de fora a tirou de seu devaneio, com cuidado, Paola abriu a cortina e espiou pela janela. Na casa ao lado, uma mulher de cabelos pretos e uma expressão carrancuda apressava os filhos para entrarem. Caio Mendes, um garoto muito dedicado aos estudos, sempre tirando boas notas e se gabando por seus feitos. Ele sorria para a mãe, mostrando um papel para ela e com certeza deve ser alguma prova que ele tirou dez. A mulher sorriu, mostrando dentes brancos e a satisfação pelo seu filho. Caio passou a mão no cabelo castanho claro e entrou sorrindo para dentro de casa.

Um pouco mais atrás, fazendo cara de nojo, estava Trevor Mendes, irmão mais velho de Caio e um ex-amigo de Paola. Trevor é o garoto mais popular da escola, sempre participando das melhores festas e de tudo o que acontece na escola. Paola não sabe ao certo quando que começou, mas Caio e Trevor tem uma rixa, disputando a atenção dos pais. Mesmo os dois garotos tendo o mesmo físico e quase a mesma aparência, Trevor tem o cabelo da cor preta e olhos azuis, já o irmão tem os olhos castanhos.

Ao ver o antigo amigo, Paola sentiu vontade de sair correndo e contar tudo o que estava acontecendo, mas como ela iria explicar algo assim? Todos eles juraram nunca mais tocar nesse assunto novamente e viver como se nada tivesse acontecido. Além do mais, Paola foi muito rude com todos eles, na época ela queria ficar o mais distante deles e agora ela só quer que tudo volte a ser o que era antes.

Quando seu foco voltou, ela notou que Trevor a estava olhando e o garoto acenou para ela, mas Paola fechou rapidamente a cortina e esperou um tempo. Quando abriu novamente a fresta, ela viu Trevor passar pela porta da frente da casa dele. Soltando um longo suspiro, a garota deixou a janela de lado e foi se arrumar para seu encontro. Hoje ela iria contar tudo para Nathan e estava pronta para aceitar o pior, ela não podia guardar isso para si mesma, não mais.

Deixando a mochila na sala, a garota prendeu o cabelo loiro em um rabo-de-cavalo e subiu a escada para o segundo andar, tirando o uniforme no meio do caminho. Ela já estava pelada quando entrou no banheiro, mas deu meia volta e desceu correndo as escadas, pegando seu celular. Agora sim, pronta para seu banho, Paola entrou no banheiro e deixou a água cair dentro da banheira.

Seu celular estava no modo avião, para evitar receber as ligações e as mensagens do desconhecido. Quando sua internet voltou, várias mensagens chegaram e principalmente de Nathan, que parecia bem ansioso para à noite. O garoto havia lhe mandado uma foto do tórax, mas Paola somente riu dele. Óbvio que ela achava seu namorado muito bonito e gostoso, mas achava que trocar ‘nudes’ não era a coisa mais romântica ou sensata a se fazer.

Após responder todos os amigos, ela percebeu que o número desconhecido não havia ligado ou mandado mensagem. Torcendo para que tudo não se passasse de um trote dos imbecis dos seus antigos amigos, ela iniciou uma vídeo chamada com Nathan, que atendeu rapidamente.

– Uau, isso tudo é pra mim?– Nathan chegou bem perto da câmera, olhando com atenção para sua namorada.

Paola estava usando um roupão agora, ela não iria estragar a surpresa da noite e isso também iria deixar seu namorado bem curioso. Entretanto, nada lhe impediu de sensualizar. Deixando seus ombros à mostra, a garota passava a mão na água quente da banheira.

– Não fique se achando o maioral, okay?– Ela virou o rosto para ele, que estava com olhos fixos em seus seios.– Meus olhos são um pouco mais para cima.

– É que você é tão linda que me deixa hipnotizado.– Paola o olhou com sarcasmo, sabendo muito bem onde ele queria chegar com esses elogios.

– Não vou te mostrar nada ainda, vou manter a surpresa e espero que você também, não quero receber nenhuma foto sua pelado.– Ela estava séria, mas Nathan sorriu para a garota.

– Você deveria confiar mais em mim, eu nunca iria te expor na internet. Além de não querer ser morto pelo seu pai, você com certeza iria chamar suas amigas para quebrar as minhas pernas.– Paola fingiu estar indignada.

– Eu jamais faria isso, eu gosto das suas canelas de jogador de futebol!

A garota se levantou e retirou o roupão, tomando o cuidado para não aparecer na câmera e acabar se expondo. Ela entrou na banheira, sentindo o calor dá água lhe deixando relaxada e esquecendo de seus problemas. Inspirando fundo, Paola abaixou e ficou com metade da cabeça submersa, somente olhando para o nada durante um tempo. Até que Nathan gritou por seu nome e ela levantou a cabeça e apoiou na borda da banheira. O garoto soltou o ar de dentro de seu pulmão ao rever a namorada e logo olhou bravo para ela.

– O que pensa que está fazendo me assustando desse jeito?

– Foi mal, a água estava tão relaxante que esqueci que estava conversando com você!– Ela fez bico, deixando o namorado um pouco mais calmo.

– Então, que horas eu posso passar aí na sua casa?– Nathan deixou transparecer seu nervosismo, ficando olhando de um lado para o outro.

– Pode ser lá pelas 20 horas, meus pais vão sair uma hora antes e acho que vai dar tempo de deixar tudo preparado para a nossa grande noite!– Paola sorriu, deixando Nathan com as bochechas vermelhas.

– Então mais tarde eu vou passar na farmácia do meu pai e roubar algumas camisinhas, quero que tudo saia perfeito nessa noite.– Ele estava sério, perder a virgindade é algo muito importante para ele.

– Escuta, vai dar tudo certo e antes que você perceba, nós vamos estar que nem dois coelhos.– Ela riu, mas Nathan apenas ficou ruborizado.

– Vou desligar, meu irmão está me chamando para ajudar com a lição de casa. Te vejo mais tarde, te amo.

– Também te amo, seu fofo!– Ela gritou de volta e ele sorriu, desligando a câmera em seguida.

Paola pegou seu celular, colocando uma música de ópera para tocar e isso sempre a deixa mais relaxada. A garota fechou os olhos, apreciando a música e deixando que tudo ao seu redor se desfizesse. Entrando em um mundo onde ela não estava recebendo ameaças de um desconhecido, um lugar onde ela não havia feito um maldito pacto de silêncio e seus amigos ainda estavam com ela.

[...]

O que uma garota precisa para ficar mais bonita do que ela já é? Paola se olhava no espelho e se fazia essa pergunta, procurando o que usar em seu encontro com seu namorado. Olhando para seu guarda-roupa aberto, ela decidiu que precisava de algo que fosse sensual, mas que também não fosse nada muito chique. A garota passou peça por peça, recusando a maioria de suas alternativas e quando já estava decidindo aparecer pelada, um vestido lhe chamou a atenção.

Paola pegou o vestido verde e o colocou sobre o corpo, verificando se estava bom. Não era nada ruim, o vestido era bonito, verde, com um tule na região central do peito, ele não passava de seu joelho e era aberto nas costas. Paola decidiu que seria esse o vestido que iria usar em seu encontro. A garota pegou o secador de cabelo e o ligou, fazendo com que o vento levasse seus fios loiros para trás.

Quando terminou de arrumar seu cabelo, passou para a maquiagem, ela não queria algo muito forte e por isso, decidiu passar apenas um batom vermelho e um blush rosa nas maçãs do rosto. Se olhando no espelho e se achando a própria Afrodite, Paola desceu até a cozinha e pegou a garrafa de uísque de seu pai, abriu e colocou em duas taças. O jantar com Nathan não seria algo grande, seria apenas uma degustação de algo antes da grande noite.

Paola estava arrumando a mesa quando a campainha tocou, colocando um sorriso enorme no rosto, a loira saiu saltitante até a porta e quando a abriu não havia nada. Ela colocou a cabeça para fora, olhando para os dois lados, entretanto, não havia nada além de escuridão e grilos cantando. Ela olhou para a casa ao lado, onde estava a casa de Trevor e a luz do quarto do garoto estava acesa. Deixando isso de lado, Paola voltou para a cozinha e continuou arrumando a mesa, colocando uma toalha vermelha e as taças de uísque por cima. Nathan era quem iria trazer a comida e Paola torceu para que não fosse nada muito gorduroso.

A garota estava tão concentrada em não beber o uísque antes que o namorado chegasse, que levou um susto com o telefone tocando. Quase deixando a taça cair no chão, Paola correu até o telefone e antes que atendesse, a garota parou abruptamente e congelou. E se fosse a mesma pessoa que vem ligando para ela nesses últimos dias?– Pensou ela, engolindo em seco.– Deixando isso de lado e achando que poderia ser Nathan, ela atendeu com os olhos fechados e já esperando pela voz assustadora.

– Alô?– Sua voz estava trêmula por causa do medo.

– Amor, eu pego camisinhas com ou sem sabor?– Ouvir a voz de seu namorado nunca fora tão bom.

– Com sabor!– Paola soltou um longo suspiro, deixando clara sua satisfação em saber que era Nathan quem havia ligado.

– Ótimo, eu devo chegar em alguns minutos, mal posso esperar por isso!– Sorrindo abobalhada, Paola pegou uma mecha de seu cabelo e o enrolou no dedo.

– Eu também mal posso esperar.– Nathan desligou e ela se viu sozinha novamente, sua casa estava escura e bem quieta.

Paola caminhou para a sala, olhando para os lados a procura de algo e felizmente, não encontrou nada. Para não se sentir muito sozinha, Paola ligou a televisão e deixou em um desenho qualquer, pegou seu celular e mandou mensagem para sua amiga, Sandra. Contando para a garota o que ela iria fazer nessa noite.


Paola já estava entediada e Nathan estava demorando para chegar. A garota não gostava de atrasos e o namorado sabia disso, mas mesmo assim se fazia de desentendido. Foi então que o telefone tocou novamente e Paola se levantou enfurecida, pisando fundo e com os punhos fechados. Chegando na cozinha, pegou o telefone com rapidez e deu um grito.

– Onde é que você está? Sabe muito bem que eu odeio atrasos!– Seu coração estava disparado e sua boca estava espumando de raiva.

– Olá Paola, como está sua consciência hoje?– A voz fria e sem vida retornou, uma voz cortante e sarcástica, uma voz que a deixava com medo só de pensar.

– O que você quer de mim?– Ela estava gaguejando, declarando seu medo ao ouvinte.

– O que eu quero de você? Quero que você e seus amigos paguem pelo que fizeram no ano passado!– A voz estava com raiva e também estava gritando. Paola foi se abaixando, ficando de cócoras e pensando que isso a deixava invisível.

– A gente não teve culpa...

– Silêncio, sua vagabunda, por sua causa e daqueles imprestáveis, uma vida se perdeu e agora tudo o que vocês construíram irá desmoronar por cima de vocês.– A ligação caiu e somente ficaram os ‘beeps’ em sua orelha.

Não aguentando mais suportar todas essas ameaças, Paola deixou que suas lágrimas rolassem por seu rosto e caíssem no chão. Uma batida na porta a deixou sem ar, batidas repetidas e que pareciam que ficavam mais altas a cada segundo. Se levantando com dificuldade, Paola pegou uma enorme faca no faqueiro de sua mãe e caminhou em direção a porta. Ela até poderia estar assustada, mas se essas ameaças forem verdadeiras, Paola não iria se deixar ser vencida.

A garota segurou firme na maçaneta e notou que sua mão estava tremendo. Pensando que seria tudo ou nada, Paola abriu a porta gritando e levantou a faca, pronta para se defender de qualquer coisa.

– Ei, ei, ei, o que é isso?– Quando Paola abriu os olhos, Nathan estava segurando sua mão e a olhava assustado. Não se aguentando mais, a garota deixou a faca cair no chão e abraçou o namorado, chorando em seu ombro.

– Nate, eu não estou aguentando mais, eu preciso contar o que aconteceu ou vou acabar enlouquecendo.

– Paola, meu amor, o que aconteceu?– Nathan se afastou dela, assim a olhando nos olhos e percebendo que a namorada estava aterrorizada com alguma coisa.

– Podemos entrar, você vai precisar estar sentado quando eu te disser o que foi que eu fiz!– Ela deu as costas para ele, caminhando em direção a cozinha e se sentando na cadeira.

O garoto foi atrás dela, passando a mão no cabelo preto e começando a ficar preocupado. Ao olhar para a namorada, Nathan notou que ela estava tremendo e roendo as unhas, algo que ela nunca havia feito antes. Fechando os olhos com força, Paola voltou a chorar e Nathan segurou sua mão.

– Eu já havia notado que você estava diferente e esperei você vir me contar o que aconteceu, esse momento chegou e acho que está na hora de você botar tudo para fora!– Ela respirou fundo e balançou a cabeça concordando, soltando o ar.

– Você tem razão, tem acontecido umas coisas estranhas comigo e isso já faz uma semana. Tudo começou com alguns telefonemas, de alguém me ameaçando e dizendo que iria contar uma coisa que eu fiz, algo tão ruim que é capaz de você nunca mais querer olhar na minha cara.– Nathan esperou ela dizer que era uma pegadinha, mas a garota manteve o olhar firme.

– O que você fez? E por que não disse para seus pais ou para a polícia?

– Porque isso não envolve apenas a mim e sim muitas outras pessoas, e eu nem sei se eles também estão sofrendo com essa merda.– Paola cobriu os olhos e soltou outro longo suspiro.– Você se lembra da Jéssica...– Paola foi interrompida por um barulho no andar de cima de sua casa e parecia ser sons de passos.

– Tem mais alguém aqui?– Nathan se levantou da cadeira, apurando os ouvidos e tentando ouvir mais alguma coisa.

– Não que eu saiba!– A garota se levantou rápido e grudou em seu namorado, segurando em seu braço.

– Vou lá ver o que é!

– Está louco? E se for um ladrão ou essa pessoa que está me ameaçando?– Paola o puxou para trás e o fez olhar para ela.– Não vá lá em cima, vamos chamar a polícia e deixar que eles cuidem disso.

– Amor, não deve ser nada demais, só algum esquilo ou algo do tipo!– Ele sorriu e começou a andar em direção a sala e a escada para o andar de cima.

– Eu vou com você!– Disse a garota, não querendo ficar sozinha.

Paola correu até Nathan, que a esperou no pé da escada e juntos, os dois namorados subiram a escada, degrau por degrau e tentaram não fazer barulho. Já no andar de cima, os dois se encontraram em um impasse, para onde eles iriam? E respondendo suas perguntas, novamente algo fez barulho e agora vinha do sótão. Nathan continuou andando e entrou no escritório do pai de Paola, passando pelo computador aberto em uma foto de família.

– Você vai lá em cima?– Paola sussurrou.– Não sabemos se isso é algum animal ou um bandido, e pelo barulho, pequeno é que não é!

– Eu só vou dar uma olhada no que está acontecendo, prometo voltar por você!– O garoto voltou alguns passos e beijou a namorada, a tranquilizando.

Logo depois, seguiu para a escada e subiu para o sótão. Paola ficou esperando no andar de baixo, apreensiva por ter deixado o namorado subir sozinho. Passaram-se três minutos e nenhum sinal de Nathan, até que um barulho na escada anunciou a volta do garoto. Entretanto, Nathan não desceu a escada, ele rolou por ela e caiu no chão com vários ferimentos no rosto e ossos quebrados. Segurando a vontade de vomitar, Paola se aproximou, mas o namorado olhou para ela e disse:

– Corra!– Sua boca se abriu e não emitiu mais nenhum outro som.

Passos pesados apareceram na escada e Paola olhou em direção do que estava descendo e paralisou de medo. Parecia um monstro saído direto dos filmes de terror mais assustadores do mundo. A coisa era alta e tinha a cabeça de uma abóbora de Halloween, com uma luz forte saindo de seu interior. Usava uma camisa preta surrada, uma calça jeans, um cachecol marrom em volta do pescoço e um sobretudo preto. Também usava luvas nas mãos, uma bota de fazendeiro, um chapéu de couro preto e pelos vãos de suas roupas havia palha saindo de dentro. A coisa se parecia com um espantalho tenebroso e ainda segurava uma pequena foice circular em uma das mãos.

O Espantalho olhou para ela, parecia que estava lendo seu corpo e estudando suas reações. A cabeça da coisa balançou de um lado para o outro lentamente e deu seu primeiro passo. Paola deu um passo para trás, querendo se manter o mais longe possível do espantalho. Ela precisava de um plano para sair de lá e chamar alguém, mas para quem ela iria pedir ajuda? Paola pensou em seu celular, que havia ficado em cima da mesa no andar de baixo e se ela corresse, seria bem provável que a coisa iria correr atrás dela.

Mais um passo e dessa vez a luz se apagou, deixando somente os olhos e o sorriso diabólico aparecendo pela luz da abóbora. Paola deu dois passos para trás e a coisa chegou mais perto dela. Seria tudo ou nada, seu namorado já estava morto e ela precisava fugir de lá. Decidindo viver, Paola saiu correndo no escuro e como já sabia andar pela casa de noite, ela conseguiu chegar em seu quarto e quando olhou para trás, o Espantalho ainda estava lá, somente observando a garota se trancar.

Se virando para trás e ficando com as costas na porta, Paola tentou pensar em algo para ajudá-la a sair da enrascada em que se meteu. Ela correu até o guarda-roupa e pegou uma lanterna, acendendo a luz e a deixando enxergar melhor. Então algo começou a bater na porta, pancadas fortes e então parou, ficando tudo silencioso. Com os olhos cheios de lágrimas, Paola foi chegando mais perto e colocou a orelha na porta.

Não estava escutando barulho algum e torcendo para que a coisa tivesse ido embora, ela já estava ficando mais calma. Então a ponta da foice atravessou a porta com tamanha força, que quase atravessou a cabeça de Paola. A ponta estava a centímetros de seus olhos e soltando um grito bem alto, a garota correu para perto da cama e viu o Espantalho fazer o mesmo movimento repetidas vezes, até abrir um buraco na porta. A coisa colocou o olho no buraco e pareceu se divertir com o medo de Paola.

Colocando a mão no buraco, o Espantalho procurou pela maçaneta, tateando a porta e quando finalmente encontrou o que procurava, começou a girar a chave e a abriu. Paola prendeu a respiração, andando de costas até ser parada pela janela. A coisa ficou olhando para ela, deixando a garota pensar no que fazer. A janela estava aberta e não seria uma queda muito longa, ela iria sobreviver e também iria cair na grama fofa de seu quintal.

– Droga, vai se foder, o que você quer de mim?– Nenhum som foi emitido da coisa e como última afronta, Paola mostrou o dedo do meio para o Espantalho e passou pela janela.

A garota ficou parada e decidindo se pulava ou enfrentava a coisa. Olhando para trás, viu que o Espantalho continuava apenas a observando. Quando decidiu pular, um grito veio da casa ao lado.

– Paola, o que você está fazendo?– Era Trevor quem estava gritando e a olhava assustado.

– Trev, eu preciso da sua ajuda, preciso que você chame a polícia. O Nate está morto e preciso pular!

Trevor jamais havia visto Paola tão assustada e ele precisava ajudá-la. Entretanto, antes que ele pudesse fazer alguma coisa, a garota pulou e seu grito de dor pode ser ouvido pela rua deserta. Olhando para a janela, Trevor viu algo saído de seus piores pesadelos, um espantalho assustador o olhava e parecia olhar no fundo de sua alma. Então a coisa saiu correndo e Trevor também correu, pegando sua roupa no chão do quarto e se vestindo de qualquer jeito. Pegou seu celular na cômoda e discou o número da polícia.

Paola estava caída no gramado de sua casa e sua perna estava quebrada, com o osso saindo para fora. A dor era muito intensa e ela precisava chegar na casa do amigo. A garota começou a se rastejar, decidida em não morrer e se salvar. Em sua cabeça, ela já se via em uma viatura e prestes a ir para o hospital, entretanto, algo segurou em sua perna e quando ela olhou para trás, viu a cabeça de abóbora bem perto dela. Paola gritou e tentou se soltar, mas a coisa era muito mais forte que ela. O Espantalho a puxou para trás e ela tentou se agarrar na grama, mas aquilo era forte demais.

O Espantalho subiu em cima da garota e a olhou nos olhos. A coisa levantou a mão e deu um forte soco no peito de Paola, que deixou a garota sem ar. Novamente ele fez isso e dessa vez, ele enfiou a foice na barriga de Paola e lágrimas escorreram de seus olhos. O Espantalho não parava de bater nela e a furar com sua arma. Ele se levantou e por último, deu um chute nas costelas da garota e saiu correndo em direção a casa dos seus vizinhos.

Deixando sua última lágrima rolar, Paola se lembrou do que ela e os amigos fizeram. Essa era a punição dela e talvez seria a deles, ela não podia morrer e não avisá-los. Ouvindo suas preces, Trevor apareceu em sua linha de visão, ele também estava chorando e tentava parar os sangramentos dela. Mas já era tarde para Paola.

– Você vai sair dessa, a ambulância já está vindo e eu prometo que vamos encontrar quem fez isso!– Ele sentou na grama e apoiou a cabeça da garota em sua perna.

– Al... alguém sa... sabe...

– Não tente falar, você precisa...

– Trev, alguém sabe que a...– Paola soltou um longo grito e olhando com ternura para o amigo, ela agradeceu por não estar sozinha.– Me desculpe!

– Não, não, não, que merda!– Trevor gritou de raiva e olhou para os lados, tentando encontrar a coisa que atacou Paola, mas não avistou nada.

Tudo parecia um borrão e somente uma frase estava em sua cabeça. “Alguém sabe”.


1 Mars 2020 13:19 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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