Nunca ocorrera a Todoroki Shouto estar onde havia acabado de chegar: o fundo do poço. Aquele que tinha tudo sob controle perdera as rédeas no momento que deixou-se levar por uma paixão sem futuro. Porém, ele não sabia. Sequer desconfiou que o menino de olhos verdes tão ingênuos teria a coragem de partir seu coração em um milhão de pedacinhos. E onde esse menino estava? Provavelmente junto do maldito Bakugou Katsuki. Com ele, justo com ele!
Midoriya havia contado uma vez que Bakugou foi seu primeiro amor, e uma das pessoas mais insensíveis que já conheceu. E lá estava ele, com o cara que o machucara tanto. E quanto o Shouto? Sentado no banco do bar, em uma casa de festa badalada de Tóquio.
Ele já tinha perdido as contas de quantos copos de tequila e batidas virou, sentindo o líquido ardente queimar garganta à baixo. Ele já tinha ultrapassado seu limite há muito tempo, entretanto, não ligava mais. Queria apenas ficar “alto” o tempo todo para manter Midoriya Izuku fora de sua mente, para esquecer que sentia sua falta mais que tudo.
— Merda, Izuku... — Shouto sibilou, apertando o copo que tinha em mãos.
— Com licença, senhor. — O barman acordou o bicolor dos devaneios. — Já são quase cinco da manhã, vamos fechar.
Foi então que Shouto percebeu.
— Desculpe. — Ele limpou as lágrimas que escorriam sem permissão. — Estou indo.
— Posso chamar um táxi, se quiser. — O homem disse. — Vejo que não está muito bem.
— Não, tudo bem. — Shouto respirou fundo. — Obrigado pela preocupação.
O barman assentiu, vendo Todoroki se levantar lentamente e puxar o celular do bolso. Em um fio de consciência, agradeceu por não ter sido roubado, visto que não se lembrava das horas passadas. Abriu o aplicativo de táxi, mas, pensou por alguns segundos antes de fazer o pedido.
— Eu não aguento mais... — Shouto estalou a língua, digitando algo no celular e, após isso, finalmente confirmou o destino.
° ° ° ° °
O relógio marcava exatamente 05:18 quando o bicolor saiu do veículo em um bairro que lhe era muito familiar. Sim, onde Midoriya morava. Ele não aguentava mais sentir tudo aquilo guardado no peito. Todoroki estava desesperado para encontrar algo que o libertasse, mas também que mantivesse tudo ali, enfincado. As esperanças não se esvaíram apesar de tudo, e o fato de estar totalmente bêbado dava coragem e uma desculpa para fazer o que queria fazer.
Shouto caminhou por algumas quadras, durante minutos que pareciam horas, até chegar bem na frente da casa de Midoriya. Luzes apagadas, silêncio mortal. Ele deveria estar dormindo, assim como toda vizinhança. Oscilou entre tocar a campainha e permanecer parado que nem um poste, e só se deu conta de quanto tempo passara ao sentir o calor dos primeiros raios de Sol tocar sua nuca. Começou a chorar. Um choro pesaroso e dolorido. Não tinha coragem o suficiente para desabar em cima de Midoriya. Não queria ser humilhado mais ainda. As lágrimas tristes se tornaram enfurecidas, porém logo passou. Não conseguia odiá-lo. Não conseguia esquecê-lo. Não conseguia sequer seguir em frente. Do que adiantava prosseguir vivendo, se era incapaz de coisas essenciais para felicidade?
No turbilhão de pensamentos, Todoroki regressou. Sentou-se no lancil da calçada, como um desolado. Desprovido de quaisquer forças, admitiu derrota. Fechou os olhos, num grito interno, desejando morrer ali mesmo. Suas pernas bambas foram fortes o bastante para levantarem a carcaça vazia do jovem rapaz. Meio moribundo, em passos vagarosos, abandonava o local tão familiar. Era um adeus. Uma necessidade de Todoroki. Dessa vez, ele não fraquejaria. Pelo menos, não mais.
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