Fic feita pra Raylanny <3
Espero que gostem!
1
Shisui respirou fundo, o suor escorrendo pelo cabelo, pelas costas, enquanto ele fingia que não havia dor e que o corpo ainda aguentaria o quanto fosse preciso para alcançarem a vitória. Era para ser um treino simples, um jogo amigável, afinal, todos ali eram do mesmo time, e a divisão seria apenas para que o treinador pudesse ver as falhas de cada um e ajudá-los. Contudo, nunca era só um jogo quando ele e Itachi ficavam em times opostos.
Recebeu o saque do primo mais novo com perfeição, a careta pela dor não passou despercebida por Itachi, que fez questão de deixar um pequeno sorriso escapar quando sua recepção fez a bola cruzar a rede e dar chance para que o outro time atacasse com tudo.
Ah, aquele pirralho… sempre atrevido.
Respirou fundo, limpou o suor da testa e desviou seu olhar do de Itachi para acompanhar o trajeto da bola. Não podia perder. Era competitivo demais para deixar Itachi ganhar aquele jogo. Sempre havia sido! Desde a educação física no colégio até agora durante a faculdade, a ideia de Itachi vencê-lo era perturbadora porque fazia parecer que deixava escorrer entre os dedos o controle, a influência, que exercia sobre ele, a admiração que Itachi nutria.
Bobagem. No fundo, sabia que era tudo bobagem da mais barata. Ainda assim, pensou ao receber outro saque do primo, dessa vez com mais precisão, o orgulho não aceitava perder.
2
O som do quicar das bolas no ginásio era tão familiar quanto o da própria respiração acelerada e fora de controle de Itachi. Deitado no chão gelado enquanto tentava recuperar o fôlego, ouvia os colegas lamentarem a derrota. Estava frustrado também, mas não que ele já não esperasse por aquilo. Quando o treinador fez questão de colocá-lo num time diferente de Shisui, percebeu o olhar do mais velho, a forma como toda a postura dele no primeiro saque gritava que não aceitaria perder, nem mesmo num amistoso. Mas, por um momento, tinha acreditado que havia alguma chance… mesmo que pequena… e que Shisui cortou da mesma forma como havia feito com a bola para marcar o ponto que decidiria a partida.
Impossível não bufar enquanto se sentava e soltava o cabelo para amarrá-lo mais alto pelo calor. Pelo canto do olho, via Shisui rir com Deidara. Os olhos do primo o vigiavam de vez em quando, e Itachi riu da habilidade que Shisui tinha para se fingir interessado no que os outros lhe diziam quando na verdade sua cabeça estava em outro lugar.
Ergueu-se e fingiu não prestar atenção aos demais enquanto caminhava até o banco e pegava sua garrafa de água. Jogou a toalha de rosto sobre o ombro direito e não estranhou quando Shisui de repente apareceu ao seu lado. O primo estava sorridente, como de hábito, mas Itachi sentiu o arrepio que sempre subia por sua espinha ao reparar no olhar afiado dele.
Para quem não conhece Shisui, veria apenas um sorriso animado, uma postura descontraída, mas Itachi lia Shisui como quem dedilha seu livro favorito, ciente de cada página, de cada pequena dobra ou amassado. O sorriso de Shisui não era de felicidade, era perigoso, era o sorriso que gritava a cada parte do seu corpo o quão fodido estaria em apenas alguns minutos. E o olhar confirmava sua análise. Os olhos negros do primo brilhavam, a felicidade de um predador que sabe que já tem sua presa encurralada e apenas não decidiu ainda o quanto irá brincar com ela antes de devorá-la.
— Levanta pra mim, Tachi?
Desviou o olhar enquanto bebia água para evitar que o rubor subisse ao rosto.
— Vocês ainda vão treinar? — Deidara perguntou alarmado.
— Só mais um pouco. Não posso perder meu posto de Ás do time, não é? — Shisui riu, e Itachi sentiu como cada vibração era falsa.
— Vocês são loucos, Uchihas. — Deidara riu, e Sasori apareceu do seu lado, passando o braço por seu ombro e o puxando.
— Eles são, a gente não. Pra casa, vamos.
— Não se matem treinando, gênios.
— Pode deixar.
Shisui acenou para os dois, a postura falsamente relaxada enquanto via Itachi se levantar e pegar uma das bolas que ainda não tinham sido recolhidas. Sorriu ao perceber a postura tensa dele. Itachi era inteligente, um gênio como muitos gostavam de repetir, mas só Shisui sabia mensurar aquilo. Não precisou dizer nem dar muitos sinais para que o primo o compreendesse, para que Itachi soubesse que o verdadeiro jogo deles havia começado e que não aceitaria contestações a despeito de qualquer que fosse a preocupação do mais novo.
Analisou-o. Os ombros e as costas dele estavam tensos, e ele girava a bola entre as mãos como fazia quando buscava alguma saída rápida para um problema. A camiseta branca com que tinha treinado estava encharcada já, o suor a deixava colada ao corpo no meio das costas, e Shisui pegou-se suspirando mais uma vez quando os olhos recaíram sobre o short preto que Itachi usava. Escolha sua com toda certeza, e nem sabia como o primo não o tinha sufocado com o tecido antes de irem ao treino. O short era maleável, um pouco mais curto que o normal, mas nada que chamasse atenção demasiada, colava-se às coxas e aos glúteos de Itachi com perfeição, e deixava muito para que a imaginação fértil de Shisui trabalhasse. Sua ideia era ver o primo jogar com ele, assistir de trás, durante o jogo, cada movimentação, mas o treinador tinha arruinado seus planos ao separá-los. Subiu o olhar. Podia ver a gola da camiseta de Itachi suja pela maquiagem que ele tinha usado para esconder as marcas pelo pescoço, já dava até mesmo para identificar algumas na pele clara. Suas marcas.
Caminhou até a quadra, e era tão delicioso ver como Itachi ficava mais apreensivo conforme se aproximava. Esperou, viu o primo respirar fundo resignado antes de realizar o levantamento e não pensou duas vezes, nunca pensava! Correu, os olhos na bola antes de saltar, o ar preso nos pulmões, a mão atingindo a bola com tanta força que o barulho o fez sorrir ao passo que a ardência na pele fazia seu coração bater mais rápido.
— De novo — pediu.
Itachi engoliu em seco enquanto ia atrás da bola e aproveitava para trazer para perto da rede o carrinho com outras. Sabia que aquela não era a voz que Shisui usava para pedir algo, era a voz de comando, e isso o inquietava. Olhou ao redor, discretamente, sentindo como o primo se divertia com sua preocupação. Mais da metade do time já havia ido embora, os demais estavam no banho no vestiário e o treinador falava ao telefone ao longe. Girou a bola em mãos antes que Shisui repetisse a ordem, ele odiava ter que mandar duas vezes, e então fez o segundo levantamento: mais alto, mais longe da rede.
Era bonito de se observar, a postura de Shisui era impecável, os olhos afiados debochavam e desafiavam o bloqueio (inexistente naquele momento), e o sorriso que ele abrir ao acertar a bola com violência… aquele som… a satisfação que ele exibia ou o modo como mordia os lábios…
Estava perdido. Totalmente perdido…
— Itachi — o treinador o chamou de repente. — parece que teve um problema com meu carro no estacionamento do campus. Pode fechar o ginásio para mim depois que todos saírem?
— Claro — respondeu ao pegar a chave.
— Obrigado. E não se esforcem muito vocês dois. Amanhã tem treino e as provas estão chegando.
— Tudo bem, não se preocupe, iremos logo para casa — Shisui respondeu, e Itachi estreitou o olhar, dando-se conta do óbvio enquanto o treinador se afastava.
— Você não fez isso…
— Você não tem permissão para me questionar — Shisui cantarolou como se não dissesse nada demais, e Itachi percebeu outros dois membros do time acenando para eles. — De novo, Itachi, vamos, mais rápido.
Era graciosa a forma como Itachi girava a bola e a batia no chão antes de fazer o levantamento, mas Shisui não era tolo para não perceber que ele estava fazendo isso para ganhar tempo. Em vão. Ambos sabiam como aquilo terminaria, não havia final diferente possível do que o que Shisui havia imaginado.
Quando as bolas se acumularam do outro lado da rede e após o último membro do time sair do ginásio, Shisui estalou a língua no céu da boca. O som característico fez Itachi engolir em seco enquanto estendia as chaves ao outro e abaixava a cabeça.
— Bom menino — Shisui gracejou e correu à porta.
O som da tranca tomou o ar dos pulmões de Itachi, mas ele não ousou erguer a cabeça. Conhecia as regras, elas eram simples na teoria, fáceis de entender, difíceis de serem cumpridas. Os passos de Shisui faziam barulho, Itachi acompanhava os pés dele, as chaves eram jogadas para o alto a cada passo, e ele não se surpreendeu quando Shisui passou por ele e as arremessou do outro lado da quadra enquanto deixava sua mochila no chão perto deles.
Fechou os olhos, seu nervosismo podia ser sentido em cada pequeno detalhe que Shisui com certeza reparava, afinal, não havia sido por essa habilidade de Shisui de lê-lo com tanta clareza que estavam ali agora?
3
— Você o que? — Deidara quase gritou. — Não, você só pode estar brincando comigo, Itachi.
— Não estou.
Deidara enterrou o rosto nas mãos antes puxar o próprio cabelo.
— Cara, você sabe que Pain e Konan são simplesmente as pessoas mais incríveis nessa terra?
Itachi suspirou.
— Sei.
— Você sabe que eles são, assim, quentes pra caralho?
— Deidara, eu namorei com eles, eu sei disso — Itachi respondeu, monótono.
— Então por que você terminaria com eles?? Eles são deuses, Itachi! Você é um deus! Vocês três juntos, sei lá, é de explodir a minha mente! Ou era antes de você assassinar a minha meta de relacionamento.
Itachi revirou os olhos e girou a cadeira para voltar a anotar a matéria em seu caderno enquanto Deidara o amaldiçoava sentado em sua cama.
— Posso pelo menos saber o motivo?
Itachi parou de bater a caneta, o olhar perdido na porta de seu quarto enquanto mordia o lábio. O motivo? Era complicado… complicado porque não sabia exatamente apontar um motivo, ainda não sabia o que o tinha feito terminar o namoro vulgo perfeito de três anos que mantinha com Pain e Konan. Eles se entendiam, muito bem, não havia brigas, se apoiavam, e havia um sentimento pelos outros dois que Itachi sabia que não era simples amizade, mas que também não era amor. Além disso, sentia-se… preso. E quem o ouvisse falando isso riria, com força, afinal, seu relacionamento era tão livre de tantas formas diferentes que soava uma ofensa ele dizer algo do tipo apesar de ser a verdade.
— Não era o que eu queria… — respondeu evasivo.
Não, não era mesmo o que queria, era quase, e o quase não o satisfazia, nunca iria. Estar com Pain e Konan lhe dava a liberdade de não dar satisfação a ninguém, eles o compreendiam e o deixavam livre para se deitar entre eles ou com quem quisesse, mas o que tinha lhe parecido a liberdade num primeiro momento se transformou num tormento, num jogo perigoso no qual desejava saber até onde permitiriam que ele fosse. Faltava algo, alguma coisa que ele não sabia por em palavras porque, aparentemente, o que o tinha atraído para estar com Pain e Konan era o que agora o afastava.
— Em que sentido? — Deidara insistiu.
Massageou a nuca e pesou as consequências de contar parte da verdade a Deidara. Ele riria, era certo, mas, do contrário, o amigo não o deixaria em paz e não estudariam nem naquele dia nem nos outros. Deu-se por vencido.
— Eu gosto de atenção.
Deidara arqueou a sobrancelha, e Itachi rolou os olhos.
— Eu gosto de ser o centro da atenção — especificou, e Deidara arregalou os olhos antes de gargalhar. — Já tem seu motivo, podemos estudar?
— Itachi Uchiha terminou o namoro perfeito porque não era o centro das atenções? — Deidara colocou a mão sobre a barriga enquanto ria e tirava o notebook do colo. — Meu Deus, puta merda, Itachi!
— Você terminou com gente por muito menos — defendeu-se, indignado.
— Eu vivi para ver esse dia chegar. Obrigado, Deus, se é que você existe, obrigado!
— Me avise quando terminar. — Itachi fechou o caderno e saiu do quarto.
— Tachi!! Não!
— Vou pegar água, idiota — gritou já do corredor e balançou a cabeça descrente quando Deidara apareceu ao seu lado. — Nem mais uma palavra.
Deidara riu e ergueu as mãos em rendição ao entrarem na cozinha. Itachi abria a geladeira quando ouviram o som da porta do pequeno apartamento sendo aberta. Engoliu em seco ainda de costas, sem se virar quando o primo apareceu na cozinha e os viu ali.
— Ah, oi, não sabiam que iam estar em casa — Shisui falou, e Itachi o ouviu abrir as panelas. — Eu to morrendo de fome.
— Itachi resolveu cozinhar hoje. Um milagre eu diria — Deidara provocou, e Shisui se virou para o primo com curiosidade.
— Tá tudo bem, Itachi?
A pergunta não veio debochada como esperava, e Itachi tentou manter-se indiferente, casual, ao concordar com a cabeça. Shisui já havia reparado que ele só cozinhava quando estava tentando manter a mente ocupada em algo que não fosse seus problemas.
— Acho que foi o impacto do término — Deidara alfinetou mais uma vez.
— Ah, a faculdade não fala de outra coisa. — Shisui riu.
Falso.
Itachi reconhecia o tom daquele riso, não era verdadeiro, era superficial, o riso que o primo dirigia apenas por educação. Deidara ainda falou mais alguma coisa, mas Itachi permaneceu em sua análise. Tentava ser discreto, reparar nas atitudes de Shisui sem que o primo se desse conta, mas Shisui de repente se virou para ele, e o modo como o encarou, mesmo que por breves segundos, o fez ter a certeza de que tinha sido pego no flagra.
— Eu fiz suco — disfarçou ao começar a andar, e Shisui sorriu de canto.
— Obrigado.
Os passos para fora da cozinha foram rápidos, e Deidara acenou para Shisui antes de seguir Itachi até o quarto.
— Você morar com seu primo foi uma das melhores coisas dessa minha vida de universitário. — Deidara suspirou após fechar a porta do quarto.
— Me poupe dos detalhes de vocês dois — falou depressa e se arrependeu quando Deidara parou o que fazia e piscou confuso.
Merda.
— Como sabe disso? Shisui te contou?
— O quê? — Desviou o olhar para o livro, com descaso, fingindo procurar a página em que tinha parado.
— Não acredito que Shisui te contou! Aquele-
— Deidara, ninguém me contou nada. Eu percebi, ok? — Itachi massageou as têmporas. — Vocês estavam se comendo com os olhos da última vez. E ninguém aqui é criança. Eu juro. Shisui não me disse uma palavra, nós não falamos sobre isso.
Deidara cruzou os braços, mas passou a mão pela franja loira que caía sobre os olhos e fez um gesto de descaso.
— Você jurou — frisou para Itachi.
E não era mentira, não totalmente pelo menos… Shisui não havia dito uma única palavra, mas não podia dizer que sabia porque havia reparado nos outros dois. Aliás, parte do problema era justo esse! Nunca tinha visto ou imaginado o primo com alguém. Shisui era reservado nesse sentido, de uma forma que Itachi nem sequer sabia se ele já tinha saído com alguém ou se mantinha ou não um relacionamento. Pelo menos não até o mês passado quando o tinha deixado sozinho com Deidara.
Se os dois já tinham dado sinais de que se desejavam ou se Shisui o fez ir de propósito ao mercado comprar os ingredientes que havia esquecido para que fizesse a janta deles, não sabia dizer, tudo do que conseguia se lembrar daquele dia era que do tom da voz de Shisui enquanto mandava Deidara se ajoelhar, do som do tapa que fez sua pele se arrepiar em surpresa, da expressão satisfeita de Deidara quando o primo puxou o cabelo dele para trás ao obrigá-lo a se por em joelhos enquanto a face vermelha exibia a marca de sua mão.
O sorriso de Shisui era delicioso, numa perversão que dançava junto à luxúria e ao perigo. Os olhos negros tinham um brilho diferente, davam-lhe outro ar, um mais magnético, que pareceu de repente atrair Itachi como se finalmente ele despertasse para o mundo.
Foi depois disso que percebeu que seu relacionamento com Konan e Pain era insustentável, e conseguiu entender o motivo. Estava claro, como nunca antes. Nem Konan nem Pain lhe impunham limites. Não era da liberdade que gostava, era de desafios, não gostava das correntes que o prendiam, mas amava se debater nelas até conseguir quebrá-las e esperar que novas mais fortes surgissem.
Havia observado melhor Shisui depois do ocorrido. O que mais não sabia sobre o primo? Julgava conhecê-lo, eram próximos, dividiam segredos, Shisui havia sido o primeiro a convidá-lo a morar consigo depois que tinha entrado na mesma universidade que o mais velho. Itachi o conhecia, não? Ao que parecia, não completamente porque, em duas semanas, Shisui percebeu que estava sendo analisado mais que de costume.
— O que foi? — ele perguntou certa vez após o jantar enquanto colocava os pratos na pia.
— Como assim? — Itachi disfarçou e pegou o celular no bolso para não ter que mentir olhando o primo.
— Você está estranho. O que aconteceu? Parece que quer falar algo e não fala nunca.
— Não é nada — Itachi disse, calmo, e se levantou. — Deixa na pia, eu lavo depois.
Shisui estreitou o olhar e se adiantou para segurar o braço de Itachi no mesmo momento em que o primo voltava para pegar a garrafa de água que havia esquecido sobre a mesa.
Itachi arregalou os olhos. Estavam próximos sem querer, a mão de Shisui firme em seu braço o segurando. Tudo não durou mais que segundos, mas aquele mísero espaço de tempo havia sido o bastante para que Shisui soubesse tudo do que precisava. Dos olhos arregalados de Itachi ao modo como ele se encolheu com seu toque, tudo entregava onde os pensamentos do primo mais novo estavam. Ele pareceu acuado, como Shisui pouco via, os olhos baixos, a respiração suspensa durante aquele curto intervalo, a expectativa pairando na tensão do corpo dele com o seu tão próximo…
— Tudo bem — Shisui falou de repente. — Desculpe, só fiquei preocupado.
Itachi concordou com a cabeça quando seu braço foi solto e saiu da cozinha mais rápido do que gostaria se fosse mesmo para fingir que tudo estava bem. Respirou fundo protegido pela porta trancada do próprio quarto e se jogou na cama com as mãos sobre os olhos.
Estava tão perdido.... ainda mais perdido quando à noite o primo recebeu uma visita. Se nunca antes tinha visto Shisui levar alguém para casa, aquele estava sendo o dia que não só via a mulher que o acompanhava para o quarto como os ouvia. Era proposital, tinha que ser, não podia ser apenas coincidência. Pegou os fones, colocou nos ouvidos enquanto ligava a música e fechava os olhos.
Acordou no dia seguinte com Shisui batendo em sua porta, estranhou, mas se xingou em voz alta quando pegou o celular e viu o horário.
— Já acordei! — gritou depressa, estava atrasado.
— Café pronto — Shisui respondeu, e Itachi o ouviu se afastar da porta enquanto ele corria para trocar de roupa.
Em quinze minutos, ouviu Shisui buzinar e correu para pegar a garrafa de água na geladeira antes de ir para o carro.
— Você não costuma perder a hora. — Shisui franziu o cenho depois de Itachi entrar e bater a porta. — Não conseguiu dormir?
— Esqueci de desligar a música — admitiu, e parte era verdade.
— Temos treino hoje, tenta descansar antes — Shisui falou enquanto Itachi colocava o cinto.
Mau humor. Shisui sabia que Itachi estava de mau humor só pela forma como ele recostou no banco e fechou os olhos para dormir, ou tentar, durante o trajeto até a universidade. Não estavam atrasados, podia ir tranquilamente até o campus enquanto o deixava dormir um pouco. Estacionou com próximo ao prédio de Itachi e lamentou ter que acordá-lo.
O primo tinha um sono pesado, a respiração lenta e ritmado denunciavam que ele dormia tão profundamente que era quase crueldade despertá-lo. Aproveitou para observá-lo, apenas um pouco. Sabia todos os detalhes de Itachi de cor, podia fechar seus olhos e descrever o primo com perfeição, enumerando cada detalhe, cada linha que dava forma à beleza único de Itachi. Ah, Itachi sempre seria seu fraco… alheio demais à própria beleza, ao quão vulnerável se deixava estar ao seu lado como naquela manhã.
Inclinou-se na direção dele para soltar o cinto de segurança, ouviu-o suspirar e sorriu enquanto os dedos lhe acariciavam a face com carinho.
— Hey, Tachi… chegamos, acorda, vamos.
Itachi era interessante de assistir, sempre havia sido. Os olhos negros piscaram sonolentos enquanto ele acordava, e Shisui manteve a mão no rosto dele enquanto os dedos traçavam círculos invisíveis pela bochecha. Era um contato simples, algo que estava habituado a ter com Itachi desde a adolescência quando a família se mudou pra capital e eles se tornaram ainda mais próximos. E para Itachi o olhar sobressaltado de repente e tensionar sob aquele carinho tão singelo, era porque ele sabia, porque havia visto ou ouvido justo o que Shisui se esforçava para manter em segredo dele.
Ainda assim, ele não recuava. Não havia som a não ser o do ar que saía pelos lábios entreabertos, a respiração de que Shisui sabia que Itachi se tornava cada vez mais ciente. Sentia o pulsar do sangue dele em seus dedos ao repousar a mão próxima ao pescoço, enxergava o caos nos olhos negros de Itachi, a confusão enquanto ele parecia querer desvendá-lo naquela simples observação.
Itachi estava confuso, mas a curiosidade dele gritava mais alto a ponto de permiti-lo permanecer na mesma posição. Expectativa? Choque? Não sabia. Mas não via motivos para se afastar, a mente havia sido capturada por alguma força que o convencia de que entender Shisui era mais importante que os ponteiros do relógio, que a vida fora daquela bolha que ele e o primo dividiam naquele momento.
Os cabelos de Shisui ainda estavam úmidos pelo banho, bagunçados porque ele nunca tivera saco para ajeitá-los como deveria, e Itachi gostava da forma como eles caíam rebeldes. A expressão dele parecia divertida e interessada, como se o observasse a espera do que faria ou apenas achasse engraçado sua falta de ação.
Deuses, como ele era bonito…
Tal pensamento o pegou desprevenido, e o rosto subitamente ficou quente demais à medida que o sangue lhe coloria a face para puro prazer daquele que lhe assistia com tanta atenção.
— Eu vou me atrasar — falou depressa, atropelando-se nas próprias palavras ao se esquivar da mão de Shisui e pegar a mochila entre os pés.
— Nos vemos no treino, Tachi — Shisui falou divertido.
Itachi não respondeu, apenas continuou andando para dentro do prédio enquanto o coração batia em sua garganta e o tornava mudo.
Mas que caralho havia acontecido naquele carro?
Tentou não pensar no ocorrido, fingir que não havia sentido mais do que deveria por alguém que dividia seu sangue, mas, se fosse sincero, admitiria que o fato de Shisui ser seu primo mais velho nem ao menos lhe parecia relevante. E seus avós achando que ele iria pro inferno só por não ser hétero… que ironia.
— Você está com a cabeça onde, gênio? — Deidara perguntou ao deitar a cabeça em seu colo durante o almoço enquanto esperavam o horário do treino de vôlei.
— Se eu fosse ser preciso, no inferno — respondeu, e a dose de sarcasmo fez Deidara piscar surpreso.
— O que houve? Quer conversar?
— Não acho uma boa ideia.
— Hm. Tenta sair dele então antes do treino. Hoje o treinador ia te pedir para ajudar no levantamento para os novatos do time.
— Deidara, nós somos os novatos.
— Mas somos brilhantes! — Deidara riu. — E você entendeu, não seja estraga prazeres.
De fato eles se destacavam entre os novatos daquele ano. O time da faculdade era bom e contava com uma boa base, a sorte de Itachi era que o levantador titular tinha acabado de se formar, então foi fácil ganhar destaque dentre os demais. Deidara era atacante, mas, com Shisui sendo o ás do time, era difícil roubar os holofotes.
Quando o horário chegou, eles foram até o ginásio, trocaram as roupas, e Itachi permitiu-se pegar uma das bolas do carrinho enquanto caminhava até a linha do fundo. Girou-a, mais vezes que o normal, os olhos presos às listras coloridas enquanto a mente se aquietava. Pelo canto de olho, viu Shisui sair do vestiário com Sasori, o líbero da equipe, mas foi só durante o treino que o cérebro finalmente conseguiu chegar à uma conclusão.
Já estava exausto pelos levantamentos, seu suor pingava pelo rosto enquanto tentava respirar e obrigar os braços a não tremerem enquanto arremessava a bola para que Shisui cortasse. Como ele podia ainda aguentar correr, saltar, cortar e se posicionar para a recepção com Sasori?
— De novo. — Ouviu Shisui.
Quis negar, mas então por que já estava com a bola em suas mãos se preparando para o novo levantamento?
— Muito baixo. Mais alto, Itachi! — ele gritou depois de uma cortada errada.
Sim, havia jogado baixo, mas seus braços doíam e estava com raiva por Shisui saber disso e continuar insistindo! Mais raiva ainda por não conseguir desistir, por ter mais uma vez engolido a dor enquanto jogava a bola da forma como Shisui havia exigido.
Ele já estava no ar quando arremessou, o braço erguido descendo em velocidade para cortar justo onde havia uma garrafa de água posicionada para ele acertar. Por que seu coração batia tão depressa ao vê-lo vibrar com o sucesso? Por que estava feliz pelo sorriso que Shisui lhe direcionava enquanto elogiava seu levantamento? Por que a aprovação dele fazia de repente se esquecer da raiva?
— De novo — Shisui mandou, e Itachi reconheceu o tom, o sorriso.
Shisui estava falando com ele como havia falado com Deidara, ele não estava pedindo, ele mandava, e isso fez a boca de Itachi secar, fez seu corpo todo se arrepiar enquanto ele respirava fundo na constatação de que queria aquilo. Queria alguém que o levasse ao limite, alguém que o fizesse ir ainda além apenas para se provar, e Shisui podia lhe oferecer isso porque Itachi não só se sentia desafiado como também nutria aquele desejo insano de agradar o outro, sempre tinha corrido atrás da aprovação de Shisui!
Assim que a bola deixou seus dedos e ganhou o ar, Itachi saiu da quadra. Precisava ir para casa, pensar, assimilar. A água gelada do vestiário caía sobre sua pele como se carregasse os pesos sobre seus ombros junto, como se lavasse o cansaço e clareasse a mente. Pelo menos, até ele sentir o toque dos dedos em suas costas.
— Não — o comando veio firme, quando pensou em se virar para olhar.
Era a voz de Shisui, e Itachi engoliu em seco ao encarar os azulejos à frente. “Não”. Os dedos de Shisui estavam em seu ombro direito e deslizavam até sua nuca. “Não”. Por que o estava obedecendo? Por que ainda estava parado deixando o primo fazer aquilo?
Shisui soltou o ar pela boca discretamente, todo o nervosismo por achar que Itachi podia rejeitá-lo indo embora conforme via a pele dele se arrepiar com seu toque. Deu um passo para frente. A água escorria pelo cabelo comprido do primo, pela pele das costas, a curvatura do quadril… Mordeu o lábio com a visão antes de deixar que a mão brincasse com os fios do cabelo de Itachi, e os dedos lhe acariciassem a nuca.
— Você me viu com Deidara, não foi? — perguntou, rouco.
Itachi fechou os olhos, e o silêncio fez Shisui prender seu cabelo na mão de modo mais firme antes de colar o corpo às suas costas. Sentia o calor do corpo de Shisui em contraste com a água, o peito dele em suas costas, a pélvis contra seu quadril, a pele contra a pele enquanto agora ele puxava seu cabelo para trás de repente.
— Me peça para te soltar, e eu saio e fingimos que nenhum de nós quer isso — Shisui sussurrou, os lábios tocando a orelha de Itachi a cada sílaba enquanto a mão livre descia pela lateral do corpo do primo mais novo, devagar, até parar sobre o membro semi ereto e fazer Itachi arfar satisfeito. — Não? — Shisui sorriu contra a orelha dele e os dentes puxaram o lóbulo antes de ele arrastar a língua pela cartilagem. — Então… peça para eu continuar.
Itachi congelou e abriu os olhos, e Shisui sorriu ainda mais ao sentir o corpo dele tenso.
— Peça, Itachi.
Não iria fazer aquilo, Shisui o conhecia para saber que seu orgulho era grande o bastante para ganhar de qualquer desejo que sentisse.
— Itachi — A mão de Shisui se fechou ao redor de sua ereção, o indicador contornando sua glande, o calor da respiração do primo contra seu pescoço. — Está me desafiando. Acho que você não entende como isso funciona. — Beijou-lhe a pele com carinho. — Isso não é um jogo em que você disputa força comigo e bate o pé até eu ceder. Se você me quer te fodendo com força contra essa parede, você vai pedir. Ou eu vou embora e vou considerar que você me pediu para parar.
— Shisui-
— Você me viu com Deidara, mas não faz ideia de como funciona — Shisui o interrompeu. — Eu sei. E estou disposto a te ensinar tudo, a te dar tudo o que posso oferecer. Mas, para isso, aqui vai a primeira lição: eu mando, você obedece, ou então eu te puno. Me responda: você entendeu?
Itachi lambeu os lábios e fechou os olhos. Shisui não parecia estar brincando e não precisava olhá-lo para saber disso. Tinha algo na postura, no modo como ele falava, na própria situação… Queria aquilo, por deus, como queria… Sentia a ereção de Shisui contra suas nádegas, e só isso o fazia desejar rebolar para que a mão de Shisui voltasse a deslizar por seu membro. Não podia demorar, não duvidava que Shisui se cansasse e o abandonasse ali como havia ameaçado fazer… A respiração dele tocava seu ombro, o nariz se arrastava até seu pescoço, e foi o tocar da língua de Shisui contra sua pele que arrancou de sua garganta alguma voz.
— Sim… — respondeu, e Shisui sorriu, sentia-o sorrindo.
— Bom. — Ele diminui o aperto em seu cabelo, os dedos massageando o couro cabeludo como se o recompensassem. — Agora me diga, Tachi, o que você quer?
— Me fode — respondeu depressa, e Shisui não conteve o riso curto ao perceber a raiva com que Itachi havia disparado as palavras.
Apertou a ereção dele em sua mão e puxou o cabelo dele para trás enquanto os lábios se arrastaram com luxúria pelo pescoço de Itachi até a orelha.
— Bom garoto — sussurrou ao acelerar a masturbação.
Itachi gemeu baixo e apoiou os braços na parede à frente, Shisui aproveitou para beijar seus ombros, para rebolar contra as nádegas fartas do primo e esfregar a própria ereção entre elas. Itachi latejava em sua mão, sabia que ele estava excitado demais para durar muito tempo naquela brincadeira, havia provocado o primo junto com essa intenção. Puxou o cabelo dele, como sempre havia sonhado em fazer, e o fez apoiar a cabeça em seu ombro antes de virar-lhe o rosto e beijá-lo. Empurrou-o contra a parede, fora da água, mordeu os lábios dele, colheu da boca pecaminosa cada exclamação, cada melodia que o fazia querer abandonar o bom senso e se enterrar em Itachi como ele tanto parecia querer. Apertou o corpo molhado e não se importou com as marcas que as mordidas podiam deixar em alguém tão branco quanto Itachi.
Ele tremia, as pernas já cansadas pelo treino quase não se sustentavam, e Shisui o forçava ainda mais contra a parede por conta disso. Beijou Itachi com gula quando o sentiu gozar em sua mão, beijou o primo com a intenção de manter em sua boca o gosto daquele pecado, a maciez dos lábios que achou que nunca teria para si. E, enquanto o beijava, levou a mão ao próprio membro, estimulando-se rápido até assistir as marcas do próprio prazer mancharem as costas de Itachi e escorrerem pelo vale entre os glúteos.
Riu, embriagado, e beijou Itachi com mais calma enquanto o sentia tentar recuperar o controle do próprio corpo.
— Ah, Itachi… eu vou adorar de comer, mas não hoje. Vem, precisamos sair do vestiário.
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— Você parece surpreso — Shisui comentou divertido.
Itachi mantinha os olhos no chão, quieto, embora as mãos estivessem fechadas com força. No fundo, ele sabia que não deveria se preocupar, Shisui nunca o colocaria em uma posição que comprometesse seu currículo na universidade ou que pudesse atrapalhar a vida deles de alguma forma, contudo, era impossível não sentir a adrenalina, o medo, e a excitação que tudo isso trazia. A prova disso era que Itachi com toda certeza desejava contrariá-lo e fugir, mas ainda estava ali… parado… ansioso para saber o que aconteceria.
— Você sabe por que estamos aqui, Itachi?
— Não… — ele respondeu e então houve o estalo em sua mente e ele fechou os olhos, tomando um longo fôlego. — Sim...
Shisui colou o corpo às costas de Itachi, as mãos acariciando os ombros e descendo pelos braços até abrir as mãos de Itachi.
— E por que foi?
Itachi encarou os pés enquanto os dedos de Shisui brincavam agora com o tecido justo de seu short.
— Te desobedeci...
— E o que você fez sem a minha permissão, Tachi?
O ar quente da boca de Shisui tocava sua nuca, sentiu quando o primo tocou a área com um lenço e suspirou enquanto ele removia a maquiagem que escondia suas marcas. Shisui gostava de como a pele de Itachi se arrepiava quando respirava próximo, adorava como o corpo dele tentava fugir do contato ao mesmo tempo em que Itachi acabava virando um pouco a cabeça, expondo mais de si para que o tocasse.
— Gozei — ele respondeu, e Shisui estreitou o olhar com o tom petulante.
Afastou-se, e Itachi de repente se fez mais atento.
— Gozar foi uma consequência de algo que te proibi de fazer — ele respondeu com tédio. — Eu não deixei claro que você não podia se tocar? Foi erro meu, Itachi? Responda: foi erro meu, Itachi?
A voz, irritada…
— Não — respondeu depressa, quase se esquecendo de que deveria manter a cabeça baixa.
— Então?
Shisui parou na frente de Itachi, a mão prendendo o queixo dele e o erguendo com firmeza para olhar nos olhos do primo. E ali estava… a primeira parte do jogo, a parte em que adorava ver Itachi destruir o próprio orgulho e admitir com as próprias palavras que:
— O erro foi meu.
Shisui sorriu.
— Ah com certeza foi. Mas eu fiquei pensando, Tachi, que para você me desobedecer, você devia estar em um outro nível de… necessidade, não é mesmo? Por isso resolvi te ajudar. Vamos começar?
Itachi não entendeu quando Shisui jogou uma almofada no chão. Reconhecia aquela almofada, como não reconhecer aquela imagem de Star Wars? Era a almofada preferida de Shisui, uma pequena almofada com enchimento de bolinhas de isopor, e que agora Shisui deixava no chão e despejava uma enorme quantidade de… gel?
— Tire a blusa — ele mandou ao posicionar uma das bolas de vôlei à frente da almofada.
Itachi obedeceu. Deixou a camiseta de treino no chão e reconheceu o aroma característico do lubrificante que agora lambuzava todo o centro da almofada. Shisui o observa com um sorriso cruel, a sobrancelha arqueada ao tombar a cabeça pro lado.
— Você já entendeu a ideia, não entendeu? Sei que é inteligente o suficiente para isso, gênio. Vamos, comece, se é para me desobedecer, quero pelo menos poder assistir isso.
Itachi piscou em choque enquanto o cérebro mandava que ficasse calado. Encarou a almofada enquanto tentava lembrar qual tinha sido mesmo o motivo para ter enfrentado Shisui no fim de semana. Orgulho. A resposta veio rápido, e ele mordeu a língua ao perceber que Shisui havia encontrado uma punição que destruísse seu orgulho de forma ainda pior.
Deu o primeiro passo na direção da almofada quando Shisui respirou mais fundo, a paciência do primo tinha limite, e Itachi já estava aprendendo a reconhecer os sinais de perigo que o cercavam quando demorava a obedecer.
Ajoelhou-se, e Shisui se sentou no chão bem ao lado.
— Não tire o short — ele mandou, como se lesse seus pensamentos.
Olhou com raiva para Shisui antes de se inclinar. As pernas se abriram, de modo que os joelhos pudessem oferecer algum apoio ao que faria, o gelado do lubrificante o fez suspirar quando o sentiu molhar o short bem onde seu pênis estava, e Itachi nunca antes amaldiçoou tanto uma bola de vôlei quanto naquele momento ao se dar conta de que seria nela que se seguraria.
— Olhe para mim, quero apreciar o show — Shisui mandou.
Itachi virou o rosto. O corpo quente pelo treino reclamava do chão frio contra sua face e tórax, mas as joelheiras do treino o ajudariam a não se machucar pelo menos. Shisui o observou, o celular em mãos enquanto abria a câmera para registrar o momento.
— Itachi Uchiha, punição número cinco.
Shisui mordeu o lábio enquanto fazia questão de ter para si aquela visão. Itachi estava deitado no chão, os braços estendidos para se segurar na bola de vôlei enquanto o encarava orgulhoso. O pescoço e as costas dele eram sua obra de arte, ainda com as marcas tanto de suas mordidas quando do chicote que o primo quisera experimentar. A pele branca de Itachi talvez nunca tivesse conhecido tantos tons de vermelho, e isso o excitava de certa forma, saber que ele era o artista que havia conferido cor a uma das mais preciosas telas do mundo. O short marcava com perfeição as bandas da bunda dele, agarrava-se aos músculos até pouco antes da metade da coxa, e com as pernas de Itachi afastadas daquele modo e o tecido úmido pelo lubrificante, dava até mesmo para começar a ver o contorno dos testículos.
Gravou e posicionou o celular perfeitamente sobre a mochila para registrar mais aquela punição.
— Comece.
A voz veio de trás, e só a ideia de como Shisui o devia estar olhando fez Itachi se arrepiar. Ondulou o quadril, o membro semiendurecido deslizou com facilidade contra a almofada, e Itachi gemeu surpreso. O lubrificante não só tornava o movimento mais fácil, como o deixava mais sensível, tornava a almofada uma superfície que se moldava ao seu corpo, recebendo-o de bom grado, as pequenas bolinhas estimulando cada centímetro de sua extensão conforme se movia. As mãos se fecharam com firmeza ao redor da bola de vôlei quando se pegou desejando repetir o movimento.
Shisui sorriu com o som. Algo que havia aprendido sobre Itachi naquelas semanas era que o primo tinha uma curiosidade muito maior que o orgulho, e que aquele tipo de situação mais o excitava que irritava. Itachi era petulante, atrevido, mas gostava demais que lhe impusessem limites e, até certo ponto, que o obrigassem àquele tipo de situação. Não sentiu remorso algum ao ver a vergonha no rosto dele, ao perceber como ele queria esconder o rosto à medida que rebolava contra a almofada e descobria o prazer.
Umedeceu os lábios, o quadril de Itachi subia e descia contra a almofada num ritmo lento, mas forte, a forma profunda das estocadas era sensual, e os músculos das costas dele se contraindo enquanto a cabeça tombava para um dos lados cada vez que ele descia o quadril dava tudo o que precisava para ter certeza de que Itachi estava gostando da punição. O short estava encharcado, e Shisui apertou a própria ereção ao imaginar como seria delicioso ver o pênis de Itachi marcado pelo tecido grudado à pele.
— Mais rápido — mandou.
Itachi não queria gemer, não tinha ordens para isso nem queria dar esse gosto a Shisui, mas, céus… estava começando a ficar quente, seu pau deslizava com tanta facilidade contra aquela maldita almofada que ele queria mais daquele atrito! As bolinhas apertavam sua carne, o gelado do lubrificante não existia mais, apenas o melado que se confundia com o pré gozo que era impossível conter. Lambeu os lábios secos, sentiu os dedos de Shisui em seus calcanhares, a mão dele subindo e apertando suas panturrilhas enquanto tentava obedecê-lo e ir mais rápido.
— Mais rápido e mais forte, Tachi… vamos, você fode melhor que isso. Ou isso é tudo que tem?
Itachi engoliu a resposta atravessada que daria apenas porque temia abrir a boca e ceder aos gemidos que tanto segurava. Rebolou com força contra a almofada, e o prazer do ato o fez arfar e gemer contra a vontade. Seus joelhos escorregavam para os lados, de propósito, e ele abraçava a bola de vôlei em busca de algum apoio enquanto os aumentava o ritmo das estocadas. Os dedos de Shisui traçavam sua perdição, as mãos apertavam suas coxas com lascívia, e Itachi jogou a cabeça para trás ao gemer alto quando o primeiro golpe da palmatória acertou a nádega direita.
— Merda… merda…
Sentiu a ereção pulsar, sua carne ardia pelo golpe inesperado, a ardência o fazendo se esfregar com mais urgência contra a almofada de Shisui já sem conseguir conter os gemidos lânguidos. Os movimentos ficaram irregulares, e Itachi ouviu Shisui rir excitado.
Era uma cena única, tão maravilhosa que Shisui gemeu ao ter na mão o próprio membro para livrá-lo do short. Brincou com a haste da palmatória enquanto via Itachi travar sua batalha interna em que não sabia se erguia o quadril para pedir que continuasse a castigá-lo ou se voltava a se esfregar contra a almofada. Deixou que a palmatória subisse pela coxa dele, o tensionar dos músculos era lindo de assistir, a ansiedade de Itachi um de seus alvos prediletos.
— Peça, Itachi — ordenou.
E Itachi olhou para Shisui por sobre o ombro. Os olhos desfocados pelo prazer, os lábios entreabertos em busca de ar, o rosto corado visível apenas pelo cabelo ainda preso. Ele lambeu os lábios, a boca se abrindo e fechando na tentativa de verbalizar o que desejava. Encarou a palmatória que Shisui deixava propositalmente sobre seu quadril… podia imaginar a pancada, quase sentia a ardência, o prazer… mas quase não era o bastante.
— Bata.
As pernas cederam, e a voz ecoou no ginásio vazio após o som seco da palmatória contra seu corpo. A mente não conseguiu registrar a sequência dos acontecimentos, as unhas curtas apertavam a bola de vôlei enquanto ele esfregava a ereção dolorida contra a almofada em desespero. O coração batia acelerado, o medo de estarem fazendo muito barulho, de serem pegos, o mesmo medo que desaparecia a cada fisgada em seu pau quando Shisui voltava a lhe bater com força.
— Peça — Shisui ordenou alto, e Itachi não pensou antes de responder.
— Mais, mais...
Shisui sorriu ao descer a palmatória com força.
— Peça direito, Itachi — provocou enquanto Itachi gemia, segurando-se mais na bola, o corpo tremendo. — Peça, Tachi...
— Me bate… — ele pediu, e Shisui sentia que podia gozar apenas com o tom choroso e desesperado de Itachi. — Me faz gozar…
A palmatória desceu dessa vez contra a coxa nua de Itachi, o som ecoou pela quadra, a pele branca adquirindo o tom avermelhado rápido e fazendo Shisui desferir o mesmo golpe na outra perna antes de voltar sua atenção à bunda dele.
— Shisui… por favor…
Itachi mordeu o lábio, estava perto, tão perto… mas Shisui ainda não havia lhe dado autorização, aquele filho da puta ainda não tinha autorizado e ainda assim continuava a lhe bater! E era tão bom… tão bom… e foda-se que suas coxas ficariam marcadas, foda-se que teriam treino no dia seguinte, foda-se o mundo e sua racionalidade porque ele só queria gozar, só precisava que Shisui desse autorização para finalmente gozar!
— Shisui… — implorou. — Eu vou... eu pre-ciso...
E Shisui sorriu vitorioso enquanto se masturbava.
— Olha pra mim — Shisui mandou e gemeu quando Itachi o obedeceu, necessitado. — Goza, bem alto, goza, Tachi.
Itachi arqueou as costas com a voz de Shisui soltando todos os nós que ele tentava apertar para não gozar sem autorização. Os olhos rolaram pela órbita, e as pernas tremeram violentamente enquanto a bola de vôlei escapava de suas mãos e o orgasmo vinha com a mesma força que a da palmatória em sua carne. Gozou, alto como Shisui havia mandado, sem reprimir a voz ou o alívio e a satisfação que nela podiam ser ouvidos. O corpo despencou contra o chão enquanto a respiração descompassada o fazia engasgar e fechar os olhos.
— Eu ainda não terminei. Me diga sua cor, Itachi — Shisui pediu rouco.
Itachi abriu os olhos a tempo de ver o primo jogar a palmatória e a camiseta longe e engatinhar até ele. Shisui se inclinou em sua direção, as mãos dele acariciando seu rosto e soltando o elástico de seu cabelo enquanto ele beijava seu rosto com carinho.
A cor… Sua pele ardia, seus músculos estavam cansados… mas ele queria mais, ele queria o gosto de Shisui em sua boca, queria a senti-lo dentro de seu corpo, queria a mão em volta de seu pescoço, céus, ele queria que Shisui o levasse além do seu limite.
— Verde — sussurrou contra os lábios dele.
Verde para continuar, vermelho para dar fim à sessão, sua palavra de segurança. Shisui lhe sorriu, o afago em sua cabeça mostrando que o tinha agradado até ali.
Shisui se ajoelhou atrás de Itachi, entre as pernas abertas dele, e se inclinou sobre o corpo quente. Sua boca tinha fome do gosto de Itachi, a pele suada brilhava, e a língua acompanhou a linha da coluna de Itachi até o começo do short. Retirou a peça com cuidado e a jogou com descaso no chão, os olhos negros admiravam as marcas na pele de Itachi, os círculos perfeitos distribuídos pelas nádegas e coxas. Assoprou antes de beijar com devoção cada centímetro e esticou o braço para alcançar o lubrificante esquecido.
Itachi gemeu deliciado quando sentiu os dedos de Shisui abrirem espaço em seu corpo. O lubrificante gelado que lambuzavam os dedos do primo o fazia deslizar entrar sem muita resistência, e Itachi mordeu a boca ao empinar mais o quadril em resposta. Seu cabelo foi puxado para trás, como Shisui amava fazer, a pegada firme, sem machucá-lo, fazendo seu pau pulsar.
— De joelhos, Itachi.
Itachi obrigou os braços a erguerem seu corpo. Os dedos de Shisui o estimulavam, estravam e saíam o fazendo gemer baixo enquanto se acostumava, a arfar quando a próstata era atingida de repente. Aguentaria? A dúvida o fazia sorrir. Erguia-se enquanto desejava que Shisui o invadisse logo, sentia falta do corpo dele, de ouvi-lo gemer em seu ouvido, de compartilhar aquele prazer.
Amava os pequenos detalhes de Shisui, os detalhes que o entregavam e mostravam o quão perto de perder a razão ele estava. O aperto em seu cabelo era um, Shisui tinha pressa em puxá-lo para que se ajoelhasse, os dedos deixavam escapar mechas para puxá-las com mais força, enquanto ele se retirava de si para guiá-lo. A respiração dele estava acelerada, a boca procurando seu ombro e pescoço enquanto o abraçava e o fazia se sentar em seu colo. Jogou a cabeça para trás, queria a boca de Shisui por todo seu corpo, queria que os beijos dele queimassem sua pele, deixassem o rastro da luxúria que compartilhavam, que os dentes o machucassem, exigissem para si sua carne e todo seu prazer, ele queria que Shisui o controlasse porque sabia que nas mãos do primo se sentiria completo e satisfeito!
Fechou as pernas como Shisui não precisou mandar, sentiu as mãos espalmadas em seus quadris subirem por sua cintura, por seu peito, uma se fechando em seu pescoço enquanto a outra desceu firme em sua ereção. Havia uma sintonia estranha, uma vontade de agradar Shisui que o obrigava a apoiar os braços momentaneamente no chão para que Shisui pudesse se enterrar fundo em seu corpo antes de puxá-lo de volta. E, quando ele fez…
Shisui sorriu em êxtase com o corpo de Itachi o apertando, riu excitado com o pau sendo sugado pela cavidade quente enquanto Itachi gemia e apertava sua mão no pescoço dele. Rolou os olhos com o primeiro rebolar do primo, o gemido rouco enquanto o trazia de novo para perto, apertava o pescoço delicado. Amava a sensação de seu peito nas costas de Itachi, amava como o suor os fazia deslizar um no outro e como Itachi rebolava em seu pau como se não houvesse nada melhor.
Apertou a mão no pescoço dele enquanto o estocava, deixou que Itachi deitasse a cabeça em seu ombro à medida que o masturbava e o sentia perder o controle das pernas. Queria beijá-lo, céus!, como queria beijá-lo! Como tinha se viciado no gosto da boca de Itachi a ponto de não conseguir mais ficar longe! Conseguia ver as lágrimas que se acumulavam nos olhos dele, a boca vermelha entreaberta em busca de ar sem saber se respirava ou gemia conforme acelerava as estocadas, Shisui conseguia ver o único e mais belo retrato da perdição.
Lambeu os lábios, soltando Itachi e o ouvindo xingá-lo quando saiu do corpo dele. Balançou a cabeça, incrédulo, e o segurou pelo cabelo para obrigá-lo a se deitar com as costas no chão.
— Sempre tão atrevido. — Riu ao se inclinar sobre o corpo dele, a boca provocando a de Itachi enquanto as mãos desciam-lhe pelo corpo para separar as pernas dele. — Tão bonito… ah, Tachi, você me deixa tão…
— Me fode, por favor… — Itachi sugou o lábio dele, as mãos nos cabelos de Shisui o puxando para ainda mais perto. — Me fode…
Shisui fechou os olhos ao sentir a ereção pulsar, e Itachi reconheceu o brilho perigoso no sorriso que o primo lhe dirigiu.
— Bom menino.
Itachi gemeu, as costas arqueadas, as mãos puxando o cabelo de Shisui conforme ele invadia seu corpo sem piedade. Riu extasiado, a voz soando vulgar aos próprios ouvidos quando Shisui acertava sua próstata e então exigia sua boca. O beijo dele era quente, em todos os sentidos possíveis. Era um ponto seguro, uma mistura tão grande de desejo e carinho que Itachi não conseguia abandoná-lo. A língua contra a sua fazia o pré-gozo melar os abdômens, o modo como Shisui sugava seu lábio, como o mordia, como depois voltava a beijá-lo como fosse a última vez, fazia seu coração disparar, seu corpo se entregar sem reservas a despeito de qualquer que fossem suas dúvidas.
— Shisui…
Sim, sim, sim, Shisui queria dizer. Entendia, sabia ler como o corpo de Itachi se contraía, como os espasmos começam a ficar mais frequentes anunciando o ápice. As unhas de Itachi desciam por suas costas, a língua correndo por sua garganta à orelha onde ele gemia mais alto de propósito para se agarrar mais forte em seu corpo.
— Você é tão perfeito. — Riu incrédulo contra a boca dele. — Goza, vem comigo, Tachi — ordenou antes de beijá-lo.
Itachi gemeu entre o beijo, a mão de Shisui o masturbando com força ainda que não fosse necessário. Gozaria mesmo sem o toque, seu corpo parecia conectado demais à voz e aos comandos de Shisui que naquele momento não era preciso nem mesmo se tocar para que o corpo se contraísse, para que a eletricidade o fizesse abrir a boca em um gemido mudo enquanto se derramava com violência entre os corpos.
Shisui não piscou, não perdeu sequer um segundo da imagem de Itachi chegando ao clímax. Colheu cada gemido da boca dele, desfrutou cada gota de prazer que escorreu pelos olhos turvos enquanto ele próprio sentia o corpo sendo abatido pelo orgasmo.
E como era lindo… como era pecaminoso assistir Shisui gozar sobre seu corpo. Itachi já havia se deitado com outras pessoas, já havia desfrutado de diferentes sensações durante uma noite de sexo, mas nada se equiparava a quando estava com Shisui. O primo gemia contra seu corpo, o rosto na curva do seu pescoço entre beijos e chupões enquanto o quadril se chocava com força contra o seu. Acariciou o cabelo dele à medida que controlava sua respiração e sorriu de olhos fechados quando Shisui se deixou cair sobre seu corpo.
Shisui sorriu, retirou-se de Itachi com cuidado e analisou rapidamente as marcas deixados pelo corpo do outro. Beijou com delicadeza o pescoço dele e depois a face, por último os lábios, um simples e longe selar que indicava que a sessão havia acabado.
— Você foi maravilhoso, perfeito — falou e pôs a beijar de leve diferentes pontos da face de Itachi, ciente de que o primo só relaxava por completo após aquelas simples palavras. — Como está se sentindo, Tachi?
Itachi sorriu e piscou os olhos algumas vezes antes de fixá-los em Shisui.
— Ótimo.
— Ótimo. — Shisui sorriu de volta e brincou com as mechas que caíam sobre os olhos de Itachi. — Vem, gênio, deixa eu cuidar de você agora.
— Você... trouxe tudo? — Itachi franziu o cenho, e Shisui passou a mão pelos cabelos dele em um carinho mais longo.
— Sempre vou trazer tudo do que preciso para cuidar de você depois das sessões — explicou e sorriu ao ver Itachi corando de leve. Era fácil esquecer que Itachi estava começando naquela dinâmica, a intimidade que dividiam antes ajudava muito na hora do sexo, mas tinha que se lembrar de que Itachi ainda tinha dúvidas, ainda não compreendia todo o passo a passo. — Sempre vou cuidar de você — reforçou. — Agora, banho, preciso passar as pomadas em você. Trouxe outra roupa limpa também — falou e então Itachi percebeu o modo como ele desviou o olhar antes de continuar. — Pensei em irmos para casa e pedirmos comida, assistirmos algo, que tal?
Ele encarou os olhos negros de Shisui, o coração voltava a acelerar, mas de forma diferente, enquanto Shisui acariciava seu rosto e buscava sua resposta. A voz faltou e tudo o que pôde fazer foi concordar com a cabeça antes de Shisui sorrir contente e beijá-lo para então o ajudar a se levantar.
Havia carinho nos toques, na forma como era banhado, cuidado, vestido, havia certa devoção em cada gesto de Shisui que fazia o coração de Itachi derreter quando o primo o pegava o observando por muito tempo. Sabia que haviam cruzado uma linha, e quem dera estivesse só se referindo ao sexo…
Sentado entre as pernas dele enquanto assistiam a um filme qualquer e Shisui acariciava seu cabelo, Itachi suspirou, não querendo pensar nas implicações que aquela paixão lhes traria. Buscou a mão livre de Shisui, entrelaçou os dedos aos dele em busca de conforto, e toda sua preocupação pareceu sumir quando Shisui levou as mãos unidas aos lábios em uma promessa silenciosa de que, não importava quais fossem as preocupações de Itachi, tudo ficaria bem. E aquilo bastava… Para Itachi, tudo o que Shisui faria ou lhe assegurava bastava...
Quem curtiu?
Eu tava com uma saudade tão grande de escrever sobre esses dois, meu deus! Como foi bom ter escrito essa fic.
Espero que tenham gostado <3
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