stefs Queen The Vampire

"𝚄𝚖 𝚕𝚒𝚟𝚛𝚘 𝚍𝚎 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚘𝚜 𝚙á𝚐𝚒𝚗𝚊𝚜 𝚚𝚞𝚎 𝚝𝚎 𝚎𝚗𝚌𝚊𝚗𝚝𝚊𝚖 𝚍𝚎𝚜𝚎𝚗𝚌𝚊𝚗𝚝𝚊𝚖 𝚎 𝚎𝚖 𝚙𝚛𝚊𝚗𝚝𝚘𝚜 𝚋𝚞𝚜𝚌𝚊𝚖 𝚙𝚎𝚕𝚘 𝚜𝚎𝚞 𝚊𝚕𝚎𝚗𝚝𝚘" - 𝚀𝚞𝚎𝚎𝚗 𝚝𝚑𝚎 𝚅𝚊𝚖𝚙𝚒𝚛𝚎 ━━━━━━━━━━━ Disclamier: Seleção de contos escritos por mim, a cada novo capítulo uma história diferente.


Récits de vie Déconseillé aux moins de 13 ans.

#poesia #romance #compreensão #amizade
1
4.2mille VUES
Terminé
temps de lecture
AA Partager

O conto das borboletas

Disclaimer:

  • O bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre, pode provocar uma tormenta no outro extremo no espaço de tempo de semanas - Teoria do Caos - Edward Lorenz
  • "Nem sempre a tormenta se apresenta como uma catástrofe natural, as vezes ela vem em forma física ou nasce de um simples pensamento que pode destruir até o mais puro e simples coração humano" - Queen the vampire


O bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre, pode provocar uma tormenta no outro extremo no espaço de tempo de semanas - Teoria do Caos - Edward Lorenz

"Nem sempre a tormenta se apresenta como uma catástrofe natural, as vezes ela vem em forma física ou nasce de um simples pensamento que pode destruir até o mais puro e simples coração humano" - Queen the vampire

━━━━━━━༺༻━━━━━━━


Livre como uma borboleta


Minha mãe sempre dizia que eu deveria apreciar aquilo que nos foi dado com tanto carinho, às vezes se passavam horas sem que nós déssemos conta de que deveríamos voltar para casa, quando não estávamos caminhando pela floresta e observando os frutos e flores, estávamos no lago agradecendo pelo sol e ruflar das asas de um pássaro ou uma borboleta.

"Elizabeth, toda forma de vida deve ser preservada, seja humana ou não" - essas foram suas últimas palavras enquanto afagava delicadamente a grama, eu consigo me lembrar perfeitamente de seu olhar doce indo embora junto ao sorriso mais sincero que já conheci em toda a minha vida, suas mãos quentes se tornando frias enquanto minhas lágrimas pingavam na grama, a chuva gélida batendo sobre seu corpo frio e arrancando de mim um grito de dor, agora eu estava sozinha e não teria mais escolhas. Minha mãe era minha família e toda a percepção de mundo que tenho veio dela, em seus olhos o mundo era belo e o mal nunca existiu e hoje eu sei que tudo o que conheci não passou de uma mentira.


- Sinto tanto a sua falta... - coloquei um narciso em seu túmulo e junto a ele minhas lágrimas, encolhi meus joelhos e baixei minha cabeça, eu precisava chorar até me acalmar ou até a dor sumir, ou o que viesse primeiro.


- Você não deveria chorar desse jeito, expor suas fraquezas dessa forma é vergonhoso - essa foi a primeira vez que olhei em seus olhos, talvez eu estivasse atordoada demais para responder ou até mesmo brigar, tudo me enchia de tristeza - Sabe, eu não sei o porquê de seu sofrimento, mas geralmente é mais útil e inteligente escrever do que chorar - senti algo ser posto ao meu lado e de soslaio observei o pequeno caderno com um símbolo de uma borboleta-azul, me virei na intenção de agradecê-lo, mas foi em vão, não havia ninguém além de mim no lugar e uma pena negra. Não sei explicar ao certo o que aconteceu, mas, talvez fosse minha curiosidade ou até mesmo o fato de estar sozinha no cemitério pela manhã portando apenas o caderno que eu delicadamente abrir.


Em suas primeiras páginas havia desenhos e alguns poemas e um deles me chamou atenção, comecei a lê-lo sem dar conta de que o tempo estava passando e que provavelmente eu me atrasaria para o trabalho mais uma vez.


" As borboletas, tão mortalmente delicadas que as vezes me entrego a sua existência;

As borboletas, tão ingênuas e sabias que sinto inveja de sua liberdade;

"As borboletas, tão livres em seu voo e felizes em seu perfume algo que jamais serei..."


Terminei de ler a última pagina escrita daquele caderno me perguntando o que ele queria dizer com tais palavras e de certa forma me senti estranha ao pensar que existia outra pessoa tão triste quanto eu, aos poucos retomei meu folego e minha consciência e segui o meu caminhei para fora daquele lugar que acabei por apelidar como minha segunda casa, olhei para trás e sorri ao ver o narciso branco sobre a lápide de minha mãe.


Como todas as manhãs, a floricultura parecia incrivelmente bela, as flores frescas e recém-colhidas deixavam tudo mais bonito e puro, ouvi o sino tocar e fui até o caixa para atender o primeiro cliente do dia.


- Bom dia, senhor... - olhei em volta e não havia ninguém, apenas uma borboleta-azul parada em cima de uma flor ao qual passei a apreciar, deixando as palavras daquele caderno inundar a minha mente.


- Elizabeth, temos que sair em meia hora, alguém comprou todas as flores que colhemos a pouco - minha chefe contemplou o endereço em suas mãos e eu sorri, ela fora a única pessoa que me estendeu a mão quando eu precisei e com ela eu aprendi a diferença entre as questões do coração e os males da vida. Com o passar das horas colocamos cada buquê, guirlanda e arranjo na caminhonete, nunca pensei que fossemos conseguir ao julgar pela quantidade de flores, mas no fim deu tudo certo e só assim seguimos para o nosso destino que se revelou uma singela casa com uma enorme Estufa.


- Senhoras, o meu empregador as guarda na estufa - um homem de porte fino e roupas pretas no recebeu.


- E as flores? - perguntei enquanto olhava para a estufa.


- Deixe-as no carro que os contratados se encarregaram delas - seguimos em direção ao local e adentramos cautelosamente tudo conforme indicado pelo homem que nos instruía, o interior daquela estufa era magnifico, havia tantas borboletas voando, que eu me perguntei quem poderia manter esse singelo animal preso.


- Me perdoem pela demora - minha mente pareceu trabalhar incessantemente para lembrar daquele homem, eu tinha certeza de que o conhecia só não me lembrava da onde.


- Sem problemas, senhor - minha chefe sorriu e ele aproximou-se, tirou do bolso do paletó um envelope e entregou para ela.


- Creio que isso seja o suficiente - seu tom rouco me trouxe a memória que faltava e enquanto minha chefe conferia o cheque em suas mãos, eu olhei-o discretamente.



- Por que o senhor as mantém presas? - perguntei hesitante e ele sorriu.


- Não pense nisso como uma prisão e sim no cuidado que tenho ao deixá-las longe dos predadores.


- E isso não faz do senhor um tipo depredador? - perguntei confusa e ele gargalhou.


- Você é adorável, deixe-me explicá-la que a maior riqueza de um homem é aquilo que não se pode comprar ou obter pela força, a maior riqueza de um homem está em contemplar a beleza que lhe foi dada pelos deuses e destruída pelo próprio homem. Agora se me derem licença eu tenho que ver como as flores ficaram no meu jardim - saímos de sua casa e a todo o momento eu me preocupei com suas palavras, cada ova descoberta fazia meu coração pulsar mais forte e minha cabeça latejar.


Os dias se passaram e eu continuei com a minha rotina, todas as manhãs eu visitava minha mãe cemitério e sempre levava uma flor diferente, me sentava ao seu lado e escrevia no caderno, nunca pensei que incluir aquilo na minha rotina fosse fazer tanta diferença, aos poucos as palavras foram tomando o lugar das lágrimas e às vezes eu via uma borboleta voar pelo local. Com o passar do tempo eu compreendi o seu espirito livre e a liberdade que de tantas formas fora mencionada nesse pequeno caderno, além disso, eu me lembrava da estufa e da liberdade que todos os seres tanto almejavam porem abriam mão em prol de algum valor que hoje eu julgo como fútil, olhei novamente para o caderno e percebi que me restavam apenas quinze paginas contadas, me levantei e bati a saia do meu vestido a modo de tirar as folhas que caiam sob ela olhei a paisagem do cemitério e mais uma vez me encantei com o chão em tons de laranja e vermelho proporcionado pelo outono.



" Sem dúvida há beleza em todo lugar" - pensei ao apreciar a rosa-vermelha que havia deixado sob o túmulo de minha mãe, dei alguns passos em direção à saída e pude ouvir o som de alguém que tentava abafar suas lágrimas, caminhei em direção ao som e quando cheguei perto olhei com dó no coração, um garoto loiro sentado ao lado de uma lápide e em cima da mesma havia um narciso branco, não consegui conter as lembranças que agora rondavam meu ser, delicadamente afaguei seus fios loiros e sorri.


- Você não deveria chorar desse jeito, expor suas fraquezas dessa forma é vergonhoso, eu não sei o porquê de seu sofrimento, mas, geralmente é mais útil e inteligente escrever do que chorar - coloquei ao seu lado o pequeno caderno com um símbolo de uma borboleta-azul, aquele que me foi dado quando eu estava na mesma situação, sorri ao repetir as palavras do loiro que me encontrou há meses atrás e deixei o garoto sozinho, pude ouvir um pequeno sussurro escapar dos seus lábios. " Obrigado", fora isso que ele disse e sem olhar para trás eu saí daquele cemitério com a certeza de que nunca mais sofreria ou voltaria aqui com o coração entristecido, ou magoado, olhei para o céu e sorri ao ver uma única borboleta passar por mim.


No fim eu me sentia livre como ela e havia compreendido que ser livre vai muito além de almejar uma vida ao lado daqueles que um dia agraciaram sua vida, ser livre está no fato de deixar seu coração disposto a enfrentar o mundo e ser capaz de agradecer as pequenas coisas que nos rondam seja uma manhã ensolarada ou o ruflar das asas de uma borboleta.


" A vida tem sua própria sabedoria. Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói. Há certas coisas que têm que acontecer de dentro para fora." - Rubem Alves

23 Décembre 2019 03:44 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
1
Lire le chapitre suivant A Última Dança

Commentez quelque chose

Publier!
Il n’y a aucun commentaire pour le moment. Soyez le premier à donner votre avis!
~

Comment se passe votre lecture?

Il reste encore 2 chapitres restants de cette histoire.
Pour continuer votre lecture, veuillez vous connecter ou créer un compte. Gratuit!