donnadan Donna Dan

Sasuke, contra sua vontade, estaria longe no dia do aniversário de Naruto - que era também a data que completava 10 anos do dia que se conheceram. Uma coincidência e uma ideia maluca levam a mente inquieta do Uchiha a se arriscar e surpreender o namorado. *Oneshot pelo aniversário do Naruto* (10/10/2016) Arte da capa: Snow_124 adaptada por mim


Fanfiction Anime/Manga Tout public.

#B-day #Aniversaio #sasuke #naruto #Aniversário-Naruto-uzumaki
Histoire courte
9
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Feliz Aniversário, Dobe!

Notas Iniciais:

(10/10/2016)

Oi, gente!
EU TÔ SUPER ANSIOSA por causa dessa fic! Vocês não tem noção do quanto!
Primeiro porque é a primeira fic romântica (MESMO) que eu escrevo - onde o romance não é parte, mas centro do enredo - segundo porque o protagonista dessa oneshot é o Sasuke... então já viram que mistura doida e arriscada que eu tô fazendo, né? Gostaria da opinião sincera de todos sobre esse experimento doido xD (Edit 12/2019: E quem diria que isso ia virar minha religião? hauahauahuaha)
Eu fiz essa fic mais pra mim que tudo. Eu amo a ideia do Sasuke todo babão por conta do Naruto e explorei isso no máximo cabível (espero!). Além da bad que eu estava nos últimos tempos... queria ver amorzinho, sabe? Mesmo não tendo muita experiência com esse tipo de história.
Como sempre tive mais uma experiência maravilhosa com a Nathy, sua revisão e sua crítica maravilhosa! Desculpa se te dei muito trabalho dessa vez, amore! Muito obrigada por tudo. (Edit 12/2019: Saudade infinita, Nathy )
Enfim, queria aproveitar pra babar no Naruto também, porque eu sou fascinada, fanática, apaixonada, obcecada por ele. Naruto é um personagem precioso pra mim e não importa se o anime tá acabando, não importa o final merda da história, nada importa. O que importa é o quanto ele é maravilhoso, merece todo reconhecimento e amor do mundo! Parabéns, baka!
(Edit 12/2019: Ok, aqui nada mudou ♥ )

Sem mais delongas, vamos à história!

Espero mesmo que gostem =)




Revisão NathlFelix



Não imaginava que sentiria tanta saudade com os poucos dias em que ficara longe daquela criatura loira. Talvez fosse pela data... Talvez pela surpresa que havia planejado... Ou, talvez, fosse por toda a convivência e intimidade desenvolvidas ao longo de todo o relacionamento, que permitiam que lesse o homem adiante como ninguém.

Atento a todos os detalhes do ser que tanto lhe fazia falta, Sasuke constatava que, naquele momento, Naruto não aparentava ser o homem que era: um roteirista na aurora de sua carreira, acompanhando o ensaio de seu futuro sucesso. O Uzumaki, nos últimos meses, estava envolvido na realização de um filme baseado em fatos reais – porém, com muitas doses de fantasia – da história de J. K. Rolling; de como ela havia superado a depressão e persistido em seu sonho – uma determinação que Naruto conhecia muito bem. Em várias cenas, os devaneios literários da escritora se tornavam realidade frente aos olhos dela e da filha, que enfrentavam juntas muitas dificuldades econômicas e sociais. Era muito tocante, e Naruto havia mostrado a Sasuke o roteiro e os atores que havia pensado inicialmente para cada papel. O Uchiha tinha certeza que seria um sucesso.

Era cômico pensar que quem assistisse ao filme posteriormente não faria ideia da pessoa que o roteirista era e de todas as peripécias que o envolviam. Por mais que a imagem do homem diante de si – enrolado em uma manta, trajando vestes de dormir no ambiente de trabalho, bebendo café na caneca que trouxe de casa e com a pior cara de ressaca possível – pudesse ter surpreendido a todos no estúdio, Sasuke só conseguia sorrir de lado, imaginando exatamente o que havia acontecido.

O Uzumaki podia ser imprevisível para qualquer um, menos para ele. Sasuke sabia que, da mesma forma que havia sentido uma falta absurda de Naruto naqueles dias, este também sentira sua falta e, pelo o que o Uchiha observava, definitivamente não estava em seus melhores dias.

Conseguia visualizar o Uzumaki, munido de seu sorriso mais encantador, convidando a todos, no dia anterior, para sair em comemoração ao início das filmagens e à celebração antecipada de seu aniversário. Naruto tinha essa mania irritante de manter as aparências e fingir que estava bem, quando, na verdade, nenhum dos dois estava, já que passariam aquela data tão especial longe um do outro. Aparentemente, ele havia exagerado e descontado suas frustrações na bebida.

“Impulsivo, impossível, inconsequente, incontrolável, intenso, inigualável, inesquecível”. A mente de Sasuke atribuía, de forma obsessiva, adjetivos ao Uzumaki, pensando no quanto ele era irresponsável. Entretanto, o pequeno sorriso que brotava no rosto bronzeado ia suavizando seus pensamentos aos poucos.

Aos olhos de Sasuke – e, para seu desespero, aos olhos de muitos outros – Naruto não deixava nunca de ser charmoso. Mesmo com os olhos marcados por olheiras, com o excesso de desleixo com os cabelos e com o figurino decadente, o sorriso dele nunca deixava de brilhar.

Não era costume de Sasuke dizer o que pensava com frequência, muito menos elogiar, mas gravava com carinho cada nuance do outro; que andava de forma distraída, conferindo os detalhes do ensaio e orientando seus atores, sem saber que era observado. Enquanto o acompanhava com o olhar admirado e - nos padrões Uchiha - apaixonado, o flagrou batendo a testa com força, por pura distração, em um refletor que estava baixo demais. Em seguida, o viu praguejando uma sequência de palavrões.

“Idiota...”. Pensou com uma risada anasalada.

Ao avaliar mais uma vez os danos visíveis que sua suposta ausência, nesta data especial, causara no Uzumaki, Sasuke não conseguiu evitar um suspiro apaixonado, mesmo que contido. Ele também era muito afetado por aquele tapado, de uma forma que nunca imaginou ser possível, dado o seu jeito reservado, frio e objetivo de agir. O Uchiha, ao mesmo tempo em que admirava Naruto, refletia sobre o quanto sua vida havia mudado por causa do roteirista.

Por mais que seu exterior não transparecesse nada, há dois dias não estava em um estado muito diferente do enamorado. Sasuke tinha certeza disso, apesar da ausência da ressaca ou de qualquer demonstração concreta de seu pesar.

Devido à necessidade - naquela ocasião - em externar seus sentimentos, havia passado os últimos dias em uma reflexão profunda, formulando um discurso intenso e sincero para quando fosse colocar seu plano em prática. Sasuke estava inquieto e apreensivo por conta dos próximos acontecimentos.

Quando descobriu que havia passado em um concurso e seria solista em um concerto importantíssimo, contou animado – à sua maneira – ao namorado. Entretanto, ao darem-se conta da coincidência da data da apresentação, o silêncio que seguiu à constatação foi mais claro do que qualquer palavra. O sorriso quase convincente de Naruto foi de cortar o coração; uma tentativa de desviar a atenção de sua decepção para a alegria diante do sucesso do amado.

Nenhuma palavra fora dita a respeito nos dias que se seguiram. No entanto, a todo o momento, o incômodo estivera presente para cada um. Talvez, se aquilo acontecesse em outro ano, não seria tão ruim. O aniversário do roteirista se aproximava, todavia não era só mais um aniversário: fazia exatos 10 anos que haviam se conhecido na mesma ocasião. A data era mais do que especial para ambos por causa disso.

Todo ano, Sasuke agradecia em silêncio por ter superado sua falta de paciência e insociabilidade no dia em que Karin o convidou para ir com ela ao aniversário de Naruto. Até hoje achava um mistério o motivo de ter aceitado o convite, já que nunca fora um bom exemplo de amigo. Tal característica era completamente oposta à personalidade expansiva de Naruto. Inúmeras vezes, Sasuke agiu de forma egoísta e descompromissada, sem nenhum apego a nada ou ninguém. Era um milagre ter os escassos amigos que tinha, visto que não se esforçava para mantê-los. Ainda sim, cedeu à insistência da mulher, há exatos 10 anos, e quis sair de casa para acompanhá-la.

Karin, sempre que contava a história, dizia o quanto ficou surpresa de ter conseguido arrastar o Uchiha para o aniversário de Naruto. O feito era ainda mais inacreditável por se tratar de uma festa temática. A comemoração tinha como tema o halloween, o que exigiria – pelo menos era o que ela acreditava – um maior esforço – e paciência – para persuadir o amigo a usar e escolher uma fantasia de última hora. No fim, com a ausência de resistência por parte de Sasuke, Karin ainda o convenceu a se vestir de vampiro. Era algo simples; e a pele pálida junto à facilidade de montar o figurino pareceram uma boa saída.

Foi quando Sasuke o conheceu. Com um macacão fechado, laranja e felpudo e com um capuz com orelhas de raposa.

Naruto era diferente, nada próximo ao usual. Ele era aberto, sincero, expansivo. Por muitas vezes inadequado, graças à combinação dessas características, todavia encantador. E claro: persistente, principalmente persistente. Mesmo com a discrepância entre os dois, a atração foi inevitável. A pessoa mais antissocial da festa acabou virando atração principal por ter ficado com o anfitrião – que era nada menos que extremamente cobiçado por metade dos convidados.

Por mais que, depois da festa, Sasuke tivesse tentado aplicar a ele a mesma atitude que dirigia a todas as outras pessoas, não foi possível manter-se impassível. Naruto era impossível, sempre o procurava, quebrava suas resistências com paciência, de uma maneira única e paradoxal ao seu comportamento usual. Pouco a pouco, fez com que a curiosidade de experimentar um pouco mais daquele calor se transformasse em vontade de estar próximo a ele. Não demorou a estarem saindo regularmente.

De fato, a forma que o Uchiha costumava agir antes desse envolvimento não permitia, sem qualquer dúvida, que tivesse um relacionamento sério com alguém. Inicialmente foi um desafio para os dois, mas a forma que Naruto lhe transmitia confiança e agia em sincronia consigo foram os motores de uma grande mudança na vida do músico. Aos poucos, ele aceitou que não precisava estar sozinho; ele não queria estar sozinho.

E se o perguntassem na época, Sasuke nunca imaginaria que uma decisão tão simples, como ir ao aniversário de um desconhecido, mudaria tanto sua vida. Com a convivência, o exemplo de Naruto foi ensinando o Uchiha a ser mais aberto, mesmo que continuasse Sasuke em essência.

Tirando que a capacidade do Uzumaki de respeitar o jeito recluso e arisco do Uchiha, superando até sua ansiedade e inquietação características, encantava Sasuke. Apesar das brincadeiras - como chamá-lo de “velho ranzinza” -, ele percebia que o outro também passou a ser ligeiramente mais paciente e centrado com o tempo, o que rendeu bons frutos na carreira de roteirista.

Mesmo com isso, aquela criatura acarinhando a testa, tentando dissipar a dor da pancada, continuava Naruto.

Sasuke não conseguia evitar a nostalgia naquele momento, relembrando tanto os anos que passaram juntos quanto os acontecimentos dos últimos dias, que o levaram ao lugar que estava, tão ansioso por dentro que suas mãos começavam a transpirar. Com certeza, os últimos dias haviam sido decisivos para sua resolução.

Para tentar manter a concentração e fugir do clima pesado que havia se instaurado entre eles, Sasuke adiantara sua viagem em dois dias sob o pretexto de que precisava se adaptar melhor ao clima tropical que iria encarar antes do concerto. Naruto não questionou a decisão do outro, já que Sasuke era meticuloso e sempre queria estar em seu melhor estado para tudo que fazia.

Na ocasião da viagem, o caminho até o aeroporto pareceu uma marcha fúnebre, e poucas palavras foram ditas. Sasuke sentia, no beijo de despedida, o quanto Naruto lutava para não pedir que ficasse e desistisse da viagem. Porém, o roteirista era altruísta demais para tal pedido. Até acompanhá-lo sem reclamar ao embarque, com seu sorriso nem tão iluminado, foi para Sasuke mais uma prova do quanto o Uzumaki era capaz de se controlar e abdicar de seus desejos por ele. No lugar de Naruto, estaria com o pior dos humores, reclamando de qualquer detalhe que sua mente obsessiva conseguisse catalogar.

Mesmo cabisbaixo, quando ouviram o voo ser anunciado, Naruto ofereceu seu melhor sorriso, aquele que roubava o ar dos pulmões do Uchiha dia após dia, e desejou uma boa viagem, reforçando que esperaria ansioso por notícias e para assistir à gravação do concerto com ele.

De certa forma, sentia parte do nervosismo e desespero que vivenciou durante o primeiro voo. Ficar sentado naquele aperto foi a pior das torturas para o interior tumultuado de Sasuke. Ambos já haviam perdido momentos importantes da vida um do outro, uma vez que, infelizmente, nem sempre as coisas saem como queremos. Porém, daquela vez parecia tão errado ficar longe dele.

Estava se movendo no automático de um lugar para o outro, sua mente perdida nas microexpressões de tristeza de Naruto que havia gravado. Não tinha como negar que era ele “A” pessoa: a pessoa com quem queria passar seus dias, dividir suas alegrias, suas tristezas; a pessoa a quem ofereceria o melhor de si sempre.

Mesmo que já morassem juntos há alguns anos, sentia uma nova urgência, desencadeada por aqueles sentimentos. Precisava mostrar, de alguma forma, que ele era sua pessoa especial, a mais importante pra ele. No entanto, era tudo muito confuso, e ainda não sabia o que fazer. A grandeza daquela data só aumentava por não estar por perto, e sua impotência deixava um gosto amargo na garganta.

Foi arrancado subitamente de seus devaneios por um pequeno tumulto no aeroporto, onde pegaria a conexão até seu destino final: Brasil.

Foi aí que tudo tomou um novo rumo.

Uma mensagem era transmitida em idiomas diferentes para os viajantes daquela linha, e a ansiedade aumentava à medida que a fala avançava em idiomas que não compreendia. Quando finalmente conseguiu entender o que se passava, uma pequena esperança começou a crescer em seu interior – mesmo que a notícia não fosse tão positiva assim para os nativos e viajantes. Só então se lembrou de ligar o celular e rapidamente pôs-se a conferir seus e-mails e entrar em contato com os responsáveis pelo evento.

Aparentemente, o alerta de um surto de zica vírus* estava preocupando os viajantes. Era uma doença transmitida por um mosquito muito comum na região tropical e, até o momento, algumas das implicações da contaminação eram desconhecidas. O pânico era notável entre aqueles que não tinham nenhum contato ou conhecimento prévio das patologias tipicamente tropicais.

Um alívio imenso, seguido de uma felicidade sem tamanho, tinha tomado conta de si. Havia e-mails com comunicados urgentes a respeito da situação no país. Devido aos receios dos participantes, que não paravam de entrar em contato com a organização, se negando a viajar para lá, o evento seria remanejado para outro local em uma data próxima.

Sasuke ficara alguns momentos apenas encarando a tela de seu aparelho, com um pequeno sorriso nos lábios. Mesmo com a notícia, ainda não tinha o impulso de se mover. Aos poucos, compreendia que poderia voltar para casa e ficar com Naruto. Mas, de certa forma, aquele pensamento ainda não o deixava satisfeito, tamanha a ferocidade dos sentimentos que havia experienciado nos últimos dias. Precisava fazer mais do que simplesmente estar com ele.

Depois de alguns segundos, uma ideia furtiva tinha tomado conta de sua mente. Sasuke surpreendeu-se com o conteúdo e a intensidade dela. Mesmo repentina e radical, parecia a coisa mais correta para ele no momento; a que fazia mais sentido em toda sua vida. Isso o chocava ainda mais.

Mais um suspiro longo. Sasuke sabia que precisava reunir coragem para o que estava prestes a fazer; e ficar apreciando Naruto de longe não iria ajudar nessa tarefa. Ele adorava observar o Uzumaki sem que ele percebesse, ficaria ali o dia todo, revivendo suas lembranças sem sair do lugar.

Havia chegado a hora de começar com o plano.

Sasuke se moveu a passos lentos, contornando o cenário improvisado para o ensaio, para se aproximar do ponto cego do Uzumaki, as suas costas. Pensou que a ansiedade que havia sentido nesses dois dias que se hospedou na casa do irmão – refletindo sobre sua decisão – não podia ser superada, mas nunca estivera tão enganado.

Claro que surpreender Naruto como queria envolveria mentir durante dois dias, fazendo de conta que havia alcançado seu destino e que tudo corria como previamente calculado, para a “tristeza” dos dois. E só conseguiu manter a encenação por ser tipicamente muito determinado.

Suas mãos suavam tanto que precisou limpá-las na calça jeans antes de tampar os olhos de Naruto. Sentiu o corpo dele enrijecer, pego totalmente de surpresa, e não demorou a sussurrar em seu ouvido para acalmá-lo:

— Feliz aniversário, dobe.

A surpresa e a alegria pareciam ter sido instantâneas. Sasuke sentiu o outro relaxar e apoiar o corpo totalmente em seu peito, como se faltasse força própria para o trabalho de se manter em pé. Instintivamente o abraçou, mesmo incomodado com o tecido da manta entre eles, entrelaçando os braços no abdômen de Naruto.

Se a caneca na mão do Uzumaki não tivesse sido um presente seu, Sasuke sabia que ela já estaria aos cacos no chão.

— O que faz aqui, bastardo? – a voz de Naruto saiu tão baixa, melodiosa e manhosa que Sasuke não percebeu nenhum tom de questionamento real nela. Ficou imaginando se ele também sentia a mesma eletricidade percorrendo seu corpo onde se tocavam.

— Vim te ver trabalhando de pijama e com cara de ressaca. – disse de forma igualmente baixa, com um pouco de diversão, se apertando ainda mais ao corpo dele. Virou Naruto de frente para si e pôde analisar de perto o que já havia constatado de longe. — Você tá um caco. – afirmou sem realmente repreendê-lo, passando o polegar com leveza nas olheiras dele.

Naruto suspirou satisfeito com aquela pequena carícia, antes de perder a paciência e deixar de qualquer jeito, no chão, sua caneca e sua manta para poder abraçar e beijar Sasuke como queria, esquecendo-se por um minuto que estavam cercados de pessoas no ambiente de trabalho.

— Eu tenho que continuar o ensaio. – Naruto anunciou, porém se contradisse ao agarrar-se ainda mais ao Uchiha.

Todavia, Sasuke não havia passado dois dias na casa de Itachi apenas roendo as unhas. Ele havia tomado providências para que seu plano saísse da forma que queria.

— Konohamaru já está cuidando disso. – Sasuke declarou, acolhendo Naruto ainda mais em seu pescoço, com um carinho em seus cabelos. O Uzumaki, quando carente, era extremamente manhoso. Mesmo fazendo algumas piadas a respeito, o Uchiha amava a forma carinhosa e apegada dele. Nem louco o afastaria nesses momentos.

— Hun? Mas ele tá de folga hoje. – Naruto observou automaticamente, aproveitando o carinho. Contudo, ao encontrar seu estagiário um pouco mais à frente orientando dois figurantes, seus olhos se arregalaram um pouco. O jovem apenas piscou um olho para ele e voltou aos seus afazeres como se os dois não estivessem ali, sentindo-se o chefe por um dia.

Naruto se afastou um pouco de súbito, como se estivesse se recuperando do choque inicial de ter Sasuke ali.

— Mas o que está acontecendo? E o concerto? – ele parecia preocupado e receoso, e Sasuke imaginava se, dentro daquela cabeça oca, ele não estava se culpando e achando que o namorado havia largado tudo para estar ali.

— Te explico no almoço. Mas acho que não vão te deixar entrar no restaurante com essa roupa.

Naruto, a princípio, permaneceu inerte, não resistiu ao ser guiado para fora do estúdio nem forçou o Uchiha a se explicar. Obedeceu o rumo que Sasuke impunha na conversa, respondendo sobre os ensaios e a comemoração do dia anterior.

A diferença entre os dois naquele momento era enorme, como se tivessem invertido os papéis: o Uchiha estava descontraído e conversando casualmente; já o Uzumaki tinha o tom de voz mais contido, analisando o outro sem parar, respondendo de forma mais curta e objetiva. Era visível que ele ainda estava tentando assimilar aquele novo cenário, feliz e apreensivo ao mesmo tempo.

Sasuke sentia o olhar de Naruto cravado em sua pele, mesmo prestando atenção no trânsito. Em parte, estava se divertindo em ver o hiperativo e tagarela tão cauteloso e calado. Entretanto, não prolongaria muito aquela encenação. Ele mesmo estava a ponto de explodir por expectativa. Pegou a via mais rápida até o apartamento, sem se arriscar muito no trânsito.

Aos olhos do porteiro do prédio, parecia que Sasuke havia buscado Naruto no meio da rua depois de um episódio de sonambulismo. Ria internamente, sabendo que não era qualquer pessoa que entendia as maluquices de Naruto.

O Uzumaki permanecia calado, como se tivesse medo do que pudesse vir quando o silêncio se quebrasse. Sasuke, por sua vez, suspirou, tentando eliminar a tensão que se acumulava em seus próprios ombros. Talvez, Naruto estivesse vendo que ele estava nervoso; o roteirista também era capaz de ler sua expressão vazia com maestria.

Quando destrancou a porta e virou-se para Naruto, encontrando um par de olhos carregados de expectativa e ansiedade, percebeu que o discurso que havia preparado durante o tempo que esperou na casa de Itachi ficaria pra depois, por mais que tenha sido trabalhoso vencer sua falta de experiência em expressar seus sentimentos para conseguir colocar tudo em palavras. Precisava agir imediatamente ou não aguentaria mais reter os sinais de sua própria ansiedade. Puxou-o para próximo de si e o beijou com uma vontade renovada, ao mesmo tempo em que tentava dissipar seu próprio nervosismo e transmitir todo o amor que sentia por ele. Tirou a mão que mantinha no bolso da calça desde que descera do automóvel e, ao finalizar o beijo, deixou o pequeno objeto preto na mão do Uzumaki.

O olhar ainda atordoado e confuso de Naruto oscilou da própria mão para os olhos de Sasuke, de volta para sua mão e de volta ao namorado. Sasuke sorriu de lado e, por mais que estivesse realizando o ato mais romântico de sua vida, preferiu o seu jeito simples e direto, certo de que Naruto entenderia o recado.

— Espero uma resposta até o fim do dia. - falou próximo ao ouvido do outro, antes de lhe beijar o rosto.

Não apreciou muito o olhar de espanto e o leve arrepio que havia tomado conta da pele bronzeada. Apenas usou, mais uma vez, sua expressão indecifrável ao abrir a porta e guiar o Uzumaki pra dentro.

Depois do uníssono e entusiasmado grito de “surpresa!”, Naruto parecia ter visto um fantasma – e não era apenas Sai mais pálido que o normal com seu lençol branco. Sasuke podia jurar que o coração dele ia saltar pela boca. Talvez tivesse exagerado.

Contando com a ajuda dos amigos de Naruto, Sasuke havia preparado a mesma festa de aniversário em que tinham se conhecido. Pela proximidade do Halloween, era fácil encontrar os enfeites e fantasias em todas as lojas de festa, e quem esteve presente naquela ocasião havia se esforçado para ir com a mesma fantasia da época.

Os olhos de Naruto já estavam marejando antes mesmo de Sasuke, que já estava todo vestido de preto, pegar sua capa e dentadura no braço do sofá. O Uzumaki adorava as histórias e filmes de vampiros; eles eram uma grande inspiração em sua carreira. Não foi à toa que, além de ter sido atraído pela beleza do Uchiha, ficou encantado com a escolha da fantasia. Sasuke mal sabia que, apesar de ter optado pelo mais cômodo, não podia ter feito escolha melhor.

— Nossa! Parece que você ficou surpreso mesmo! Parabéns, baka! – Sakura se adiantou em ir abraçá-lo, devido à falta de atitude do amigo, totalmente alheia ao que havia acontecido entre Sasuke e Naruto no lado de fora do apartamento.

Naruto envolveu a amiga nos braços, lançando um olhar confidente para Sasuke por cima do ombro dela. Murmurou um “obrigado, teme!” antes de tirá-la do chão e girá-la pela sala, recuperando sua atitude.

— Gente, vocês são impossíveis! Eu estava em casa agora mesmo! Como vocês fizeram tudo isso? – Naruto dizia surpreso, olhando atentamente toda a decoração com balões laranja e preto, fitas, abóboras, caveiras...

Depois de Naruto receber os abraços e cumprimentos dos presentes, Sasuke o abraçou por trás. Todos já se distraíam com a comida e a bebida, pensando em algum jogo que os levasse à embriaguez mais rapidamente, e não deram tanta atenção ao casal.

— Sua fantasia tá em cima da cama. E tem outra no armário pra mais tarde. – finalizou com malícia e uma leve mordida no pescoço de Naruto, usando seus caninos postiços.

— Você que não se ajoelhe mais tarde pra ver se eu vou usar fantasia, bastardo! – Naruto forçou uma falsa irritação, tirando as alianças da caixinha e escolhendo aquela que tinha o nome de Sasuke para colocar no próprio dedo.

Sasuke observou com atenção os movimentos de Naruto, sentindo o coração na garganta. Pegou a outra aliança e também a colocou no dedo, com Naruto à sua frente o observando e sorrindo bobamente.

— Me ajoelhar? Acho que estamos falando da mesma coisa então. – Sasuke debochou forçando o duplo sentido daquela frase, recebeu um beliscão e um beijo de tirar o fôlego.

Mais tarde, diria – pelo menos era o que acreditava – todas as palavras bonitas que havia planejado, todas as coisas que não verbalizava cotidianamente, mas que tinha certeza que Naruto sabia. Por enquanto, depois do beijo, murmurou um “obrigado” sincero no ouvido dele, agradecido por ser correspondido.

Sasuke recebeu um sorriso cúmplice antes de vê-lo desaparecer dentro do quarto para vestir a fantasia. Acariciou a aliança em seu dedo, alheio ao pequeno tumulto que se formava com Iruka convencendo Kakashi a dançar.

Apesar do quanto havia mudado convivendo com Naruto, estava tão antissocial quanto na primeira vez que se viram. O foco de sua atenção era apenas Naruto e o quanto ele ficava lindo com aquela fantasia de raposa. Sasuke pensava que ela transparecia um pouco de seu espírito travesso e quase infantil de seu noivo.

Noivos.

Depois que Naruto deu atenção aos seus convidados e se divertiu um pouco com eles, aproveitou a oportunidade para criar um momento juntos indo repor os salgadinhos. Explicou o que havia acontecido na viagem e o motivo de terem cancelado o evento. Explicou de forma simples o que havia passado em sua cabeça naquela ocasião e que, para fazer aquela surpresa, havia ficado na casa do irmão – fazendo contato com todos e organizando a festa. O roteirista sentiu um peso enorme saindo de suas costas e voltou com energia renovada para a comemoração, por mais que tivesse sentido uma leve vontade de socar Sasuke com muita força por ter mentido durante os últimos dois dias.

Não houve exagero da parte do Uzumaki desta vez. Aproveitou a companhia dos amigos, mas sempre se distraía olhando Sasuke de longe. A mesma admiração dos olhos negros direcionada para si estava em seus olhos direcionada a ele.

Quando ficaram sozinhos, não usaram fantasias ou declarações verbais. Por mais que Sasuke tivesse planejado e se esforçado para compor um discurso para oficializar seu pedido, no momento mais significativo sentiu que palavras eram uma simples formalidade. Quando se olhavam e se tocavam sentiam que estavam habitando a alma do outro, um terreno familiar e acolhedor. No fim, se entenderam silenciosamente.

Da mesma forma que conhecia o coração de Naruto, ele conhecia o seu.



E aí gente, gostaram?
*eu escolhi o zica vírus por conta de alguns relatos inacreditáveis que escutei sobre o medo que as pessoas de fora ficaram dessa doença e fantasiaram sobre as formas de contágio quando o surto começou. Espero que tenha feito sentido pra vocês também!

15 Août 2019 07:17 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
5
La fin

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Donna Dan Compartilhando meus devaneios em aparições irregulares. Vem surtar comigo!

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