Acordo (im)perfeito.
Não entendo onde ele quer chegar com esse assunto, Sasuke sempre foi um homem de pulso firme e mente decidida, diferente de mim que se deixa levar pelas emoções e que de alguma forma acaba por fazer merda, não é merda! Pois a minha impulsividade fez com que o negócio que abri com tanto esforço fique à beira da falência, quando eu digo beira quero dizer que se não pagar o aluguel do próximo mês em perco o imóvel e a minha única fonte de renda. Pois eu não terei de onde tirar dinheiro para me manter e para pagar os funcionários.
Meus olhos estão a lacrimejar enquanto o homem à minha frente se mantém firme e nem ao menos desviar o olhar, pra ser sincera o homem à minha frente nem está a piscar. Ele se encontra com um papel e termos para serem lidos e analisados por mim, pois o mesmo precisa de alguém para lhe gerar um filho. A escolhida? Eu, pois na mente dele eu sou a única capaz de aguentar tudo isso e ainda sorrir, mas ele está enganado... muito enganado, não me julgo capaz de gerar uma vida e nem de mantê-la dentro de mim. Não é medo da responsabilidade em si, pois eu conheço o clã Uchiha nada é fácil quando o assunto é eles.
Mas não é esse o problema, pois esse é o menor de meus desafios, afinal quando se trata da família Uchiha nada é fácil ou simples, eles de alguma forma dão um jeito de complicar tudo e de me deixar louca no processo, é sempre assim. Mas tudo bem, já que eu sei o que ele quer, contudo eu não me sinto capaz de seguir tudo de acordo com os documentos.
Pois primeiramente, não acho que tenho um psicológico forte o suficiente para aguentar ficar ao lado dele sem surtar com a família dele e com as pessoas que o cercam. Pois uma da fama que cercam o homem de orbes breus são é o seu hábito de dormir com várias e negar o caso com todas, pois relacionamento sério com o mesmo lhe dá alergia e calafrios.
Segundo eu tenho medo da reação das pessoas a minha volta, eu mal conversava com as pessoas na época da escola e faculdade, constantemente era cortada de todos os eventos e festas, nem ao menos sei como consegui gerenciar algo por tanto tempo sem falir logo de cara e nem enlouquecer – apesar da falência de ter vindo cerca de dois anos depois.
Terceiro eu nunca tive contato com o sexo oposto, em súmula em mais de vinte e cinco anos de vida eu nunca dormi com ninguém! Jamais passei dos beijos e abraços! Nem nos toques eu cheguei ainda, então como ele quer que eu faça um filho com ele e que deixasse ele com o pai assim que bebê nascesse, eu não consigo e praticamente impossível na minha cabeça.
Sabe eu não creio ser capaz de gerar uma vida e depois me desfazer dela, seguir a minha vida como se nada tivesse acontecido, como se ela nunca tivesse existido. Eu não sou tão fria assim, na realidade eu sou emotiva e odeio saber que pessoas se feriram ou se machucaram perto de mim, não assisto romance e nem filme dramático por chorar na hora em descubro que eles não ficam juntos ou quando um dos personagens que gosto morre! Então por causa de ser emotiva e me ligar com facilidade as pessoas que não consigo imaginar ou pensar em ter um filho e dá-lo ao pai.
Quarto eu sou uma covarde rodeada de ousadia, mas essa ousadia não é grande o suficiente para tal ato e nem para tamanha atitude. Respiro fundo o mesmo está à espera de uma resposta, resposta que não me pertence e nem mesmo se encontra comigo nesse momento. Sasuke devia ser um homem mais paciente, tipo não me cobrar nada agora, quem sabe esperar um pouco – quem sabe uma eternidade – pela minha resposta – que sem sombra de dúvidas será um não.
- Hinata preciso da sua resposta ainda hoje. – ele tira do bolso um maço de cigarros. – Não posso esperar até amanhã, meu aniversário está a se aproximar, preciso que você engravide e o tenha antes que eu complete trinta e cinco anos.
- S-sasuke, pede pra outra pessoa, pois eu não consigo aceitar essa ideia. – fecho os olhos com força não tenho coragem de dizer a ele que ainda sou virgem e que por isso não posso engravidar.
- Pense que com o meu apoio a sua empresa poderá alcançar outros níveis, eu sei que ama sua empresa de doces e bolos, que ama o trabalho que faz. – ele se aproxima de mim. – Veja isso como um bom negócio, como uma segunda chance para recomeçar e também para crescer no campo gastronômico. – o homem à minha frente está a tentar me comprar, respiro fundo e solto o ar de forma lenta e devagar.
- Mas eu não acho que conseguirei dar a criança para você e muito menos ter... e-eu nem ao menos sei como fazer um bebê...! – pronunciar em voz baixa, todavia parece ter sido alta o suficiente para que ele escutasse.
- Eu sei que você é virgem. – ele traga o cigarro em sua mãos, desvio o olhar vexada, ele dá de ombros e continua a falar. – Mas eu não vou te forçar a nada, tudo o que você precisa fazer é se entregar, pode estar sendo feita por causa de alguns negócios, mas prometo ser cuidadoso e até um pouco romântico.
- Não pode ser artificial? Por inseminação? Mais fácil e seguro! – o questiono. O mesmo me olha com desdém e adquire uma postura rígida.
- Eu tenho cara de quem consegue gozar em um potinho? – nego. – Então já sabe o porquê de eu não querer que ele venha de um potinho que eu gozei dentro, sem contar que o jeito tradicional é melhor.
- Mas é se eu não tiver de acordo?
- Você aceitará o acordo, pois verá que essa é a única forma de escapar da falência, pois eu sei que não quer demitir funcionário nenhum. – mas ainda não acho certo envolver uma criança no meio disso tudo, uma única lágrima escorre pelo meu rosto. Sasuke vêm até mim e me puxa para perto, jogando o cigarro fora o mesmo limpa a lágrima que está a escorrer pelo meu rosto. Sempre que penso que terei que demitir as pessoas que trabalham para mim eu fico assim. – Ei eu não vou ficar longe e nem te tratar como uma qualquer, pois no contrato está escrito que serei atencioso e que ficarei do seu lado. Mas também não pense que serei seu o tempo todo, da mesma forma que não pense que irei ignorar a sua presença.
Pego o papel em cima da mesa, ele não mentiu quando disse aquilo. Volto a ler o papel em minhas mãos, que tremem levemente à medida que meus olhos percorrem a folha branca, não sei aceitarei tal acordo. Mas eu não quero demitir ninguém! Pois os meus funcionários são quase como a minha família e não se demite a família.
Pego a caneta próxima a mim, ainda receosa e com medo começo a assinar meu nome. Minha caligrafia aos poucos vai sendo colocada no documento. O moreno sorri enquanto sinto um nó se forma em meu estômago, pois o sorriso do Uchiha faz com que eu sinta que acabei de vender a minha alma para um demônio que usa terno de grife e ama ostentar um modelo de luxo europeu.
O mesmo pega o papel em minha mão, ele assina de forma rápida e logo entrega para as testemunhas e para o advogado que não diz nada sobre a ideia absurda do cliente.
Demora um pouco para que as demais testemunhas assinem e para que o documento seja guardado.
- Amanhã vamos ao médico, depois disso você arruma as suas coisas.
- Como? – o encarou sem entender.
- Acho que você leu no contrato. – faço que não, acho que foi nessa parte que me perdi. – Durante o próximo ano, até que ele seja feito e nasça você irá morar comigo. – ele pega a minha bolsa e me coloca de pé. – Hoje irei depositar o dinheiro combinado e o restante irá ser acrescentado na sua conta durante o período de um ano. Agora vamos princesa, você tem que conhecer a sua mais nova casa.
É oficial eu vendi a minha alma!
Merci pour la lecture!
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