misssiozo Miss Siozo

Após ter sua tentativa de suicídio fracassada graças à intervenção de Afrodite, Shun ainda se vê confuso sobre suas escolhas e sentimentos. O cavaleiro de Andrômeda faria o esforço de tentar viver sua vida novamente por ver o quanto seu novo amigo tenta ajudá-lo. No entanto, alguns dias de tormenta chegam para nos testar. Será possível resistir? [Continuação de “Apenas uma rosa”]


Fanfiction Anime/Manga Interdit aux moins de 18 ans.

#afrodite #amizade #drama #hyoga #saint-seiya #shaka #shun #Shunxafrodite #cdz
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A Queda

Notas do Autor

Olá pessoas! Feliz ano novo! Queria muito ter postado essa fanfic ainda em 2019, mas, não deu. Acabou que ela ficou maior do que o esperado então decidi dividir em dois capítulos e o primeiro estou publicando agora.
Para entender melhor o contexto dessa história eu recomendo que leia a fanfic "Apenas uma rosa" que é uma oneshot. Atendendo a um pedido especial eu decidi escrever o que aconteceu depois dos fatos ocorridos na primeira história.
Aos mais sensíveis aviso logo que em alguns momentos podem acarretar em gatilhos [TW].
Avisos dados, boa leitura!

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Afrodite velava o sono do pequeno anjo que dormia em seu quarto de hóspedes. Se fosse pensar no efeito narcótico das rosas que o virginiano aspirou e ainda agia em seu organismo, ele dormiria até quase a tarde do dia seguinte. O santo de peixes tinha muito a refletir sobre os últimos acontecimentos, ele estava ainda em choque com as imagens que se passavam como um filme em sua mente, ver seu parceiro de armas em sua estufa completamente fora de si com uma rosa sangrenta fincada em seu braço esfolado não era a visão que esperava ter após chegar de uma cansativa missão em sua terra natal.

O cavaleiro ainda precisava levar os relatórios da missão, mas, já era tarde e o faria pela manhã. Também era necessário arrumar a bagunça em sua estufa e foi o que ele fez para conseguir reorganizar sua mente. O sueco estava preocupado em deixar Shun sozinho por muito tempo, acordado poderia ter alguma recaída e fazer aquilo que dissera em meio a última crise. Ele precisaria chamar alguém de confiança e pensava nas opções disponíveis que chamaria pelo cosmo pela manhã.

Então o protetor da décima segunda casa conseguiu dormir por poucas horas aquela noite e pela manhã acabara por chamar Shaka para fazer o favor de ficar por perto do virginiano mais novo por alguns minutos. O santo de virgem refletia sobre a conversa que tivera com o pisciano quando o chamara pelo cosmo. Ele sabia que Shun tinha alguma questão mal resolvida e achou melhor deixar o mais novo ter o seu próprio tempo, mas, pelo visto enganou-se e por pouco o pior aconteceu.

O indiano se permitiu abrir os olhos para analisar a situação do santo de andrômeda e aquilo o causara espanto, o virginiano mais novo dormia em sono profundo, estava descoberto porque o lençol havia caído no chão e por esse fato Shaka conseguiu ver o quão magro e abatido aquele pequeno anjo estava, fora as feridas que lhe eram visíveis no momento. Havia uma parte do braço esquerdo que estava enfaixado por consequência do ato do jovem cavaleiro no momento de crise, mas, as outras cicatrizes estavam ali expostas e ao ver do virginiano mais velho eram datadas de outros tempos.

“Esse rapaz está a destruir-se pelo desespero há tempos” – pensava – “Eu não abri meus olhos nem sequer para agradecê-lo por ter auxiliado em meu retorno a vida” – cobriu o mais novo novamente e retirou umas mechas de cabelo que estavam caídas sobre os olhos verdes que estavam fechados – “Ainda quero fazer de ti o meu aprendiz, mas, precisas recuperar teu espírito rapaz” – fechou os olhos novamente e saiu do quarto.

...


Enquanto o indiano cuidava de Shun, Afrodite estava numa conversa privada com o Grande Mestre na biblioteca a pedido do pisciano. Primeiro ele entregou o relatório da missão para Shion e explicou o motivo de seu atraso. O ariano sentia que algo de errado se passava com andrômeda e havia relatado isso a Saori há dois meses, mas, que ela havia dito que fazia parte da personalidade dele e que aos poucos se recuperaria, porém a deusa estava enganada, na verdade ela não havia analisado os fatos com a sabedoria divina e levou-se pela fé humana já que vira seus outros cavaleiros se recuperarem em ritmos diferentes.

- Grande Mestre, por favor, diga-me como proceder diante dessa situação – lembrava das palavras do virginiano – Temo pelo pior, mesmo tendo dito palavras amigáveis e de esperança eu não acredito que apenas isso bastará para que Shun saia desse abismo – estava se acostumando a dizer o nome de seu mais novo amigo e não chama-lo por sua constelação guardiã.

- Talvez seja melhor afastá-lo das atividades do Santuário enquanto ele faz um tratamento médico – Afrodite concordava com o ariano – Antes preciso me comunicar com Atena para tomarmos as providências, afinal além de ser nossa deusa ela é a amiga dele.

- Está bem eu concordo, mas, acho melhor não o deixar sozinho nesse meio tempo, por isso pedi para Shaka olhá-lo brevemente em minha ausência.

- Realmente não é bom que ele fique sozinho, seria melhor ele sair da vila e voltar ao alojamento com os outros cavaleiros. Acredito que pela resposta de Camus, ele e Hyoga estejam retornando ao Santuário nessa semana – continuou – Eu soube que andrômeda e cisne são amigos desde os tempos do orfanato, nada melhor do que um fazer companhia ao outro, certo?

- Acho que ficar entre amigos é uma boa opção mestre, agora a parte do alojamento não acredito que seja a melhor opção, se o rapaz preferiu isolar-se em Rodório acredito que haja algum motivo – o pisciano conseguia analisar mais friamente a situação – Enquanto Hyoga não chega Shun pode ficar sob minha responsabilidade, afinal eu o convenci e disse que iria ajudá-lo.

- Compreendo sua colocação Afrodite, mas, não acha que pode ser muito para conseguir lidar? Hospedar o cavaleiro de Andrômeda em tua casa já chamaria atenção do Santuário.

- Isso não é assunto deles, apenas nosso e quanto a parte de eu conseguir lidar com isso eu devo tentar, afinal eu fiz uma promessa – sentia a energia dos virginianos em sua casa e percebeu uma alteração na de Shaka como se tentasse dizer algo – Acho que não estou mais sozinho nessa missão – sorriu.

- Esse cosmo foi o de Shaka, certo? – o cavaleiro anuiu – Está bem, enquanto eu me comunico com Atena ele estará sob os cuidados de vocês e como não há mais missões fora do Santuário por hora não tenho objeções.

- Agradeço a compreensão. Tenha um bom dia – despediu-se.

- Igualmente cavaleiro e boa sorte para vocês.

...


E assim a semana se seguiu. A princípio Shun estava resistente a sair de sua pequena casa para ficar no quarto de hóspedes na décima segunda casa e após uma longa conversa com os dois dourados foi convencido. Afrodite foi buscar algumas roupas e pertences do menor enquanto Shaka propôs um treinamento leve de meditação para acalmar a mente inquieta do outro virginiano. O pisciano se surpreendeu com o ambiente que Andrômeda utilizava para descansar, era um quarto-sala minúsculo bem organizado, mas, parecia vazio de alma como o proprietário com poucos móveis, pintura velha e descascada, apenas um porta-retratos com uma fotografia antiga de Shun e Ikki. Não demorou muito para Afrodite pegar o necessário para se retirar, apenas descartou os poucos alimentos vencidos da pequena geladeira e o canivete que encontrou sobre a pia do banheiro.

Passados dois dias do incidente e com a autoconfiança um pouco melhor Shun resolveu treinar com Shaka utilizando sua armadura e foi atônito com a reação que a armadura de andrômeda tivera sobre si. Quando tentou tocá-la a corrente começou a mexer-se arredia.

- Eu não compreendo, o que houve com minha armadura? – tentou tocá-la novamente e sofreu com um choque leve – Ai!

- Acho melhor não se aproximar dela novamente – disse o mais velho – A armadura parece querer dizer algo.

- Eu deixei de ser digno dela? – concluiu rapidamente e seus olhos encheram-se de lágrimas – Não pode ser! Depois de tudo o que passamos juntos?! – a defesa circular havia sido ativada e o cavaleiro ignorou o aviso de Shaka e tentou novamente. Acabou sendo eletrocutado com maior potência e lançado para trás.

- Eu disse para não se aproximar Andrômeda...

- Não me chame mais assim! Eu fui rejeitado por ela! – chorava em desespero – Então pode acabar comigo armadura de Andrômeda, já que não sou mais digno de enverga-la! – levantou-se e começou a correr até a armadura, mas, foi interceptado pelo cavaleiro de virgem – Shaka?

- Eu não presenciarei sua destruição Shun. Eu pensei que conseguimos evoluir em alguma coisa – tocou a fronte do virginiano – Descanse e quando estiver mais calmo conversaremos a respeito do que aconteceu – retirou os sentidos do mais novo que caiu em seus braços.

- Mais o que foi que aconteceu aqui? – disse Afrodite preocupado após voltar do treino.

- A armadura de andrômeda estava o rejeitando de alguma forma e o teimoso aqui preferiu ser destruído por ela que estava em seu modo defensivo – entregou o rapaz nos braços de Afrodite – Então eu retirei seus sentidos antes que ele se matasse, acredito que ele acordará amanhã por eu não ter pego tão pesado. Eu tentarei acalmar a armadura e a deixarei guardada aqui em Virgem.

- Agora que ele estava começando a reagir levar um choque desses? Todo o progresso vai cair por terra – disse com pesar.

- Shion já teve alguma resposta de Atena?

- Ela virá para cá com o cavaleiro de Pégaso e a irmã dele, também disse que está à procura do nome de algum bom profissional para cuidar do caso de Shun.

- Entendo. O amigo dele discípulo de Camus está para chegar amanhã, não é?

- Sim. Espero que o Cisne consiga ajuda-lo mais pela intimidade que eles possuem por serem amigos de longa data.

- Infelizmente tempo não quer dizer muita coisa, veja que levamos três dias para levantar um pouco os ânimos desse jovem e na primeira dificuldade tudo ruiu – acompanhava o companheiro até a saída de sua casa – Acredito que a resposta esteja na intensidade dos laços, se o irmão dele estivesse por perto seria melhor para a recuperação dele.

- Por acaso está com alguma intuição ruim sobre os amigos dele?

- Eu estou, apenas não sei qual que poderia cavar a última pá de terra para lança-lo a cova.

- Mais que horror Shaka! Por Atena que algo assim não aconteça!

- Por isso que nós devemos nos manter por perto, foi isso que minha última meditação revelou.

...


Já era a noite do dia seguinte e o jovem cavaleiro recobrava os seus sentidos, ele estava aturdido e sentia seu corpo pesado. Shun notou que estava no quarto de hóspedes de Afrodite, sua morada temporária. Suas últimas lembranças vieram como um turbilhão, a armadura que trabalhou duro para conquistar havia o rejeitado e Shaka retirou seus sentidos o deixando desacordado. A verdade é que ele estava tentando ter forças para seguir adiante, o processo é longo e difícil, o virginiano não acreditava mais em si mesmo, apenas queria fazer valer os esforços de Afrodite e Shaka estavam fazendo para que ele voltasse a ser o que era. Então o rapaz chorou baixinho para que seu choro não incomodasse o anfitrião e em seguida tentou se levantar, mas, sentia a fraqueza em seu corpo e caiu ao lado da cama, o que chamou a atenção do pisciano que passava pelo corredor.

- Shun?! – abriu a porta do quarto – Você está bem? O que aconteceu?

- Ela me rejeitou Dite... Como eu posso estar bem? – tentou se apoiar na cama para ficar de pé – Agradeço por tudo o que tem feito, mas, por favor, me deixe ir...

- Deve haver alguma explicação meu amigo – aproximou-se do jovem e o colocou sobre a cama – Está fraco pois não se alimenta desde a manhã de ontem e não, eu não vou deixa-lo. Então não diga bobagens min lilla ängel.

- Por favor, me deixe ir – repetiu com um pigarro por sua garganta estar seca – Não quero ser um estorvo na vida de vocês.

- Nem eu e nem Shaka te achamos um estorvo, isso eu posso garantir – o cobriu de volta com o lençol – Vou trazer uma sopinha leve de legumes, ela é ótima para esse clima ameno – sorriu – E assim que você acabar vou preparar um banho gostoso para ti, estou em dúvida em quais sais de banho usar, tem o de lavanda e o de ylang-ylang que são muito parecidos, mas, tem suas particularidades.

- Eu devo estar podre para você falar sobre sais de banho, não é Dite? – riu sem humor.

- Não vou deixar que se transforme em um porquinho Shun, a fase de não querer tomar banho já passou – fez um pouco de cócegas para arrancar alguns risos do mais novo – Espere quietinho aí enquanto eu trago a sopa.

- E por acaso eu tenho alguma escolha?

- Nesse caso não, menino respondão vai ter a boca lavada com sabão – não era uma bronca de verdade e Shun sabia disso, aquele pouco tempo de convivência entre eles fez com que aprendessem um pouco sobre o outro – Volto logo.

Afrodite retornou rápido como prometido e juntou-se ao virginiano para disfrutarem a nutritiva refeição. Eles se distraíram conversando sobre amenidades até terminarem a refeição e o cavaleiro dourado preparar um banho relaxante para o mais novo e depois prepararia o seu. O sueco estava gostando de ajudar seu mais novo amigo, a filosofia que defendia há tempos atrás estava cada vez mais distante do cavaleiro renascido, afinal é isso que se faz com uma segunda chance dessas, ela serve para evoluir.

Após ver que Shun dormia novamente com o semblante sereno graças ao banho relaxante com sais de lavanda, o dourado já iria se dirigir para o seu banho quando sentiu os cosmos de Camus e Hyoga próximos. Ele precisava aproveitar a oportunidade para conversar com eles a respeito do que acontecera enquanto estiveram fora, principalmente a situação complicada que se encontra o amigo do aquariano mais jovem. Dite não fez muita cerimônia para adentrar a casa de aquário e Camus estranhou o comportamento do vizinho da casa acima, ao ver o pisciano sério entendeu que não era um assunto que poderia esperar mais um pouco para ser conversado.

- Bem-vindo de volta Camus e seu pupilo Hyoga – disse ao adentrar a casa de aquário – Desculpe por sair entrando dessa forma descortês, mas, tenho um assunto a tratar.

- Dite! Me alegra revê-lo mon ami – respondeu o outro dourado – Vejo que tens urgência, allez diga!

- É um assunto delicado, vamos para um lugar mais reservado, as más línguas se alimentam para fazer fofocas.

- Então eu vou me retirar para que converse com mais privacidade com meu mestre. Com licença.

- Fique Hyoga! Preciso conversar com os dois – eles foram conduzidos pelo anfitrião da casa até os aposentos privados – É importante que me ouçam, acredito que já devam ter escutado alguma coisa enquanto vieram para cá.

- Realmente ouvimos alguns burburinhos quando chegamos, eu realmente queria confirma-los em momento oportuno – respondeu o ruivo – Quando passamos por Virgem, Shaka apenas disse para falarmos contigo.

- Aquele Buda deixou tudo para eu explicar, mais que coisa! – massageou as têmporas – Tudo bem, eu vou explicar tudo.

O pisciano relatou os acontecimentos dos últimos dias, do que aconteceu quando ele retornou de sua missão na Suécia e do que havia se deparado quando retornou à Peixes. Também contou sobre como ele e Shaka estavam cuidando do virginiano mais novo aguardando o retorno de Atena que estava providenciando o melhor tratamento que ele poderia receber. Camus estava ouvindo o relato do pisciano um pouco surpreso, pois ele julgava compreensível a reação de Shun após tudo o que acontecera com ele principalmente na última Guerra Santa. Já Hyoga estava estarrecido, ainda mais pelo fato da aproximação repentina dos dois cavaleiros de ouro ao cavaleiro de andrômeda, o Cisne estava enciumado e sentia o cosmo do amigo na casa acima.

- Estávamos conseguindo algum progresso até ontem, a armadura de Andrômeda agiu de forma hostil com ele e tudo ruiu – disse com pesar – Shun se recuperou a pouco de seus sentidos que Shaka tirou temporariamente para contê-lo. Então eu peço que nos ajudem, principalmente você Hyoga que é amigo dele de longa data. Eu acho que com carinho e paciência conseguiremos fazer com que Shun se recupere logo.

- Dite meu amigo, eu não sei que o que dizer a ti – o aquariano tocou no ombro dele – É difícil racionalizar uma situação dessas que depende mais do emocional. Não sei em que eu posso ser útil, mas, podes contar com o meu apoio e discrição – olhou para o pupilo esperando alguma resposta – Hyoga?

- Desculpe! – saiu de seus devaneios – Vou conversar com Shun amanhã – soou indiferente apesar de estar a corroer-se por dentro.

- Ótimo! – bateu duas palminhas de leve em sinal de satisfação – Agradeço pelo tempo e pela compreensão de vocês. Voltarei para Peixes – acenou em despedida saindo de vista para os dois aquarianos.

- Hyoga? Pode desabafar comigo se quiser – Camus ofereceu-se para falar sobre sentimentos, ele retornou mais evoluído nessa segunda chance, ainda mais pela conexão que tem com seu pupilo Cisne – Allez!

- É muita informação para processar – limitou-se – Acho que a única pessoa que vai conseguir me esclarecer algo está dormindo agora em Peixes.

- Por acaso não acreditas no que Afrodite nos disse? – suspirou fundo – Quando conversar com Shun vá devagar e seja paciente, procure se acalmar antes, pois se seus sentimentos estiverem confusos tu não entenderás os sentimentos dele. As palavras conseguem ser mais afiadas do que lâminas e decisivas sobre o destino de alguém – aconselhava o russo – Seu amigo está a passar por um dos momentos mais frágeis da vida dele...

- Está bem mestre, eu compreendi – interrompeu- o irritado – Voltarei para o alojamento, com licença.

...


Quando Hyoga chegou no alojamento se irritou ao ouvir um grupo cochichando e prensou um para fazê-lo falar as coisas na cara ao invés de fazer fofoca. O aquariano ouviu coisas desagradáveis que aumentaram sua ira, ele jogou longe o aspirante a cavaleiro e se trancou no quarto que dividia com Shiryu que estava ausente. As palavras surtiram efeito como veneno e o loiro estava intoxicado, ele tentou se lembrar das palavras de seu mestre para se acalmar, mas, foi em vão. O russo passou a noite em claro e seu quarto estava começando a congelar por causa do cosmo frio do cavaleiro.

Em Peixes o clima estava mais tranquilo, Afrodite e Shun fizeram o dejejum e apesar do virginiano ter comido pouco o pisciano estava satisfeito ao ver alguma reação de seu mais novo amigo. O sueco estava mais tranquilo após a conversa na noite anterior e avisou Shun que seu amigo havia retornado e que Seiya e Saori chegariam no final da manhã. Aquilo confortou um pouco o japonês, pois ele também queria ter notícias do irmão. Eles desceram as escadas até a casa de Virgem, já que o sueco queria conversar melhor com o indiano sobre a questão da armadura de andrômeda e Shun encontraria com Hyoga.

Apesar do encorajamento que recebeu de seus amigos dourados, Shun ainda se sentia inseguro de si mesmo, ainda mais depois do que aconteceu com a armadura de andrômeda e o causara uma profunda dor. Seus olhos verdes viam e reconheciam os esforços de Shaka e Afrodite, cada um à sua maneira tentavam ajuda-lo, mas, também podia ver o desdém e o descaso que outros cavaleiros tinham para consigo. Ter sido o receptáculo de Hades, mesmo que contra sua vontade, era visto como uma traição a sua deusa e por mais que Saori não tivesse dito nada contra o cavaleiro, também não disse nada que pudesse o defender, pois aquilo não havia chego ao conhecimento dela.

O cavaleiro sofrido então decidiu por vestir sua máscara de indiferença que utilizou nos últimos meses, não queria dar mais um motivo para que caçoassem de si. Por mais que seu físico aparentasse alguma debilidade, o semblante calmo o caracterizava junto a suas roupas que pareciam inadequadas para estação. A camisa de mangas longas de malha leve cobria as marcas em seus braços, não havia colocado as bandagens para treinar, teria que deixar as feridas respirarem um pouco e não esperava nada mais do que encontros amigáveis. O virginiano finalmente se permitiu relaxar e deixar o vento bagunçar seus cabelos, ele sentou-se em uma região mais afastada e chamou seu amigo com o cosmo.

- Oi Hyoga! Chegou rápido! – levantou-se com um sorriso para abraça-lo – Já faz tanto tempo – sentiu o frio com o contato e recuou – Aconteceu alguma coisa?

- É você que deve me dizer isso – disse seco – Quero ouvir de tua boca tudo o que houve.

- Bom... sobre isso... é complicado – o rapaz se sentia confuso demais para entender o que se passava consigo, era muito difícil de conseguir explicar – O que eu fiz não foi algo bonito ou agradável, mas, Dite me impediu e está tentando me ajudar junto de Shaka.

- Dite? Se tornaram tão íntimos a esse ponto? – o russo estava congelando o solo abaixo de seus pés com a raiva que estava a sentir.

- Ele se tornou um bom amigo, assim como eu o considero também – estava assustado com o comportamento do loiro.

- Ou és ingênuo ou ardiloso – segurou o braço do menor com violência – Fazer um espetáculo na casa dele e agora está morando lá! O que tem feito?

- Pare, por favor, está me machucando... Eu não estou entendendo – levou o seu braço livre até a cabeça que começou a doer – Por que está falando assim comigo? – começou a chorar.

- És uma víbora, melhor um lobo em pele de cordeiro – começou a congelar o braço de Shun – Pelo jeito que o vejo agora nem parece o doente que aquele atum dourado descreveu. Método baixo o teu! Se quisesse ter tirado a própria vida o faria em um local distante e em silêncio, afinal os covardes se escondem, mas, você quis plateia, que todos o vissem como um fraco patético que realmente é! – estava envenenado com as mentiras que ouvira e o próprio ciúme.

- Pare! Por favor! – o aquariano foi afastado pelo vento causado pelo cosmo feroz de Shun.

- Shun? – disse aturdido com a reação do virginiano.

O garoto havia fugido dali às pressas e não demorou a ocultar o próprio cosmo, tentava se controlar para que não ferisse nenhum inocente em meio a tempestade que estavam suas emoções. Logo chegou em sua pequena casa em Rodório e as palavras cruéis de Hyoga rondavam sua mente junto as vozes de sua consciência conturbada que estava acostumado a ouvir nos últimos meses, ele queria aliviar a própria dor e procurou pelo canivete em seu banheiro, porém não o encontrou. Shun então puxou uma tábua velha próxima a cama e encontrou o punhal que obtivera de uma batalha com um inimigo numa missão no mês anterior, ele havia guardado porque o objeto chamara sua atenção, afinal quase perdeu a vida para ele por causa de um descuido.

- Ele está certo infelizmente... – viu a lâmina brilhante – Quem realmente deseja morrer não quer ter público – guardou o objeto por dentro da calça e correu para um local mais distante – Dite, Shaka, Ikki, meus amigos me perdoem.

...

Momentos antes na casa de Virgem, Shaka começou a explicar suas hipóteses para o que aconteceu ali há dois dias atrás. O virginiano refletiu por meio de suas meditações e a mais reveladora foi quando a fez próxima a urna da armadura de bronze.

- A armadura de andrômeda estava angustiada há tempos com o seu portador. Acredito que o que ela fez serviu mais como um aviso.

- Um aviso? Então por que a armadura não fez nada antes?

- Talvez seja porque Shun tentou dar-se um fim definitivo recentemente, algo dentro de si estava a ruir quebrou-se.

- Acha que a armadura vai aceita-lo novamente? – perguntou preocupado – Eu desejo o bem-estar daquele rapaz, acredito que antes de voltar a lutar por Atena ele precisa recuperar a si mesmo.

- Acabaste de responder tua própria pergunta Afrodite de Peixes – deu um sorriso mínimo – Shun precisa recuperar a si para que a armadura o aceite de volta e me arrisco a dizer que ela o quer o mais rápido possível.

- Compreendi – ouviu um barulho alto – Que barulho foi esse?

- Está vindo de onde eu deixei a armadura de andrômeda – levantou-se rapidamente – Vamos até o jardim, estou com um mal pressentimento.

- É a corrente de andrômeda! Ela saiu da urna e parece querer dizer alguma coisa! – as correntes escreviam uma palavra no chão e os olhos do pisciano estavam atentos – “Save”, salvar! Salvar quem?

- Você sentiu aquela explosão repentina de cosmo antes da armadura começar a chamar a nossa atenção?

- Eu estava concentrado em sua explicação, aquele cosmo era o de Shun? – Shaka anuiu – Isso é muito ruim, eu não estou o sentindo mais.

- Você não disse que ele iria conversar com o amigo dele? Então alguma coisa deu bastante errado – suspirou fundo – Algo ruim está para acontecer e a corrente quer evitar.

- Consegue sentir onde o Shun está? – perguntou a corrente e ela pareceu lhe responder positivação – Então, por favor, me guie até lá – ela se enrolou no braço do dourado e apontava para a saída da casa.

- Eu ficarei para avisar para Seiya e Atena, mas, continuarei a me comunicar pelo cosmo – avisou o santo de Virgem – Tente deixa-lo calmo novamente e faça-o se sentir seguro. Terei uma conversa com o cavaleiro de Cisne, ele com certeza poderá tirar nossas dúvidas a respeito do que aconteceu.

- Certo Shaka, agora preciso correr – transportou-se para fora do Santuário.

- Espero que o encontre logo Dite – massageou as têmporas – “Cavaleiro de Cisne, venha a casa de Virgem” – chamou-o pelo cosmo – Eu preciso esclarecer as coisas.

....


O santo de Peixes seguia depressa para cada direção apontada pela corrente e assim chegaram a Rodório. A porta da casa de Shun havia sido arrombada, mas, a casa continuava intacta com a exceção do piso de madeira que estava mal posicionado. Afrodite levantou a tábua e viu uma marca no chão que parecia pertencer a um objeto pequeno.

- Tem ideia do que seja? – a corrente se agitou mais e ele entendeu que sim – Precisamos encontra-lo logo.

O virginiano mais jovem continuou a correr até onde o fôlego de seus pulmões aguentaram sem uma pausa. A floresta estava silenciosa como o rapaz gostaria que estivesse sua mente. Shun se encostou no tronco de uma árvore cansado e a única coisa que seu corpo permitia a fazer era respirar, suas mãos estavam trêmulas assim como suas pernas por toda adrenalina sentida nos últimos minutos. Sua mente estava uma verdadeira bagunça e estava prestes a fazer uma escolha sem volta, sua mão tateou a adaga em suas vestes e não pensou duas vezes antes de cortar a manga de sua camisa. Pelo estado de sua magreza suas veias eram mais fáceis de se localizar e foi exatamente naquela região que o virginiano golpeou a si com a adaga abrindo um rasgo enorme e profundo.

Afrodite chegou à floresta junto da corrente, mas, em dado momento ela se soltou de seu braço e se esgueirou pela grama. Por ser intuitivo ele sentia que algo de ruim acabara de acontecer e não demorou muito para localizar o dono de sua preocupação. Ele se aproximava do jovem cavaleiro, mas, fora impedido por uma barreira de cosmo.

- Por favor, se afaste Dite... – disse o rapaz ainda ofegante – Vim para longe justamente para fazer o que devo fazer sem plateia.

- Shun, deixe-me ajuda-lo e desfaça essa barreira. Eu não sei do que está falando – o pisciano não deixou de notar o braço do amigo que se fazia vermelho em contraste com o restante de sua pele que a cada minuto perdia mais sua cor – Esse ferimento é grave, precisamos chegar no hospital o quanto antes.

- Pode até me levar para o hospital se quiser, mas, irei para o necrotério e não uma emergência – caiu de joelhos no chão e a barreira de cosmo estava enfraquecida quando o pisciano se aproximou Shun apontou a adaga contra o próprio coração – Não se aproxime! – ele se desabou nas lágrimas que tentou debilmente segurar – Dite, por favor, me deixe partir. Isso será melhor para todos nós.

- Você estava tão sereno mais cedo, o que houve com você? – deu um passo mais a frente e o virginiano a pressionou mais a adaga – O que quer que seja vai passar, podemos seguir em frente, lembra?

- Eu... – seu braço foi puxado para trás e a adaga caiu no chão – O que está acontecendo? – a corrente havia se enroscado em si – Essa é a corrente de Andrômeda? Por quê?

- Ela quer salvá-lo assim como eu – amparou- o nos braços – A armadura não o rejeitou... Ei! Fique aqui comigo, eu, seu irmão e seus outros amigos não merecem perde-lo assim – sacudiu o rapaz – Não feche seus belos olhos verdes Shun, voltarei contigo vivo, entendeu?

- Dite, a sua voz... está longe... – sentia suas pálpebras pesarem, havia perdido uma quantidade alta de sangue – Acho que agora já é tarde, me desculpe...

- Então lutaremos contra o tempo – teletransportou-os até a vila e em seguida para o hospital – Alguém?! É uma emergência! – gritou até chegar a equipe médica – Ele perdeu muito sangue, cuidem bem dele.

- Faremos o possível para salvá-lo senhor – respondeu a enfermeira.

- Espero muito que consigam – sussurrou e viu o menor cruzar o corredor numa maca às pressas – “Shaka, eu o encontrei, estamos no hospital de Rodório. Eu espero que Shun consiga sobreviver” – enviou sua mensagem por telepatia.

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Notas Finais

A depressão é uma doença séria e deve ser tratada com importância.
Acho que Shun foi o personagem ideal para representar a mensagem por causa das coisas que passou na história original. Ele sempre foi sensível e falava abertamente sobre os seus sentimentos. A depressão faz com que nos afastemos das pessoas mais queridas e importantes para nós, ficamos alheios sobre tudo e o mundo parece cada vez mais frio e vazio. Afrodite representa a esperança, o amigo que nos motiva a seguir em frente e a procurar um tratamento.
Nessa história há seus momentos de conflito, pois com a depressão deixamos (ou podemos deixar) de ser um pouco do que éramos, de não conseguir fazer coisas que antes pareciam fáceis ( como o caso de Shun com sua armadura) e podem ter pessoas que interpretam nossas ações de forma errada que ao invés de nos ajudar acabam nos derrubando mais (como na cena com Hyoga). O importante é conseguir encontrar a razão (representada por Shaka) e manter a esperança/ fé (como Afrodite) de que é possível sair dessa. Ter amigos que nos levantam nesses momentos é ótimo, mas, a ajuda profissional se mantém necessária e é isso que veremos no próximo capítulo. Até a próxima ;)
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Se você sente que está passando por um momento difícil e pensa em desistir de si, por favor, converse com o pessoal do CVV (Centro de Valorização da Vida) que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.
Telefone: 188
Chat: https://www.cvv.org.br/chat/
E-mal: https://www.cvv.org.br/e-mail/
Postos de atendimento (para enviar cartas ou conversar pessoalmente com um voluntário): https://www.cvv.org.br/postos-de-atendimento/

2 Janvier 2020 17:56 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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