omegakim Amelia Kim

Do Kyungsoo queria ser o ômega perfeito para Park Chanyeol, era só uma pena que Byun Baekhyun tenha estragado isso. [baeksoo] [abo]


Fanfiction Groupes/Chanteurs Interdit aux moins de 18 ans.

#baeksoo #abo #ômega-ômega
19
4.2mille VUES
Terminé
temps de lecture
AA Partager

O garoto que queria ser amado

Do Kyungsoo


Kyungsoo observou seu reflexo no espelho, as mãos desceram por sua roupa, ajeitando os mínimos detalhes, afinal deveria estar perfeito. Não podia deixar que alguém visse nada além do perfeito na sua aparência, porque o jeito como todos o viam afetava diretamente a imagem de Park Chanyeol, seu marido alfa, e isso era tudo o que Kyungsoo não queria. Ainda mais depois que o marido deixou claro como queria impressionar Oh Sehun, para quem sabe, ter uma futura parceria.

Havia passado maquiagem em volta dos olhos, um pouco de base no rosto para parecer que tinha tido uma noite boa de sono, quando, na verdade, havia se contorcido em ansiedade pela noite inteira, como se tivesse formigas no seu colchão. Mas na verdade, era apenas o medo de falhar se apossando de si. Levantou a mão e tocou seu rosto, suas bochechas estavam um pouco pálidas demais. Procurou seu blush e aplicou um pouco nas maçãs do rosto, tentando parecer mais saudável e menos aterrorizado.

Suspirou, um tanto cansado da forma como estava nervoso e sem que pudesse se conter ergueu a mão em direção ao próprio rosto e acertou um tapa estalado ali, na bochecha mais próxima.

— Se acalme! — gritou consigo mesmo, apenas para engolir em seco no minuto seguinte.

Sabia que ninguém escutaria aquilo além dos empregados, mas ninguém se aproximaria sem ser chamado. E Chanyeol nunca estava em casa para sequer presenciar algo como aquilo. Autoflagelação. Autopunição para todas as vezes que Kyungsoo achava que tinha falhado, sequelas de uma criação regrada demais.

Fechou os olhos e respirou fundo, então abriu-os, os lábios se comprimiram assim que notou a forma como sua bochecha parecia vermelha demais, quase até podia contar a os dedos marcados ali. Tratou de esconder aquilo com maquiagem. Olhou-se mais um pouco, parecia perfeito agora, pensou. O cabelo ruivo estava bem arrumado e as sardas que tanto odiava, estavam escondidas pela maquiagem. Parecia sério e terrivelmente bonito, além de um tanto inocente, que era o que sempre fazia receber elogios. Os alfas, amigos de Chanyeol, sempre o elogiaram por causa dessa pequena fração de inocência que havia estampado em seus olhos grandes e não mentiria quando dissesse que gostava da atenção que eles lhe davam, mesmo que tivesse plena certeza que aqueles alfas só queriam toca-lo de uma forma nada imprópria.

Seu lobo gostava, seu lado humano acompanhava. Servia como um prêmio de consolação quando Chanyeol parecia não ter nenhum interesse em si. Em cinco anos de casamento, o Park nunca demonstrará nada além do usual desejo na época do cio, o que só servia para que a família de Kyungsoo o achasse um completo inútil, pois nem ao menos para engravidar durante o cio, havia prestado. Mas Kyungsoo sabia que não podia engravidar, não por culpa de problemas biológicos – era bem fértil, na verdade – mas sim, por culpa do alfa. O Park não queria filhotes, deixará isso bem claro desde o primeiro dia de casamento.

Controlava seus remédios anticoncepcionais, as datas em que estaria mais fértil e nunca deixava de usar proteção durante as relações sexuais. Chanyeol era cuidadoso de uma forma que magoada Kyungsoo, porque até o momento em que conheceu o marido, o ômega tinha sonhado em ter uma família. Ainda lembrava-se da forma como sua mãe tinha lhe contado que o seu pai havia encontrado um marido para si. Não cabia em si de tanta felicidade, afinal era o seu sonho de adolescente se realizando: teria um alfa que o amaria até a morte, teriam muitos filhotes e seriam muito felizes. Mas a amarga verdade que veio no dia do seu casamento... O jeito como Chanyeol o olhou, como se ele fosse um intruso, aquilo tinha marcado o Do de uma forma inimaginável e até hoje ainda o machucava, ardia, bem no peito, bem no centro de si e fazia Kyungsoo achar que podia entrar em combustão tamanha a infelicidade que era nunca poder ter um bebê, uma família, ser amado...

Abaixou os olhos ao mesmo tempo que escutava a porta do seu quarto abrir. Desviou os olhos pra lá, apenas para encontrar a empregada o fitando de uma forma envergonhada, como se estivesse se desculpando pela forma como tinha atrapalhado o momento de reflexão do ômega. O Do assentiu para si, numa forma de fazê-la falar sobre o que viera fazer ali.

— O senhor Park chegou. — avisou depois de engolir em seco.

Assentiu, novamente. Girou nos próprios pés, de repente, apressado. A empregada saiu, voltou a fechar a porta ao mesmo tempo que Kyungsoo checava mais um pouco a sua aparência e só então saia, acreditando que estava perfeito. Mas nunca podia saber a forma como Chanyeol reagiria, pois para todas as vezes que Kyungsoo já se arrumou, não recebeu mais que um aceno de cabeça. Está ok, parecia ser tudo o que o ômega receberia como elogio. O que só acarretava em mais frustração para a sua vida, porque mesmo que não quisesse, ainda sonhava em ser aquele que poderia fazer Chanyeol perder segundos de ar, que roubaria as batidas do seu coração. Mas isso parecia não acontecer nunca. Nos cinco anos em que estavam casados, o alfa nunca perderá nada além do interesse em si e Kyungsoo temia pelo tempo, porque isso implicava que ficaria mais velho e se não podia atrair Chanyeol agora com seus 22 anos, como poderia aos 50 ou 60 ou quem sabe, 80 anos?

— Aí está você. — O Park disse assim que os pés de Kyungsoo terminaram de descer a escada.

Ele estava sentado no sofá, uma bebida em suas mãos, porque nunca podia ficar sóbrio na presença do marido. Kyungsoo não lembrava-se de momentos em que Chanyeol estivera sóbrio, já que até mesmo no dia do seu casamento estava cheirando a álcool e nos dias de cio, costumava cambalear pela casa, pois só assim conseguia tocar em si. Será que tinha nojo de si? Ou tudo era culpa do romance fracassado que o Park não poderá viver no passado?

O Do tinha escutado as fofocas. O jeito como as mulheres da sua família e amigos venenosos faziam questão de falar alto quando sabiam que ele estava perto, deixando claro que Park Chanyeol já tinha alguém para amar. Um beta, descobriu. Park Chanyeol era apaixonado por um beta antes de se casarem e parecia ainda apaixonado, mesmo cinco anos depois.

— Estamos atrasados. — Chanyeol disse ficando de pé, mal olhando para o ômega, bebendo de uma vez o líquido no copo e abandonando o copo vazio sobre a mesinha de centro, indo em direção a saída, apressado, sem esperar que o marido fosse atrás.

Mas Kyungsoo foi, porque sabia que era assim que funcionava. Ele era um ômega, sem muito valor. Fora feito para seguir as outras duas espécies acima de si ou apenas seguir o alfa à qual era entrelaçado, mesmo que de formas puramente burocráticas.


***


Era um jantar de negócios, uma festinha particular entre empresários. Colegas de Chanyeol, pessoas que Kyungsoo já havia visto em outros jantares e até mesmo almoços em sua própria casa. E por isso, sorria, simpático para todos, cumprimentava dizendo seus nomes mentalmente. Chanyeol parecia satisfeito, ao seu lado, já que não falará nada até o momento em que estavam chegando perto da sua mesa. O ômega notou que não conhecia o casal que estava ali, pensou em perguntar ao alfa, mas descartou a ideia no momento em que ele disse, os lábios raspando na sua orelha:

— Não estrague tudo, Do. — cinco anos de casamento para nem ao menos ser chamado de pelo primeiro nome? Não era digno de confiança? — Aqueles são Oh Sehun e Byun Baekhyun, seu ômega.

Kyungsoo assentiu, como um bom garoto e continuou seguindo o marido até a mesa. Chanyeol sorriu, o mais simpático que conseguia quando estendeu a mão para cumprimentar o alfa Oh. Kyungsoo fez uma reverência rápida para os dois e foi saudado por inclinações de cabeça.

— Este é meu ômega, Do Kyungsoo. — Chanyeol fez o favor de apresentá-lo, do jeito que a etiqueta mandava.

Sorriu para Baekhyun, que devolveu apenas um inclinar de lábios nem um pouco simpáticos. Talvez, estivesse tão entediado quanto si naquele lugar, pois para o bem da verdade: Kyungsoo odiava aqueles jantares de negócios. Mesmo que pudesse passar o tempo se exibindo para um alfa qualquer, numa tentativa de chamar a atenção de Chanyeol para si, não achava que poderia fazer aquilo ali e também fazia algum tempo que esse tipo de coisa tinha perdido a graça, quando Chanyeol só parecia interessado em encher a cara e nunca olhar para si.

O ômega Do sentou-se ao lado do Byun, onde havia um lugar vazio.

— Byun Baekhyun. — o ômega ao seu lado estendeu a mão, apesar de tudo era educado.

O Do se viu sorrindo para si e apertando a mão do mesmo, em um cumprimento que não estava nos planos. Mas era interessante, de toda forma. Contudo, não teve tempo para pensar muito sobre isso porque logo Kris e Minseok estavam se juntando à eles na mesa, sorrindo um pro outro como os dois idiotas apaixonados que eram. Kyungsoo não gostava da forma como sempre ficava com inveja todas as vezes que fitava a barriga de sete meses do Kim, mas era preciso suportar, mesmo que Minseok fosse um ômega venenoso e estivesse sempre disposto a jogar na sua cara como seu casamento dera certo.

— Você está enorme. — Kyungsoo comentou com simpatia, era preciso manter as aparências, afinal.

Kris era alfa, amigo de Chanyeol e parceiro de negócios. Coisas o suficiente para fazer Kyungsoo sempre frear seus pensamentos, pois não podia dar uma má impressão ao marido. Não queria piorar o relacionamento que não tinham, levar tudo a inexistência de vez quando ainda dependia de Chanyeol para aliviar seus cios e por vezes, ajudava-o nos seus — mesmo que a frequência não fosse tanta.

— Jongdae tem crescido rápido. — Minseok sorriu de volta colocando a mão sobre a barriga enquanto ao seu lado Kris sentava-se.

Eles eram o típico casal de propaganda de margarina. Sempre sorrindo um pro outro, irradiando aquela áurea de amor e cuidado que dava náuseas em Kyungsoo. Às vezes, o ômega se perguntava se aquilo não podia ser algum tipo de teatro, mas duvidava muito. Pelo jeito como Minseok comportava-se durante os chás de domingo, em que eles se reunião para falar como suas vidas eram maravilhosas, sempre suspirando e trocando mensagens com alfa, como se estivesse vivendo um filme de romance. E Kyungsoo se sentia um telespectador. Eternamente assistindo e desejando algo que estava além do seu alcance.

— Quantos meses? — Baekhyun pronunciou-se, fazendo ambos os ômegas olharem-no.

— Sete. — Minseok respondeu e logo estava estendendo a mão para o Byun. — Não nos conhecemos. — expôs naquela simpatia adocicada que fazia Kyungsoo querer acertar um tapa em seu rosto.

Kim Minseok era tão terrivelmente doce em seus atos e em suas falas, que tornava-se cada vez mais insuportável para o Do.

— Byun Baekhyun. — se apresentou apertando a mão do Kim.

— Kim Minseok. — o outro respondeu e Kyungsoo inclinou-se para o lado quando o garçom passou com as bebidas, pegou uma taça de coquetel para si.

Os dois ômegas voltaram a se afastar, Kyungsoo notou que Baekhyun tinha uma taça à sua frente, meio cheia. Minseok não podia beber álcool, então pediu — por favor — água para o garçom. E sentado, entre os dois e de frente para Chanyeol, Kyungsoo não sabia o que deveria fazer. Em algum momento pegou o olhar do marido sobre si, como que irritado pela forma como estava quieto, parecia querer que o ômega fizesse algo, mas o Do não sabia o que. Baekhyun, ao seu lado direito, bebia calmamente sua bebida enquanto Sehun se empenhava em conversar com os outros dois alfas. Minseok parecia ter voltado ao seu mundo perfeito.

Kyungsoo se viu suspirando quanto arrastou a cadeira para trás, pretendia pegar algo mais forte para beber com a desculpa de ir no banheiro. Contudo, quando deixou isso claro, Minseok disse que também precisava ir ao banheiro e como que atraído por aquilo, Baekhyun os acompanhou, mas Kyungsoo conseguia ler no seu rosto o quanto ele não queria ficar sozinho com os alfas. Os três seguiram em direção ao banheiro.

Baekhyun os acompanhou calado enquanto Minseok contava os detalhes da sua gravidez e por Baekhyun ser um novato ali, acabou contando como casou com Kris. Kyungsoo foi obrigado a escutar tudo novamente, mesmo depois de dizer que, talvez, Baekhyun não estivesse interessado naquilo. E talvez, aquilo tenha irritado Minseok de alguma maneira, porque quando os três estavam dentro do banheiro, em frente ao espelho, o Kim fez questão de tocar em um assunto delicado para si.

— Quando você e Chanyeol terão filhotes?

O ômega fitou seu reflexo no espelho e fez sua melhor expressão de paisagem enquanto avaliava sua maquiagem.

— Não queremos filhotes agora. — contou e pelo canto de olho podia ver os olhos de Baekhyun sobre si, curiosos. — Você sabe, Chanyeol anda muito focado no trabalho.

Minseok abriu a boca, mas foi Baekhyun quem falou.

— Eu entendo. — riu, colocando a mão em frente a boca de um jeito adorável que assustou Kyungsoo. — Sehun está na mesma fase, mesmo depois de três anos, mas eu não posso culpa-lo. — Abaixou os olhos, de repente a expressão estava triste e os dois ômegas esperaram. — Depois que tive um aborto no último verão, não me parece que ele queira tentar algo tão cedo.

Minseok pareceu chocado e depois triste, foi o primeiro a ir em direção ao Byun, abraça-lo e se sentir culpado por estar falando sobre sua gravidez de uma forma tão exagerada, até mesmo pediu desculpas. Baekhyun as aceitou enquanto Do o observava, quieto, chocado, desconfiado.

— Sinto muito. — Kyungsoo disse por fim e Baekhyun sorriu, como que dizendo que estava tudo bem.

— Eu preciso ir no banheiro. — o Kim disse, envergonhado por destruir aquele momento, mas os dois entendiam.

O ômega loiro meio correu até a primeira cabine que havia ali, atrás de alivio. Deixando Baekhyun e Kyungsoo sozinhos.

— Eu realmente sinto muito. — o Do falou mais um pouco e Baekhyun sorriu mais aberto.

— Está tudo bem. — ergueu a mão e tocou o seu ombro. — Não existe bebê nenhum.

Kyungsoo franzio a testa, confuso, sem saber se aquela era algum tipo de piada mórbida de gente que ainda não tinha superado a perda.

— O que? — soltou, desconfiado ao mesmo tempo que olhava para a cabine que Minseok entrará.

— Eu nunca engravidei. — seus olhos brilhavam numa diversão estranha. — Só disse aquilo para ele te deixar em paz.

Kyungsoo piscou os olhos, tão surpreso que não impediu o movimento involuntário de abrir a boca ao passo que Baekhyun sorria. No entanto, antes que pudesse dizer qualquer coisa, escutou a porta da cabine abrir e o barulho da descarga, viu o ômega Byun virar-se para frente, em direção ao espelho e começar a ajeitar o cabelo nenhum pouco bagunçado.

— Vamos? — Minseok perguntou e Kyungsoo apenas assentiu antes de forçar um sorriso, bem diferente do divertido que adornava o rosto do outro ômega.

Eles três saíram do banheiro e voltaram pra festa. Mas mesmo quando Kyungsoo foi forçado a participar da conversa dos alfas, não conseguia tirar da mente a forma como Baekhyun fora legal consigo ao livra-lo do martírio que era sempre dizer a Minseok que Chanyeol não o queria. Ele se pegava observando o outro ômega, avaliando os seus trejeitos e tentando procurar uma explicação para tanta gentileza, porque, sim, Kyungsoo começara a ver aquilo como um ato de gentileza, afinal ninguém nunca tinha se importado com o quão desconfortável ele poderia ficar com qualquer coisa. Chanyeol estava ali para provar isso, quando, sempre que tinha oportunidade, o empurrava em direção aos seus sócios como forma de entretenimento. Não era à toa que Kim Junmeyon não saia do seu pé desde o verão passado, quando fora praticamente obrigado a dormir com o alfa para que ele assinasse um acordo com o marido.

— Está com sede? — Baekhyun tocou-lhe o ombro, assustando-o e arrancando risadinhas do mesmo.

Kyungsoo piscou os olhos na sua direção, um tanto perdido na situação. Baekhyun estendeu a taça para si, a sobrancelha arqueada, sem entender porque o Do estava tão aéreo.

— Obrigado. — Kyungsoo pegou a taça e bebeu um pouco.

— Você está bem? — o ômega continuava ali e Kyungsoo lançou um olhar para o marido alfa, que estava o olhando de volta do outro lado da rodinha em que eles estavam inseridos.

— Um pouco cansado. — respondeu abaixando os olhos, fingindo fitar o líquido na taça.

— Quer dá uma volta? — não levantou o rosto para fitar o outro, mas sentiu quando a mão dele parou no meio das suas costas, sobre o seu terno caro.

— Eu acho que vou pedir a Chanyeol para irmos embora. — não tinha coragem de dizer não exatamente, mesmo que estivesse fazendo isso naquele momento.

A mão de Baekhyun ainda se demorou no meio da sua costa, fazia Kyungsoo quase imaginar o quão quente ela podia ser contra sua pele. Mas logo, a mão já não estava mais ali, o que pareceu dar algum tipo de coragem ao ômega para levantar o rosto e fitar a expressão do Byun. Seus olhos eram muitos castanhos, o formato da sua boca e as bochechas coradas de álcool o faziam adorável, contudo, Kyungsoo notou o corte abaixo do maxilar, tão terrivelmente fino e esbranquiçado que o Do podia muito bem ter imaginado aquilo.

A boca se abriu, curioso para perguntar o que era aquilo e como conseguira, mas então, Chanyeol estava na sua frente. Segurando-o pelo braço, tirando-o dali com falsa educação e não dando tempo para que se despedisse de Baekhyun.

***


Mas aquela não foi a última vez que viu Byun Baekhyun. O ômega, de uma forma totalmente errada, acabou fazendo parte do seu círculo de amizades. Em todos os jantares, em todas as festas do escritório de Chanyeol, até mesmo no supermercado no seu bairro, Byun Baekhyun estava lá. Soubera que ele e o marido alfa tinham se mudado para o seu bairro naquela semana, mostrando para si que eles tinham vindo para ficar. A casa deles ficava no fim da rua, não muito longe da sua e só de pensar nisso, se enchia de nervosismo. E ficava pior quando Chanyeol o obrigava de todas as maneiras a se aproximar de Baekhyun, achando que assim iria conseguir se aproximar de Sehun, que era quem realmente importava naquele relacionamento.

Kyungsoo sabia por alto que o marido queria firmar uma parceria com o alfa, mas Sehun não parecia disposto à isso, quando já havia negado o acordo proposto. No entanto, Chanyeol não fazia o tipo que desistia fácil, ainda mais quando havia dinheiro no meio — bastante, no caso — e tivera a brilhante ideia de que se se mostrasse de confiança, se conseguisse se tornar amigo do Oh, o mesmo firmaria o acordo consigo.

Chanyeol era um idiota, Kyungsoo pensou enquanto bebericava um pouco da bebida em sua taça em mais um dos milhares de jantares que eles tinham promovido naquele mês, afim de tentar agradar ao Oh. Sentado à mesa enquanto via Chanyeol se inclinando em direção ao outro alfa, uma taça de vinho na mão, meio rindo e com as bochechas coradas de álcool, fazia o Do lembrar-se de si mesmo. Ele teria sido patético daquele jeito quando tentou chamar a atenção do Park? Era ridículo assim? E Chanyeol teria sequer olhado para si da forma como Oh Sehun, definitivamente, não estava fazendo? Que patético.

Comprimiu os lábios enquanto desviava os olhos dali, apenas para encontrar Byun Baekhyun sentado ao seu lado, os olhos muito longe dali como seus pensamentos. No que estaria pensando? O Do avaliou a forma da sua mandíbula, o jeito como o castanho dos seus olhos parecia desfocado, a forma como ele parecia não pertencer à aquele lugar. Desviou os olhos para as mãos dele, presas envolta da taça cheia de vinho. Notou como as unhas eram curtas e os dedos finos.

— Quer dá uma volta? —Baekhyun subitamente perguntou, tirando a atenção do ômega das suas mãos. — Achei que podia me mostrar o seu jardim. — Baekhyun ofereceu e Kyungsoo se viu deixando a taça sobre a mesa e assentindo.

Ele não saberia o que havia de errado, mesmo que achasse que esse não era o adjetivo correto para classificar aquilo. Mas com certeza havia alguma coisa, que Baekhyun lhe oferecia desajeitadamente com aqueles olhares castanhos simples, envergonhados até, quase ao ponto de fazer Kyungsoo corar.

Eles não disseram coisa alguma aos alfas quando se afastaram e também não disseram muita coisa quando estavam do lado de fora da casa, presos no jardim que Kyungsoo gostava de se esconder durante os dias. Não era bem fã de jardinagem, mas era a única coisa que tinha para passar o tempo quando Chanyeol o tinha proibido de ter qualquer ocupação, nem ao menos havia feito uma faculdade, tinha apenas o ensino médio completo.

Kyungsoo queria ser professor, se formar em matemática antes de casar com Chanyeol, trabalhar numa escola, dando aula para alunos do fundamental e ensino médio, quem sabe? E agora... bom, era apenas o ômega perfeito que Chanyeol gostava de exibir por aí.

— Quais são aquelas? — Baekhyun perguntou apontando para flores brancas e Kyungsoo piscou em direção à elas, sem saber muito bem o que deveria dizer.

Mas quando fitou os olhos de Baekhyun, percebeu que deveria despertar dos seus pensamentos:

— São margaridas. — respondeu simplesmente e sorriu para o outro.

Baekhyun sorriu de volta, meio ficando de frente para si e Kyungsoo acompanhou, porque não sabia mais o que deveria fazer. Uma parte sua estava só terrivelmente cansada daquilo tudo: os jantares, o casamento, Chanyeol, tudo... mas incrivelmente, menos de Baekhyun. Porque toda vez que pensava no quão gentil ele tinha sido ao mentir para Minseok, acabava desejando poder vê-lo novamente, então aguentava os jantares monótonos e Chanyeol o ignorando.

— Eu tenho rosas plantadas por ali. — o Do falou. — Quer vê-las? — Baekhyun assentiu ainda sorrindo, parecia animado com alguma coisa sua e Kyungsoo sentiu-se mais agradecido porque ninguém nunca se interessava por nada dele se não estivesse em trajes sexys, se mostrando à alguém.

Kyungsoo segurou na mão do Byun e o levou dali. Eles andaram em silêncio até o final do jardim, onde o Do guardava suas preciosas rosas. Eram as únicas flores que realmente gostava de cuidar.

— Ali estão. — pontou sem soltar a mão do outro e o sorriso de Baekhyun aumentou.

— São lindas. — desviou os olhos para si. — Assim como você.

E na meia luz daquele jardim, Kyungsoo sentiu o rosto corar. Mas estava escuro o suficiente para que Baekhyun não notasse.

— Ahn... obrigado. — agradeceu e Baekhyun se aproximou.

Suas mãos ainda juntas, parou na sua frente, bloqueando a visão apenas para que o coração de Do Kyungsoo batesse fora do ritmo. O que era aquilo? Por que ele o estava olhando daquela maneira?

— O que foi? — perguntou meio rindo da expressão que ele fazia, alguma coisa entre o perdido e o contemplativo.

— Você é terrivelmente bonito. — soltou a sua mão e colocou ambas as mãos contra o rosto do ômega, as palmas quentes contra suas bochechas.

Kyungsoo não se mexeu, mas o sorriso sumiu da sua expressão e ele mesmo se viu se aproximando quando Baekhyun o fez mais um pouco e então, seus narizes estavam se tocando e suas bocas também. O coração bateu forte, o corpo se arrepiou e ele sentiu como se estivesse florescendo, desabrochando contra os lábios de Byun Baekhyun. Quando eles se afastaram, Kyungsoo percebeu que o mundo não tinha se desfeito, que eles não tinham caído em um vórtice de cor e sensações, eles apenas continuavam parados, em frente ao canteiro de rosas brancas, presos no silêncio daquele jardim mesmo que Kyungsoo pudesse muito bem escutar o som do seu sangue rugindo contra seus ouvidos.

Fechou os olhos e tombou o rosto contra a mão do ômega que estava no seu rosto, a outra mão ele segurou entre as suas, deixando Baekhyun saber que ele aceitava aquilo. O Byun afastou as mãos de si, apenas para passar envolta da sua cintura e o trazer para perto e então, eles estavam abraçados. Não havia o que falar, não havia nada que Kyungsoo quisesse dizer. Só queria aproveitar aquilo mesmo que soubesse o quanto Baekhyun nunca iria querer repetir, afinal, era a primeira vez que alguém lhe tocava com tanta delicadeza. Então, fechou os olhos e descansou o rosto na curva do pescoço do ômega, guardando na memória o cheiro simples de maçã que ele tinha.


***


Park Chanyeol


O alfa sentou-se no fundo da lanchonete, da forma como sempre fazia todas as sextas-feiras, escondido o suficiente de todos apenas para poder apreciar a forma graciosa com a qual Kim Jongin se movimentava pelo lugar, o jeito como seu cabelo castanho esvoaçava e a forma como suas formas se descavam no uniforme de garçom — o vermelho e o branco o deixando mais bonito que qualquer coisa. Ele observava de longe, guardava na memória cada detalhe daquele beta como forma de se punir por ter escolhido sua ambição em vez do amor, em vez deles dois.

Era seu eterno castigo, certo? Ficar eternamente preso a Do Kyungsoo e ver Kim Jongin de longe, seguindo em frente, encontrando alguém e formando uma família enquanto ele, Park Chanyeol, se alimentava das migalhas do que um dia existiu deles.

— Já decidiu o que vai querer? — uma garota perguntou assustando-o.

— Um café. — disse automaticamente quando nem sequer havia olhado o cardápio.

Ela assentiu e se afastou, dando alguma folga ao Park mesmo que ele soubesse que não tinha folga alguma. Era um maldito stalker na vida de Kim Jongin, inconformado demais com a forma como eles terminaram para seguir em frente ou parar de jogar toda a sua culpa em cima de Do Kyungsoo, o ômega com quem era casado e que nem sequer tinha culpa de alguma coisa. Fora o pai de ambos que planejaram aquilo, mas foi Chanyeol quem disse a última palavra. Foi ele quem disse sim ao casamento e não à Kim Jongin e ao amor que sentia pelo beta.

Um beta.. Kim Jongin era um beta. Sem cheiro. Sem cio. Sem a selvageria que havia no interior de todos os ômegas e alfas. Era abençoado, como gostava de dizer ao alfa quando eles terminavam de fazer amor em algum motel barato de beira de estrada enquanto Chanyeol mentia para todos que estava em uma reunião importante na empresa. Bom, era importante, mas não era uma reunião. Era apenas Kim Jongin com seu sorriso despretensioso e os lábios macios, mãos firmes e um corpo de encher os olhos. Apenas isso, Kim Jongin era só um maldito corpo a qual Park Chanyeol deveria usar para se satisfazer, mas alguma coisa deu errado no caminho, alguma coisa saiu do controle no momento em que Jongin deitou o rosto no seu peito depois de uma das várias fodas daquele dia e pediu para que ele ficasse mais um pouco.

E Chanyeol deveria ter recusado, afinal ele já sabia que ia casar. Seu pai estava procurando um parceiro para si, um ômega de sangue puro. Nada de betas porque betas eram sempre tão problemáticos no quesito submissos e Chanyeol entendia, até concordava, mas quando estava com Jongin... quando se derretia nos seus braços, quando pedia para ficar por baixo porque gostava mais de ser domado do que domar, o alfa entendia que deveria apenas ter se afastado. E naquele momento, aquele maldito momento, quando passou os braços por seu corpo e disse que ficaria... bom, ele só deveria ter adivinhado que estava assinando seu atestado de óbito.

A sua morte veio em Maio, quando os sinos anunciaram Do Kyungsoo se aproximando do altar onde ele o esperava. A sua morte veio aos poucos quando Jongin exigiu uma explicação do porquê ter recebido um convite de casamento com o nome do Park. A sua morte veio de uma vez quando teve que tirar a virgindade de Do Kyungsoo apenas para cumprir os protocolos e tornar aquele ômega uma propriedade sua de uma vez e teria o marcado, se não tivesse ficado apavorado com ideia de não dar certo, afinal, seu lobo já tinha um parceiro. Mas não havia morrido de verdade, ele ainda caminhava, comia e dormia, respirava... sonhava acordado com os toques de Kim Jongin.

E quando era obrigado a acalmar os cios de Do Kyungsoo, não conseguia evitar não imaginar o beta.

No entanto, quem se importava com isso, afinal?! Ele havia conseguido o que queria: casará com um ômega de sangue puro, as ações da sua empresa estavam em alta e ele era o homem mais rico no momento. Ele poderia comprar Kim Jongin!

Se ele ao menos estivesse à venda... quem sabe...

O café chegou e o alfa o bebeu, em silêncio, ainda observando o beta se mexendo pelo lugar. Não achava realmente que o Kim não o estava vendo, estava o ignorando e tudo bem, Chanyeol merecia isso. Aceitava isso tudo, abraçava toda a culpa até o fim dos seus dias.

Escutou o sino na entrada da porta tocar e não conseguiu se impedir de olhar para entrada, um tanto desinteressado. Eram dois homens que chegavam, usando capuz e com um casaco pesado, encapados o suficiente para que Chanyeol os classificasse como ômegas porque só esta classe usava roupas em exagero assim no inverno. Eles eram sensíveis demais as mudanças climáticas, terrivelmente fracos e definitivamente, só serviam para procriar. Era só uma pena que ele não quisesse procriar com Do Kyungsoo. Mal suportava tocá-lo o suficiente para cogitar isso.

Desviou os olhos dos ômegas que acabaram de entrar e fitou seu café. Bebeu um gole grande ao mesmo tempo que voltava a fitar seu pecado Kim, viu o modo como ele saudou os clientes que chegaram e anotou os seus pedidos ali mesmo, no balcão. Os ômegas escolheram uma mesa no lado oposto ao que estava, no meio, e Chanyeol franzio a testa o para o cheiro familiar que sentia vindo de um deles. E como se eles pudessem saber o que pensava, abaixaram o capuz que usavam, revelando suas fisionomias e fazendo o alfa abrir a boca estupefato. Era Byun Baekhyun e Do Kyungsoo ali, mas havia alguma coisa diferente no seu marido.

Quase se levantou para dar um oi, mas isso ia ser burrice quando nenhum dos dois o tinha visto e quando Kim Jongin ia ter certeza de que ele estava ali. Por isso se manteve onde estava e nos minutos seguintes, não sabia se tinha sido uma boa ideia, principalmente pelo modo como viu Baekhyun esticar as mãos por sobre a mesa e segurar as de Kyungsoo, o jeito como o marido sorriu. O alfa nunca tinha visto aquele sorriso, daquele tamanho, com aquele formado e muito menos tinha visto o Do corar daquela forma quando o outro ômega se inclinou sobre a mesa e beijou-lhe a boca com delicadeza.

Quase derramou seu café na própria roupa enquanto a boca se abria em incredulidade.

Aquilo só podia ser brincadeira.

8 Février 2020 01:52:24 4 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
11
Lire le chapitre suivant A perfeição é sufocante

Commentez quelque chose

Publier!
Il n’y a aucun commentaire pour le moment. Soyez le premier à donner votre avis!
~

Comment se passe votre lecture?

Il reste encore 1 chapitres restants de cette histoire.
Pour continuer votre lecture, veuillez vous connecter ou créer un compte. Gratuit!