Baekhyun batucou a ponta dos dedos na mesa da lanchonete, os olhos castanhos distraídos e o pensamento longe. Olhava através da janela de vidro, mas não via realmente a paisagem da rua tão pouco movimentada. Seus olhos viam outra coisa, viajavam pelo passado. Era um daqueles momentos de quase morte, quando a pessoa via toda a sua vida diante de seus olhos. Mas no caso de Baekhyun, ele apenas via toda a sua vida ao lado do seu melhor amigo, Kim Minseok. Enquanto o mesmo se encontrava do outro lado da rua, apertando o casaco contra o corpo afim de aplacar o frio e diminuir o nervosismo que tinha em atravessar ruas, devido a um antigo acidente de infância, quando o loiro fora atropelado por uma moto.
Mas só Baekhyun sabia disso, além dos pais do amigo porque entre eles não havia segredos e porque Minseok gostava de contar tudo sobre si, numa forma de afastar fantasmas. No entanto, Kim Minseok finalmente atravessou a rua e entrou na lanchonete. Deu ‘bom dia’ a quem conhecia e passou pela portinha do balcão, para correr para a porta que dava acesso a cozinha e então dobrar a direita, onde ficavam os armários dos funcionários. Baekhyun conhecia cada um daqueles passos, cada detalhe daquele velho caminho, que ele mesmo já havia pegado quando chegava apressado na lanchonete, louco para contar qualquer novidade ao amigo durante o almoço.
Agora, Baekhyun sentava-se, sozinho, em um dos lugares na lanchonete apenas para observar o outro. Como um clandestino. Mas só durava alguns minutos, o suficiente para que Baekhyun pedisse a mesma xicara de café de sempre enquanto escutava o velho ‘como vai, senhor?’ da boca do Kim. Era um tanto doloroso, porque nada nos trejeitos dele denunciava que um dia o tinha conhecido, nada nele lembrava de qualquer coisa de si. Fazia Baekhyun se sentir um fantasma, uma alma errante, eternamente se alimentando das migalhas de Kim Minseok.
— Olá. — ele se aproximou, o avental rosa amarrado na cintura e um bloquinho nas mãos. — O de sempre? — sorriu e Baekhyun se sentiu corar como um idiota, por ter sido pego de surpresa.
— Um chocolate quente, dessa vez. — sorriu de volta e alguma coisa brilhou no fundo dos olhos de Minseok.
— Ah, está se arriscando em novos sabores. — falou enquanto escrevia no bloquinho.
— É o clima de natal. — Baekhyun brincou e o outro sorriu mais para si.
— Já, já trago seu pedido. — disse antes de começar a se afastar.
Baekhyun observou suas costas e meio sorriu enquanto abaixa os olhos. Sentia-se sempre um adolescente quando estava na presença de Minseok. Um tanto envergonhado e atrapalhado demais. Quase não conseguia controlar, da mesma forma que não conseguia controlar o fato de continuar indo ali, se torturando um pouquinho a cada fim de semana. Tomar suas doses de veneno, que não matava, mas doía bastante.
Brincou com os saleiros, ajeitando-os em ordem sobre a mesa. Depois voltou a olhar para além da janela e quase viu a si mesmo, bem mais novo, entrando naquela mesma lanchonete e indo em direção à Minseok, do mesmo modo como queria fazer agora. Porque aquilo já tinha acontecido. Um zilhão de anos atrás, como que em outra vida, com outro Baekhyun, mas o mesmo Minseok.
Eles tinham sido um casal normal. O típico clichê de amigos que se apaixonam e tinham sido muito felizes. Quem olhasse pros dois, saberia disso. Os pais de Minseok os apoiavam e todos sempre lhe perguntavam quando iriam casar. Baekhyun estava esperando a faculdade acabar para fazer o pedido, ainda lembrava do dia que foi escolher a aliança, da surpresa que faria. Mas também lembrava da forma como estragou tudo, da forma como machucou Minseok o suficiente para fazê-lo esquecer de si. O suficiente para todos o odiarem.
— Aqui. — Minseok o tirou dos seus pensamentos. — Seu pedido. — disse colocando sobre a mesa a xicara de chocolate quente e uma fatia de bolo, que Baekhyun não tinha pedido.
— Ah, eu não... — Baekhyun começou a dizer quando viu a fatia de bolo.
— Por conta da casa. — Minseok disse simplesmente ao mesmo tempo que piscava um dos olhos e se afastava.
Observou a silhueta do Kim, havia um comichão engraçado no seu estômago. Borboletas, percebeu e se viu sorrindo antes de beber um pouco do chocolate. Começou a comer em silêncio, mas de vez em quando pegava o olhar do Kim sobre si. Acabava lhe enchendo de esperança ao mesmo tempo que o lembrava o porquê de ter se afastado. Quando terminou de comer, foi até o balcão pagar. Agradeceu, por um momento, por Minseok não estar ali. Quem estava ali era Jongin, de acordo com o que leu no crachá.
— Feliz natal. — o garoto disse quando se despediu.
— Pra você também. — retribuiu e começou a se afastar em direção a saída.
Enfiou as mãos nos bolsos do seu casaco e se preparou para passar pela porta aberta pelo novo cliente que entrara. Contudo, antes que pudesse alcançar a saída, Minseok estava parando na sua frente. Natural demais para que Baekhyun achasse que não era de propósito.
— Já está indo. — ele disse enquanto guardava o bloco de notas no bolso da frente do seu avental.
— É... — Baekhyun se viu erguendo a mão e colocando na nuca, não tinha a menor ideia do que deveria falar. Uma parte sua queria sair correndo, mas a outra estava com saudade demais para fazer isso. Então ficou, como o velho idiota de sempre.
— Bom, você sempre vem aqui e eu nem sequer sei o seu nome. — o Kim falou, por fim, o que vinha lhe incomodando desde sempre.
Aquele homem estava ali todo fim de semana, mas ninguém que trabalhava na lanchonete sabia o seu nome ou que fazia da vida. Estava sempre sozinho e nunca tirava os olhos de Minseok por mais de cinco minutos. Era no mínimo estranho e depois, se tornou normal de uma forma que o Kim não sabia explicar, porque sempre lhe parecia que já tinha visto aquela pessoa.
— Baekhyun. — respondeu sem conseguir evitar. Impulsivo, como sempre. — Byun Baekhyun.
— Prazer, eu sou...
— Kim Minseok. — Baekhyun completou, interrompeu, pensou alto.
— O que? — Minseok sentiu suas bochechas corando e o coração deu aquele salto, fora do ritmo.
— Está escrito no crachá. — Baekhyun agiu rápido e o Kim abaixou o olhar para o crachá, procurando o que ele tinha dito.
— Ah, é. — mas as bochechas ainda continuavam coradas quando encarou o Byun.
Então, era Baekhyun quem estava abaixando os olhos, envergonhado. Mas antes que qualquer um dos dois pudesse se recuperar do constrangimento, um cliente estava chamando por Minseok e ele teve que se afastar, com um pedido de desculpas que não fazia parte do momento. E Baekhyun estava saindo dali, encarando Busan coberta de neve e o ar nem tão fresco assim do dia. Apertou o casaco contra seu corpo e se afastou da lanchonete o mais rápido que conseguia, apressou o passo e quase escorregou no gelo, mas logo estava se recuperando, encostando na parede mais próxima e respirando fundo como um maluco. Estava agindo como um, afinal.
Não era como se Minseok fosse o monstro naquela história. Fora Baekhyun quem estragara tudo e parecia ao ponto de estragar tudo agora com aquela bobagem de sentir saudade e amor, devia só se afastar como os pais de Minseok pediram que fizesse e como os seus próprios pais aconselharam. Era melhor para todos que Baekhyun não estivesse perto, pois quando ele estava alguma coisa sempre dava errado. Minseok e Baekbeom eram as provas concretas disso.
Desencostou-se da parede e continuou seu caminho, andando devagar agora. Seu terapeuta sempre dizia que precisava se acalmar, não podia se descontrolar porque isso acabava trazendo sentimentos um tanto incontroláveis que podiam leva-lo a ter uma recaída. E ter uma recaída, era tudo que Baekhyun não queria, principalmente depois de dois anos sóbrio.
Levantou o rosto e pensou se deveria passar em um supermercado. Quem sabe comprar alguma coisa para a ceia de natal que pretendia fazer para si mesmo. Aquele seria o terceiro natal que não passava com a família desde a forma como eles tinham brigado da última vez, tão feio. Cheio de dizeres ruins um pro outro. Então, passaria sozinho porque não tinha amigos tão próximos assim e porque odiava a forma como sua língua se tornava pastosa na boca quando percebia outras pessoas consumindo álcool perto de si, a forma como a fome crescia em si. Preferia ficar sozinho para evitar isso.
Era melhor. Tinha aprendido que era melhor.
E além do mais, não estaria realmente sozinho. Havia a reunião do AA naquela noite e se tivesse algum problema, sempre podia ligar pro seu terapeuta ou para um dos números de ajuda do AA.
— Senhor, contribua para o natal das crianças do Lar Comunitário. — um homem usando um gorro de natal e segurando um sino com uma cestinha, o abordou.
Baekhyun parou e o fitou, assustado pela forma como tinha sido tirado dos seus pensamentos. Mas se viu assentindo mesmo assim, retirou as moedas que haviam no seu bolso e colocou na cestinha que ele segurava.
— Obrigado! — ele agradeceu e Baekhyun se curvou parcialmente. — Que seu desejo se realize. — o homem segurou suas mãos e sorriu, Baekhyun se viu sorrindo de volta para ser simpático.
Então, o homem estava se afastando e abordando outras pessoas. Baekhyun encarou o homem, balançou a cabeça e continuou seu caminho até em casa. Tinha desistido de ir até o supermercado.
***
— Eu comecei a beber com 18 anos, logo depois que entrei na faculdade. No começo, foi mais porque eu queria me enturmar com os veteranos e todos sempre pareciam muito felizes quando bebiam, mas comecei a exagerar. — olhou para os outros participantes da roda na reunião de AA, era a primeira vez que sentia a necessidade de contar sua história. — Eu me sentia invencível quando bebia, extrovertido e todos pareciam gostar de mim mais daquela forma. — respirou fundo. — Com 22 anos, eu e meu irmão estávamos voltando de uma festa. Ele também tinha bebido, mas eu com certeza estava mais bêbado. Insisti para dirigir e ele deixou, então... — ficou calado.
A sala inteira ficou calada e Baekhyun não sabia mais como continuar. O que mais ele deveria dizer? Todos já conheciam o fim daquela história, todos pareciam saber como seu irmão morreu porque Baekhyun estava bêbado demais para conseguir chegar em casa em segurança e para piorar, estavam faltando pedaços na história. Minseok também estava naquele carro, dormindo no banco de trás depois de ter bebido demais naquela festa de aniversário. Seu namorado estava sem cinto de segurança e mesmo Baekbeom também estava, apenas Baekhyun teve a decência de colocá-lo, num ato involuntário que nunca soube explicar.
— Eu ultrapassei um sinal. — resolveu continuar contando. — Minha visão estava embaçada demais para que eu visse o quanto estava errado. — suspirou. — Um caminhão bateu no lado direito do carro, o lado que meu irmão estava. Nós capotamos e quando eu acordei, estava no hospital. — ficou calado novamente, mordeu o lábio e os olhos molharam-se, por isso se viu abaixando o rosto e chorando, baixinho. — Meu irmão estava morto. — confessou e engoliu um soluço.
Sentiu quando uma mão tocou-lhe o ombro, mas Baekhyun não conseguia aceitar o consolo. Matará o irmão e destruirá a vida de Minseok, de uma forma irreparável. O seu querido, Kim Minseok, que nunca mais lembraria de si. Havia tido o cérebro danificado, perdera maioria das suas memórias. Lembrava-se apenas do básico, coisas como seu nome, onde morava e o nome dos seus pais. Do resto, teve que reaprender enquanto Baekhyun escolhia se afastar e não ser lembrado mais, porque estava cansado demais da forma como tinha estragado tudo. Não merecia Minseok, nunca mereceu. E por isso, tinha sido melhor se afastar.
Também tinha se afastado da própria família. Se sentia tão imensamente culpado pela morte do irmão, que não conseguia ficar perto dos pais sem sufocar um pouquinho a cada vez e além do mais, o relacionamento com seu pai tinha se tornado muito pior do que antes, quando seu pai nunca tinha aceitado muito bem a sua sexualidade. E sua mãe não conseguia olhar na sua cara sem chorar, tinha desenvolvido depressão ou algo assim, Baekhyun não sabia. Sabia só que tinha estragado tudo e por isso foi para longe. Era melhor para todo mundo, afinal.
E hoje, completava-se dois anos que frequentava as reuniões do AA e estava limpo do álcool. Só que haviam datas como aquela, o natal, onde tudo voltava tão forte, que Baekhyun só sentia vontade de encher a cara até entrar em coma.
— Está tudo bem, Baekhyun. — o orientador da reunião disse, seu terapeuta. Kim Junmeyon. — Você está se tornando uma pessoa melhor.
Estava se tornando, Baekhyun pensou, não era ainda e talvez, nunca fosse. Enxugou as lágrimas e respirou fundo.
— Como dizemos aqui? — Junmeyon puxou o coro e os outros disseram:
— Você trabalhou duro.
E Baekhyun sorriu, porque sempre achara aquilo ridículo. Ele não sentia como se estivesse trabalhando duro ou fazendo alguma coisa demais. Estava apenas tentando não ser um bêbado, estava tentando não terminar na rua como um mendigo e dar mais desgosto para sua família.
— Obrigado. — agradeceu mesmo assim.
Respirou fundo mais um pouco e se preparou para escutar mais um relato naquela noite, afinal, era isso que eles faziam: deixavam outras pessoas verem seus fantasmas e o quanto estavam quebrados. Mas Junmeyon estava ali para tentar coloca-los na linha, tentar conserta-los com suas palavras quentinhas.
Quando a fase de relatos terminou, eles lancharam, meio rindo, contando casos da vida cotidiana. Era a parte predileta de Baekhyun, porque ele se sentia quase normal, como se estivesse entre amigos e de alguma forma estava, porque passava mais tempo com as pessoas do AA do que com outros conhecidos, então os considerava amigos.
Estava assinando o livro presencial quando Jongdae se aproximou de si, lhe estendeu um convite.
— Se quiser aparecer. — falou enquanto Baekhyun pegava o convite e lia. — Prometo que não terá nada alcoólico. — comentou em tom de brincadeira porque ninguém no mundo tiraria sarro deles mais do que Jongdae.
— Uh... isso é bom. — Baekhyun riu e guardou o convite no bolso. — Eu apareço lá.
Jongdae sorriu antes de abrir os braços e o abraçar, sem aviso nenhum.
— Você trabalhou duro, Baek. — sussurrou no seu ouvido e Baekhyun o abraçou de volta enquanto sentia os olhos encherem-se de lágrimas. — Espero que seu desejo de natal se realize. — disse e o Byun piscou, porque aquela frase lhe era familiar.
— O-o que? — se afastou do Kim e Jongdae apenas lhe sorriu, enigmático demais.
— Tenho que terminar de entregar os convites antes de todos irem embora. — e simplesmente se afastou.
— Espera. — tentou segurar o braço do Kim, mas já era tarde demais.
Tentou ir atrás dele, mas logo Junmeyon estava aparecendo na sua frente.
— Você fez bem hoje, Baekhyun. — ajeitou os óculos no rosto. — Foi corajoso ao contar aquilo.
Baekhyun engoliu em seco, mas assentiu antes de dizer:
— Eu acho que precisava contar, dizer em voz alta tudo o que aconteceu.
— Mas não contou à eles a história completa. —colocou a mão sobre o ombro do paciente, porque além do líder das reuniões, Junmeyon era o terapeuta do Byun.
— E-eu...
— Ficou com medo de sofrer represálias por sua sexualidade, eu entendo. — suspirou. — Mas está tudo bem, sim? Não há nada de errado com você. — assegurou.
— Além de ser um alcoólatra. — fez piada e Junmeyon riu.
— Ninguém é perfeito. — falou e o Byun balançou a cabeça, humor negro de longe era o que tinha lhe restado e depois que começara a frequentar as reuniões do AA, tinha se tornado pior fazer piada com a sua condição.
Ali, entre aquelas pessoas que entendiam o que acontecia consigo, Baekhyun se sentia acolhido o suficiente.
Junmeyon se afastou para falar com outra pessoa e Baekhyun aproveitou para se despedir. Ele prometeu, mais uma vez, que iria na festa de natal de Jongdae e então, saiu dali. Pretendia tomar um banho quando chegasse em casa e tentar escrever ao menos um cartão de natal para sua mãe, afinal, ela merecia saber que ele ainda estava vivo. Caminhou até em casa, porque o lugar onde acontecia as reuniões não era tão longe assim do apartamento que morava e isso até foi bom, porque a caminhada em si, o ajudou a colocar alguns pensamentos no lugar. Se sentia mais leve agora que contara sobre como a bebida tinha destruído sua vida, a forma como ele a usou indevidamente e acabou machucando pessoas que amava.
Ao chegar em casa, tirou os sapatos e o casaco pesado. Foi até o telefone fixo que ficava na cozinha e tratou de fazer um pedido para o restaurante mais próximo. Enquanto o pedido não chegava, aproveitou para tomar um banho quente. Não demorou do jeito que esperava no banho, afinal tinha que estar apresentável quando a entrega chegasse. Por isso, saiu do banheiro logo e foi em direção ao seu quarto, a toalha estava enrolada na cintura, entrou apressado no cômodo. E foi em direção ao guarda-roupa, abriu e soltou a toalha, deixando que escorregasse até o chão. Estava nu enquanto escolhia uma roupa para vestir.
Colocou primeiro uma camisa, então se apressou em procurar uma cueca e só então virou-se para pegar a calça que estava sobre a cama. Mas parou o ato no meio do caminho ao notar um homem sentado na beira da sua cama e sem que pudesse controlar, soltou um grito, o que só serviu para que aquela pessoa gritasse também.
— O que! Quem é você?! — Baekhyun gritou, as costas bateram contra a porta fechada do guarda-roupa.
— Entrega especial. — o homem riu e levantou a caixa de pizza, numa forma de dar ênfase ao que dizia.
Baekhyun se limitou a encostar-se mais no guarda-roupa e arregalar os olhos.
— Olha, está tudo bem. — a pessoa se levantou, ajeito o terno.
Não parecia nenhum pouco como alguém que entrega pizzas. Baekhyun olhou em volta e depois olhou pro homem, novamente.
— Por que está na minha casa? Achei que vocês... uhn... entregadores... batiam na porta. — Baekhyun conseguiu dizer, mesmo que seu coração ainda estivesse aos saltos de susto.
— Oh. Desculpe-me por isso. — o homem tornou a sorrir. — Faz realmente muito tempo desde a última vez que visitei um humano.
— O-o que? — gaguejou. — Co-como assim humanos? Por acaso... você... não...
— Não, querida criança. — tornou a sentar-se na beira cama de Baekhyun. — Eu sou o que vocês conhecem como Espirito Natalino, mas pode me chamar de Sehun se isso for mais fácil pra você.
— Como assim Sehun? — Baekhyun estava cada vez mais confuso. — E que loucura é essa de Espirito Natalino?
— Sou eu. — falou como se isso explicasse tudo, ficou de pé e deu um passo em direção ao Byun.
— Não se aproxime de mim!
Sehun suspirou.
— Tudo bem, Baekhyun. — ergueu as mãos como se estivesse lidando com um animal perigoso. — Relaxe.
— Co-como sabe meu nome?
— Está na sua ficha. — e como se estivesse num show de mágica, o homem estalou os dedos e um pedaço de papel apareceu na sua mão, aproximou do seu rosto e começou a ler. — Byun Baekhyun, 26 anos, alcoólatra, ainda apaixonado por Kim Minseok...
— O-ok. — Baekhyun ergueu as mãos tentando interromper aquilo. — Eu estou ficando maluco. — sussurrou para si mesmo e se viu indo em direção a saída do quarto.
Sehun ergueu uma sobrancelha mas o seguiu mesmo assim, estalou os dedos novamente e fez a ficha do coreano sumir da sua mão. Observou quando o mesmo sentou-se no sofá, ainda estava com o cabelo molhado e usando uma camisa e cueca, nenhum pouco apresentável. Mas Sehun entendia, afinal, devia ter assustado-o mais do que o esperado.
— Tudo bem? — perguntou baixinho, se aproximando com igual cuidado.
Baekhyun focou os olhos em si, não parecia mais assustado.
— Você é fruto da minha imaginação?
— Não. — respondeu e Baekhyun assentiu, parecia mais decepcionado com o fato de não ser louco.
Sehun não entendia, afinal, humanos estavam o tempo todo pedindo por um milagre e quando finalmente acontecia, eles desejavam ter enlouquecido. Mordeu o lábio e tomou coragem para sentar-se ao lado do Byun, no sofá.
— Está triste?
— Eu não sei, deveria ficar? — lançou um olhar para o homem alto. — Você veio levar minha alma ou algo assim?
— Não. — Sehun riu. — Eu vim realizar um desejo.
— Que tipo de desejo?
— O que você mais quer. — respondeu. — Mas há uma regra: só dura até meia-noite do dia 25.
— Mas nem sequer sabe o que eu quero. — meio sorriu.
— Na verdade, sei. — Baekhyun suspirou. — Apenas diga se quer isso mesmo ou não.
— E então, o que? Vai realizar meu desejo por um dia? — parecia como uma piada para si. Era como dar uma gota de álcool ao viciado, só o deixaria com mais sede.
— Desejos de natal, duram até o fim do natal. — Sehun disse e Baekhyun concordava, porque, quem ele queria enganar? Estava sedento por qualquer coisa da sua vida de antes, por um pouco de ar puro fora daquela melancolia toda.
— Tudo bem. — se escutou dizer. — Eu aceito.
Sehun segurou suas mãos, sorriu para si e então aproximou o seu rosto da sua orelha. Baekhyun conseguia sentir a respiração dele contra sua pele e se arrepiou inteiro quando a voz do Espirito soou tão perto de si:
— Boa sorte.
Ele estalou os dedos e então... tudo ficou escuro.
Merci pour la lecture!
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