lara-one Lara One

Um final de semana num lugar armado para ser sinistro. Seria apenas uma surpresa de aniversário a altura de um amigo... Mas reza o adágio que quem assusta sai assustado... Esse roteiro não tem blocos de ‘comerciais’ :) Dedicada a um dos personagens mais amados e inesquecíveis na minha vida: Fox Mulder. Essa é pra você Mulder. Pelos bons momentos que você me deu na televisão. E que ainda me dá através das fics.


Fanfiction Série/ Doramas/Opéras de savon Interdit aux moins de 18 ans.

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S05#24 - OCTOBER 13th

INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

[Som: Introdução de Grim Grinning Ghosts (Disney's Haunted Mansion)]

Fade out.

O vento sopra frio e sinistro no meio da tarde nublada, emitindo um uivo que ecoa pelas paredes da estranha casa de três andares, no topo da colina.

A placa de 'vende-se' enterrada no jardim, balança ao vento.

[Cessa a música]

O carro estaciona entre o chafariz e as escadas da entrada. Scully desce. Observa o chafariz. Várias gárgulas nele, cobertas de limo. Scully olha pra casa. Coloca as mãos na cintura. Sorri. Abre a porta traseira do carro e retira um bolo. Sobe as escadas.

Corta para o enorme saguão, iluminado por velas. Ambiente frio e sinistro. A luz mal penetra pelos vidros azulados. Scully observa tudo curiosa. Frohike desce as escadas rapidamente.

FROHIKE: - Deixa que eu ajude você.

SCULLY: - (ADMIRADA) Impressionante!

Frohike pega o bolo.

FROHIKE: - (SORRI) Acha que Mulder vai gostar?

SCULLY: - Isso é a cara do Mulder! Como conseguiram essa casa?

FROHIKE: - Consegui com um corretor amigo meu. Está tentando vender a casa pra virar um parque temático. Ofereci minha ajuda para criar efeitos especiais caso ele precise, e consegui finalmente dar uma festa à altura do meu amigo Mulder.

SCULLY: - (EMPOLGADA) Ele vai adorar... (SORRI) Já posso ver aqueles olhinhos de criança feliz...

Frohike leva o bolo. Scully anda pela sala. Observa os móveis. Frohike volta.

FROHIKE: - Tudo pronto. Byers já trouxe os salgadinhos, você chegou com o bolo...

SCULLY: - Tem certeza de que esse lugar não é assombrado?

FROHIKE: - Me garantiram que não, apesar da estranha aparência. Engana não é?

SCULLY: - Sim, parece aquelas velhas casas de filmes de terror...

FROHIKE: - Isso é enorme... Três andares e mais um sótão... Bom, acho melhor irmos.

SCULLY: - Certo. Então ficamos combinados assim: chegamos aqui às 6 da tarde e esperamos por Mulder. Ele virá direto do FBI.

FROHIKE: - Pena o Skinner não estar nessa...

SCULLY: - Sinto também, Frohike... Mas não consegui fazer Mulder revelar a verdade para Skinner... Bem, Mulder sabe o que está fazendo.

Os dois caminham em direção à porta. Scully para. Vira-se pra trás novamente.

SCULLY: - Tem certeza realmente de que essa casa não é assombrada?

FROHIKE: - Relaxa Scully. Vamos dar uma festa em grande estilo pro Mulder. Ele vai ter uma surpresa.

Os dois saem fechando a porta atrás de si.

O silêncio paira no ar.

[Som: Helen's Theme - Trilha sonora do filme Candyman]

A câmera passeia pela sala, mostrando detalhes do cenário. Móveis antigos, castiçais com velas acesas. Os móveis velhos e conservados. Quadros com pessoas estranhas nas paredes, em trajes do início do século 20. Uma delas, uma mulher com uma cicatriz no rosto.

Um vento sopra apagando a vela.

A risada gutural ecoa pelo ambiente.

VINHETA DE ABERTURA: HAPPY BIRTHDAY MULDER!!!



FBI – Arquivos X – 05:57 P.M.

Mulder sorri, olhando pra caixa sobre sua mesa. Skinner olha pra ele em expectativa. Mulder desata o laço de fita, rasgando tudo, morrendo de curiosidade. Skinner sorri. Mulder abre um sorriso, os olhos brilhando. Retira um globo terrestre muito antigo.

MULDER: - (EMPOLGADO) Onde achou um desses???

SKINNER: - Numa tarde andando por aí, num antiquário de um espanhol.

MULDER: -Não Skinner. Não posso aceitar. Isso é muito caro! Deve ter custado uma boa nota!

SKINNER: - Não perguntei nada. É seu. Você merece.

MULDER: - (SORRI) Puxa, Skinner... Obrigado.

SKINNER: -Não sabia o que comprar... Lembrei que você gostava de antiguidades. Então vi esse globo e pensei: nada como dar o mundo ao Mulder, aquele egocêntrico.

MULDER: - (PÂNICO)

SKINNER: - (RINDO)

Mulder sorri. Abaixa a cabeça triste.

MULDER: - Skinner... Eu... Eu preciso contar uma coisa pra você... Eu...

SKINNER: - Ótimo. Mas me conte outro dia, estou atrasado.

MULDER: - Atrasado?

SKINNER: - Lamento, Mulder. Acho que você e os rapazes vão comemorar juntos, mas... Eu tenho um compromisso inadiável, não posso ir pro boliche.

Mulder levanta-se. Abraça-se em Skinner.

MULDER: - Espero que um dia me perdoe.

SKINNER: - Perdoar o quê?

Mulder se afasta. Sorri.

MULDER: - Vai Girafão... Não vou atrasar você.

Skinner sai da sala. Mulder pega o globo e fica brincando. Então olha pro relógio.

MULDER: - Ah droga! Estou atrasado!

Mulder larga o globo sobre a mesa. Ajeita-o. Pega o paletó e sai às pressas da sala, fechando a porta.

Corte.


[Som: Gene Simmons – Haunted House]

Mulder caminha pelo estacionamento do FBI, aproximando-se do carro. Para. Arregala os olhos. Caminha curioso olhando pra dentro do carro. Abre a porta do carona debochado.

MULDER: - Perdida por aqui, 'Elvira'?

A prostituta vestida como uma vampira sai do carro, segurando a capa ao redor do corpo. Beija Mulder sensualmente no rosto.

PROSTITUTA: - Feliz aniversário, Spookie!

Mulder olha pros lados. Percebe Chuck, Donald e mais uns agentes escondidos atrás de um carro, aos risos altos. Mulder balança a cabeça. A prostituta abre a capa, revelando uma lingerie vermelha e cinta liga. Mulder arregala os olhos, incrédulo.

PROSTITUTA: - Dos seus amigos do FBI.

Mulder olha debochado pra eles que se matam de rir. Olha pra prostituta.

MULDER: - (DEBOCHADO) 'Elvira', adoraria fazer um ritual macabro com você dentro do seu caixão, cheio de flores, estofado e aconchegante, finalizando com aquela coisa de enterrar a estaca... Mas estou atrasado. Faz o seguinte: Dê o meu presente pro baixinho ali no fundo, aquele de óculos, parecido com um gnomo. O nome dele é Chuck.

Mulder entra no carro rindo.

MULDER: - Quando eu era solteiro eles não faziam isso... Tudo bem, eles me pagam...


6:12 P.M.

Scully termina de ajeitar a mesa na sala de jantar. Byers coloca o bolo sobre a mesa. Scully coloca as velinhas.

BYERS: - Por que não comprou velas com a idade dele?

SCULLY: - Porque depois dos trinta ninguém mais faz aniversário, Byers.

Byers sorri. Scully olha pra mesa.

SCULLY: - Está perfeita. Agora é só esperar pelo Mulder.

BYERS: - Será que ele vai encontrar o endereço?

SCULLY: - Ahn! Mulder fareja um bolo de chocolate com chantili e avelãs há quilômetros. Ele se guia pelo cheiro! Acredite, não há nada de paranormal nisso. É apenas gula!

Frohike entra.

FROHIKE: - Até ele sair do FBI, trocar de carro numa autolocadora e ter a certeza de que não está sendo seguido... Calculem aí que ele chega lá pelas sete e meia. Alguém me ajuda a encher os balões?

SCULLY: - Eu!

FROHIKE: - Você não pode soprar. Está grávida.

SCULLY: - E daí?

FROHIKE: - Poupe o ar pro seu bebê. Imagina se assopra ele pra dentro do balão?

SCULLY: - Que coisa impressionante! Vocês homens acham que gravidez é doença?

Langly entra na sala trazendo um aparelho de CD.

FROHIKE: - (INDIGNADO) Não trouxe Ramones, não é?

LANGLY: - Trouxe. Mas trouxe também Iron Maiden, Deep Purple, Uriah Heep, Mettalica, Scorpions e Black Sabath. Só os dinos! E tem Sepultura e Raimundos também.

Frohike encara Langly.

LANGLY: - O Mulder gosta. E é aniversário dele!

FROHIKE: - O Mulder gosta de qualquer coisa que seja sonora. Até concerto de copos com água!

SCULLY: - Verdade. Estava observando a discoteca dele dia desses... (RINDO) Tinha tudo desde rock a clássico. Encontrei até um CD de mambo e 'Yes, We Have Bananas'!!!

FROHIKE: - Tá vendo? Eu conheço o meu amigo. Ele é eclético.

LANGLY: - (DEBOCHADO) Ai, 'eu conheço o meu amigo'... Ele é meu amigo também! Conheci ele antes de você!

FROHIKE: - Não mesmo! Conhecemos ele na mesma hora.

BYERS: - Sinto desapontar vocês, mas eu conheci Mulder primeiro. Foi Suzanne quem me apresentou ele.

SCULLY: - Tá certo, não briguem, tem Mulder pra todo mundo aqui, até as duas da manhã.

LANGLY: - Por que até as duas da manhã?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Porque depois das duas da manhã, o Mulder é meu. Eu o conheci depois de vocês. Portanto, os últimos serão os mais compensados...

FROHIKE: - Você pode ficar com ele depois das duas da manhã. Dispenso esse tipo de contato.

SCULLY: - (RINDO)

FROHIKE: - Mas saiba de uma coisa, adorável agente Scully: Agradeça a mim por ter o Mulder depois das duas da manhã.

SCULLY: - Por quê?

FROHIKE: - Segredo.

SCULLY: - Ah não! Não faz isso comigo, eu sou curiosa! Me fala porquê!

FROHIKE: - Não. Segredos masculinos.

Scully emburra. Bate o pé no chão.

SCULLY: - Eu quero saber!

LANGLY: - Conta pra ela.

FROHIKE: - Se eu não tivesse provocado a imaginação fértil dele e dito que você era quente, ele não teria percebido. Porque Mulder é uma anta!

SCULLY: - Ah então foi isso?

FROHIKE: - Tenho olho clínico para mulheres.

LANGLY: - É verdade. Mas era ele quem estava apaixonado por você, Scully.

FROHIKE: - Mentiroso! Eu... Eu não nego que achei Scully interessante. Mas eu bati o olho nela e entendi que ela era a mulher certa pro Mulder.

SCULLY: - (CURIOSA) Por que pensou isso?

FROHIKE: - O jeito apaixonado que você olhava pra ele. Era algo inconsciente, que nem você percebia. Mas eu aqui, eu percebi. Muito antes de vocês dois.

SCULLY: - Se nos casarmos em público algum dia, você será eleito o padrinho.

LANGLY: - Já escolheram o padrinho do bebê?

SCULLY: - Sei que vão ficar chateados, mas pensamos em Skinner.

FROHIKE: - Acho justo. Afinal ele é o único que não sabe disso ainda.

SCULLY: - Mas considerem-se todos padrinhos.

LANGLY: - Eu já me considero. Vou comprar uma jaqueta de couro pro bebê com a estampa do CD Loco Live.

Frohike suspira.

BYERS: - Scully, o que você está precisando? Eu não sei o que dar ao bebê.

SCULLY: - Hum... Toalha. Me dá uma toalha, daquelas com capuz que já está bom. Foi a única coisa que esqueci de comprar. Ou fraldas que são sempre bem vindas.

BYERS: - Alguma estampa em especial?

SCULLY: - ... Como sabe?

BYERS: - Sei lá... Eu penso que se tivesse um filho ia comprar o enxoval personalizado...

SCULLY: - Byers, você tem vocação pra pai mesmo. Quanta sensibilidade! Sorte da Suzanne.

LANGLY: - Não fale isso... Até agora mal se falaram, fogem um do outro... Mas diga aí você, Frohike. Você que é expert em relacionamentos. A coisa entre Suzanne e Byers anda ou desanda?

FROHIKE: - ... Acredito que desse favo sai mel. Só questão de tempo.

Scully ri. Aplaude.

BYERS: - (SEM JEITO) Scully... Posso pedir uma coisa pra você?

SCULLY: - Claro, Byers!

BYERS: - (TÍMIDO) ... Deixa eu... Tocar na sua barriga?

Frohike olha pra ele. Scully sorri. Pega a mão de Byers e coloca sobre a barriga.

SCULLY: - (SORRINDO) O que está olhando, Frohike? Já me disseram que barriga de mulher grávida é domínio público. Portanto babem muito na minha filha.

BYERS: - (ABRE UM SORRISO) É menininha?

SCULLY: - Eu acho.

BYERS: - (SUSPIRA ENCANTADO) ... Eu sempre sonhei em ter duas filhinhas, de chuquinhas... Lourinhas...

FROHIKE: - Viu o que eu disse? Ele já sonhava até com os genes louros! Suzanne Modesky, sem dúvida!

BYERS: - ... (SORRI) Ela mexeu!

Langly larga tudo e põe a mão na barriga de Scully.

LANGLY: - (CURIOSO/ EMPOLGADO) Onde? Quero sentir isso!

SCULLY: - Aqui... Espera um pouco...

LANGLY: - ... Uau! Tá mexendo! É roqueira mesmo!

Scully ri. Eles ficam ali com a mão na barriga dela. Frohike olha sério.

FROHIKE: - Daria tudo pro Mulder entrar agora. Estariam ferrados!

LANGLY: - Ah qual é? Vem você aqui também.

Frohike fica sem jeito. Scully o puxa.

SCULLY: - Sinta a mais nova companheira de vocês.

Frohike meio sem jeito coloca a mão na barriga de Scully. Se afasta num pulo, impressionado. Scully abre um sorriso.

SCULLY: - Uau, que salto! Frohike, ela gosta de você!

FROHIKE: - (SORRI) Sério?

SCULLY: - Claro!

Frohike abre um sorriso bobo.

LANGLY: - (RINDO) Não diga isso. Ou sua filha vai se chamar Melvina... Melvina Mulder... Pobre da criança!


7:16 P.M.

[Som: Thriller – Michael Jackson]

Mulder dirige o carro pela rodovia escura, enquanto dança com a cabeça, batucando no volante. Tira as mãos do volante, imitando o Michael Jackson. Parece um bobo.

MULDER: - (CANTAROLANDO) 'Cause this is thriller... thriller night... And no one's gonna save you from the beast about to strike... You know it's thriller... thriller night... You're fighting for your life inside a... killer... thriller... tonight... Que vídeo clip bobo... Deveria ser considerado um dos piores do mundo! (DEBOCHADO) Junto com aquela cópia barata inspirada em Michael Jackson, Hair e Cantando na Chuva que eu vi numa droga de episódio de uma série, intitulado 'Hollywood A.D.'... E eu ainda me prestei a ficar acordado pra ver! Deveriam prender num sanatório o roteirista quadrúpede e imbecil que escreveu uma coisa daquelas! Quanta cocaína com naftalina no nariz!

Mulder passa pela placa. Freia. Dá marcha ré.

MULDER: - Deve ser isso aqui...

Mulder gira o volante e para na frente do portão. Desce.

Corta para o enorme portão de grades, enferrujado e aberto. Balançando ao vento, rangendo.

O vento se torna mais forte. Mulder observa o portão. Fecha os olhos. Sente os pelos se arrepiarem.

MULDER: - Droga... Maldita paranormalidade ativada... Isso nunca falha, mas espero estar errado dessa vez...

Corte.


Mulder estaciona o carro em frente à casa. Desce. Observa o lugar, curioso. Sobe as escadas.

MULDER: - (DEBOCHADO) Hehehe... Se ela pensa que vai me assustar com um 'surpresa Mulder', está enganada...

Mulder observa impressionado pra aldrava da porta .

MULDER: - Uau! Que antiguidade! Uma aldrava de gárgula... (OLHA PROS LADOS) Ah, me desculpem, mas se eu tiver aquela chave de fenda ainda no carro isso aqui vai dançar...

Mulder segura a aldrava e bate fortemente na porta. Scully abre apenas uma fresta. Mulder começa a inspirar fundo várias vezes, tentando espiar pra dentro.

MULDER: - Sinto cheiro de bolo??? Bolo feito pela Scully???

SCULLY: - Você só pensa em comer bolo?

MULDER: - Não, penso em comer você depois, na sobremesa.

SCULLY: - Mulder como você é tarado e atrevido...

MULDER: - Me diz que tem docinho, balãozinho, brinquedinho e chapeuzinho. (PIDÃO) Eu sou uma criança carente de festinha de aniversário...

SCULLY: - E quem falou que é festa de aniversário? Seu aniversário é amanhã! Puxa, é mesmo, eu tinha até esquecido do seu aniversário...

MULDER: - (CURIOSO) Por que me traria aqui hoje? Ahn?

SCULLY: - Pra fazer uma orgia?

MULDER: - Se você não estivesse nessa situação, Scully, até acreditaria que tinha roupa de couro, chicotinho, cama redonda com espelhos e mecânico sexual-suicida nessa história... Vai me deixa entrar? (PIDÃO)... Quero bolo!

SCULLY: - Criança... Coisa mais triste você, Mulder... Não dá pra pegar você desprevenido mesmo!

Scully abre a porta. Mulder entra.

PISTOLEIROS: - Surpresa!

Mulder abre um sorriso bobo de felicidade feito uma criança surpresa.

MULDER: - Eu não acredito! Vocês?

FROHIKE: - Frustrado ou surpreso?

MULDER: - Isso é algo do tipo: verdade ou desafio?

LANGLY: - Acho que ele ficou surpreso... Não esperava por essa.

MULDER: - (DEBOCHADO) Pra começar pensei que o endereço que a Scully me deu, fazendo o maior mistério, era de um motel com cascata no quarto e a festa seria íntima regada a champanhe... Talvez mais umas mulheres... Mas essa suruba aqui não tá me agradando...

FROHIKE: - Que imaginação fértil que esse cara tem...

LANGLY: - Ele só tem sacanagem no cérebro. Os neurônios dele quando transferem as informações fazem um ruído elétrico de sex-sex-sex-sex-sex...

Mulder observa a casa.

MULDER: - Quem teve a ideia?

FROHIKE: - Todos aqui. Ligamos pra Scully, sugerimos e ela topou.

MULDER: - E quem alugou essa casa?

BYERS: - Frohike.

LANGLY: - É... O culpado é ele. Eu disse que você iria preferir um inferninho com strip-tease e aqueles peitões enormes...

Scully fulmina Langly com os olhos.

SCULLY: - (CERRA AS SOBRANCELHAS) Encerrou o tempo de inferninhos e peitões enormes pro Mulder. Mulder agora é um pai de família... Tente desvirtuar ele pra ver o que acontece... Aviso: estou armada.

LANGLY: - Devia ter comprado de presente pro Mulder alguns copos-de-leite na floricultura... Combinariam mais com a situação mórbida dele...

Mulder aproxima-se de Frohike.

MULDER: - (COCHICHA/ DEBOCHADO) Me diz que isso não é uma casa assombrada de verdade... E me diz que não se inspiraram na casa da Cher...

FROHIKE: - Não é. Embora eu sei que você preferia que fosse. Confesso que pensei na Mansão Hill, mas por causa da Scully, desisti. Não quero ter que fazer um parto às pressas.

MULDER: - Vou confiar na sua palavra, 'Moe'. Porque a do Shemp e a do Larry ali...

Mulder se afasta de Frohike. Envolve o braço em Scully.

LANGLY: - Confessa Mulder: pensamos em tudo, até nas velas. Está sombrio como o Spookie gosta?

MULDER: - É... (RINDO) Tá até mais spookie do que eu gosto... É meu aniversário ou antecipamos o Halloween?

Eles sorriem. Mulder fica sério. Olha pra Scully. Olha pros Pistoleiros, emocionado.

MULDER: - Eu... Eu não sei se mereço tanto... Mas o fato de que vocês se lembraram do meu aniversário... Me faz eu me sentir alguém...

Langly tira os óculos. Debochado, se aproxima de Mulder e o abraça, fingindo chorar.

LANGLY: - Ohh, Mulder! Estou comovido também...

Scully se afasta rindo. Byers e Frohike abraçam Mulder. Os quatro fazem um bolinho, fingindo choradeira.

FROHIKE: - Chora Mulder!

LANGLY: - Buaaa!!!!!

BYERS: - Quarentinha né?

MULDER: - Deixa de ser indiscreto! Não é não!

LANGLY: - Cala a boca, retardado!

BYERS: - Retardado é você!

Scully caminha até a sala de jantar rindo.

SCULLY: - Meninos, depois que terminarem de brincar de lutinha, pega-pega e esconde-esconde, eu corto o bolo.

Mulder os empurra.

MULDER: - Bolo!!!! E é meu! Todinho meu!

Os quatro avançam pra sala de jantar correndo, aos empurrões e tapas, brincando feito crianças. Scully põe as mãos na cintura.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Deveria ter trazido mais um adulto pra festa...

Scully vai para a sala de jantar. Só não percebe o estranho quadro na parede com a pintura de um homem aristocrata. Os olhos da pintura se movem, acompanhando-a.


7:58 P.M.

Todos ao redor da mesa. Scully termina de acender as velinhas. Então puxa o 'parabéns a você'. Eles cantam. Mulder olha pro bolo. Olha para os amigos. Para o ambiente. Começa a ficar emocionado. Eles terminam de cantar. Mulder fica cabisbaixo, olhando pro bolo.

MULDER: - Me desculpem... mas...

Mulder começa a secar as lágrimas.

MULDER: - Eu... (SORRI) Eu choro em aniversário, em casamento e se duvidar até em batizado... Sinceramente, não esperava por isso. Não esperava que além da Scully alguém mais estivesse aqui.

Frohike se aproxima e abraça Mulder. Mulder retribui um abraço.

FROHIKE: - Ora amigão. Você sabe que é pouco em vista do que você merece. Aproveite que só vai ouvir isso porque é seu aniversário.

Mulder sorri.

MULDER: - Pensei que ainda estivesse bravo comigo, baixinho.

FROHIKE: - É possível alguém ficar bravo com um palhaço como você? Feliz aniversário, Mulder.

Langly e Byers se aproximam de Mulder. Frohike se afasta. Byers estende a mão.

BYERS: - Parabéns, Mulder.

MULDER: - Deixa de ser tão formal, Byers.

Mulder o puxa. Os dois se abraçam. Byers sorri. Afasta-se de Mulder, secando as lágrimas.

LANGLY: - Shi, olha só... Juntou as duas 'marias choradeiras'...

FROHIKE: - Pelo amor de Deus, isso é um aniversário, não é um enterro!

LANGLY: - O Mulder e o Byers são irmãos... Só não descobriram isso ainda...

Mulder sorri. Langly abraça Mulder, dando-lhe um tapinha nas costas.

LANGLY: - Parabéns, Mulder. Você merece, cara.

MULDER: - Obrigado, Langly.

Scully aproxima-se.

SCULLY: - O aniversariante vai ficar de gravata numa festa de trajes casuais? Vamos, Mulder, relaxe ou não vai soprar as velinhas!

LANGLY: - Velinhas, Mulder, entendeu? Não é pra sair por aí assoprando as velhinhas!

Mulder sorri. Tira o paletó. A gravata e a camisa. Fica de camiseta.

LANGLY: - Ah não! Não foi esse strip-tease que eu falei!

MULDER: - (DEBOCHADO) Pra vocês não ficarem secando meu esbelto corpo...

Mulder veste o paletó. Scully pega o bolo. Aproxima-se de Mulder. Fica ao lado dele. Mulder envolve o braço na cintura dela.

SCULLY: - Faça um pedido, Mulder. E sopre as velinhas.

MULDER: - (OLHA APAIXONADO PRA ELA) Qualquer pedido?

SCULLY: - (SORRI) Qualquer pedido. Peça o que mais deseja e se realizará.

Mulder sorri. Fecha os olhos. Scully olha pra ele num sorriso, enquanto segura o bolo. Mulder olha pro bolo. Assopra as velinhas. Os pistoleiros batem palmas.

SCULLY: - Feliz aniversário... (SORRI) Meu amor.

Os pistoleiros pendem o corpo pro lado, ao mesmo tempo, suspirando. Mulder beija Scully. Eles batem palmas.

FROHIKE: - Em público, assim, de graça?

LANGLY: - Até que enfim! Afinal já faz anos que dividem o mesmo colchão...

BYERS: - Langly!

Mulder ri. Scully coloca o bolo sobre a mesa.

SCULLY: - Acostumem-se com isso. De agora em diante, será rotina constante. Quem quer bolo?

Os quatro sentam-se. Scully ri.

SCULLY: - Ok. Mas primeiro...

Scully abre uma sacola e tira chapeuzinhos. Começa a distribuir.

SCULLY: - Um para o Langly, um para o Byers, um para o Frohike... E um pra você Mulder.

Scully coloca o chapeuzinho na cabeça de Mulder.

MULDER: - (DEBOCHADO/ BATENDO PALMAS) Oba tia!

Scully coloca um chapeuzinho na cabeça também. Pega outro chapeuzinho com um elástico enorme. Eles a observam curiosos. Ela coloca o chapeuzinho na barriga.

SCULLY: - Tão pensando o quê? Ela também quer comemorar o aniversário do pai dela! Tem direito a um chapeuzinho sim, né filhinha?

Eles riem.

SCULLY: - Agora sim. Vamos ao bolo. E não virem bebidas na toalha por favor!

FROHIKE: - Me deixe ajudar você, Scully.

Frohike começa a servir chá. Scully serve uma fatia de bolo e coloca na frente de Mulder.

SCULLY: - Pronto, aniversariante. Adoce sua vida.

MULDER: - (DEBOCHADO) Minha vida tá virada num mel só, Scully. E o melhor de tudo é que sem abelhas finalmente!

Scully senta-se. Começa a servir bolo.

BYERS: - E o discurso, Mulder? Queremos um discurso.

LANGLY: - Tem certeza? Sabe que quando ele se empolga não cala mais a boca...

BYERS: - Sim, discurso.

MULDER: - ... Bem... Não sei se é o momento, mas eu queria agradecer a vocês por tudo que estão fazendo. Por me ajudarem nessa luta contra o Sindicato... Por darem abrigo e esconderem Suzanne que está fazendo a vacina... Sabem o quanto tudo isto significa pra humanidade... E dentro disso também tem um significado particular. Eu agora vou ser feliz... Acho que eu e Scully merecemos uma vitória... Ganhar deles uma vez... É. Eu sei que tenho bons amigos. Pessoas em quem confio. Sinto que Skinner não esteja aqui hoje. Mas ele está sendo vigiado e ameaçado. Melhor pra ele que não saiba da verdade.

Os quatro olham pra Scully comendo uma enorme fatia de bolo.

MULDER: - E eu queria dizer também, mas... Isso é pra Scully...

SCULLY: - Não venha com sermão! Estou esperando um anjinho e anjinhos gostam de açúcar.

MULDER: - (SORRI) Não é isso... Eu queria dizer que estou feliz porque agora eu realmente tenho uma família.

Mulder afaga a barriga de Scully. Scully sorri e pega o vidro de catchup e despeja sobre a fatia de bolo. Eles observam curiosos. Ela dá uma garfada levando o bolo com catchup à boca. Mulder olha pra ela em pânico. Langly vira o rosto.

LANGLY: - Blergh!

SCULLY: - Hum... (BOCA CHEIA) Delicioso!

MULDER: - (PÂNICO) Será que a gravidez afeta o juízo mental de uma mulher?

SCULLY: - Não sei. (LAMBENDO OS DEDOS) Me passa a mostarda...


11:53 P.M.

Luzes acesas. Frohike apaga a última vela. Langly e Scully sentados no sofá. Mulder entre eles. Byers sentado numa poltrona. Langly bebendo cerveja. O bolo sobre a mesa de centro. Mulder, com uma língua de sogra, fica assoprando na orelha de Scully. Scully comendo docinhos.

SCULLY: - (RINDO) Para!

MULDER: - (RINDO) ...

SCULLY: - Alguém quer mais bolo??

MULDER: - Foi-se a minha dieta hoje. Como vou ficar magro, parecendo com um doente terminal? Desse jeito o Fumacinha vai descobrir que não estou morrendo, sozinho, abandonado...

SCULLY: - Ah, não reclame, Mulder. Hoje tudo é permitido. E esqueça aquela víbora do meu sogro.

MULDER: - (INCRÉDULO) Meu sogro?

SCULLY: - Fazer o quê? Se escolhe o marido, mas não a família dele. Sempre vem um fardo maldito de brinde.

BYERS: - Já pensaram num nome?

SCULLY: - A coisa mais difícil na maternidade é isso, sabiam?

LANGLY: - Por que não juntam as iniciais de vocês e formam um nome?

MULDER: - (DEBOCHADO) Imagine o que dá juntar 'Fo' de Fox com 'Da' de Dana... Nem pensar!

Frohike abaixa a cabeça, rindo.

LANGLY: - É... Melhor não fazer isso. Imagine durante a chamada na escola, quando a professora falar e ela ter que levantar e dizer: presente!

SCULLY: - Pobre da minha filha. Espero que não esteja ouvindo essas baixarias...

MULDER: - Não. Baixaria não. Seria baixaria se viesse de você e Frohike, os baixinhos por aqui.

Mulder sopra a língua de sogra na orelha de Langly. Langly se afasta rindo.

FROHIKE: - Vou buscar o champanhe.

MULDER: - Champanhe? Hum, a coisa está ficando boa... Acho que vou fazer mais de um aniversário por ano...

BYERS: - Vou pegar as taças.

Byers sai atrás de Frohike. Mulder abraça Scully, encostando o nariz no rosto dela. Os dois namorando, falando manso e baixinho.

MULDER: - Adorei o bolo...

SCULLY: - (SORRI) ...

MULDER: - Eu merecia isso tudo?

SCULLY: - Ainda não viu a outra surpresa que eu tenho guardadinha pra você...

Langly escora-se no braço do sofá e os observa com deboche.

MULDER: - (SORRI/ BEIJA-A NO ROSTO) Verdade?

SCULLY: - Verdade.

MULDER: - Tem presentinho pra mim?

SCULLY: - Daqueles que você adora...

MULDER: - Hum, sério?

SCULLY: - Seríssimo...

LANGLY: - Não me levem a mal, mas vocês não dão uma folga? Vão acabar matando a criança desse jeito!

Mulder estende o braço pro lado, pegando a almofada, sem desviar os olhos de Scully, e acerta a almofada na cara de Langly.

MULDER: - (DEBOCHADO) Sai fora, bicão!

Langly ri. Frohike e Byers aproximam-se. Frohike segura a champanhe. Byers coloca os copos na mesa de centro.

FROHIKE: - Ok... Vamos abrir o champanhe e fazer um brinde ao aniversariante.

Langly observa o relógio no pulso.

LANGLY: - Calma... Abra só quando der a meia noite... Ainda é dia 12...

FROHIKE: - Vou abrir agora. Quando der meia noite nós brindamos.

MULDER: - É, tá pensado que é ano novo, imbecil?

LANGLY: - Ei, um imbecil não pode chamar o outro de imbecil.

Frohike abre a champanhe e serve as taças.

FROHIKE: - Ok... Peguem suas taças...

Mulder pega uma taça e entrega pra Scully.

MULDER: - Você só pode beber uma. Ou vai deixar minha filha tontinha aí dentro. O pior de tudo é que por ser nossa filha, ela pode vir a juntar características nossas: Imagina se ela, quando bêbada, começa a contar piadas sexistas e em diminutivos?

SCULLY: - (RINDO) Deus! Eu não mereço!

LANGLY: - Pior ainda é se a moleca acaba gostando... Bem, quem puxa aos seus...

Mulder enfia a almofada na cara de Langly novamente.

MULDER: - Moleca é a sua irmã! Se concentre no relógio.

LANGLY: - Mas tem um enorme ali no canto. Parece de gongo.

FROHIKE: - Não funciona. Já verifiquei. Só marca meia noite. Ou será meio dia?

MULDER: - Sabe o que admiro nos relógios?

Todos olham pra Mulder, curiosos.

MULDER: - Os relógios marcam eternamente o seu último suspiro.

SCULLY: - Cruzes, Mulder! Isso é mórbido!

MULDER: - Mas é sério. Aquele ali parou de viver exatamente à meia noite.

FROHIKE: - Me espantaria se ele retornasse à vida.

LANGLY: - Meia noite!

Eles se levantam. Erguem as taças.

FROHIKE: - Um brinde ao Mul...

As janelas se batem, trancando-se. O relógio badala a meia noite e começa a funcionar. As luzes todas se apagam.

[Tela escura]

[Som: Gene Simmons – Haunted House]

A pequena chama do isqueiro acende-se, revelando o rosto de Mulder. Frohike aproxima-se colocando as velas do castiçal na chama.

LANGLY: - De onde vem essa música?

O ambiente apenas iluminado pelas velas.

Som de uma risada sinistra e barulhos fortes de pancadas.

Mulder fica em pânico. Mira a vela no rosto de Scully. A pobre está branca, catatônica, em choque. Mulder percebe e disfarça.

MULDER: - (FALSA DESCONTRAÇÃO) Ok rapazes... Vocês são bons mesmo. Até efeitos especiais??? Legal!

Corta para os pistoleiros catatônicos. Frohike olha pra Mulder, apavorado.

FROHIKE: - Que...

Mulder sorrindo, disfarça, apontando pra Scully por trás dela, sem que ela perceba. Frohike entende.

FROHIKE: - (FORÇA UMA DESCONTRAÇÃO) Ah! Que bom que gostaram! Eu e os rapazes fizemos isso... Dispositivo acionado por temporizador.

Scully solta o ar. Relaxa os ombros. Põe as mãos na barriga.

SCULLY: - Que susto vocês me deram!

LANGLY: - Que disposi...

Frohike chuta a canela de Langly.

LANGLY: - Ai!

SCULLY: - O que foi?

LANGLY: - Nada... (SORRI) Mosquitos... (DANDO TABEFES NO AR) Tá cheio de mosquitos nessa casa...

SCULLY: - (SUSPIRA ALIVIADA) Por um momento eu pensei que a casa fosse assombrada... E não tenho vergonha de admitir que tenho medo disso... Eu agora acredito. Vi coisas assustadoras com Mulder, tive uma péssima experiência na cidade de Bodie, e se tem algo que me deixa completamente nervosa são fantasmas... Meu Deus, acho que se isso acontecesse eu iria parir agora aqui nessa na sala.

Eles se entreolham, nervosos. Byers percorre os olhos pela sala. Mulder envolve o braço em Scully, percorrendo os olhos pela sala também.

A música cessa.

FROHIKE: - Viu? Temporizador.

MULDER: - Bom, vamos nos sentar... Estávamos falando sobre... Scully que tal irmos dormir?

SCULLY: - (INCRÉDULA) Agora?

Os pistoleiros sentam-se, nervosos. Mulder se levanta, caminha em direção à porta da frente, disfarçando.

MULDER: - Puxa, impressionante a madeira dessa porta!

Scully olha pra ele, estranhando.

MULDER: - Madeira boa...

Mulder vira-se de costas pra porta e tenta abri-la, disfarçadamente. Mas o corpo dele vai e volta pra frente, sem que ele consiga. A porta está trancada.

MULDER: - (RISADA SEM GRAÇA/ PÂNICO) É... Vamos passar a noite aqui?

FROHIKE: - (ENTENDENDO) É... Vamos.

Scully olha pra Frohike. Langly está catatônico, observando a cadeira que se arrasta. Mulder ao ver a cadeira se arrastando, arregala os olhos e corre rapidamente sentando-se na cadeira antes que Scully perceba. Scully desvia o olhar pra Mulder. Mulder sorri, cruzando as pernas, colocando as mãos sobre os joelhos.

MULDER: - Então? ... Scully, você não está cansada?

SCULLY: - Eu? Não.

FROHIKE: - Acho que você precisa descansar.

SCULLY: - Mas...

A cadeira começa a tremer, Mulder solta mais o peso do corpo segurando a cadeira com as mãos, suando frio num sorriso nervoso e sem graça, tremendo com a cadeira.

SCULLY: - Mulder, por que está balançando a cadeira desse jeito?

MULDER: - Estou tenso... Muita emoção, sabe? Aniversário, bolo... Essas coisas...

Scully olha pra ele como se Mulder fosse doido. A cadeira para de tremer. Mulder levanta-se e puxa Scully pelo braço.

MULDER: - Melhor não exagerar, sabe? Acho que deve deitar-se, colocar os pés pra cima...

SCULLY: - Mas eu não estou com dor nas pernas!

MULDER: - Precisa de uma boa noite de sono.

SCULLY: - Não estou com sono.

MULDER: - Ah, está sim... Percebo que está cansadinha...

Mulder vai levando Scully pelo braço em direção às escadas. Scully olha pra trás para os pistoleiros.

SCULLY: - (FURIOSA) Digam pra ele que eu não estou com sono! Me solta Mulder!

Mulder olha pra cima das escadas e vê o espectro da mulher da pintura. A cicatriz no rosto, vestida em roupas antigas, descendo as escadas. Abre a boca e arregala os olhos. Quando Scully vira o rosto pras escadas, Mulder a puxa novamente pra sala.

MULDER: - (PÂNICO) Acho melhor comer mais um bolinho com mostarda e catchup antes de subir.

SCULLY: - (INDIGNADA) Mas eu não quero bolo! Mulder, o que está acontecendo com você? Por que está agindo como um maluco?

Scully põe as mãos na cintura, reclamando com Mulder, enquanto o espectro da mulher passa por trás dela. Os Pistoleiros e Mulder arregalam os olhos, apavorados.

SCULLY: - (FURIOSA) Fox Mulder, se quer conversar sobre mulheres peitudas e assuntos machistas fora da minha presença, deveria me dizer... Por que estão me olhando com essa cara?

O espectro desaparece pela parede. Mulder balança a cabeça como que acordando. Sorri.

MULDER: - Nada, é uma piadinha.

FROHIKE: - É uma piada, Scully.

SCULLY: - (DESCONFIADA) Vocês estão com um senso de humor estranho. Estão agindo mais estranhamente que de costume.

Scully caminha até a porta, enquanto Frohike e Byers caminham até a parede por onde o espectro passou e a observam com as mãos e olhos, incrédulos. Langly senta-se no sofá, roendo as unhas, olhando pra todo lado, apavorado.

SCULLY: - Acho que vou até o carro pegar meu travesseiro...

Mulder corre até a porta e se põe na frente da porta com os braços abertos, impedindo a passagem.

MULDER: - (ASSUSTADO) Não!

Scully olha pra ele o questionando.

MULDER: - (SORRI SEM GRAÇA) Você não pode sair.

SCULLY: - Por quê?

MULDER: - (SORRINDO) Por quê? Ora... Porque... Porque... Porque está frio!

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Vai se resfriar... Está chovendo...

SCULLY: - (FURIOSA/ GRITA) Fox Mulder!

Scully empurra Mulder. Tenta abrir a porta e não consegue. Mulder fecha os olhos, desesperado. Frohike abaixa a cabeça. Os dois não têm mais desculpas pra dar.

SCULLY: - O que houve com essa droga? ... Não abre! (NERVOSA) Meu Deus, o que está acontecendo por aqui?

Byers aproxima-se.

BYERS: - Scully... Preciso contar uma coisa. Nossa cara de pavor se deve ao fato de que por um erro de programação, os dispositivos que acionaram as portas e janelas travaram. Portanto, precisamos de um tempo para conserta-los. Desculpe por isso, foi falha técnica. Inventamos essa coisa de efeitos especiais e... Não deu certo.

SCULLY: - Está me dizendo que estamos presos nessa casa?

BYERS: - Sim. Mas vamos trabalhar nisso a noite toda. Não se preocupe. Isso é o que dar usar dispositivos ainda em testes.

SCULLY: - (SORRI) Ah, tudo bem! Eu já tinha feito planos pra dormir aqui mesmo.

Mulder e Frohike olham impressionados pra Byers.

SCULLY: - Meninos, se querem conversar, fiquem à vontade. Eu vou subir e arranjar um quarto.

Mulder salta na frente dela desesperado.

MULDER: - (GRITA) Não!

SCULLY: - (CURIOSA)

MULDER: - Eu vou com você!

SCULLY: - Pra quê? Converse com seus amigos.

Mulder a puxa pra um canto e começa a cochichar, enquanto olha pra todos os lados.

MULDER: - Eu quero aquele presentinho que você ia me dar.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Agora?

MULDER: - É...

SCULLY: - Mas...

MULDER: - Puxa Scully, estou doidinho pra fazer coisinhas com você.

SCULLY: - (SORRI BOBA) Ora Mulder... Vai ficar chato deixarmos os rapazes...

Mulder percebe o castiçal que se arrasta lentamente por sobre um móvel. Mulder começa a puxar Scully pelo braço, mas ela não se move.

MULDER: - (APAVORADO) Scully por favor, eu preciso ir lá pra cima agora com você!

SCULLY: - Mulder! Se contenha! Olha seus amigos...

MULDER: - (DESESPERADO) Scully, não posso mais me conter, acredite!

SCULLY: - Mulder, por que está nervoso desse jeito?

MULDER: - (SORRI NERVOSO) Tesão! Estou nervoso de tesão!

SCULLY: - Mulder, mas que droga! Você só pensa em sexo? Parece um desesperado!

MULDER: - (QUASE CHORANDO) Scully, acredite, eu estou desesperado! Eu imploro! Vamos lá pra cima!

SCULLY: - (EMPOLGADA) Hum... Acho que o caso é sério...

Mulder a puxa pelo braço e olha para os pistoleiros.

MULDER: - Os rapazes vão ficar bem...

LANGLY: - (HISTÉRICO/ AOS GRITOS) Eu não vou! Eu não vou!!!!!

Scully olha pra Langly.

SCULLY: - Langly? Você está bem?

FROHIKE: - Ele está bem. É que quando mistura chá com cerveja fica assim. Começa a delirar, ver coisas...

SCULLY: - ???

MULDER: - Vem Scully... Antes que eu enfarte.

Mulder pega um castiçal e acende. Sobe as escadas com Scully. Vira-se pra trás gesticulando pra eles ficarem de olhos abertos. Scully olha pra ele.

SCULLY: - O que foi?

MULDER: - Nada. Mosquitos.

SCULLY: - Estranho, ainda não fui picada...


12:44 A.M.

Mulder, vestido de jeans e blusão, anda de um lado pra outro pelo quarto, nervoso, esfregando os braços.

MULDER: - Droga... Que frio faz aqui nessa casa! Como vou tirar a gente dessa? Controle-se Mulder... Tente relaxar, não deixe Scully perceber o que está se passando...

As luzes se acendem repentinamente. Mulder olha assustado para o lustre.

Scully sai do banheiro vestida num robe de seda. Deixa a porta do banheiro aberta. Observa Mulder que está olhando o lustre. Sorri. Senta-se na cama.

Mulder continua olhando para o lustre. Parece hipnotizado.

SCULLY: - Mulder... Ainda acho que não perdi minha sensualidade... Feliz aniversário pra você.

MULDER: - (OLHANDO PRO LUSTRE) ...

SCULLY: - Hum? Não vem?

Mulder sai de seus pensamentos. Olha pra cama. Fica incrédulo. Se esquece até dos fantasmas.

MULDER: - Oh meu Deus...

Corta pra Scully sentada de lado na cama, de meias sete oitavos e lingerie pretos.

SCULLY: - (FRUSTRADA) Acha que não estou atraente? Tá bom, Mulder, pode dizer... Estou ridícula?

MULDER: - (BABANDO) ... Nunca vi uma grávida desse jeito... Scully agora realmente você me deixou nervoso daquele jeito que eu gosto de ficar...

SCULLY: - (SORRI) ...

Mulder senta-se ao lado dela, admirado. Segura o queixo dela com os dedos, delicadamente.

MULDER: - Você é uma grávida muito sexy sabia?

SCULLY: - (SORRI) Ainda me acha atraente?

MULDER: - Você é atraente sempre, Scully...

Scully ergue o blusão dele.

MULDER: - Está frio.

SCULLY: - Não está não. Eu esquento você, tolinho.

Mulder sorri. Scully tira o blusão de Mulder, o deixando de camiseta. Olha pra ele sensualmente.

SCULLY: - Não era você que estava com pressa de fazer coisinhas?

MULDER: - (SORRI) Sabe que eu só gosto de fazer essas coisinhas com você. Se eu tiver que escolher uma morte... (DEBOCHADO) Que eu morra dentro de você. Não leve isso ao pé da letra...

SCULLY: - (SORRI) Hum, Mulder... Não sabe como me sinto feliz em saber que mesmo grávida e enorme desse jeito, você se sente atraído sexualmente por mim...

MULDER: - Eu amo você Scully... E a gravidez te deixa mais linda.

Scully o puxa pra um beijo. Mulder acaricia o rosto dela com seu nariz. A toma em outro beijo, agora mais intenso. Desce as mãos pelas costas dela, tirando-lhe o sutiã, enquanto percorre os olhos arregalados pelo quarto. Scully deita-se. Mulder tira a camisa e inclina seu corpo pra cima de Scully, devorando os lábios dela num beijo intenso.


1:11 A.M.

Os Pistoleiros num quarto. Frohike deitado na cama. Byers anda de um lado pra outro. Langly sentado numa poltrona.

[Som de trovão]

Langly dá um pulo. Byers suspira.

BYERS: - Não adianta... Já andamos por todos os andares... Nenhuma janela aberta. Nada. Não há como sair daqui.

FROHIKE: - Mulder vai nos tirar dessa. Só precisamos dar um tempo pra ele distrair a Scully e faze-la dormir...

BYERS: - Duvido que ele consiga distrair a Scully do jeito que você está pensando... Quem faria sexo numa casa mal assombrada?

FROHIKE: - (DEBOCHADO) Spookie Mulder?

BYERS: - Não... Ele não é tão maluco.


Corta para o quarto de Mulder e Scully. Apenas as velas acesas e os dois se mexendo debaixo do edredom dando risadinhas.


Corta pro quarto dos Pistoleiros.

FROHIKE: - Vamos esperar por Mulder.

Langly levanta-se.

LANGLY: - Querem saber de uma coisa? Há mais de uma hora nada acontece. Eu tenho uma explicação pra dar a vocês.

Byers e Frohike olham pra Langly.

LANGLY: - Vocês são uns idiotas, tá legal?

FROHIKE: - Idiotas? Mas não fomos nós que ficamos histéricos e roendo as unhas... Gritando pela mamãe.

LANGLY: - Eu não tô com medo! Isso que aconteceu foi um fenômeno de alucinação coletiva. O ambiente é propício pra isso. Uma casa velha, uma noite de tempestade e o Mulder junto... Somem todos esses fatores e vão perceber que é apenas alucinação coletiva.

Frohike e Byers olham incrédulos pra Langly.

LANGLY: - Essas coisas não existem. E se existirem elas só aparecem pros medrosos como vocês dois. Agora se me dão licença, eu vou até a cozinha pegar uma cerveja. Pra mim a festa não acabou.

Langly sai furioso. Byers e Frohike se entreolham.

FROHIKE: - Dez?

BYERS: - Não. Não vou apostar. Não vai demorar muito e ele entra correndo por aquela porta com as calças molhadas... Não dou nem cinco minutos.

FROHIKE: - Aposto cinquenta como as calças vão estar sujas.


1:17 A.M.

A cozinha limpinha e organizada. A claridade entra pela janela como se fosse dia lá fora.

Sons de passarinhos cantando.

Som da voz de mulher cantarolando uma canção.

De repente o ambiente se torna escuro como a noite.

Silêncio completo.

Close da porta que se abre lentamente, rangindo. Langly espia pra dentro. Vira os olhos de um lado pra outro observando atentamente o ambiente.

LANGLY: - (RI DE SI MESMO) Casa assombrada... Besteira! Esses caras devem é estar chapados... Excesso de anilina de bolo no cérebro causa alucinação visual e auditiva... Nunca se sabe o que o governo planeja com os corantes...

Langly leva a mão até o interruptor. As luzes se acendem. Aperta o botão do CD player portátil sobre o balcão.

[Som: Ramones - I wanna be sedated]

Langly caminha até a geladeira assoviando a música. Abre a geladeira e pega uma lata de cerveja. Vira-se de costas pra geladeira, deixando a porta aberta. Abre a cerveja. Bebe. Começa a cantar enquanto dança balançando a cabeça e os cabelos.

LANGLY: - (CANTANDO) Just get me to the airport, put me on a plane... Hurry hurry hurry before I go insane... I can't control my fingers I can't control my brain... Oh no no no no no...

Close dentro da geladeira. Os pastéis se erguem da bandeja e começam a dançar no ritmo dos Ramones. Viram-se de um lado pra outro, numa coreografia conjunta, acompanhando Langly, que de costas não percebe.

LANGLY: - (CANTANDO) Twenty-twenty-twenty four hours to go I wanna be sedated... Nothin' to do and no where to go-o-o I wanna be sedated... Just put me in a wheelchair get me to the show... Hurry hurry hurry before I gotta go... I can't control my fingers I can't control my toes... Oh no no no no no...

Os pratos na parede começam a se agitar. Langly não percebe. Vira-se pra geladeira. Vê os salgadinhos dançando. Tira os óculos, esfregando os olhos.

LANGLY: - (CANTAROLA) Ba-ba-bamp-ba ba-ba-ba-bamp-ba I wanna be sedated... Ba-ba-bamp-ba ba-ba-ba- (CAI EM SI) bamp...ba I... Ai, ai, ai, ai... Juro que não vou mais fumar aquela porcaria importada do México... 'una cosita de primera hermano'... Mentira!

Langly vira-se rapidamente e observa os pratos. As pernas de Langly começam a tremer. Ele deixa a cerveja cair no chão. As portas dos armários se abrem e fecham.

Som de risadas.

Langly arregala os olhos. Dois pratos voam por sobre a cabeça dele. Langly ergue a cabeça e solta um grito desesperado. Tenta correr, mas a porta da geladeira se abre e os pastéis saltam em cima dele, emitindo risadinhas grotescas. Langly se desequilibra, tentando tirar os pastéis de cima dele desesperadamente e cai pra dentro da geladeira. A porta da geladeira faz um movimento como uma boca mastigando, tentando devorar Langly, emitindo som de uma fera faminta.


1:34 A.M.

[Câmera subjetiva simulando a visão de Mulder que abre os olhos e vê Langly. Primeiramente de perto, depois de longe.]

Langly desesperado sacode Mulder pelos braços em estado de histeria, fazendo Mulder se erguer e cair com a cabeça no travesseiro várias vezes. Mulder olha pra ele meio dormindo.

LANGLY: - (HISTÉRICO) Você tem que nos tirar daqui! A geladeira queria me devorar! Os pratos voavam sozinhos! Os pastéis estavam rindo da minha cara! Começaram a me morder! Os armários! Precisava ver os armários! O catchup da Scully começou a sair sozinho da embalagem e zanzar pelo piso como uma minhoca enorme...

Langly o solta. Mulder ergue-se na cama e olha incrédulo pra Langly.

MULDER: - Que pastéis?

LANGLY: - Os pastéis! Todos eles, sem exceção! Um exército de pastéis programados para matar.

MULDER: - (INCRÉDULO) Pastéis? Os pastéis queriam matar você?

Langly mostra os braços.

LANGLY: - Aqui tá vendo? Fui picado por centenas de pastéis assassinos!!!!!!

MULDER: - (PÂNICO) ...

Mulder olha pro lado. Scully dorme. Mulder olha pra Langly. Pede silêncio levando o dedo aos lábios. Langly afirma com a cabeça, apavorado, olhando pra Mulder. Mulder levanta-se da cama e veste as calças jeans.

MULDER: - Tem certeza?

LANGLY: - Claro que tenho! A geladeira tentou me devorar! Os pastéis! Eles estavam dançando 'I wanna be sedated'!

Mulder pega a camisa enquanto olha pra Langly.

MULDER: - (PREOCUPADO) Langly... Precisamos conversar. Eu não creio que quem estava... Vamos dizer 'sedado', fossem os pastéis... Acho que deveria maneirar um pouco, sabe?

LANGLY: - Não foi alucinação! Eu vi! Vi com meus próprios olhos!

Mulder veste a camisa.

MULDER: - Acho que as lentes não estão sendo suficientes. Deveria ir ao oculista aumentar o grau dos óculos...

LANGLY: - Você tem que ir lá embaixo! Tem que acreditar em mim!

MULDER: - Tá bom, Langly... Vá na frente.

LANGLY: - (HISTÉRICO) Não! Você vai comigo! Eu não vou descer sozinho! Tem pastéis dançantes e assassinos lá embaixo!

Mulder suspira fechando a camisa. Pega a arma. Olha pra Langly, com deboche.

MULDER: - (DEBOCHADO) Pastéis que dançam... Essa eu quero ver! Vai ser o maior Arquivo X de todos os tempos. Talvez eu leve os pastéis pra dançarem na Broadway... 'Spookie Mulder e seus Pastéis Dançantes'... Vou ficar milionário... dentro do prazo de validade dos pastéis, certamente. Sabe se eles dançam a Macarena?


1:57 A.M.

[Som: Ramones - Pet Semetary]

O CD player ainda ligado. Mulder empurra a porta da cozinha, segurando a arma. Langly escondido atrás de Mulder, agarrado em sua camisa, espia por cima do ombro de Mulder, apavorado.

A cozinha toda arrumada. Mulder olha pra Langly.

MULDER: - (DEBOCHADO) Acho que os pastéis terminaram o show e prosseguiram sua turnê por outras cidades... O pior de tudo é que eu não consegui um autógrafo!

Langly sai de trás de Mulder.

LANGLY: - Você está debochando da minha cara! Abra a geladeira então!

Mulder olha debochado pra Langly. Caminha até a geladeira. Langly o segue, ficando atrás da mesa. Mulder abre a geladeira. Olha pra dentro.

MULDER: - (SORRI) Ei! Olha quem está aqui!

LANGLY: - (TENTANDO OLHAR) Q-quem?

MULDER: - Seus amigos pastéis dançantes. Acho que cansaram de dançar e foram dormir. Ou estão mais chapados do que você. (DEBOCHADO) Curtindo a maior viagem, cara! Oh, mano, assim, oh, tudo doidão...

Langly cruza os braços, indignado. Mulder pega um dos pastéis. Leva à boca.

LANGLY: - (APAVORADO) Não faça isso!

MULDER: - Ah, relaxa. Só vou comer a 'Ginger'... O 'Fred' fica pra sobremesa.

Mulder morde o pastel. Langly vira o rosto, apavorado.

MULDER: - (BOCA CHEIA) Agora sim... Seres humanos comem pastéis e não os pastéis que comem seres humanos.

Langly vira o rosto indignado. Mulder apoia o braço na porta da geladeira.

MULDER: - Sabe qual é o seu problema? Você sabe que está numa casa assombrada. Então começou a ter alucinações provocadas até mesmo pelos espíritos que habitam aqui. Muitas vezes, fenômenos deste tipo ocorrem. Esses espíritos ou almas, aproveitam-se da sua fragilidade emocional e criam este tipo de ilusão. Quer uma cerveja?

LANGLY: - Não. Não quero nada dessa geladeira!

Mulder leva a mão até a geladeira sem olhar pra dentro. Pega a cerveja.

MULDER: - Não se preocupe, já aconteceu comigo. Tem que manter sua mente forte... Você pode, você consegue... Hum, acho que isso aqui cai bem com catchup.

Mulder leva a mão dentro da geladeira sem olhar e retira o catchup. Coloca no pastel. Põe a embalagem sobre a geladeira. Langly arregala os olhos. Mulder continua falando.

MULDER: - Langly, acredito que tenha visto realmente alguma coisa. Não fique assim me olhando com essa cara apavorada.

LANGLY: - (CATATÔNICO)

MULDER: - Acho melhor você tomar uma cerveja...

Mulder leva a mão pra dentro da geladeira sem olhar. Retira a cerveja.

MULDER: - Quer um copo?

LANGLY: - (CATATÔNICO, EM CHOQUE)

MULDER: - É... Acho melhor te dar um copo. Você tá precisando...

Mulder vai até o armário. Abre o armário.

MULDER: - Copos... Copos...

A mão descarnada sai pra fora do armário entregando um copo. Mulder sorri.

MULDER: - Obrigado.

Mulder vira-se pra Langly.

MULDER: - Langly, você deve ficar calmo e... (PÂNICO) Obrigado?

Mulder vira-se lentamente para o armário. A mão puxa a porta do armário o fechando por dentro. Mulder põe a mão na boca segurando o grito, derrubando o copo no chão. Langly continua catatônico. Mulder olha pra ele. Então olha pra geladeira. Arregala os olhos. Uma fumaça sinistra sai de dentro da geladeira. Mulder vai se afastando de costas em direção à porta, sem desgrudar os olhos da geladeira.

MULDER: - Langly... Vamos sair daqui bem devagar. Não grite... Não podemos chamar a atenção da Scully...

LANGLY: - ...

MULDER: - Langly, está me ouvindo?

LANGLY: - (CATATÔNICO)

MULDER: - Langly, você está vivo pelo menos?

LANGLY: - Estou vivo sim, mas... (OLHA PRA BAIXO DA MESA JÁ FAZENDO CARA DE CHORO) Essa coisa que tá segurando a minha perna há uns cinco minutos, eu acho que não tá!

Corte.


[Som: Tema do filme The Ghost and Mr. Chicken]

Frohike abre a porta do quarto assustado, ouvindo aquela correria pela escada. Mulder e Langly passam pelo corredor, correndo feito dois tufões sem olhar pra trás. Frohike olha pra Byers.

FROHIKE: - Não sei Byers... Penso que vi Mulder e Langly passarem por aqui. Mas estavam tão brancos que acho que eram fantasmas.

BYERS: - Molhados ou sujos?

Frohike puxa a carteira.

FROHIKE: - Não deveria pagar os 10 dólares, porque o Mulder não estava incluso. Mas vou pagar. Essa é inédita!


2:12 A.M.

Trovões e relâmpagos. O vento sopra furioso lá fora, fazendo um ruído sinistro, movimentando as janelas fechadas.

As luzes da sala se apagam. Frohike começa a acender as velas.

FROHIKE: - É... Estamos no escuro novamente...

BYERS: - Fantasmas?

FROHIKE: - Acho que isso é problema de fusível... Confesso que essa festinha do Mulder tá mais agitada do que eu imaginava.

LANGLY: - (NEURÓTICO) Sem contar que os pastéis da festa dele são assassinos compulsivos! Daqui à pouco é o resto do bolo que nos ataca! Não venho mais em nenhum aniversário do Mulder!

Byers e Frohike se entreolham. Langly agarrado numa almofada, encolhido no sofá, olhando pra todos os lados.

FROHIKE: - O que será que ele tomou?

BYERS: - Água do parto. As lesões cerebrais só se manifestaram agora.

FROHIKE: - Diz isso porque não o conhece há tanto tempo quanto eu. Ele já era assim quando o conheci... (COCHICHA) Precisa conhecer a família dele... A mãe dele cria uma porca dentro de casa que atende pelo nome de Kika.

BYERS: - (INCRÉDULO) Como não me contou isso antes?

FROHIKE: - Pra evitar que você sofresse um embaraço. A Kika adora caras barbudos.

Byers passa a mão na barba, preocupado. Frohike anda de um lado pra outro.

FROHIKE: - Ainda estou intrigado com aquela aparição que desceu as escadas.

BYERS: - Um espírito... Meu Deus, nunca tinha visto isso na minha vida. Confesso que não acreditava em desencarnados que andam por aí...

LANGLY: - (NERVOSO) Parem com esse assunto!

BYERS: - Veja a parede... (BATE NA PAREDE) Atravessou a matéria, sem deixar vestígios...

FROHIKE: - (ANALISANDO COM OS OLHOS) Impressionante...

LANGLY: - Como vamos sair daqui?

BYERS: - Acho melhor darmos mais uma volta pela casa. Precisamos conseguir abrir o sótão dessa vez. Deve ter um jeito de sair... Frohike, vá por ali que eu vou por aqui.

LANGLY: - (DESESPERADO) Não vão me deixar sozinho!

FROHIKE: - Ora, 'Scooby', se está com medo venha com a gente. Vou te dar um biscoito se segurar as velas.

Langly pula do sofá, seguindo Frohike.

FROHIKE: - Segure as velas.

LANGLY: - T-tá...

FROHIKE: - Precisamos achar uma saída. Onde está o Mulder?

BYERS: - Foi trocar as calças.

Frohike e Langly vão por um lado. Byers por outro.

BYERS: - Nos encontramos no primeiro andar.

FROHIKE: - Certo.

Eles sobem as escadas em lados opostos, segurando os castiçais.

O clarão dos relâmpagos lá fora, transpassam os vidros azulados criando um claridade assustadora.


2:16 A.M.

[Som:Dracula's Theme (do filme Drácula, de Bram Stoker)]

Frohike caminha pelo corredor, segurando o castiçal. Langly atrás, agarrado na roupa dele.

Algumas luzes se aproximam pelo corredor, vindas do lado contrário. Langly arregala os olhos. Então surge Byers segurando um castiçal. Eles param em frente a um quadro.

BYERS: - Nada... Todas as janelas estão trancadas. E com certeza estarão em todos os andares como estavam antes.

A pintura do quadro de uma madame com um gato preto no colo. Os olhos da mulher se movimentam observando-os. Frohike pressente algo e vira-se. Olha pro quadro.

FROHIKE: - Que coisa mais feia! É isso que chamam de arte?

BYERS: - Não. Dizem que arte é pintar quadros com o traseiro.

FROHIKE: - Que tal tentarmos o porão? Não tentamos o porão.

LANGLY: - (GRITA APAVORADO) Porão?????

FROHIKE: - Quer gritar mais baixo seu idiota? Vai chamar a atenção da Scully.

LANGLY: - E-eu n-não v-vou ao po-porão!

FROHIKE: - Então você fica aqui, senhor Pastel.

LANGLY: - Não! Também não!

FROHIKE: - (FURIOSO) Ora seu cabeça de pudim, decida-se de uma vez porque não vou ficar aqui a noite toda sendo babá de um marmanjo!

LANGLY: - Vocês não podem fazer isso comigo! Não podem me deixar sozinho aqui.

Frohike fecha a mão e põe na frente de Langly.

FROHIKE: - Tá vendo isso aqui?

LANGLY: - O quê?

FROHIKE: - Isso.

Frohike ergue a mão e dá na cabeça dele. Langly esfrega a cabeça, fazendo beiço.

BYERS: - Ei, não pode bater assim no meu amigo!

FROHIKE: - Ah não? Tá vendo isso?

BYERS: - (RINDO) Não vou cair nessa!

Byers mete um tapa na mão de Frohike e Frohike acerta um cascudo nele. Byers se encolhe.

FROHIKE: - (IRRITADO) Vamos, seus imbecis.

LANGLY: - (EMBURRADO) Eu fico. Não vou descer lá embaixo não!

Byers entrega o castiçal pra Langly. Frohike e Byers se afastam pelo corredor.

Langly morde as unhas. Um raio faz barulho. Langly vira o rosto para a janela. Fica olhando apavorado. Sente então a mão a tocar-lhe no ombro. Langly começa a chorar.

LANGLY: - Não... Não é nada... É o espírito do Joey Ramone... (SORRI DESATINADO) Veio conversar sobre rock...

MULDER: - Langly, com quem diabos está falando?

Langly vira-se. Ao ver Mulder dá um grito.

MULDER: - Psiu! Onde estão os rapazes?

LANGLY: - Foram ao porão... Estão procurando uma saída.

MULDER: - Faz assim... Fica com a Scully. Quando entrei no quarto ela se acordou. Inventa uma desculpa e fica com ela. Mas não a deixe sair do quarto de jeito nenhum!

LANGLY: - Ma-mas...

MULDER: - Ou vem pro porão comigo.

LANGLY: - E-eu vou ficar com a Scully.

Langly segue Mulder. Mulder para na frente de um quarto. Abre a porta. Scully andando pelo quarto, observando os móveis, segurando uma vela.

MULDER: - Scully, estou tratando algumas coisas com Frohike e Byers... Mas o Langly não está se sentindo bem... Pode ficar com ele?

SCULLY: - O que houve, Langly? Parece tenso...

Mulder sai. Langly fecha a porta. Olha nervoso pra todo o lado.

SCULLY: - O que foi? Tem medo do escuro?

LANGLY: - T-tenho. E de... Tempestades.

Scully sorri. Senta-se na cama.

SCULLY: - Vem, sente-se aqui. Fique do meu lado.

Langly senta-se ao lado de Scully.

Som de um trovão.

Langly se agarra em Scully. Começa a roer as unhas.

SCULLY: - Quando eu era pequena, meu irmão Charles morria de medo de tempestades... Então eu ficava conversando com ele até o medo passar. Ele acabava dormindo...


2:45 A.M.

[Som: Gene Simmons – Haunted House]

Close do castiçal sobre a pia da cozinha. Mulder abre o trinco da porta que dá acesso ao porão. Para. Fecha e se encosta contra a porta. Olha pra eles.

MULDER: - Vocês são meus amigos?

FROHIKE: - Que tipo de pergunta é essa?

MULDER: - São ou não são?

FROHIKE: - Claro que somos.

MULDER: - Posso confiar em vocês?

FROHIKE: - Claro que pode.

MULDER: - Sabem guardar um segredo?

FROHIKE: - (IRRITADO) Mulder, o que está tentando nos dizer?

MULDER: - (DESESPERADO) Isso é oficial. Eu, Fox Mulder... Estou com medo! Eu quero a minha mãe! (PÂNICO) Não... Melhor não, ela tá morta!

FROHIKE: - Você? Com medo? Mulder você tem experiência no campo da paranormalidade! Pensei que nada mais te assustasse.

BYERS: - E você parecia tão calmo lá na sala, na frente da Scully...

Mulder cerra os dentes, se contorcendo todo, parece estar tendo um ataque. Corre até a porta da cozinha, tranca-a. Byers e Frohike observam.

MULDER: - Acham que... Dá pra escutar alguma coisa lá em cima?

FROHIKE: - Daqui? Muito improvável.

Mulder começa a gritar histérico, desesperado, arranhando e batendo na porta. Frohike e Byers se entreolham. Mulder para de gritar. Respira fundo.

MULDER: - Pronto. Me acalmei. Tava trancado na garganta há horas!

BYERS: - Isso dá sempre?

FROHIKE: - Não, só dois dias antes dele ovular.

Mulder pega Frohike pelo colarinho o empurrando pela cozinha.

MULDER: - Por que não verificou a casa antes?

FROHIKE: - Mas eu verifiquei! O cara me garantiu! Estive aqui pela tarde com Scully, nada de estranho aconteceu! Me solte, Mulder! Vá brigar com o Byers, ele é do seu tamanho! E depois não se bate num sujeito de óculos.

Byers afasta os dois.

BYERS: - Mulder... Vamos nos acalmar, ok? Precisamos ser sensatos.

MULDER: - (INCRÉDULO) Sensatos? Numa situação dessas? Vocês estão brincando com a coisa! Há fantasmas aqui! Sabem o que isso significa? Que há espíritos que não encontraram seu caminho e que estão habitando nessa casa! Coisas ruins! Mentes que não morrem, que permanecem aqui!

BYERS: - Mulder...

MULDER: - Eu não acredito! Vocês não se deram conta ainda?

FROHIKE: - Olha aqui, Mulder. Espíritos são imateriais. Não podem fazer mal ao que tem matéria!

MULDER: - Ah é? Então diga isso pra esse que está movendo um prato e...

Frohike vira-se rapidamente. Mulder o empurra pro lado e o prato se espatifa contra a parede. Frohike esbugalha os olhos. Byers fica catatônico.

MULDER: - Então? Ainda tá achando a situação engraçada?

FROHIKE: - ... Mulder... Não era bem essa surpresa de aniversário que eu queria dar pra você...

MULDER: - Tudo bem Frohike. (SORRI) Me desculpe ter gritado com você. Confesso que realmente isso foi um presente digno de Mulder. Vocês me deram um Arquivo X. Mas estamos presos aqui e precisamos sair antes que Scully descubra o que está acontecendo.

BYERS: - Telefone!

MULDER: - Não vi nenhum telefone por aqui.

FROHIKE: - Como não pensamos nisso antes? Deve ter linha telefônica na casa. Se tem rede elétrica, tem que ter telefone.

MULDER: - Droga! Por que fui deixar meu celular no carro?

BYERS: - Temos um laptop. Podemos tentar. Mas pra isso temos que fazer os fusíveis funcionarem. Precisamos encontrar a rede telefônica. Só consigo conexão via linha.

FROHIKE: - Aposto que os fusíveis estão no porão.

Mulder abre o trinco. Desiste. Olha pra eles.

MULDER: - Assim... Vocês não têm experiência nisso. Olhem bem por onde pisam, fiquem juntos e não toquem em nada. Tentem visualizar sempre à frente, pontos fixos, limpem as mentes para não verem coisas que não estão ali. Se perceberem com o canto do olho alguma coisa se movendo, virem-se rapidamente. Boca fechada, olhos, ouvidos e sexto sentido abertos. Entenderam?

Os dois afirmam com a cabeça.

MULDER: - Ótimo... Merda, nenhum de vocês tem uma lanterna? Velas se apagam facilmente.

FROHIKE: - Acho que tenho na minha mochila. Esperem aqui.

Frohike sai da cozinha.

MULDER: - Lá vai o Frohike, vulgo 'Gato Felix' atrás da sua sacola mágica... Eu deveria ter trazido a minha...

BYERS: - Mulder... Como vamos nos livrar dessa coisa?

MULDER: - Primeiramente, Byers, temos que saber o que é essa coisa. Se for uma.

BYERS: - (NERVOSO) O que quer dizer com isso?

MULDER: - Podem ser várias.

Byers arregala os olhos.

MULDER: - Podia me fazer um favor? Fica com a Scully. Pode acontecer alguma coisa. Não confio no Langly. A essa altura deve estar precisando trocar as fraldas...

BYERS: - Mas não foi o Langly que... Trocou as fraldas há poucos minutos...

MULDER: - (IRRITADO) Pode esquecer desse incidente? Eu bebi cerveja demais, foi só isso!

Mulder retira a arma do coldre e entrega pra Byers.

MULDER: - Sei que isso não adianta contra espíritos. Mas fique. Eu vou com Frohike lá embaixo.

Frohike entra na cozinha. Byers pega a arma.

MULDER: - Se Frohike e eu não subirmos em meia hora... Tente sair daqui com eles. Mas não desça ao porão.

Byers sai rapidamente da cozinha. Frohike olha pra Mulder.

FROHIKE: - Lamento.

MULDER: - Esqueça isso. Depois eu ajudo você a dar umas porradas no seu amigo mentiroso da imobiliária.

Mulder abre o trinco da porta do porão.

MULDER: - Preparado?

FROHIKE: - Sim.

MULDER: - Não deixe o medo dominá-lo. Tente ficar calmo. Eu estou calmo. Muito calmo. Completamente calmo...

FROHIKE: - Sim, mas... Eu estou nervoso.

MULDER: - Fique calmo como eu. Não fique nervoso, não fique nervoso, (GRITA NERVOSO) Não fique nervoso!

Frohike inclina cabeça, desconfiado.

MULDER: - O que foi?

FROHIKE: - Está ouvindo esse barulho?

MULDER: - Estou... São meus joelhos batendo um contra o outro...

Mulder abre a porta que faz um rangido. Um forte vento passa por eles, fazendo a roupa deles mexer-se. Os dois viram o rosto.

MULDER: - Meu Deus! Que cheiro de podre!

FROHIKE: - Mulder... Nunca diga isso aos rapazes para não queimar minha reputação, mas... Eu estou com medo. Foi um prazer conhecer você, mas nunca imaginei que morreríamos juntos.

Mulder acende a lanterna.

MULDER: - Ninguém vai morrer aqui. Sejamos machos. Muito machos... (QUASE CHORANDO) Meu Deus, nessas horas eu queria ser uma mãe de família escondida atrás do meu marido de dois metros de altura! Me lembre de voltar mulher na próxima encarnação!

FROHIKE: - Me lembre de voltar mais alto.


3:01 A.M.

Byers e Scully conversam. Langly deitado com a cabeça no colo de Scully. Está dormindo, tranquilo. Scully faz carinhos nos cabelos de Langly.

SCULLY: - Byers, eu pensei seriamente em fazer uma festinha lá em casa no batismo... Mas sinceramente, não tenho ideia do que vem pela frente. Eu já disse ao Mulder que podemos simular a morte dele, mas é só questão de tempo e vão descobrir a verdade e saírem nos caçando por aí. Sabe que eles podem. Eu preferia ficar na minha casa. Não adianta fugir. Já percebi que vou abandonar minha carreira, alguém tem que ficar com o bebê... Não confiaria meu bebê a ninguém, entende? Eu podia ficar o dia todo tomando conta da segurança dela. Sabe, eu... eu tenho me sentido confusa... Acho que passou aquela surpresa toda, estou começando a ver que a minha vida não vai mudar como a vida das outras mulheres quando têm um filho... A minha vida é mais complicada quanto a isto... Vai mudar sim, mas sempre com a sombra da insegurança de tomarem o meu bebê.

BYERS: - Concordo, Scully. Vocês podem se afastar do FBI, mas esses caras nunca os deixarão em paz. Acho que deveriam continuar na casa de vocês. Pelo menos estão perto de tudo, podem acompanhar o movimento deles... (SORRI) Mulder é esperto... Nada como esconder algo bem debaixo dos olhos... Eles estão procurando por você em todos os lugares, nem imaginam que você está ali, pertinho, na Virgínia...

SCULLY: - O único futuro que podemos visualizar agora é o nascimento do bebê. Depois, não sabemos de mais nada. Mas Mulder tem que morrer alguns dias antes do bebê nascer pra não despertar a atenção. Nisso nós fugimos do país com o bebê. Contamos com o fator 'Scully abduzida'. Eu não sei, eu... Eu confio no Mulder, mas ainda tenho medo.

BYERS: - (SORRI) Vai dar tudo certo, Scully. Dessa vez vai dar certo. Não é justo vocês perderem a vida toda. Eu acredito na família. O amor de uma família é algo muito forte.

SCULLY: - Byers... Acho que estou com sono...

Byers acorda Langly. Langly ergue-se.

BYERS: - Deixa a Scully se deitar.

Byers ajeita os travesseiros. Scully se deita. Langly se deita ao lado dela e dorme. Byers senta-se na cama e os observa dormindo. Olha pro relógio, nervoso. Verifica a arma no bolso.


3:09 A.M.

Mulder e Frohike observam o porão. Frohike segura o castiçal com velas. Mulder mira a lanterna pelo lugar. Um vento sopra, apagando as velas. Mulder olha pra Frohike.

MULDER: - Eu não disse porque preferia a lanterna? ... Olha, lá estão os fusíveis.

A lanterna começa a falhar. Mulder entra em pânico.

MULDER: - Droga... Isso também costuma acontecer!

A lanterna se apaga deixando eles na penumbra. Mulder bate com a lanterna contra a palma da mão, mas não funciona.

FROHIKE: - Não estou gostando desse lugar, Mulder.

MULDER: - Não se preocupe... Não é o coração da casa.

FROHIKE: - Como sabe disso?

MULDER: - Porque agora estou calmo. Posso perceber as coisas... Alguém está revoltado aqui dentro... Uma dor profunda...

FROHIKE: - Você vê alguma coisa que eu não vejo?

MULDER: - Não... Eu sinto... É um sentimento que eu já tive... Algo aqui o tem ainda. Está impregnado nessa casa.

Mulder vira-se. Arregala os olhos. Vê a mulher de cicatriz no rosto, sentada ao lado das escadas, numa caixa, chorando, olhando para o bebê morto em seus braços. Mulder a observa. Frohike olha pra Mulder.

FROHIKE: - O que foi?

MULDER: - Está vendo?

FROHIKE: - O quê?

MULDER: - Nada, Frohike. Encontre os fusíveis.

Frohike começa a observar o lugar. Mulder observa a mulher. Ela ergue o rosto chorando, olhando pra Mulder. Estende os braços mostrando o bebê.

MULDER: - O que quer me dizer?

Frohike olha assustado pra Mulder que conversa com as escadas.

A mulher continua chorando e mostrando o bebê. Aponta para o teto. Mulder olha pra cima.

FROHIKE: - (NERVOSO) Mulder, o que está acontecendo? Tem mais alguém aqui?

MULDER: - Nada Frohike, encontre os fusíveis. Fusíveis são o seu departamento... Eu fico com os fantasmas.

FROHIKE: - Ainda bem!

Mulder vira-se pra mulher. Ela sumiu. Frohike começa a mexer na caixa de fusíveis. Mulder olha pra todos os lados.

FROHIKE: - Sabe Mulder... Bem que desconfiei que essa casa estava arrumada demais pra uma casa velha e abandonada, sabe?

MULDER: - Quando que uma imobiliária faz isso?

FROHIKE: - Só se estão desesperados pra se livrar da casa.

MULDER: - Queriam mostrar tudo limpinho e organizado pra ninguém perceber o que se esconde por aqui... Fizeram isso comigo.

FROHIKE: - A casa na Virgínia não é boa?

MULDER: - Não, a casa é ótima. Perfeita. A vizinha ao lado é que é o problema...

FROHIKE: - Eu caí feito um idiota. Mas quem podia imaginar que casas mal assombradas existem?

MULDER: - Tá conseguindo consertar isso?

FROHIKE: - Estou quase lá.

MULDER: - (DEBOCHADO) Algumas vezes no último instante, quando você pensa que está quase lá, acaba não indo.

Silêncio de instantes. Os dois começam a rir.

MULDER: - Que aniversário... Esse vai ficar na história.

FROHIKE: - Vai mesmo... Está quase pronto...

As luzes todas se acendem. Os dois observam o lugar.

MULDER: - Que cheiro desgraçado...

FROHIKE: - Pode ser um corpo em decomposição?

MULDER: - Só senti esse cheiro uma vez...

FROHIKE: - No cemitério?

MULDER: - Não. Na sala do diretor Carter quando ele resolveu pensar...

Frohike balança a cabeça, sorrindo. Mulder anda pelo lugar. Abre a porta do incinerador. Observa.

MULDER: - Odeio incineradores... São sinistros...

Corta para o canto escuro do porão. Dois olhos vermelhos surgem os observando.


3:19 A.M.

Byers parado na porta do quarto, observa o corredor.

BYERS: - Onde vocês se meteram... Será que aconteceu alguma coisa?

Langly se aproxima por trás dele tocando-lhe o ombro. Byers leva um susto.

LANGLY: - Cadê os outros?

BYERS: - No porão.

LANGLY: - Ainda?

BYERS: - ... Acho que aconteceu alguma coisa com eles...

As luzes se apagam novamente.

[Som: Helen's Theme - Trilha sonora do filme Candyman]

Byers e Langly se entreolham.

LANGLY: - Q-Quem está tocando piano? Ninguém aqui toca piano!

BYERS: - ... Langly... Eu vou verificar.

LANGLY: - Você não vai me deixar sozinho aqui!

BYERS: - Scully está com você.

LANGLY: - Mas ela tá dormindo!

Byers acende as velas. Pega o castiçal e sai. Langly rói as unhas. Olha nervoso pra todos os lados.

SCULLY: - Langly?

Langly dá um salto. Vira-se. Vê Scully segurando uma vela acesa.

LANGLY: - Scully?

SCULLY: - (SONOLENTA) Quem está tocando?

LANGLY: - (DISFARÇA) Tocando?

SCULLY: - É.

LANGLY: - (NERVOSO) Ah... Byers. É o Byers quem está tocando.

SCULLY: - (SORRI) Não sabia que Byers tocava piano!

LANGLY: - É... Ele tá aprendendo...

SCULLY: - Vou ver.

LANGLY: - (GRITA) Não!

Scully olha pra ele, assustada. Langly disfarça.

LANGLY: - É que... o Byers fica tímido quando alguém presencia, sabe?

SCULLY: - Ah!

Corte.


[Som: Helen's Theme - Trilha sonora do filme Candyman]

Byers na escada, olhando para a sala, boquiaberto.

As teclas do piano movem-se sozinhas. Aos poucos a imagem do espectro sentado ao piano vai surgindo. Byers arregala os olhos. O espectro desaparece e a música cessa.

[Som de gritos de desespero]

Byers dá um pulo. Põe a mão no coração. Mulder e Frohike saem pela porta da cozinha correndo aos gritos. Passam pela sala e sobem as escadas.

MULDER: - Byers, sobe!

BYERS: - O quê?

FROHIKE: - Tem uma coisa estranha no porão!

MULDER: - Sobe!

Os três sobem as escadas correndo. Dão de cara com Scully. Mulder para. Frohike entra correndo num quarto. Byers com ele. Trancam a porta.

SCULLY: - Aonde vão com tanta pressa? Por que estão gritando?

MULDER: - Ratos... E-eu... Vi ratos no porão.

SCULLY: - Ratos? Mulder, desde quando você tem medo de ratos?

MULDER: - Mas eram muitos, sabe?

SCULLY: - E o que fazia no porão?

MULDER: - Ah... Hum... Os fusíveis, Scully. Fomos tentar consertar os fusíveis.

SCULLY: - Mulder... O que vocês estão aprontando?

MULDER: - Nós? (SORRI) Nada... Vamos voltar pro quarto?

SCULLY: - Estou com sede.

MULDER: - (PÂNICO) ... Bem... Tem água no banheiro...

SCULLY: - E eu queria um docinho... Desejo, sabe?

Mulder lança um olhar de pavor, mas morde a mão, tentando conter o desespero.

MULDER: - (PÂNICO) Desejo? Scully, por que você faz isso comigo? Você e Pinguinho conspiram contra mim!

Scully olha pra ele, desconfiada. Mulder disfarça.

MULDER: - Tá... E-eu... Volte pro quarto, eu busco pra você.

SCULLY: - Eu posso ir.

MULDER: - (GRITA) Não! ... É-é... Os ratos, Scully... Eles foram pra cozinha... Eu busco sua água, seu bolo... Isso é uma atitude de cavalheirismo.

Scully sorri. Volta pro quarto. Mulder olha pras escadas apavorado.

MULDER: - (INDIGNADO CONSIGO) Cavalheirismo estúpido e idiota! Como é que vou pegar aquele bolo? (PÂNICO) Voltar naquela cozinha... o porão... aquela coisa peluda e feia...

Langly se aproxima.

LANGLY: - O que houve?

MULDER: - Vem comigo. Eu não vou descer lá embaixo sozinho.

LANGLY: - Ah não, se está pensando em ir naquela cozinha novamente, estou fora! Aqueles pastéis ainda estão lá, esperando pra me atacar!

MULDER: - (DESESPERO) Scully quer bolo.

LANGLY: - (DESESPERO) Por que você não distrai a atenção dela pra outra coisa?

MULDER: - De que jeito? Vou substituir bolo pelo quê?

LANGLY: - Sei lá... Sexo é uma boa.

MULDER: - Você tá brincando né? Nem o mágico David Copperfield conseguiria erguer qualquer coisa depois do que eu vi naquele porão!

LANGLY: - ...

MULDER: - Tá bom. Se você não quer ir não vou forçá-lo. É obrigação minha mesmo, você não tem nada a ver com isso.

Mulder dá a volta.

LANGLY: - Mulder, você não vai lá embaixo!

MULDER: - Tenho opção? O que um marido não faz por uma esposa grávida?

Mulder vai descendo as escadas. Langly olha pra ele com pena. O segue.

LANGLY: - Mulder, vou com você. Se um dia me casar e tiver um filho, você me deve essa.


3:29 A.M.

[Som: Gene Simmons – Haunted House]

Mulder empurra a porta. Ergue o castiçal e ilumina a cozinha.

MULDER: - (SUSSURRA) Assim, você segura as velas, eu corro até a geladeira pego o bolo e a água e damos o fora.

LANGLY: - Combinado.

Os dois entram na cozinha. A porta do porão aberta. Mulder passa virado de frente pra porta, observando o porão com olhos assustados. Abre a geladeira de costas e vira-se pra ela rapidamente. Pega o bolo e uma garrafa de água.

MULDER: - (GRITA) Disparar!

Os dois saem correndo da cozinha.


3:32 A.M.

Mulder coloca o bolo sobre a cômoda. Olha pra Scully que está deitada.

MULDER: - (SORRI AMÁVEL) Seu bolo, mãezinha.

SCULLY: - Hum, obrigado... E onde estão a faca, o garfo e o pratinho?

MULDER: - (PÂNICO)

SCULLY: - Mulder, como acha que vou comer bolo?

MULDER: - (DESESPERADO) Que tal com a mão e a boca?

SCULLY: - ???

Scully se levanta.

SCULLY: - Vou pegar. Já abusei demais de você hoje.

MULDER: - (GRITA) Não!

SCULLY: - ???

MULDER: - E-eu... (SEGURANDO O CHORO) Eu busco.

SCULLY: - Mulder, o que está havendo com você?

MULDER: - Nada. Fica aqui que eu já volto. Aproveita e me diz: quer mais alguma coisa? Como catchup e mostarda...

SCULLY: - Não.

Mulder sai. Scully passa o dedo no glacê e lambe.


Corta para o quarto dos Pistoleiros. Byers abre a porta. Mulder entra. Olha pra Langly.

MULDER: - Esquecemos dos talheres e do prato.

LANGLY: - Que mulher chata que você tem!

MULDER: - Não fala assim da Scully! Ela não é chata. Se ela soubesse o que está acontecendo, jamais me pediria isso. E mesmo que pedisse eu faria.

LANGLY: - Ah amor, cego, burro e surdo.

BYERS: - Mulder, agora realmente estou preocupado.

MULDER: - Preciso ir ao banheiro... Antes que aconteça um novo desastre... Alguém tem um calmante?

LANGLY: - Frohike está no banho.

Mulder entra no banheiro. Abre a torneira da pia. Lava o rosto, olhando-se no espelho.

MULDER: - Meu Deus, que festa de aniversário! A culpa toda foi dos penetras! Os convidados da festa estavam se divertindo até eles chegarem!

Mulder vira-se. Frohike sai do chuveiro. Mulder faz uma cara de pânico e dá um grito recuando. Respira aliviado.

MULDER: - Pelo amor de Deus! Mas essa imagem é mais assustadora do que aquela coisa que vimos no porão!

FROHIKE: - (DEBOCHADO) Muito engraçado, Mulder.

Frohike se enrola na toalha, olhando contrariado pra Mulder. Os dois vão pro quarto.

MULDER: - Preciso de alguém pra descer comigo.

FROHIKE: - Se me deixar colocar a roupa eu vou.

Frohike começa a se vestir.

BYERS: - O que viram lá embaixo? O que tinha no porão?

MULDER: - Não sei. Nunca vi nada parecido com aquilo. Tinha olhos vermelhos enormes, pés enormes, era peludo, tinha forma humanoide...

LANGLY: - Por que foi tomar banho?

FROHIKE: - Aconteceu um imprevisto...

Langly segura o riso.

FROHIKE: - Olha aqui ô imbecil, você teria feito é sujeira nas calças se tivesse visto aquela coisa medonha!

LANGLY: - É... O Mulder abriu o precedente das fraldas por aqui...

MULDER: - Olha, vamos parar, tá legal? Todos aqui estão com medo.

LANGLY: - Menos a Scully... Que inveja! Queria estar grávido também.


Corta para o quarto ao lado. Scully suspira. Levanta-se da cama e veste um robe branco. Pega o castiçal. Abre a porta e sai.


Corta pro quarto dos Pistoleiros.

MULDER: - Logo vai amanhecer e vamos pelo menos ter luz por aqui.

BYERS: - Não acharam os fusíveis?

MULDER: - Consertamos. Mas alguma coisa por aqui prefere o escuro. Vamos fazer assim, ok? Eu e Frohike vamos pegar o que Scully pediu. Quando voltarmos, nos trancamos em nossos quartos. Só saímos quando tiver amanhecido. Geralmente essas coisas atacam no escuro, não durante o dia.

FROHIKE: - E então nós tentamos sair daqui de algum jeito.

BYERS: - Eu verifiquei todos os lugares, mas não há conexão telefônica na casa. Não temos onde conectar o laptop.

MULDER: - É, não temos outra alternativa senão esperar o amanhecer.

Frohike abre a porta.

FROHIKE: - Vamos Mulder, antes que Scully resolva descer.

Os dois saem, levando um castiçal.


3:58 A.M.

[Som: Gene Simmons – Haunted House]

Mulder e Frohike se aproximam sorrateiramente da cozinha.

MULDER: - Assim: Vou pegar os talheres e abrir aquele armário com todo o cuidado, porque tem alguma coisa lá dentro. Você segura as velas. Pego tudo e saímos correndo. Funcionou antes. Combinado?

FROHIKE: - Combinado.

Mulder empurra a porta. Dá de cara com o vulto branco segurando o castiçal. Mulder grita histericamente. Frohike grita junto. Scully deixa o prato cair no chão, assustada.

SCULLY: - (FURIOSA) Querem me matar? Por que estão gritando desse jeito?

Mulder e Frohike se contêm. Scully põe a mão no peito.

MULDER: - (INDIGNADO) O que você está fazendo aqui? Eu não disse pra ficar no quarto?

SCULLY: - (IRRITADA) Você desapareceu! E depois, por que está me mantendo em cativeiro?

MULDER: - Cativeiro?

SCULLY: - É, cativeiro sim! Malucos! Agora vou ter que limpar isso.

MULDER: - Não, você vai voltar lá pra cima agora... Vou pegar um prato.

Mulder caminha até o armário. Abre a porta. A mão surge tentando agarrá-lo. Mulder fecha o armário em pânico, mas tranca o braço da criatura na porta. Vira-se de costas, disfarçando num sorriso nervoso. Scully olha pra ele.

SCULLY: - O que foi?

MULDER: - (SORRI/ NERVOSO) Nada.

A mão da criatura agarra o colarinho da camisa de Mulder. Começa a puxá-lo. Mulder inclina o pescoço pra trás, pressionando a mão da criatura. Scully olha pra ele.

SCULLY: - Por que não pega esse prato de uma vez?

MULDER: - Tá.

SCULLY: - Mulder, porque está com o pescoço desse jeito?

MULDER: - Torcicolo...

SCULLY: - Então pegue o prato e vamos subir.

MULDER: - É que...

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder!

MULDER: - Tem baratas aqui, Scully. Tá cheio de baratas... Acho melhor você não usar esses pratos.

Frohike aproxima-se de Mulder e percebe o braço da criatura. Recua. Pega Scully pelo braço.

FROHIKE: - Scully, vamos subir, você já tem seu garfo e faca... Não é bom pra você caminhar no escuro por aí, pode acabar se machucando. Imagina se leva um tombo? Não queremos que isso aconteça, não é mesmo?

Scully alterna o olhar entre Frohike e Mulder, que calado, só afirma com a cabeça, sorrindo.

SCULLY: - Está bem. Vamos Mulder?

MULDER: - E-eu vou subir depois... Tô com sede.

SCULLY: - (IRRITADA) Agora entendi, Fox Mulder! Se chegar lá em cima entupido de álcool eu te ponho pra fora da cama a chutes! Baratas... Esse armário deve estar cheio é de uísque! Junta você com Langly e eu nem sei quem aguenta beber mais! Mulder, e eu sinceramente espero que seja só uísque. Porque se você chegar lá em cima vendo gnomos pendurados no lustre, eu juro que te chuto pela janela fechada e tudo! E meto bala no Langly, aquele retardado!!!

MULDER: - (PÂNICO) Credo, Scully! Eu não sou dessas coisas. Parece que não me conhece.

SCULLY: - Sobe comigo Frohike?

FROHIKE: - (OLHA PRA MULDER) B-bem...

MULDER: - Vá com ela Frohike...

Frohike olha pra Mulder.

FROHIKE: - Tem certeza?

MULDER: - Absoluta!

Frohike sai com Scully. Mulder vira-se, ainda pressionando o armário. Bate várias vezes com a porta do armário contra o braço da criatura.

MULDER: - Morre desgraçado! Seu filho de uma mãe! Sorte sua que não estou com a minha arma!

A criatura consegue encolher o braço pra dentro do armário. Mulder fecha a porta. O suor escorre do rosto. Respiração ofegante. Mulder vira-se pra porta do porão. Arregala os olhos.

Corte.


[Som: Gene Simmons – Haunted House]

Mulder sai correndo da cozinha, tropeçando pelos móveis, gritando em pânico. Sobe as escadas num risco, toma o corredor e entra no quarto, trancando a porta. Escora-se com as costas na porta, suando, respirando descompassadamente. Scully tranquilamente comendo bolo.

SCULLY: - O que houve com você?

MULDER: - (OFEGANTE) ...

SCULLY: - Mulder está bem?

Mulder busca ar que não tem nos pulmões. Scully se levanta assustada.

SCULLY: - Mulder?

Mulder tenta falar, mas só puxa o ar pela boca, em pânico, soltando grunhidos. Scully põe a mão na testa dele.

SCULLY: - Encontrou mais baratas? Ai, tadinho, eu sei que você tem pavor de baratas! Vem, senta na cama, relaxa, tenta equilibrar a respiração.

Mulder senta-se. Scully senta-se ao lado dele.

SCULLY: - Assim, faz beicinho... Como eu faço no lamaze... imitando peixinho... desculpe pensar que era uísque... acredito que eram baratas mesmo.

Mulder começa a fazer beicinho. Scully põe a mão na barriga dele.

SCULLY: - Isso... Controle a respiração... Assim... Isso... Cada vez mais calmo... Calmo...

Mulder vai relaxando até cair deitado. Scully deita-se de lado, ajeitando a franja de Mulder.

SCULLY: - Acho que você e os rapazes estão se divertindo... Mas não estão bebendo demais?

MULDER: - ... Scully... Eu devia era ter bebido... Boa ideia!

SCULLY: - ???

MULDER: - Vamos dormir?

Scully sorri. Os dois se ajeitam na cama. Scully puxa o edredom sobre eles. Mulder recosta-se nela, olhos arregalados. Scully o beija na testa. Faz carinhos nele. Fecha os olhos. Mulder permanece com os olhos arregalados observando tudo ao redor.


4:12 A.M.

Mulder dormindo. Scully dormindo de costas pra ele. Mulder com a perna por cima dela, agarrado em Scully. Ainda dormindo começa a beijá-la. Scully sorri dormindo. Mulder desce os lábios pelo pescoço dela e a mão pelos quadris dela, acariciando-a. Para. Continua dormindo. Então se vira na cama. Abre os olhos. Faz cara de pânico. Langly deitado do lado dele, olhando pra ele. Os dois começam a cochichar.

LANGLY: - Realmente, mas até dormindo?? Vocês não cansam nunca? Pobre dessa criança!

MULDER: - (INDIGNADO) Cala a boca! O que está fazendo aqui na minha cama?

LANGLY: - (APAVORADO) Eu tô com medo!

MULDER: - Sai daqui!

LANGLY: - Frohike me expulsou do quarto!

MULDER: - Eu vou falar com ele.


4:27 A.M.

Byers cochila sentado na cama. Frohike deitado na cama, observa o teto do quarto. Mulder sentado no sofá. Langly com ele.

MULDER: - Precisamos fazer o tempo passar depressa ou vamos acabar tendo um enfarte!

FROHIKE: - Como está a nova vida de vocês?

MULDER: - Tirando os problemas que vocês sabem... Mal vejo a hora de acabar com isso tudo.

FROHIKE: - Já pensou em como vai simular sua morte?

MULDER: - Pensei. E preciso da ajuda de vocês pra cremar o corpo antes da notícia correr.

LANGLY: - (ASSUSTADO) Mulder... Que corpo?

MULDER: - Eu arranjo um... Não se preocupem.

Os dois olham assustados pra Mulder. Mulder olha pra eles.

MULDER: - Ei, pelo amor de Deus! O que estão pensando? Tem cadáveres de indigentes por aí, não é difícil um agente federal ter acesso a eles!

Os dois respiram mais calmos. Frohike boceja.

FROHIKE: - Já perceberam que parece que aqui em cima é mais calmo?

MULDER: - Exatamente... A coisa é lá embaixo mesmo... Ainda bem que a Scully tá com sono hoje...

FROHIKE: - Ela não dorme à noite?

MULDER: - Acorda toda a hora pra ir ao banheiro. Mas hoje pra ajudar não... Acho que Pinguinho tem algo a ver com isso.

Eles sorriem. Mulder levanta-se.

MULDER: - Estou sem sono. Durmam vocês. Vou ficar vigiando. Tem uma sala do outro lado do corredor, parece uma biblioteca. Vou ficar por lá. Trouxe um livro que eu deveria estar lendo.

LANGLY: - Vou com você. Também não consigo dormir. A imagem daqueles pastéis ainda me perturba... Juro que nunca mais como pastel na minha vida!


4:36 A.M.

[Som: Out Of Time - Ramones]

Langly sentado no sofá, batucando nas pernas pra se distrair. Mulder sentado ao lado dele, lendo um livro. Acompanha o ritmo da música batendo com o pé no chão.

MULDER: - Cheguei no capítulo!

LANGLY: - Até que enfim... O que diz aí?

MULDER: - Tem interesse nesse assunto?

LANGLY: - Ah nunca se sabe quando pode se precisar desse tipo de conhecimento.

MULDER: - Ok... Capítulo 5: Como Trocar a Fralda do Bebê... Em primeiro lugar limpe o bumbum do bebê e em seguida passe um creme protetor... É necessário manter a mãos limpas para evitar qualquer tipo de contato indesejável com a pele do bebê.

LANGLY: - Esse contato indesejável é o seu com o bebê ou de algum elemento estranho na fralda do bebê com você?

MULDER: - Para facilitar a troca de fraldas deve-se manter todos os itens à serem utilizados num só lugar.

LANGLY: - Itens??

MULDER: - É. Trocar fralda deve ser considerado uma espécie de ritual... Itens necessários: Algodão: compre um rolo e deixe os chumaços separados antes de usar...

LANGLY: - Algodão? Pra quê?

MULDER: - Sei lá... Toalhinhas: para limpar fezes e secar o bumbum do bebê...

LANGLY: - Tarefa ingrata...

MULDER: - Tigela com água morna: o algodão e água morna é a maneira mais adequada de se fazer a higiene do bumbum da criança... Hum... Descobrimos pra que serve o algodão.

LANGLY: - Então deveria estar logo acima do item tigela com água morna.

MULDER: - ... Creme protetor: pode ser um creme indicado pelo pediatra ou óleo de amêndoas doces... Deve ser pra prevenir assaduras... Lenços umedecidos: é útil para limpar o bumbum do bebê quando você estiver fora de casa... Fraldas... Ahn! Principalmente isso!

LANGLY: - Até que enfim. Pensei que tinham se esquecido das fraldas na troca de fraldas... Quem escreveu esse livro? Ele não é prático e sintético!

MULDER: - Uma mulher, o que você queria com tanta frescura? Daqui à pouco vai dizer que tem que trocar o bebê sempre em cima de uma toalhinha de bichinhos bordados...

LANGLY: - Tá, até agora ela falou dos ingredientes. E a receita pra fazer o bolo?

MULDER: - Tá aqui no sub-item... Troca de fraldas passo-a-passo... Um. Abra a fralda com as fitas adesivas na parte de cima.

Os dois se olham incrédulos.

MULDER: - Estão menosprezando a inteligência masculina... É claro que as fitas com a parte adesiva ficam pra cima!

LANGLY: - E depois?

MULDER: - Levante o bebê pelos calcanhares com um dedo entre eles e coloque a fralda embaixo com a borda de cima na linha da cintura... Dois. Levante a parte da frente, com o pênis do menino voltado para baixo, para não urinar para cima e estique bem a fralda sobre a barriga do bebê... E se for menina???

LANGLY: - Não diz?

MULDER: - Não. (FRUSTRADO) Aqui só ensina a trocar fralda de meninos? E se for menina?

LANGLY: - Olha Mulder, eu tô achando que é a mesma coisa. Com a diferença que se for menina você não corre o risco de levar uma mijada na cara.

MULDER: - Três. Segure uma ponta na posição certa e, com a outra mão tire a proteção da fita e cole-a paralela à borda da fralda, na parte da frente... Quatro. Faça o mesmo procedimento do outro lado, verificando se a fralda está firme em torno das pernas do bebê.

LANGLY: - (DEBOCHADO) Que explicação imbecil! Vai ver que você só vai prender de um lado e deixar o outro solto... Mulheres...

MULDER: - Cinco. A fralda deve ficar ajustada na cintura do bebê com uma folga de apenas um dedo... Sinto muito, mas acho que vou deixar as fraldas com a Scully. Isso aqui é complicado demais pro meu cérebro!


5:11 A.M.

Scully sai do quarto, segurando o castiçal. Observa o corredor.

SCULLY: - Mulder?

O corredor completamente escuro. Scully suspira, erguendo os ombros. Caminha em direção às escadas. Olha lá pra baixo. Completa penumbra. Olha pras escadas acima. Percebe a luz de uma vela que se movimenta, subindo para o andar superior.

SCULLY: - Mulder?

Scully ergue com uma das mãos o robe. Sobe as escadas em direção a luz da vela.


5:16 A.M.

Mulder levanta-se do sofá.

MULDER: - Vou dar uma espiada na Scully e já volto.

LANGLY: - Tá.

Mulder sai da biblioteca. Langly observa tudo com medo.

LANGLY: - (TENSO) Eu não estou com medo... Não estou com medo.

Os livros começam a voar das prateleiras. Uma risada sinistra ecoa pelo ambiente. Langly dá um salto e sai correndo, tomando o corredor e esbarrando em Mulder. Mulder em pânico.

LANGLY: - Você não vai acreditar no que acaba de acontecer...

MULDER: - Nem você. Scully sumiu!

LANGLY: - O quê?

MULDER: - (DESESPERADO) Scully sumiu!


5:19 A.M.

Scully anda pelo escuro corredor, erguendo o castiçal para ver o caminho.

SCULLY: - Mulder? Frohike? Langly? Byers?

Nenhuma resposta. Scully continua caminhando. Percebe a luz que sai por debaixo de uma porta. Para em frente à porta. Abre-a. A porta range. Scully olha pra dentro.

A bonita sala decorada, poltronas de veludo e a lareira acesa. Scully entra.

SCULLY: - Mulder? Você está aí?

Nenhuma resposta. Scully aproxima-se da lareira. Passa a mão sobre os tijolos.

SCULLY: - Nossa! Que lareira mais linda! Queria ter uma assim lá em casa.

Scully observa o quadro sobre a lareira, de um velho general. Olha para os candelabros envelhecidos pelo tempo. Olha para a caixinha de música. Sorri. Abre-a.

A melodia triste entoa pelo ambiente. Scully fecha os olhos se embalando na musiquinha. Então leva a mão até a caixinha para pegá-la. Mas a caixinha não se move. Scully desconfia. Começa a puxá-la.

SCULLY: - (IRRITADA) Por que essa coisa tá colada aqui???

Scully larga o castiçal sobre a lareira e começa a puxar a caixinha com as duas mãos.

SCULLY: - (INDIGNADA) Vai sair sim, porque eu sou curiosa! Sai! Sai!

Scully puxa com força até ouvir um som de 'click'. Scully, assustada, ergue os braços largando a caixinha. A parte do assoalho em que está a lareira começa a se mover com a lareira, abrindo uma passagem secreta, por onde Scully some.

Não há mais lareira nem Scully. Apenas uma parede com um quadro de uma figura sinistra parecida com o demônio.


5:26 A.M.

Mulder, segurando a arma, sobe as escadas ao lado de Langly. Frohike e Byers olham pra eles.

MULDER: - (TENSO) Nada lá embaixo.

FROHIKE: - Nem aqui. Desceram ao porão?

MULDER: - Desci. Mas a coisa não estava mais lá...

Mulder olha pra cima.

MULDER: - O que há lá em cima?

FROHIKE: - Quartos. Mais um andar de quartos e salas iguais a este.

BYERS: - E o sótão. Mas não conseguimos abrir a porta do sótão, estava emperrada.

MULDER: - Vamos subir. É o sótão! Era isso o que a mulher estava tentando me dizer!

LANGLY: - Q-que mulher?

Mulder sobe as escadas rapidamente, nervoso. Os Pistoleiros o seguem.

MULDER: - Ela não pode ter desaparecido assim!

LANGLY: - Mulder, nós vamos encontrá-la.

MULDER: - Droga! Eu sou um péssimo marido, eu devia ter ficado ao lado dela!

FROHIKE: - Mulder...

MULDER: - Se algo acontecer com a Scully e com a minha filha vocês vão sair daqui sozinhos! Eu só saio num caixão!

Frohike olha pra ele.

FROHIKE: - Mulder, tenta se acalmar... Quando você fica calmo consegue usar seus dons paranormais! E agora precisamos deles pra salvar Scully.

Mulder respira fundo.

MULDER: - Eu vou me acalmar.

Eles param no início do corredor sombrio. Mulder fecha os olhos. Os Pistoleiros olham pra ele. Mulder permanece de olhos fechados.

MULDER: - Estranho...

FROHIKE: - O que é estranho?

BYERS: - O que está sentindo Mulder?

MULDER: - Nada... Não tem nada aqui. Do primeiro andar pra baixo as sensações aparecem, mas aqui não há sensações...

LANGLY: - Tá dizendo que este andar não tem fantasmas?

MULDER: - Isso mesmo.

FROHIKE: - Então vamos pro sótão. Aquela coisa do porão pode ter pego Scully e a levado pro sótão.

LANGLY: - Tem uma luz no fim do corredor... Estão vendo?

Mulder sai correndo desesperado. Abre a porta da sala. Observa tudo. Os Pistoleiros se aproximam.

MULDER: - (FRUSTRADO) Nada. Mas como essa sala tem luz se não há luz no resto da casa?

Som de um lobo uivando. Os quatro levam um susto. Começam a rir. Menos Langly que arregala os olhos olhando pro corredor.

MULDER: - Acho que assistimos demais 'Uma noite alucinante'...

LANGLY: - Mu-Mulder...

Todos olham pra Langly.

LANGLY: - Por acaso a coisa que você e Frohike viram no porão... Têm olhos vermelhos, uns dois metros de altura e rosto indefinido?

MULDER: - Sim. Por quê?

LANGLY: - Porque ela tá vindo na nossa direção!

FROHIKE: - Ai minha bexiga!

Corte.


[Som: Gene Simmons – Haunted House]

A câmera focaliza apenas o corredor. Mulder e Frohike saem por uma porta aos gritos, atravessando o corredor e entrando em outra porta. Byers e Langly saem desesperados de outra porta atravessando o corredor e entrando em outro cômodo. Eles passam um pelos outros correndo aos gritos, completamente histéricos, entrando e saindo de portas.


5:43 A.M.

Os quatro em frente à porta do sótão. Sem coragem de mexer na maçaneta.

BYERS: - Acho que vamos ter que arrombar. Está trancada, eu já verifiquei quando subi aqui.

MULDER: - Não entendo... Minha paranormalidade nunca falhou...

FROHIKE: - Está nervoso, Mulder. Por isso não consegue se sintonizar com o 'além'.

Langly olha irritado pra Frohike.

LANGLY: - Poderia fazer o favor de evitar certos termos em nome da saúde cardíaca deste amigo que vos fala???

Mulder leva a mão à maçaneta. Gira-a. Empurra a porta. Eles se olham surpresos.

MULDER: - Está aberta.

BYERS: - Mas antes estava trancada...

FROHIKE: - Então... Alguma coisa abriu essa porta...

Mulder puxa a arma. Chuta a porta com força. Scully sentada num sofá, observando o biombo atrás dela, dá um grito. Os Pistoleiros olham pra ela, incrédulos. Mulder faz uma fisionomia entre choro e riso. Seca as lágrimas, emocionado.

SCULLY: - (FURIOSA) Mulder, seu imbecil! Vai acabar antecipando o nascimento do bebê!

Mulder se abraça nela, chorando, enchendo ela de beijos pelo rosto. Scully tenta se esquivar, não entendendo nada.

SCULLY: - (INDIGNADA) Para, Mulder, o que há com você? Me solta!

MULDER: - (CHORANDO/RINDO) Eu amo você!

SCULLY: - Eu sei, mas para... Olha os seus amigos aqui...

LANGLY: - Ele está feliz por ver você Scully.

SCULLY: - Mas ele me vê todo o dia!

Mulder continua beijando-a. Scully vai empurrando-o sem sucesso.

SCULLY: - (INDIGNADA) Mulder, você vai ir ao médico, não anda batendo bem da sua cachola e... Sai, me solta, Mulder!

MULDER: - (RINDO E CHORANDO) Pode brigar, pode brigar, briga comigo, briga! Me bate, me chama de cretino e de cachorro, eu busco mais bolo pra você...

Scully consegue se soltar. Arruma o robe. Olha atravessado pra Mulder.

SCULLY: - O que vocês andaram tomando? Hein?

Scully senta-se no sofá. Mulder senta-se ao lado dela, olhando apaixonado. Scully olha pra ele, cerrando as sobrancelhas.

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, você está mais estranho do que de costume e isso está me irritando!

MULDER: - Como é bom ouvir sua voz.

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder! Mulder, seja sincero comigo. Você andou usando drogas?

MULDER: - (SUSPIRA FELIZ) ...

Os Pistoleiros riem. Saem de fininho. Mulder abraça-se em Scully.


6:09 A.M.

Mulder e Scully sentados no sofá, ainda no sótão. Os pistoleiros entram. Byers segura o laptop.

MULDER: - O que vai fazer com isso?

BYERS: - Enquanto vocês brigavam se amando, percebi uma saída para telefone na parede.

Scully olha pra Byers, enquanto ele tenta conectar o fio à tomada.

SCULLY: - Por que usa linha telefônica?

BYERS: - Porque essa droga só aceita linha telefônica. Não consigo outro tipo de conexão. Se tivesse as ferramentas certas, tinha dado um jeito...

SCULLY: - E quer falar com quem às 6 da manhã?

Eles ficam quietos. Scully olha pra eles.

SCULLY: - Entendi! Agora entendi!

Eles olham assustados pra ela.

SCULLY: - Vocês passaram a noite toda tentando concertar o dispositivo das portas e janelas e não conseguiram. Estão tentando chamar os bombeiros. Por isso estão nervosos e estranhos!

Mulder respira aliviado.

MULDER: - É... É isso mesmo, Scully.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Scully me disse que chegou até aqui em cima por uma passagem secreta. Isso está me incomodando!

FROHIKE: - Passagem secreta?

LANGLY: - Uau! Essa casa é uma caixinha de surpresas!

MULDER: - É, muito obrigado pela caixinha de surpresas que me deram no meu aniversário. Foi a festa mais agitada que já tive.

BYERS: - Já está amanhecendo...

LANGLY: - Isso me soa como consolo.

MULDER: - Tem alguma coisa errada aqui.

BYERS: - O que é Mulder?

MULDER: - Estou tendo... (COCHICHA) aquelas sensações estranhas aqui em cima. Tem uma presença forte por aqui...

Eles se entreolham. Langly corre e tranca a porta. Byers tenta conectar.

BYERS: - Torçam pra dar certo.

Mulder senta-se nervoso, observando Byers. Frohike e Langly ao redor deles. Scully, despreocupada, lixando as unhas no sofá.

SCULLY: - Não sei porque tanto nervosismo. Estamos presos numa casa. Se fosse num elevador... (SUSPIRA) Ainda bem que não é um elevador! Elevadores não têm banheiros e ultimamente lugares que não tem banheiro me causam pânico.

BYERS: - Não consigo.

Langly o empurra.

LANGLY: - Sai, me deixa tentar.

Langly senta-se de frente para o laptop.

LANGLY: - Vamos coisinha, funciona... Não nos deixe mal...

SCULLY: - Tá vendo? Se não tivessem tanta implicância e paranoia com o Bill Gates... O sistema dele funciona melhor.

LANGLY: - O sistema dele é suspeito.

SCULLY: - Por quê?

BYERS: - Você sabe o que seu computador faz enquanto passa um scandisk?

FROHIKE: - Conhece todos aqueles arquivos com nomes estranhos?

LANGLY: - E por que você tem que fazer atualizações do produto? Sabe o que acontece enquanto está fazendo isso? Pode garantir que não estão checando seus arquivos?

Scully olha pra eles assustada.

SCULLY: - Vocês me dão medo!

LANGLY: - Nada... Acusa que não tem linha.

Eles se separam, um pra cada lado, frustrados. Mulder senta-se ao lado de Scully. Scully continua a lixar as unhas.

SCULLY: - Vou fazer macarrão no almoço. Eu trouxe comida, pretendia ficar aqui com Mulder...

LANGLY: - Almoço??? Pretendo não ficar aqui pro almoço!

SCULLY: - Ah, relaxem. Se não conseguirem, passamos mais uma noite aqui. Essa casa é tão tranquila...

Os quatro se entreolham em desespero.

MULDER: - (PÂNICO) Scully, me faz um favor? Lixe as suas unhas aí, tá legal?

SCULLY: - Grosso! Estúpido!

Mulder envolve o braço nela. Scully solta a lixa.

SCULLY: - Só vou desculpar porque é seu aniversário.

Mulder observa o velho baú no canto do sótão. Levanta-se curioso. Agacha-se na frente do baú. Tenta abrir, mas tem um cadeado enorme, envelhecido pelo tempo. Scully o observa.

SCULLY: - Mulder, o que quer aí? É falta de educação mexer em objetos alheios.

MULDER: - Alguém tem alguma coisa pra abrir isso?

SCULLY: - Mulder, aí deve ter o chapéu da vovó e as traças.

Mulder levanta-se. Procura alguma coisa com os olhos. Byers olha pra ele.

BYERS: - Tenho uma chave de fenda no bolso. Se quiser...

MULDER: - Serve.

Byers entrega pra Mulder. Mulder tenta forçar o cadeado com força. Consegue arrebentá-lo. Mulder tira o cadeado. Abre o baú. Olha incrédulo para a porção de ossinhos pequenos, de um bebê. Mulder põe a mão nos lábios. Olha para o canto da sala, onde o espectro da mulher atravessa a parede sem que ninguém ali perceba.

SCULLY: -Mulder o que tem aí dentro?

Mulder fecha o baú. Coloca o cadeado.

MULDER: - Nada. Só o chapéu da vovó. Roupas velhas e traças.


6:38 A.M.

Mulder e os Pistoleiros nervosos, andando de um lado pra outro. Scully, despreocupada, sentada no sofá, fazendo carinhos na barriga.

[Som de um galo cantando]

As janelas se abrem rapidamente, deixando o sol entrar. Mulder e os Pistoleiros se entreolham num sorriso, correndo pra janela.

MULDER: - Livres!!!!!!!!!!!!!

Scully olha pra Mulder como se visse um doido.

SCULLY: - Pobrezinho do meu marido...

MULDER: - Acabou.

SCULLY: - Acabou o quê?

FROHIKE: - Essa festa.

Os dois olham pra ele.

FROHIKE: - É, o Mulder tava doido pra voltar pra casa.

Scully vira-se pra ele.

SCULLY: - Sério? Por quê?

MULDER: - ... Por você.

Scully dá um beijo nele. Levanta-se.

SCULLY: - Ok, crianças, então vamos embora. Pelo menos vocês se divertiram bastante.

Os quatro se entreolham em pânico.

Corte.


Mulder tenta abrir a porta da frente. Desiste. Olha em pânico pra eles.

MULDER: - Não abre.

Langly se desespera. Agarra a maçaneta da porta e coloca o pé contra a porta, tentando abri-la desesperado, aos gritos. Scully olha pra ele assustada.

LANGLY: - Eu não vou ficar aqui dentro, me deixa sair! Me deixa sair! Me deixa sair!!!!!!!!!!!

SCULLY: - O que está havendo com Langly?

FROHIKE: - Viagem ruim?

Byers puxa Langly. Langly se abraça nele, quase chorando.

LANGLY: - Nós vamos morrer! Nós vamos morrer!

Scully abre a boca, mas cala-se. Frohike senta-se no sofá, desanimado. Mulder puxa a arma, tomado de ódio.

MULDER: - Saiam da frente.

SCULLY: - Mulder o que pensa que vai fazer...

Mulder começa a disparar na fechadura. Scully grita assustada. Mulder guarda a arma e tenta abrir a porta. Não consegue. Mulder vira-se pra eles.

MULDER: - (PÂNICO) Eu estou começando a passar mal...

SCULLY: - Pra que atirar na porta desse jeito, Mulder! Parece um bárbaro! Como você é esquentado e nervosinho! Vamos ter que ressarcir os danos! Que mania que você tem de destruir o que é dos outros!

As janelas, por onde passa o sol, se fecham novamente. Eles ficam quietos. Langly se agarra em Byers. Scully fica séria, observando. As janelas se abrem novamente. Mas agora está escuro como noite. Scully esfrega os olhos. Mulder aproxima-se da janela, tentando erguer o vidro, mas não consegue. Põe as mãos contra o vidro, olhando pro céu estrelado. Mexe a cabeça em negação.

MULDER: - Não... Não pode ser noite, é dia... Eu não acredito nisso...

BYERS: - Tenho uma teoria. Estamos perdidos numa falha temporal.

Frohike suspira. Langly senta-se no sofá, colocando as mãos no rosto. Scully olha pra eles, desconfiada. Mulder suspira desanimado.

[Som: Helen's Theme - Trilha sonora do filme Candyman]

Scully dá um pulo. Vira-se pro piano que toca sozinho. Arregala os olhos. O piano para. Scully olha pra eles, furiosa.

SCULLY: - Quero saber agora o que está acontecendo aqui!

Os quatro olham pra ela.

SCULLY: - (IRRITADA) Agora! Quem vai ser o primeiro a falar? Hein?


7:16 A.M.

Scully olha pra Mulder, enquanto derruba lágrimas e segura as mãos dele.

SCULLY: - Você... fez isso... por mim?

Ele afirma com a cabeça, num estado de nervos. Scully olha pra eles.

SCULLY: - Pobrezinhos... E eu... Eu nem desconfiava que... Meu Deus, que noite terrível pra vocês!

Scully se levanta.

SCULLY: - Nós vamos encontrar um jeito de sair daqui. Agora.

MULDER: - Como? Já verificamos tudo, não há saída.

As janelas se fecham.

Som de uma risada sinistra.

Scully se abraça em Mulder. As janelas se abrem novamente mostrando o dia lá fora.

Eles se entreolham. A porta da frente abre-se lentamente. Eles observam incrédulos. Mulder levanta-se. Caminha até a porta. Vira-se de costas pra porta e olha pros Pistoleiros. Sorri quase chorando.

MULDER: - Estamos livres! Livres!

Mulder vira-se pra porta e dá de cara com a enorme criatura peluda de olhos vermelhos. Mulder revira os olhos e cai desmaiado. Scully levanta-se assustada e socorre Mulder.

SCULLY: - Mulder, Mulder fala comigo... Mulder...

Os Pistoleiros levantam-se assustados. O monstro leva uma das mãos à cabeça e tira a máscara da fantasia. O sujeito abre um sorriso.

ATOR: - Surpresa!

Eles se entreolham, incrédulos. Mulder se acorda, ainda meio tonto.

Várias pessoas, homens e mulheres entram rindo, conversando, carregando doces e salgados, soltando serpentinas, fazendo festa. Então um sujeito baixinho (Janus), vestido numa roupa que mais parece de circo, usando uma cartola, abre os braços. Frohike olha pra ele, incrédulo.

JANUS: - Bem vindos ao Parque Temático da Mansão Assombrada! Vocês tiveram a honra de serem os primeiros a estrear essa nova opção de lazer da Carolina do Norte que está abrindo seus portões hoje! Vamos comemorar a estréia!

Scully e os Pistoleiros se entreolham incrédulos.

LANGLY: - Parque temático?

Frohike, enfurecido, aproxima-se do cara.

FROHIKE: - Seu imbecil!!!!!!!!!

JANUS: - Eu não disse há anos atrás que eu era o gênio dos microchips? Agora você pode falar pra todos do clube que eu sou o melhor.

Scully se aproxima.

SCULLY: - Conhece esse homem, Frohike?

FROHIKE: - (INDIGNADO) É o cara da imobiliária. Aquele que eu pensava ser meu amigo.

Byers indignado, ajuda Mulder a se levantar. O pobre ainda está branco feito cera.

JANUS: - (SORRINDO) Eu não ia contar a verdade pra você, não é Frohike? Quis fazer uma surpresa pra você e seus amigos. Então, tiveram uma noite divertida na companhia dos meus atores? E os efeitos especiais? Gostaram? Tudo cronometrado...

Scully cerra o punho e mete um soco de esquerda em Janus que cai no chão. Todos olham pra ela. Mulder arregala os olhos.

SCULLY: - (FURIOSA) Isso é pra você aprender a não estragar a festa de aniversário do meu marido!

Janus levanta-se. Scully acerta outro soco, de direita, e ele cai desacordado no chão. Scully vira-se e olha pra Mulder. Limpa as mãos uma na outra. Sorri.

SCULLY: - Feliz aniversário, meu amor! Vamos embora, não se junte com essa gentalha.

Corte.


Eles saem da casa. Scully abraçada em Mulder. Os Pistoleiros seguem atrás deles. As pessoas lá dentro tentam socorrer Janus.

SCULLY: - Ok, rapazes... Se seguirem as normas de segurança, o que sei que vocês seguem, estão convidados pra jantar hoje lá em casa. Levem Suzanne. Tem mousse de maracujá de sobremesa. E não há fantasmas por lá. E o uísque será liberado.

Os Pistoleiros sorriem. Mulder abre a porta do carro. Olha pros Pistoleiros.

MULDER: - Só tem uma coisa estranha nisso tudo.

FROHIKE: - Que coisa?

MULDER: - Eu não costumo errar. Tem uma presença estranha nessa casa. Eu não ia errar tanto...

LANGLY: - E os pastéis? Aqueles pastéis foram o Byers que trouxe! Byers e seus malditos pastéis assombrados!

MULDER: - Esqueçam... Vamos esquecer essa loucura toda. A festa continua lá em casa.

Mulder entra no carro com Scully. Os Pistoleiros partem na Kombi de Frohike. Scully olha pra Mulder. Ajeita a franja dele com carinho.

SCULLY: - Tá mais calmo?

MULDER: - (INDIGNADO) Não, eu estou furioso! Imbecis... Eu devia chamar o FBI em peso e levar todos eles presos! Não chamo porque você está comigo aqui... Uma mulher grávida! Isso é brincadeira que se faça?

SCULLY: - Mulder... Só uma coisa... Estou curiosa.

MULDER: - Curiosa com o quê?

SCULLY: - (SORRI) Você fez um pedido quando soprou as velinhas. O que pediu?

MULDER: - (SORRI) ...

SCULLY: - (CURIOSA) Fala! Vai, fala!

MULDER: - ... Eu só pedi que tudo dê certo com o que eu e você mais queremos, Scully.

Scully sorri. Os dois trocam um beijo. Mulder liga o carro. Observa pelo retrovisor. Vê o espectro da mulher de cicatriz que lhe sorri agradecida, acenando. Mulder dá um sorriso.

[Som: Gene Simmons – Haunted House]

De repente as portas e janelas da casa se fecham.

Barulho e gritos.

Mulder e Scully olham pra casa. Mulder olha pelo retrovisor. A mulher sumiu. Então olha pra Scully. Abre um sorriso.

MULDER: - (DEBOCHADO) Chamo os bombeiros?

SCULLY: - (DEBOCHADO) Não. Deixa. Eles estão se divertindo. Não se impressione, Mulder. São apenas dispositivos eletrônicos. Eles estão fazendo golpe de marketing com essa gritaria... Vamos pra casa, porque eu quero preparar um jantar maravilhoso pra você e seus amigos e depois... Eu e você vamos ter uma festinha particular durante todo o domingo.

MULDER: - (SORRI) Vamos embora mesmo, Scully... Não 'há fantasmas' nessa casa... Eles vão apenas ter uma noite... 'divertida'. Coisa que eles merecem... Espero que tenham trazido pastéis... e calças limpas.


X

29/09/2001

24 Août 2019 03:56 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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