lara-one Lara One

Continuação da fic anterior. Enquanto Mulder tenta achar a verdadeira Scully, Krycek está intrigado com a atitude do Canceroso, tentando encaixar os fatos. Krycek agora desconfia de que o Canceroso é o traidor. A pressão sobre Mulder aumenta no FBI, e ele, mesmo cansado, tem de se desdobrar em dois: precisa achar a parceira e fazer seu trabalho ao mesmo tempo, sem arrumar problemas com McKenna, pra não ser expulso do Bureau.


Fanfiction Série/ Doramas/Opéras de savon Interdit aux moins de 18 ans.

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S03#01 - TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - PARTE II

NA FIC ANTERIOR:

Os três alienígenas trocam olhares. O líder olha pro Canceroso.

LÍDER REBELDE: - O que precisa pra conseguir o que queremos?

CANCEROSO: - Atenções desviadas.

LÍDER REBELDE: - Então algum deles desconfia?

CANCEROSO: - Não é isso. Só posso contar com a ajuda de uma pessoa e esta não pode saber que estará me ajudando. Ou tornará isso mais difícil.

LÍDER REBELDE: - O que quer nos dizer?

CANCEROSO: - Se querem ajuda, precisam me ajudar.

O Canceroso caminha pela sala.

CANCEROSO: - Deixem que ele pense que conseguirá justiça através da lei. Vamos prosseguir com o plano. Iniciem a fase II.

MAN OF SYNDICATE # 3: - Tem certeza de que Mulder nunca descobrirá a verdade?

CANCEROSO: - Preocupem-se com outras coisas. Eu me preocuparei com Mulder. Só quero fazer uma mudança nos planos.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Mudança? Não podemos fazer mais mudanças. Já terminamos a fase I. Acabamos de limpar todas as provas da existência de clones!

CANCEROSO: - Quero um dos nossos na execução da fase II. Não quero Alex Krycek fazendo o serviço. Não confio naquele russo. Sei que precisamos dele, mas quero que fique de fora desta vez.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Concordo. Melhor se o russo não souber disso.

O Canceroso pega o telefone. Disca um número.

CANCEROSO: - Mudança de planos. Você vai executar a fase II. Permissão concedida para início imediato. Elimine o problema Scully.


Na rodovia:

[Som: Nirvana – Come as You Are]

O carro preto pára no acostamento. Percebe-se o clarão da explosão. A nave desaparece.

Krycek desce do carro ao lado de outro homem. Os dois perplexos, procurando com os olhos, a nave que desapareceu. Os dois caminham até a beira do precipício e olham pra baixo. Krycek olha pro homem.

KRYCEK: - Isso estava nos planos?

HERMANN: - Que eu saiba não... Mas conseguimos. Acho que ela morreu. Fase II terminada.

KRYCEK: - ... (DESCONFIADO)

HERMANN: - Obrigado por insistir em vir comigo pra ajudar. Não sei porque me deram sua missão no último instante.

Krycek puxa a arma. Mira no homem.

KRYCEK: - (DESCONFIADO) Eu desconfio do porquê. E eu não estive aqui. Não vi nada.

Krycek atira no homem. Arrasta o corpo pra dentro do carro.

VINHETA DE ABERTURA: TRUST NO ONE


BLOCO 1:

Hospital do Condado de Oak Ridge – 1:31 A.M.

Scully volta a respirar. Natália aplica uma injeção intravenosa.

NATÁLIA: - Normalizou pulso e batimento cardíaco.

O médico aproxima-se de Scully. Examina sua cabeça, ainda coberta por sangue.

DR. CAULFIELD: - Quero que a levem pra sala de exames. Pode ter sofrido algum traumatismo... Já comunicaram à polícia?

HILLS: - O xerife Anderson está vindo pra cá por causa da Bob Lee. Tive de trancá-la na sala 4.

DR. CAULFIELD: - Talvez demorem. A neve está caindo e ouvi pelo rádio que as estradas já estão bloqueadas... Natália, tire sangue da paciente e descubra o tipo sanguíneo. Ela precisa de transfusão imediatamente.

NATÁLIA: - Ela perdeu muito sangue. Nem sei quanto tempo estava lá.

O médico olha pra Scully, que está com a pele do rosto roxa, apresentando queimaduras do gelo. Natália pega uma seringa e tira sangue de Scully.

DR. CAULFIELD: - Quem será ela?

HILLS: - Interessado, doutor?

DR. CAULFIELD: - Ela é bonita. Acho que não é daqui.

NATÁLIA: - Está dizendo que as mulheres de Oak Ridge são feias? Ora, Dr. Hollywood! Só porque veio da cidade grande acha que pode desprezar as garotas do interior?

DR. CAULFIELD: - (SORRI) Foi por causa das garotas do interior que eu desisti de voltar pra Chicago.

Hills olha com deboche pra Natália, que abaixa a cabeça, tímida.

HILLS: - Natália, deixe que eu descubro o tipo sanguíneo dela. Não vou ficar aqui ouvindo o Dr. Hollywood. O senhor hoje está insuportável!

Hills sai da sala. Natália observa Scully.

DR. CAULFIELD: - Coloque-a no oxigênio. Estarei na sala 3.

Scully pára de respirar. Ouve-se o barulho dos aparelhos. O médico corre até ela.

DR. CAULFIELD: - Ah, ruivinha, não faz isso comigo não...

O médico pega o desfibrilador. Natália afasta-se. Caulfield coloca o desfibrilador sobre o peito de Scully. Ela volta a respirar. Ele larga o desfibrilador e abre a boca de Scully. Tira uma lanterninha do bolso do jaleco e examina a garganta dela.

DR. CAULFIELD: - Não vejo nada... Não tem nada obstruindo a passagem de oxigênio...

NATÁLIA: - Entubamos?

DR. CAULFIELD: - Não... Queria uma tomografia completa agora, mas não temos tanta tecnologia nessa droga de hospital que deveria ser chamado de posto médico! Preciso de radiografias. Vá buscar a Hills, apresse-se com o sangue!

Natália sai porta à fora apressada. Caulfield olha pra Scully.

DR. CAULFIELD: - Ruivinha, não sei como sobreviveu... Olhando pra você, não consigo entender. Só posso acreditar em Deus e dizer que não era sua hora.

Scully pára de respirar novamente. O médico pega o desfibrilador.

DR. CAULFIELD: - Deus, aguente, garota, aguente! Seríamos mais rápidos, mas isto aqui é um hospital do interior!


Apartamento de Scully – 2:15 A.M.

Scully, sentada no sofá, olha pro homem que está na sua frente. A câmera o focaliza por trás. Mas percebe-se a fumaça do cigarro.

CANCEROSO: - Precisa ser mais convincente. Ele está desconfiado.

SCULLY: - (INCRÉDULA) O que espera? Me deu apenas algumas horas pra estudar o comportamento dela por fitas de vídeo! E quase todas eram joguinhos amorosos! Nem ouso abrir a boca pra falar assuntos profissionais! Tenho de ficar instigando ele a só pensar em sexo!

CANCEROSO: - Não se preocupe com isso. Aproveite o tempo que tem e estude mais. Aja como uma prostituta barata, é isso que ela era. Mulder não notará diferença. Sei que vai convencê-lo.

O Canceroso caminha até a porta.

CANCEROSO: - Lembre-se: Você é a Scully. E poderá ter uma vida interessante na pele dela... Se convencer o Mulder.

O Canceroso sai, dando um sorriso disfarçado de vitória. Entra no elevador.

[Som: Faith no More – Evidence]

Alguém o observa pela porta de acesso às escadas. O mesmo homem de negro que entrara nos Arquivos X. Não se pode ver seu rosto, está na penumbra.


Garagem do prédio de Scully – 3:23 A.M.

[Som: Faith no More – Evidence]

Close dos pés de um homem. A câmera vai erguendo-se, mostrando que é o homem de negro. Ele caminha até um carro.

Close em seu rosto. É Skinner. Ele olha pra todos os lados, com medo. Tira uma chave do bolso e abre a porta do carro. Entra, olhando para todos os lados, cauteloso.


Hospital do Condado de Oak Ridge – 5:08 A.M.

Scully ainda desacordada, mas já numa cama, com cobertores por cima e a pele mais rosada. Ligada ao oxigênio e ao soro. Está com os cabelos limpos e molhados. Natália aproxima-se dela. Examina sua cabeça. Caulfield entra no quarto, segurando algumas radiografias.

NATÁLIA: - Doutor, olhe isso aqui.

Caulfield se aproxima.

DR. CAULFIELD: - Precisa de uma sutura.

Caulfield examina as radiografias contra a luz. Natália pega uma tesoura e um barbeador. Aproxima-se de Scully.

NATÁLIA: - Ainda bem que você tem bastante cabelo. Dá pra disfarçar, se eu retirar um pouco e...

DR. CAULFIELD: - (ESPANTADO) Macacada! Mas que diabos é isso?

Natália olha assustada para Caulfield, que lhe mostra a radiografia contra a luz. Percebem-se dois chips no pescoço de Scully.

DR. CAULFIELD: - (INCRÉDULO) O que é isso no pescoço dela?

NATÁLIA: - Parecem implantes...

DR. CAULFIELD: - Quem é essa mulher? Como isso foi parar aqui?

Caulfield olha pra Scully. Aproxima-se, virando o pescoço dela. Passa a mão em sua nuca, curioso.

DR. CAULFIELD: - Não, não pode ser algum estilhaço de metal do acidente... Está fechado.

NATÁLIA: - Se ao menos ela estivesse com algum documento... Saberíamos a quem chamar.

DR. CAULFIELD: - Precisamos esperar que acorde. Aí nos dará alguma informação.

Gritos no corredor. Caulfield sai porta à fora. Natália começa a cortar um pedaço do cabelo de Scully.

NATÁLIA: - Tem um corte feio na cabeça. Vou precisar fazer isso.

Corta para o corredor.

O xerife Anderson, um velhote magro e sisudo, carrega uma garota pelo braço, algemada, que está com uma atadura na cabeça, manchada de sangue.

DR. CAULFIELD: - O que está havendo?

ANDERSON: - Vamos, Bob Lee.

BOB LEE: - (GRITA) Eu esfaqueei ele sim! Mas foi por amor!

ANDERSON: - (DEBOCHADO) É. Eu imagino.

BOB LEE: - Me solta! Ele me agrediu também!

ANDERSON: - Ele não a agrediu. Ele se defendeu com uma garrafa. Faria o mesmo se alguém me esfaqueasse ‘por amor’.

O xerife algema Bob Lee.

ANDERSON: - Então, doutor? Como está o Kenny?

DR. CAULFIELD: - Está bem, não pegou nenhum órgão. Está no quarto 2.

ANDERSON: - Vou levar essa maluca pra delegacia.

DR. CAULFIELD: - Ah, preciso de sua ajuda. Temos um problema por aqui.

ANDERSON: - Sim?

DR. CAULFIELD: - Uma moça foi encontrada na floresta. Muito machucada, parece que sofreu um acidente de carro. Está em coma.

ANDERSON: - Onde está?

Caulfield abre a porta do quarto. O xerife olha lá pra dentro. Olha pro médico.

ANDERSON: - Quando ela acordar me comunique. E faça um relatório sobre isso... Vamos, Bob Lee. Vai passar a noite atrás das grades. “Por amor”.

O xerife caminha pelo corredor empurrando Bob Lee. Hills aproxima-se de Caulfield.

HILLS: - Como está a ruiva misteriosa?

DR. CAULFIELD: - Não teve traumatismo craniano. Apenas uma fratura no braço esquerdo. Pode preparar o gesso?

HILLS: - Acha que não tenho que cuidar da recepção?

DR. CAULFIELD: - Acha que eu, o único médico aqui, com a ajuda de uma enfermeira, vou conseguir fazer tudo? Com duas já não dá! Deixe a recepção. Pra que serve aquela campainha no balcão?

HILLS: - (SUSPIRA INDIGNADA) Mary... Se isso é noite pra tirar folga! Somos apenas 4 aqui dentro e o trabalho é pra 10!

Caulfield entra no quarto. Natália está dando pontos na cabeça de Scully. Caulfield tira os cobertores de cima de Scully. Ela ainda está vestida com suas roupas rasgadas. Hills entra no quarto.

DR. CAULFIELD: - Acho que já está aquecida. Podemos prosseguir o trabalho...

HILLS: - ... O gesso acabou. Poderia ir pegar no depósito?

DR. CAULFIELD: - Tá. Então tire a roupa dela porque preciso examiná-la.

Caulfield sai. Hills pega uma tesoura.

HILLS: - Sinto, querida, mas vou fazer um estrago na sua roupa pior do que o que você fez.


Motel Texas – Dallas – 5:33 A.M.

Mulder caminha de um lado para o outro, olhando pra uma foto de Scully que segura nas mãos.

Não consegue dormir, o cansaço é visível. Ele senta-se na cama. Abaixa a cabeça e começa a chorar.


Hospital do Condado de Oak Ridge – 5:36 A.M.

Caulfield examina as pernas de Scully.

DR. CAULFIELD: - Tem um corte bem feio aqui... Vejamos... Tem um hematoma no abdômen... Escoriações pelo corpo...

Caulfield afasta-se. Puxa uma mesinha com rodas e coloca ao lado da cama. Puxa a cadeira e senta-se. Natália engessa o braço de Scully. Caulfield coloca luvas, pega gaze, soro e uma pinça. Começa a limpar os ferimentos no corpo de Scully.

DR. CAULFIELD: - Deve ter se arrastado por pedras... (PUXA UMA PEDRINHA DE DENTRO DO CORTE NA PERNA DE SCULLY) ...

NATÁLIA: - Ela não vai acordar?

DR. CAULFIELD: - Isso está me deixando preocupado. Já devia ter acordado.

NATÁLIA: - ... E se ela não acordar?

DR. CAULFIELD: - Não houve problemas sérios na cabeça. Ela tem que acordar... Espero.

Hills entra no quarto. Traz dois copos de café.

HILLS: - Pra não dizerem que sou má. Precisam de ajuda?

DR. CAULFIELD: - Não, estamos quase terminando. Agora é moleza. Só mais uma sutura, limpar os ferimentos. E esperar que ela acorde pra nos dizer quem é.

HILLS: - A nossa ruiva misteriosa deve ser muito importante.

NATÁLIA: - Por que diz isso?

HILLS: - As roupas eram de boa qualidade. Etiqueta de uma loja de Washington.

DR. CAULFIELD: - Washington? Minha ruiva mora em Washington?

HILLS: - (DEBOCHADA) Desde quando ela é sua ruiva? E eu não sei de onde ela é, não sou detetive. Sou enfermeira, se o senhor ainda não percebeu.

DR. CAULFIELD: - Pois acho que tem lido muitos daqueles livrinhos de bolso da série FBI, quando está no plantão sem fazer nada.

Natália ri dos dois.

HILLS: - Não. Estou lendo mais os de western. E aposto que ela é mulher de algum senador e veio se divertir com algum amante rico por aqui. Sabe como essas grã-finas são despudoradas... Também, se tivesse marido rico, até eu seria bonita como ela!

Caulfield pega a mão de Scully.

DR. CAULFIELD: - Mãos macias, unhas bem feitas... Não sou legista, mas aprendi a conhecer corpos.

NATÁLIA: - Hum, sério? (RINDO) Olha, Hills, pelo menos o Dr. Hollywood sabe distinguir uma mulher de um homem.

HILLS: - Acho que sei como e onde ele andou aprendendo a conhecer corpos... Tem alguma coisa a ver com aquela casa de luzes vermelhas que fica na entrada da cidade?

NATÁLIA: - Quanto vão apostar? Ela é da alta cúpula. Alguma secretária do governo.

HILLS: - Não. Aposto que é mulher de político.

DR. CAULFIELD: - E se for uma agente do FBI?

Natália e Hills começam a rir.

NATÁLIA: - Dr. Hollywood... Que imaginação fértil você tem!

DR. CAULFIELD: - Vamos, vamos apostar. Dez dólares como estou certo.

NATÁLIA: - Tá.

HILLS: - Por mim...

Caulfield pega a mão de Scully novamente. Esfrega seu polegar no dedo indicador dela.

DR. CAULFIELD: - Ela tem um calo nesse dedo. E o detetive Hollywood aqui diz que isso é resquício de academia de tiro.

NATÁLIA: - (COMEÇA A RIR) Não poderia ser de uma péssima datilógrafa? Uma escritora de romance?

Caulfield continua limpando as feridas de Scully.

DR. CAULFIELD: - Ela tem as pernas mais bonitas que já vi. Espero que não fiquem cicatrizes. Será um desperdício.

Hills sacode a cabeça.

HILLS: - Ele não tem jeito. Como deixam tarados cursarem medicina?

DR. CAULFIELD: - Pretendia me especializar em ginecologia, mas um colega me disse que estava começando a enjoar de certas coisas de tanto que as via. Desisti, com medo.

Caulfield olha pro abdômen de Scully. Sorri.

DR. CAULFIELD: - Minhas caras enfermeiras. Olhem isto.

As duas curvam-se sobre Scully.

DR. CAULFIELD: - Estão vendo? É uma cicatriz de bala. Eu ganhei.

HILLS: - Não mesmo! Ela pode ser uma criminosa procurada pela polícia.

DR. CAULFIELD: - Tá, quando ela acordar, vamos ver quem estava certo. Digo que a minha ruiva misteriosa é agente do FBI.

NATÁLIA: - Vai perder 10 dólares.

DR. CAULFIELD: - Vamos ver. Por que não tentam ligar pro FBI e descobrir se há alguma agente nessas descrições?

HILLS: - Tentaria. Mas estamos sem telefone. A tempestade cortou os fios.

Hills pega uma atadura. Natália observa Caulfield. Caulfield olha pra Natália, ela disfarça, desviando os olhos. Caulfield sorri, cabisbaixo.

HILLS: - Vou enfaixar a cabeça dela até os ouvidos. Por que se ela estiver ouvindo essas besteiras, pode nos processar!

DR. CAULFIELD: - Então você poderá explicar pra ela como é a vida num hospital.

HILLS: - Acha que quem não é médico ou enfermeiro entende alguma coisa? Pensam que passamos a vida sisudos aqui dentro, alienados do mundo!

DR. CAULFIELD: - Gosto de contar piadas durante uma cirurgia.

As duas enfermeiras encaram o médico.

NATÁLIA: - Me lembre de que se precisar de uma cirurgia, melhor fazer no hospital de Chatanooga.

DR. CAULFIELD: - Me lembre que se precisar de uma cirurgia, eu quero ser o primeiro a tirar sua roupa.

Hills começa a rir. Natália fica corada.


BLOCO 2:

Distrito Policial 11 – Dallas - 7:21 A.M.

Mulder sai da delegacia ao lado do delegado.

DELEGADO: - Vou mostrar a cena do crime. Talvez possa nos explicar porque arrancaram o braço da vítima e sumiram com ele.

MULDER: - ...

Mulder está abatido, com sono e cansado. Os dois entram na viatura.

DELEGADO: - Agente Mulder, pensei que chegaria ontem.

MULDER: - (MENTINDO) Cheguei ontem pela tarde. Mas precisei ir pro motel descansar. Passei a tarde toda com febre.

DELEGADO: - Procurou um médico?

MULDER: - Não. Deve ser apenas um resfriado forte. Olha, tenho outro caso pra resolver em Washington e gostaria de ser o mais breve possível por aqui.

DELEGADO: - Tudo bem. Preciso só que trace o perfil desse psicopata pra nós. Vocês do FBI são melhores nisso.


Hospital do Condado de Oak Ridge – 11:11 A.M.

Natália está na recepção. Serve café. Escora-se no balcão. Hills aproxima-se.

HILLS: - Sabe da maior?

NATÁLIA: - Hum?

HILLS: - O Billy acabou de passar por aqui e dizer que a Mary não vem hoje. Está resfriada.

NATÁLIA: - Ótimo! Assim nós ficamos 24 horas sem dormir. Adoro esse tipo de coleguismo, sabia? Estou com cólicas há 3 dias e estou aqui, de pé, enfrentando a barra.

Caulfield aproxima-se, pegando a conversa no ar, enquanto escreve numa prancheta.

DR. CAULFIELD: - Posso receitar um remédio pra sua cólica.

NATÁLIA: - Já tenho uma receita.

DR. CAULFIELD: - ... Sabe o que faz pra passar a cólica? Tome um chá quente, deite-se na minha cama e o resto é comigo.

HILLS: - Ah, meu Deus, que situação! Estamos aqui, isoladas na neve com um médico tarado? Natália, é melhor pegar aquele trabuco que o velho Henry deixou aí antes de morrer. Será legítima defesa. Jogamos o corpo dele no rio...

Hills olha pra Caulfield.

HILLS: - Acho que vou ver como está a sua ruiva, Dr. Hollywood.

Hills entra no quarto de Scully. Caulfield olha pra Natália. Ela esta quase dormindo em pé.

DR. CAULFIELD: - Se fechar seus olhos na sala de radiografias, juro que não vou contar pra ninguém.

NATÁLIA: - (SORRI) Acho que vou fazer isso.

DR. CAULFIELD: - ... Se sentir frio, me chame...

NATÁLIA: - ...

DR. CAULFIELD: - Falando sério... Gosto de você.

Caulfield respira fundo.

NATÁLIA: - Eu sei e tenho medo disso.

DR. CAULFIELD: - Eu entendo seus motivos. Mas o dia em que perder seu medo, estarei aqui. Não vou desistir, Natália. Não mesmo.

Caulfield sai. Natália sorri. Suspira. Começa a rabiscar num bloco. Rasga a folha, atira no lixo. Abre a gaveta. Arregala os olhos. Pega a foto de Scully.

NATÁLIA: - Ah, meu Deus! É ela ... Dr. Caulfield!


Distrito Policial 11 – Dallas – 1:31 P.M.

Os policiais estão todos sentados em cadeiras. Mulder escreve num quadro negro, algumas palavras soltas. Os policiais prestam atenção. Mulder vira-se pra eles.

MULDER: - Ok. Temos uma arma encontrada na cena do crime com o número de série apagado à lima. Temos uma licença encontrada no apartamento de Spencer, de uma arma calibre 45, a mesma que foi encontrada no apartamento de Twain, que supostamente cometeu suicídio. O teste de parafina indicou que Spencer tinha manchas de pólvora nas mãos. Portanto, minha teoria é de que Spencer drogou a vítima e amputou seu braço. Quando a vítima se acordou, ele deu o tiro de misericórdia.

PETER: - Com que intenção?

MULDER: - Se checassem os registros, teriam visto que Spencer foi aluno de Twain na universidade. Twain o reprovou em anatomia, o que fez com que Spencer perdesse sua bolsa de estudos e tivesse de optar por outra carreira. Aposto que hoje, Twain não o reprovaria.

DELEGADO: - Está dizendo que foi uma vingança?

MULDER: - Estou dizendo que devem contar isso a Spencer. Coloquem-no contra a parede. Ele vai confessar. Não é nenhum maluco homicida. É um homem perturbado por não ter realizado um sonho. Alimentou sua vingança durante anos e agora resolveu matar o passado.

Mulder passa por eles e vai até o delegado.

MULDER: - Acho que meu serviço por aqui terminou.

DELEGADO: - Agente Mulder, muito obrigado. Obrigado mesmo.

O delegado sorri. Os dois trocam um aperto de mão. Mulder sai apressado da delegacia. Acena pra um táxi.


FBI – Gabinete do diretor assistente McKenna – 5:24 P.M.

Mulder está sentado, de frente pra McKenna, que está em silêncio, lendo o relatório. Mulder está um bagaço, barba por fazer, gravata frouxa e olhos pesados pedindo por uma noite de sono. Fecha os olhos. Pende a cabeça pra frente, cochilando. McKenna começa a falar sem tirar os olhos do papel.

McKENNA: - (RI) Chama essa droga de relatório? Tem mais erros de digitação aqui do que num teste de escola de datilografia!

MULDER: - Zzzz...

McKENNA: - Parece até que digitou isso às pressas! Quero que refaça tudo, entendeu?

MULDER: - Zzzz...

McKENNA: - Entendeu, agente Mulder?

MULDER: - Zzzz...

McKenna tira os olhos do papel. Olha pra Mulder, que está dormindo.

McKENNA: - (GRITA) Agente Mulder!

Mulder dá um pulo da cadeira, olhando pra todos os lados, assustado.

McKENNA: - Quero que refaça essa porcaria!

Mulder suspira. O sono é tanto que nem tem condições de discutir.

MULDER: - (RESIGNADO) Sim, senhor...

McKenna olha pra Mulder, desconfiado.

McKENNA: - ... Mas primeiro vá pra casa, tome um banho, troque essa roupa e faça essa barba! Isso aqui não é o Exército da Salvação, nem um abrigo de indigentes!

MULDER: - (CANSADO) Sim, senhor.

McKENNA: - Parece um mendigo! Saia já daqui, está empestando o ar que respiro!

MULDER: - Sim, senhor.

McKENNA: - E avise sua parceira, que resolveu não aparecer por aqui, que se não vier trabalhar amanhã, não precisa vir mais!

MULDER: - Sim, senhor...

Mulder levanta-se. McKenna atira o relatório em Mulder, e ele não consegue o pegar. Abaixa-se e junta o relatório do chão. McKenna tira um tubo de spray pra ambientes e espalha pelo ar. Mulder caminha até a porta, arrastando-se. Sai, fechando a porta delicadamente. A secretária olha pra ele. Ele dá um sorriso cansado.

LISA RYAN: - Amanhã?

MULDER: - Acho que não...

Lisa levanta-se. Pega o relatório das mãos de Mulder.

LISA RYAN: - Ouvi os gritos. Refaço isso pra você, mas tem que ficar quietinho.

Mulder sorri, cansado. Beija-a na testa, agradecido. Sai. Parece mais um morto-vivo. Lisa o acompanha com os olhos.


Apartamento de Mulder – 6:31 P.M.

Mulder abre a porta. Fecha-a. Vai tirando o paletó, a gravata, a camisa, os sapatos, deixando tudo pelo chão. Atira-se no sofá.

SCULLY: - Oi!

Mulder ergue a cabeça. Faz cara de pânico.

Close de Scully, num babydoll preto, com pluminhas e usando tamanquinhos, de braços cruzados e escorada na porta da cozinha. Mulder deita a cabeça no sofá, incrédulo.

MULDER: - (SUSPIRA) Não! Esqueci desse problema...

Mulder fecha os olhos. Scully aproxima-se, num caminhar rebolado, tentando seduzi-lo. Senta-se no sofá e massageia o peito dele com as mãos.

SCULLY: - Hum, tá cansadinho, Mulderzinho?

MULDER: - É, você é perfeita nisso, sabia? Até me enganaria... De boca fechada... e... acho que sua missão não é me matar... (BOCEJA) ... posso dormir sossegado...

SCULLY: - Mulder, quem é ela? O que está falando?

MULDER: - ... Zzzz...

Scully bate nele e Mulder se acorda.

SCULLY: - Mulder, quem é ela? Está me traindo, seu safado?

Mulder vira-se de costas pra Scully. Fecha os olhos, ignorando-a.

SCULLY: - Eu não acredito! ... Mulder!

MULDER: - Zzzz...

SCULLY: - Mulder!

MULDER: - Fica quietinha, tá? Preciso dormir um pouco... Se ficar quietinha... (BOCEJA) ... Até penso em te colocar uma mordaça e fazer amor com você... De boca fechada... Não vou notar diferença... Zzzz...

SCULLY: - ???


Hospital do Condado de Oak Ridge – 10:31 P.M.

Natália, sentada ao lado da cama, observa Scully. Afaga seus cabelos.

NATÁLIA: - (PREOCUPADA) ... Não vai acordar?

SCULLY: - ...

NATÁLIA: - Moça, por favor, precisa acordar! Já sabemos que estão procurando você, mas ainda não sabemos quem é. Estamos ilhados nesse lugar, a neve não nos deixa sair! Estamos sem telefones... Só temos sua foto e um número de Washington!... Moça, acorda, por favor.

Scully está em coma. Natália olha pra ela com piedade. Levanta-se. Ajeita o cobertor por sobre ela. Sai do quarto.


Apartamento de Mulder - 11:44 P.M.

Mulder dormindo no sofá. Scully, sentada na poltrona, ainda de babydoll, assistindo TV e pintando as unhas dos pés de vermelho. Pega um espelho e olha-se, passando a mão nos cabelos.

SCULLY: - Hum, detesto esse cabelo! A cor, o corte... Que horror! Isso não combina comigo!

Batidas na porta.

Scully levanta-se e abre a porta. Frohike olha pra ela, vestida daquele jeito. Scully ergue as sobrancelhas e escora-se na porta. Abre um sorriso conquistador.

SCULLY: - (SIMPÁTICA E FELIZ) Hum... Olá!

FROHIKE: - ... (CATATÔNICO)

SCULLY: - Quer alguma coisa?

FROHIKE: - (AINDA CATATÔNICO)

SCULLY: - ... Eu quero.

FROHIKE: - Scully... (ENVERGONHADO/ VIRANDO O ROSTO) ... Eu não queria atrapalhar.

SCULLY: - Não está atrapalhando nada... Estou sem nadinha pra fazer... O que quer?

FROHIKE: - (GAGUEJANDO) Pre-pre-ci-ci-so falar com o Mu- Mulder.

SCULLY: - Entra aí.

Frohike entra. Scully fica olhando pra ele, passando a língua nos lábios. Frohike está constrangido e apavorado.

SCULLY: - Ei, acho melhor não acordá-lo. Ele tá zangadinho hoje.

FROHIKE: - (INCRÉDULO COM O TERMO) Zangadinho?

SCULLY: - (SENSUAL) Tenho uma ideia melhor. Que tal deixá-lo dormir e vamos fazer uma festinha, hein? Eu e você?

FROHIKE: - (PERPLEXO) Scully, você tá bêbada de novo? Te drogaram? O que o safado do Mulder te deu pra tomar?

Scully aproxima-se de Frohike e esfrega a mão em sua careca.

SCULLY: - Hum... A ideia não te atrai? (ERGUE O PEITO, ENCOSTANDO-SE) Não sou boa o suficiente pra você?

Frohike olha pros peitos de Scully e afasta-se, assustado, tropeçando na mesa de centro. Aproxima-se do sofá e cutuca Mulder, sem desviar os olhos de Scully, morrendo de medo dela.

FROHIKE: - (DESESPERADO) Mulder, acorda, por favor... Acho que tinha razão. Ela deve ter batido com a cabeça.

MULDER: - Zzzz...

FROHIKE: - Mulder...

MULDER: - (MEIO DORMINDO) Não me enche!

FROHIKE: - Mulder...

MULDER: - (IRRITADO) Já disse pra não me encher o saco! Eu tô com sono! Você só quer sexo, sexo, sexo... Te programaram pra ser tarada? Ou acham que eu sou o Michael Douglas do FBI?

FROHIKE: - Não faria sexo com você nem morto.

Mulder vira-se assustado. Vê Frohike. Senta-se no sofá. Põe as mãos no rosto.

MULDER: - O que quer aqui?

FROHIKE: - Precisamos conversar... Pode ser em particular?

Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Poderia me fazer a gentileza de ir pro quarto e ficar por lá durante dois anos?

SCULLY: - Tá bom... Vou esperar por vocês... Seus danadinhos!

Os dois se olham assustados. Scully vai pro quarto. Mas fica escutando a conversa.

MULDER: - Eu não disse? Ela não é a Scully! Parece até a reencarnação de Marilyn Monroe!

FROHIKE: - ... Mulder, não sei o que está acontecendo por aqui. Mas tenho uma notícia nada agradável.

MULDER: - (IRRITADO) Mais surpresas? Estou cheio de surpresas! Sumiram com a Scully, eu nem sei se ela está viva, não consigo mais raciocinar, essa tarada aí tá me amolando a paciência e vem você com surpresas? O que foi agora? Um repolho alienígena invadiu sua cozinha?

FROHIKE: - Mulder, recebemos uma ligação. Conhece uma garota chamada Rúbia, em La Macella?

Mulder olha pra Frohike numa fisionomia de aflição.

MULDER: - ... Não quero ouvir.

FROHIKE: - Levaram sua irmã.

Mulder põe as mãos no rosto.


FBI – Arquivos X – 1:18 A.M.

[Som: Faith no More – Evidence]

Mulder entra na sala, apressado. Acende a luz. O cansaço é visível. Ele senta-se na cadeira. Abre o laptop. Percebe que há alguém na sala. Mulder levanta-se e puxa a arma rapidamente, mas a arma cai no chão.

SKINNER: - Pensei que não o encontraria.

MULDER: - Skinner?

Skinner sai do fundo da sala.

SKINNER: - Não viu a maldita fita que deixei no seu vídeo?

MULDER: - Que fita? Skinner, onde esteve? Quem estava naquele carro...

SKINNER: - A questão agora não é essa. Segui aquele homem. Cada passo do desgraçado.

Skinner retira a fita do vídeo. Guarda-a.

SKINNER: - Agora não adiantará nada. Há um vagão em Potomak. Acho que devia verificar.

MULDER: - (IRRITADO) Acha? Eu vou te dizer o que eu acho.

Mulder agarra Skinner pela jaqueta.

MULDER: - (FURIOSO) Olha aqui, você nos deixou na mão desse Hoover desgraçado, com mania de ‘Gleid Flores do Campo’, o que causou todo esse tumulto. Minha irmã foi sequestrada de novo, a Scully está desaparecida e tem um clone dela com a Anaïs Nin no meu apartamento! Eu devia matar você!

Skinner solta-se.

SKINNER: - (NERVOSO) Aquele desgraçado me deu o ultimato! Precisei forjar tudo, entendeu? Aquela bomba tinha o meu nome, mas eu já sabia que ela estava bem próxima! Eu não podia mandar a Scully pra fora do FBI!

MULDER: - Por que não o denunciou?

SKINNER: - Mulder, você está há tantos anos nos Arquivos X e ainda não aprendeu que nunca vamos expor esse homem? Ele não existe!

MULDER: - ...

SKINNER: - Ouça aqui.

MULDER: - (IRRITADO) Não, ouça você. O que vai fazer? Fugir de novo?

SKINNER: - Vou voltar pro Bureau.

MULDER: - Você é o pior covarde de todos, Skinner!

SKINNER: - Mulder, está com a cabeça quente e não consegue raciocinar!

Mulder senta-se na cadeira. Começa a chorar feito criança. Está confuso, atordoado e o sono o está vencendo.

SKINNER: - Mulder, todos precisamos de você agora! Precisa vencê-los. Não pode desistir! Vá até Potomak e acabe com os planos deles.

MULDER: - É? E daí? Vão matar a Samantha. Ou a Scully!

SKINNER: - Mulder, por favor. Tem centenas de clones dentro daquele vagão. Quando chegar lá, vai entender o que quero dizer. Mas tem que ser rápido, me entendeu?

MULDER: - É? E como vou me livrar do McKenna? Alguma sugestão?

SKINNER: - Deixe o McKenna. Ele é um imbecil, patriota e alarmista. Não tem nada a ver com aquele desgraçado.

MULDER: - ...

SKINNER: - Ande de uma vez, Mulder.

MULDER: - O que vai fazer?

SKINNER: - Tomar um banho e voltar pra cá. Como o diretor assistente Skinner.

MULDER: - ... O que vai explicar?

SKINNER: - Preocupe-se com aquele vagão e com aqueles clones. Sabe que só você pode impedi-los.

MULDER: - Dane-se eles, você e a humanidade toda!

SKINNER: - O que vai fazer?

MULDER: - Procurar a Scully! Porque só ela me interessa nessa história. Estão tentando me vencer no desgaste físico e emocional! Mas não vão conseguir!

SKINNER: - Mulder, esqueça a Scully, esqueça sua irmã! Só vai salvá-las se for até aquele trem!

Mulder levanta-se. Pega arma do chão. A arma cai. Ele pega com a mão esquerda. Skinner observa.

SKINNER: - Mulder, está bem?

MULDER: - ... Só estou nervoso e cansado.

SKINNER: - Há algo de errado com sua mão?

MULDER: - ... Isso não importa agora.

SKINNER: - (PREOCUPADO) Como não importa? Você é um agente federal, como vai usar sua arma? ... Mulder, ficou com lesões por causa do que Krycek fez com você?

Mulder sai, batendo a porta. Skinner começa a suar, nervoso.


BLOCO 3:

Apartamento de Mulder – 1:33 A.M.

Scully está ao telefone.

SCULLY: - ... Alô?... Olha, não queria acordá-lo, mas me pediu pra que ligasse se algo diferente acontecesse... Ele sabe que levaram sua irmã... E tem mais. Acabaram de ligar e deixaram um recado na secretária. Era de um hospital em Oak Ridge dizendo que ela está lá e está viva...

Scully desliga. Assustada. Senta-se no sofá.


Pátio de manobras Potomak – 1:35 A.M.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Mulder aproxima-se por trás de outro trem. Percebe os soldados. Agacha-se, caminhando por trás dos vagões. Vê Krycek saindo do vagão metálico, desligando o celular. Mulder continua abaixado, caminhando atrás do trem, observando o trajeto de Krycek.

MULDER: - Vamos ver agora, rato sujo...

Mulder aproxima-se. Puxa a arma. A arma cai.

MULDER: - (PÂNICO) Deus... Hoje não!

Mulder junta a arma com a mão esquerda. Caminha se esquivando atrás dos vagões. Krycek passa pelo trem. Mulder aproxima-se por trás de Krycek, agarrando-o pelo pescoço com o braço direito e o puxando pra trás do vagão. Mira a arma na cabeça dele.

MULDER: - O que tem pra mim hoje, Alex Krycek?

KRYCEK: - (SURPRESO) Mulder? O que está fazendo aqui?

MULDER: - (DEBOCHADO) Saí de uma festa, resolvi passar aqui e te convidar pra catar umas garotas por aí e beber cerveja, dirigindo à 150 por hora.

Mulder empurra Krycek, mirando a arma nele.

MULDER: - Abra aquele vagão. E não chame a atenção daqueles caras ou eu juro que atiro em você.

KRYCEK: - (ASSUSTADO) Não... Não tem nada lá, Mulder.

Mulder engatilha a arma e a segura com as duas mãos.

MULDER: - (IRRITADO) Olhe nos meus olhos, Krycek. Hoje estou num mal humor terrível e minha mão direita, por causa da sua brincadeira de crucificação, perdeu o controle. Acho melhor não me provocar.

KRYCEK: - Não percebe? Vai estragar tudo.

MULDER: - Abra aquela droga agora!

Mulder olha com ódio pra Krycek. Krycek fica nervoso. Puxa um cartão magnético do bolso.

KRYCEK: - Vem comigo.

MULDER: - Se tentar uma gracinha, eu te mato.

Mulder caminha ao lado de Krycek, mirando a arma pra ele, por debaixo do sobretudo. Eles passam pelos soldados. Um deles pára na frente de Krycek.

SOLDADO: - Quem é ele?

KRYCEK: - Tudo bem, é dos nossos.

O soldado afasta-se. Krycek passa o cartão. Abre a porta.

MULDER: - Primeiro as damas, Krycek. Entre.

KRYCEK: - Vai se arrepender dessa idiotice, Mulder. Acredite em mim. Você foi longe demais!

Krycek entra. Mulder o segue. Quando Mulder entra, fica catatônico.

Há vários tanques com clones ali dentro e caixas de arquivos secretos. Mulder olha pro lado e vê um ser acinzentado, olhando assustado pra eles, encolhido num canto do vagão. Mulder fica boquiaberto. Krycek aproveita a chance e sai depressa, fechando a porta.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Mulder corre pra porta, tentando abri-la, mas não consegue. Bate na porta.

MULDER: - (GRITA) Krycek!!!!!!!!!!!!!

Corta para Krycek do lado de fora. Ele puxa o celular do bolso, e fala enquanto caminha pra longe do vagão.

KRYCEK: - Cancelem a operação, Mulder está no trem. Procedimento 1 de emergência... (GRITA) Não esperem as ordens dele, Mulder viu a operação! Explodam o vagão agora mesmo!

Krycek grita para os soldados. Eles afastam-se correndo. Krycek afasta-se, correndo até seu carro. Entra no carro.

KRYCEK: - Papaizinho não vai te ajudar agora, Mulder. Ele foi até a esquina comprar cigarros. Não está em casa.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Corta pra Mulder, desesperado, dentro do vagão, gritando por ajuda. O trem começa a movimentar-se. Mulder olha assustado pro alienígena. O alienígena olha assustado pra Mulder. Mulder, com cautela, mirando a arma pro alienígena, aproxima-se dos tanques. Passa a mão no vidro de um deles. Olha perplexo.

MULDER: - Scully?

Mulder olha pra outro tanque e vê uma das Emilys.

MULDER: - ... Quantas Scullys eles têm por aqui? É um supermercado de Scullys de todas as idades?

Mulder escuta um barulho. Olha pro ET acinzentado. Ele está parado, olhando pra Mulder.

MULDER: - Sei que devo parecer muito feio, mas acredite, ô cabeçudo, você é mais feio do que eu!

O ET encolhe-se assustado. Mulder pressente alguma coisa. Sente uma respiração quente na nuca. Vira-se pra trás. O alienígena do óleo negro está atrás dele. Estica o braço para pegá-lo. Mulder se afasta, encostando-se na parede, apontando a arma. Olha pro acinzentado que está mais apavorado ainda.

MULDER: - Não me apresenta o seu amigo?

O acinzentado emite um som pela boca pequena, que parece mais um grito de desespero e medo do alienígena do óleo negro.

MULDER: - (PÂNICO) Pelo jeito ele não é seu amigo também...

O alienígena do óleo negro urra e começa a andar na direção deles. Mulder dá um tiro. Ele não pára. Mulder descarrega a arma, apavorado, mas ele continua se aproximando. Mulder fecha os olhos. Barulhos no trem. Uma porta abre-se. Cinco Rebeldes sem face entram segurando lança-chamas. Mulder arregala os olhos, ao ver a aparência deles.

MULDER: - Mas que diabos... Acho que estou numa festinha de confraternização intergaláctica...

Os rebeldes entram chutando os tanques e incendiando tudo, destruindo os clones. Dois deles colocam-se na frente de Mulder, defendendo-o e mirando os lança-chamas pro alienígena do óleo negro. O alienígena recua. Um dos rebeldes vira-se pra Mulder e coloca a mão em seu rosto. Mulder desmaia.

[Corte]

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Krycek dirige o carro. Escuta a explosão. Vira o rosto pra trás e vê ao longe o fogo que se espalha.


Apartamento de Mulder - 5:12 A.M.

Scully abre a porta, chorando. Krycek entra.

KRYCEK: - ... O que foi?

SCULLY: - Nada. Eu só queria desistir disso. Eu não sou ela. Eu queria ter minha própria vida!

Krycek olha pra Scully. O celular toca. Ele atende.

KRYCEK: - ... (AO CELULAR) Como assim? Mulder escapou? Escapou como? ... Tá, já estou indo.

Krycek desliga o celular. Fica furioso. Agarra Scully pelo braço. Ela olha assustada.

KRYCEK: - (GRITA) Você acha que é o quê? Acha que tem direitos? É apenas uma criatura! Nem humana você é!

Scully começa a chorar. Krycek torce o braço dela. Scully geme de dor.

SCULLY: - Tá me machucando!

Krycek torce com mais força. Scully grita.

KRYCEK: - Se não convencê-lo, o que acho que não está fazendo, vou enfiar aquela arma no seu pescoço e ver seu sangue verde se esvair até a última gota!

Krycek dá com o braço de Scully na parede. Ela cai no chão, segurando o braço. Chora de dor. Krycek bate a cabeça dela várias vezes contra o chão. Scully pede pra ele parar, em prantos.

SCULLY: - (CHORANDO) Eu não quero mais fazer isso! Se soubesse que seria assim... Ela é minha mãe, ela me deu seus genes!

Krycek puxa Scully pelos cabelos. Olha nos olhos dela.

KRYCEK: - Se atrapalhar os planos, sabe o que te acontece.

SCULLY: - ...

Krycek a solta. Scully cai no chão, chorando.


6:49 A.M.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Mulder acorda-se com alguma coisa o sacudindo.

[Distorção da câmera, simulado o olhar de Mulder]

Mulder abre os olhos, mas não consegue ver nitidamente nada. Percebe luzes vermelhas piscando. Um rosto se aproximando, olhos negros enormes, cabeça grande, som de dentes triturando algo. Mulder grita apavorado.

A visão normaliza e ele vê um patrulheiro rodoviário olhando pra ele, de óculos escuros, capacete e mascando chicletes.

Mulder percebe que está deitado no acostamento de uma estrada e que a luz vermelha era a sirene da moto.

POLICIAL: - Ei, federal, tudo bem com você?

MULDER: - (ATORDOADO) O que estou fazendo aqui?

POLICIAL: - Ia lhe perguntar a mesma coisa.

Mulder levanta-se, limpa a roupa, ainda atordoado.

POLICIAL: - (MASCA) Está bem?

MULDER: - Acho que sim. Como sabe que sou policial?

O policial entrega a arma e a credencial de Mulder.

POLICIAL: - Vi você atirado aí e resolvi descobrir quem era. (MASCA) Tá indo pra onde?

MULDER: - ... Onde estou?

POLICIAL: - Na interestadual de Virgínia.

MULDER: - Quê? Como eu cheguei aqui tão rápido?

POLICIAL: - (MASCA) Puxa, a farra deve ter sido das boas!

MULDER: - Acredite, não gostaria de estar naquela festa. As fantasias eram assustadoras! As mulheres não eram de verdade.

POLICIAL: - Vem, vou te dar uma carona até a divisa de Columbia. (MASCA) Vê se toma alguma coisa pra curar essa ressaca. E avise seus amigos pra não largarem você bêbado e armado por aí... Vou ter de registrar a ocorrência.


FBI – Gabinete do diretor-assistente McKenna – 8:01 A.M.

McKenna levanta-se da cadeira, segurando um papel. Furioso.

McKENNA: - (GRITA) O quê?

Mulder encolhe-se na cadeira, assustado.

McKENNA: - Pegaram você bêbado, jogado no acostamento e armado?

MULDER: - ...

McKENNA: - Nem quero suas explicações. Saia já daqui, agora!

MULDER: - ...

McKENNA: - Vagões de trem, Ets, conspiração, clones... Está vendo muita ficção científica, agente Mulder!

Mulder olha pra McKenna, com cara de cachorrinho pidão. Vale tudo nessas horas.

McKENNA: - Está vendo o que a bebida faz com o cérebro de um homem?

MULDER: - ...

McKENNA: - Poderia expulsar você!

MULDER: - ...

McKENNA: - Mas não vou fazer isso.

Mulder sorri, aliviado.

McKENNA: - Estou solidário com você. Sei que está perturbado. Por isso, vá visitar a psicóloga do Bureau e fique na enfermaria até tomar consciência da realidade!

MULDER: - (PÂNICO) ...

McKENNA: - Depois pode voltar pro trabalho.

Mulder levanta-se. Olha pra McKenna. Pensa em elogiar sua mãe, mas desiste. Sai. A secretária olha pra Mulder. Ele sorri, sem graça. Lisa vira o rosto, irritada.


Apartamento de Mulder – 8:11 A.M.

Krycek olha pra Scully, que está com o braço e a cabeça enfaixados. Krycek faz uma falsa fisionomia de piedade.

KRYCEK: - Me desculpe. Estava furioso porque nada deu certo. Eu odeio o Mulder! Precisava descontar minha raiva e... Pensei em você como se fosse a Scully, que é tão importante pra ele.

Scully chora. Krycek a abraça.

KRYCEK: - Tá, eu sei que deve ser triste saber que não nasceu, mas que foi criada...

SCULLY: - Não sou nada! Sou apenas uma coisa! Eu nem sei o que eu sou!

KRYCEK: - ...

SCULLY: - Eu olho pra vida dela e a invejo! Por que me criaram? Por quê? Só pra mentir?

KRYCEK: - ...

SCULLY: - Ele não merece isso. É um bom homem.

KRYCEK: - ... Então? Se é um bom homem, fique com ele. Não está feliz?

SCULLY: - ... Não quero viver uma mentira! Eu quero ser amada de verdade! Eu nem conheço ele! Nem sei da sua vida e acredito, que é por isso, que estão me usando! Talvez ele seja bom demais pra vocês!

Krycek segura o rosto de Scully com as mãos. Olha em seus olhos.

KRYCEK: - Vamos fazer uma coisa. Vou te ajudar.

Krycek a abraça, acaricia seus cabelos.

KRYCEK: - Vou me comprometer, mas vou tirar você dessa.

Scully olha pra ele, em lágrimas. Os olhos brilham de felicidade.

SCULLY: - Sério?

KRYCEK: - Poderá começar uma nova vida.

Scully sorri.

KRYCEK: - Venha, não temos tempo. Vamos dar uma volta. Mas primeiro, preciso que me ajude. Tenho uma coisa pra terminar. Depois que a fizer, prometo que você será livre.

Scully sorri e abraça Krycek. Krycek faz aquela sua fisionomia de quem planeja algo muito bizarro.


FBI – Enfermaria - 11:21 A.M.

Mulder sai batendo a porta. A psicóloga abre a porta e olha pra ele, o questionando. Mulder sorri, disfarçando.

MULDER: - Desculpe.

PSICÓLOGA: - Está melhor mesmo?

MULDER: - Estou.

PSICÓLOGA: - Acho que devia tomar um sedativo.

Mulder fica todo sorriso e mansinho.

MULDER: - Não, estou bem. Preciso trabalhar.

PSICÓLOGA: - Está certo. Quero ver você amanhã novamente.

MULDER: - Tá.

A psicóloga fecha a porta.

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Mulder muda a fisionomia. Sai furioso pelo corredor, verificando o cartucho da arma. Aperta o botão do elevador. O celular toca. Ele atende.

MULDER: - Mulder.

XERIFE (OFF): - Agente Mulder? É o xerife Clayton, de Knoxville.

Mulder fecha os olhos.

XERIFE (OFF): - Tenho boas novas para você. Ela está viva, no hospital de Oak Ridge.

MULDER: - Estou indo imediatamente.

Mulder desliga. Respira aliviado. Começa a chorar de emoção.


Hospital do Condado de Oak Ridge – 12:41 P.M.

Natália, está no balcão da recepção. Olha pra credencial em suas mãos, e ergue a cabeça.

NATÁLIA: - Ainda bem que veio, agente Mulder. Ouviu o recado que deixamos na secretária? Demoramos porque as linhas telefônicas estavam avariadas.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Corta pra Krycek, atrás do balcão. Krycek pega a credencial e guarda dentro da jaqueta.

KRYCEK: - Poderia ver minha parceira?

NATÁLIA: - Claro, agente Mulder.

KRYCEK: - Como está o estado de saúde dela? Recobrou os sentidos?

NATÁLIA: - ... Agente Mulder, como lhe expliquei pelo telefone... Até agora não houve melhoras.

KRYCEK: - Tem certeza?

NATÁLIA: - ... Infelizmente.

Corta o som. Apenas a imagem de Natália falando com Krycek. Krycek presta atenção, fingindo estar transtornado.


1:49 P.M.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Krycek entra no carro. Olha pro banco de trás. Scully está deitada, inconsciente. Krycek liga o carro.


BLOCO 4:

2:48 P.M.

Mulder entra no hospital, às pressas. O xerife ao lado dele. Natália olha pra eles. Mulder puxa a credencial.

MULDER: - Agente Mulder, do FBI. Vim buscar minha parceira.

NATÁLIA: - Como assim? Você não é o agente Mulder.

O xerife olha pra Natália.

XERIFE: - (DEBOCHADO) Outra noite acordada, Natália?

NATÁLIA: - Ele não é o agente Mulder. O agente Mulder esteve aqui há uma hora atrás.

Mulder entra em pânico.

MULDER: - Onde ela está?

Mulder entra hospital à dentro. Natália vai atrás dele.

NATÁLIA: - Está no quarto 1!

Mulder entra no quarto. Scully dorme, profundamente. Mulder derruba lágrimas, de felicidade.

MULDER: - Como ela está?

NATÁLIA: - Eu já lhe disse por telefone.

MULDER: - Moça, não falei com você. O xerife foi quem me avisou que recebeu seu recado.

NATÁLIA: - Não entendo. Um agente Mulder ligou, dei o quadro clínico dela. Depois ele veio até aqui. Ainda me pediu pra sair e comprar aquelas flores.

Mulder olha pro vaso de flores.

MULDER: - Ele a tocou?

NATÁLIA: - Como vou saber?

MULDER: - O que houve com a cabeça dela?

NATÁLIA: - Não houve traumatismos. Apenas um corte... Ainda não saiu do coma.

MULDER: - Então por que não acorda?

NATÁLIA: - Não sabemos.

Mulder aproxima-se da cama. Segura a mão de Scully. Beija-a na testa.

MULDER: - Scully, estou aqui. Fala comigo.

Scully está desacordada. Natália olha pra Mulder, com piedade. Sai do quarto. Mulder afaga os cabelos de Scully, ternamente. Senta-se na cadeira e deita a cabeça ao lado dela, segurando sua mão.

MULDER: - Me perdoa... Não deveria ter deixado você vir sozinha...

SCULLY: - ...

MULDER: - Eu... Eu duvidei de você, achei que estivesse me traindo... Tá, mas não era você. Você nunca falaria aquelas coisas, nunca mentiria pra mim...

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, acorda, por favor! Reage!

Natália entra no quarto com um copo de café.

NATÁLIA: - Tome. Parece que não dorme há dias e agora precisa ficar acordado.

MULDER: - Obrigado.

NATÁLIA: - Eu a achei caída na floresta. Acho que sofreu algum acidente.

MULDER: - Não achou o Griffin, amigo do xerife Clayton?

NATÁLIA: - Não. Infelizmente, acho que só a sua parceira sobreviveu.

MULDER: - ... Ela não é apenas a minha parceira... (SORRI OLHANDO TERNAMENTE PRA SCULLY) Ela é minha esposa.

Mulder afaga os cabelos de Scully.

MULDER: - Minha esposa... Não minha parceira.

NATÁLIA: - Ela vai ficar bem.

MULDER: - Obrigado por ter cuidado dela.

NATÁLIA: - ...

MULDER: - Obrigado. Muito obrigado.

Natália sai do quarto, esbarrando em Caulfield. O médico olha debochado pra ela.

DR. CAULFIELD: - Me deve 10 dólares. A Hills já pagou.

NATÁLIA: - Tá certo, Dr. Hollywood. Você venceu.

DR. CAULFIELD: - Não. Não vou cobrar os 10 dólares.

NATÁLIA: - Por que não?

DR. CAULFIELD: - Pode me pagar um drink.

NATÁLIA: - ...

DR. CAULFIELD: - (SUSPIRA) Natália, eu sei que você tem muitos problemas, que já se envolveu com um médico daqui e teve uma desilusão. Sei que esses romances entre médicos e enfermeiras são rápidos. Mas eu não tô de sacanagem não. Eu...

NATÁLIA: - Amanhã é minha folga. Tá bom?

Caulfield sorri. Natália afasta-se dele. Mulder sai do quarto. Encosta-se na parede. Caulfield olha pra ele.

DR. CAULFIELD: - Agente Mulder... Como médico gostaria de lhe dizer uma coisa.

MULDER: - ... (FECHA OS OLHOS/ INCRÉDULO) Que talvez ela não acorde nunca mais?

DR. CAULFIELD: - Não. Que talvez ela tenha sofrido algum distúrbio mais complexo no cérebro. Deveria levá-la a um especialista em Washington. Aconselho a esperar mais uns dois dias. Se ela não acordar, acho melhor conseguir um helicóptero do FBI pra levá-la daqui. Não temos uma estrutura complexa e acho que deveria fazer uma tomografia.

MULDER: - (DESANIMADO) Sou psicólogo, Dr. Caulfield. Estou entendendo o que está tentando me dizer.

DR. CAULFIELD: - ... Então sabe que uma pancada forte na cabeça pode alterar alguma região cerebral. Ela pode acordar e ter perdido algum reflexo ou atitudes que tinha antes.

MULDER: - Mas eu não quero acreditar nisso. Ela vai acordar, eu conheço a minha Scully. E vai ser como tudo era antes.


7:23 A.M.

Mulder dorme sentado na cadeira, com a testa colada na cama, segurando a mão de Scully. Mulder acorda-se. Olha pra ela. Ela ainda dorme. Mulder olha pro relógio.

MULDER: - Essa não! Passei a noite toda aqui! Vão me matar!

Mulder espreguiça-se, estalando os ossos do corpo. Levanta-se. Sai do quarto. Vai até a recepção. O xerife está ali, bebendo um café.

MULDER: - Dr. Caulfield, agradeço o que fizeram, mas preciso removê-la daqui.

DR. CAULFIELD: - Não o aconselho a fazer isso nesse momento.

Mulder olha para o xerife.

MULDER: - ... Não posso deixá-la. Já sabem que está aqui.

XERIFE: - Agente Mulder, com quem estamos lidando? Que pessoas são essas?

Skinner entra na recepção. Mulder olha pra ele surpreso.

SKINNER: - Agente Mulder...

Skinner olha pro xerife. Olha pra Mulder. Puxa Mulder pra um canto.

SKINNER: - Tem coisas a fazer em Washington. O FBI se encarregará da agente Scully.

Mulder olha pra Skinner, confuso. Skinner entrega um daqueles picadores de gelo. Mulder olha pra Skinner, assustado, mas pega a arma alienígena e põe no bolso, entendendo a dica.

SKINNER: - Ficarei com ela. Quando acordar a levaremos pra Washington. Agora siga minhas ordens e volte imediatamente. Tem trabalho a fazer.

Mulder sai às pressas do hospital. O xerife Clayton sai atrás dele.

XERIFE: - Vai voltar?

MULDER: - Estou indo pegar o canalha que fez isso com nossos parceiros.

O xerife aproxima-se da viatura.

XERIFE: - Se é assim, entre aí. Dê um tiro no desgraçado por mim.

Mulder e o xerife entram no carro. O xerife dá a partida.

MULDER: - Não encontrou o corpo do seu amigo?

XERIFE: - Fizeram tudo muito bem feito. Não deixaram pistas. Com exceção das marcas dos pneus no desfiladeiro.

MULDER: - ...

XERIFE: - Pegue esses desgraçados, agente Mulder. Precisa de alguma coisa?

MULDER: - Preciso que fique de olho na minha parceira. Não vai levar muito tempo pra tentarem alguma coisa contra ela.

XERIFE: - Vão se dar mal se tentarem mexer com a polícia local. Já passei a situação pro Anderson e ele está do nosso lado. Vão ver como tratamos assassinos por aqui.

O celular de Mulder toca. Ele atende.

MULDER: - Mulder.

McKENNA (OFF): - Onde está?

MULDER: - (FECHA OS OLHOS/ SUSPIRA)

McKENNA (OFF): - Quero que esteja aqui o mais rápido possível, agente Mulder. Sua parceira nos ligou dizendo que estava em perigo. E quero explicações convincentes. O que está acontecendo, agente Mulder?

Mulder fica sério.

MULDER: - Já estou indo.

Mulder desliga. O xerife olha pra ele. Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Acho que o mundo resolver desabar todo, de vez, na minha cabeça. E pra ajudar, acho que estou resfriado mesmo.


Rua 46 Este – 9:11 A.M.

O Sindicato reunido. Krycek está com eles. O Canceroso acende um cigarro, estudando as reações ali dentro.

MAN OF SYNDICATE # 3: - A operação foi um fracasso.

MAN OF SYNDICATE # 1: - Se Mulder não tivesse atrapalhado os planos! Como ele sabia da existência daquele vagão?

Krycek olha pro Canceroso, estudando-o.

MAN OF SYNDICATE # 2: - Não pudemos entregar os clones para os alienígenas em Fort Marlene. Matamos um deles! Explodimos aquele vagão por causa do Mulder e o desgraçado ainda saiu vivo!

MAN OF SYNDICATE # 1: - Pelo menos matamos a parceira dele. A fase II foi um sucesso.

O Canceroso percebe que Krycek o observa.

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) Algum problema, Alex? Está feliz demais hoje, não está?

Krycek começa a rir.

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) Infelizmente, quando mandou apertar o botão, Mulder já tinha ido embora. Pena que tenha se atrasado...

KRYCEK: - (CÍNICO) Sorte dos Rebeldes que aquele vagão tenha sido explodido, não acham? Planos da invasão atrapalhados novamente...

Os homens se entreolham. Canceroso olha pra Krycek, friamente.

KRYCEK: - (DEBOCHADO) É, os Rebeldes têm muita sorte.

O Canceroso engole seco, desconfiado.

CANCEROSO: - Mas tudo bem... Pelo menos a parceira dele está morta. Nenhuma nave alienígena apareceu pra ajudá-la.

O Canceroso traga o cigarro profundamente, olhando pra Krycek. Krycek sorri triunfante.

KRYCEK: - É, senhores. Não se pode ganhar todas. (RINDO) Mas ela está morta. Disso nós temos certeza. Absoluta.


Hospital do Condado de Oak Ridge – 11:08 A.M.

Na recepção, Skinner atende o celular.

CANCEROSO (OFF): - ... Senhor Skinner, fez um ótimo trabalho. A agente Scully está bem?

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Skinner afasta-se e vai pro corredor. Verifica se não há ninguém por perto.

SKINNER: - Como ousa ligar pro meu número, seu desgraçado? E como ousa perguntar por ela? Como se você se importasse com ela! Por que me deu aquela fita revelando a operação? Você me enganou, armou tudo pra afastar Mulder! Não devia ter confiado em você! Por sorte do destino ela está aqui, viva, mas em coma profundo.

CANCEROSO (OFF): - Poupe seus elogios, eu só quero saber se já entregou a arma ao Mulder?

Corta pro Canceroso, falando no celular, sentado dentro do carro.

SKINNER (OFF): - Já.

O Canceroso fecha os olhos, nervoso.

SKINNER (OFF): - Já fiz tudo o que mandou, e se soubesse não teria feito! Você disse que ela ficaria em segurança se eu colaborasse. Mas não foi assim. Ela está aqui, e sabe Deus se vai acordar!

CANCEROSO: - Vamos esquecer aquele incidente.

SKINNER (OFF): - Incidente? Acha que confio em você? Eu não sou um dos peões do seu tabuleiro!

CANCEROSO: - Você é e sabe que posso movê-lo pra qualquer direção, quando e como eu quiser. Sabe que posso contar ao Mulder como e onde conseguiu aquelas informações. Posso dizer a ele que você não têm a coragem que diz ter.

Corta pra Skinner.

SKINNER: - Ele não viu a fita. Eu te segui o tempo inteiro. Eu soube dos seus planos antes mesmo que me usasse pra revelá-los ao Mulder.

CANCEROSO (OFF): - Você não sabe de nada, senhor Skinner. Destrua a fita.

SKINNER: - E se eu não a destruir?

CANCEROSO (OFF): - Eu sei onde está, senhor Skinner. É só apertar o botão. Não faz diferença alguma. Sempre saberei onde encontrá-lo. Agora pegue qualquer coisa pontiaguda e vá até aquele quarto. Mire na nuca.

SKINNER: - O quê?

CANCEROSO (OFF): - Faça o que eu digo. Mate-a.

SKINNER: - Está doido? Eu não mataria a Scully! Eu fiz isso pra protege-la! Você me disse que a protegeria e agora quer que eu a mate?

CANCEROSO (OFF): - Senhor Skinner, preste atenção no que vou dizer, se quer evitar que mais desgraças aconteçam e se quer seu emprego de volta. Mate aquela mulher!!!!!! Não é a Scully!


Apartamento de Mulder – 11:11 A.M.

Mulder entra. Fecha a porta. O telefone toca, insistentemente. Ele não atende. O celular também toca. Mulder desliga-o. Tira o casaco e joga-o no chão. Afrouxa a gravata, desabotoa a camisa, enquanto caminha até a sala. Procura por Scully. Vai até a cozinha, não a encontra. Arregaça as mangas da camisa. Mulder está nervoso, tenso. Vai pro quarto. O abajur está aceso.

Scully está jogada na cama, dormindo. Mulder aproxima-se. Ajoelha-se ao lado da cama e olha pra ela.

MULDER: - ... Não vou culpá-la por isso. A criatura sempre obedece o criador, em nome de sua própria existência.

SCULLY: - ...

MULDER: - Você quase conseguiu me enganar.

Mulder percebe o braço e a cabeça dela enfaixados.

MULDER: - Machucaram você também? Por isso ligou pro Bureau, pedindo minha ajuda?

SCULLY: - ...

Mulder levanta-se. Está perturbado. Olha pra Scully. Começa a chorar.

MULDER: - (CHORANDO/DESESPERADO) Eu queria que você fosse a verdadeira... Eu tenho saudades da Scully.

Mulder sobe na cama. Abraça-se nela.

MULDER: - Eu... Eu preciso de você, Scully! Eu estou desabando! Muita coisa aconteceu e eu não consigo entender mais nada! Nem que seja uma cópia, mas eu preciso do seu carinho!

Scully abre os olhos. Ao ver Mulder, assusta-se e tenta se soltar dele. Mulder continua a abraçando.

SCULLY: - (GRITA/ APAVORADA) Me solta!!!!!!!!!

Mulder, desorientado, começa a beijá-la. Scully o empurra, desesperada.

SCULLY: - Afaste-se de mim! Eu não conheço você!

Mulder afasta-se dela. Sai da cama. Passa as mãos nos cabelos, nervoso. Scully levanta-se, tonta, segurando-se nas paredes.

MULDER: - Sinto muito, mas eu tenho de fazer isso. Eu não queria, não é pessoal, mas não há outra alternativa. Me perdoa, mas...

Mulder tira o picador de gelo do bolso. Vira-se pra Scully.

MULDER: - Não posso deixar você viver.

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Scully arregala os olhos. Tenta correr. Mulder a segura. Ela grita, desesperada.

SCULLY: - Não! Me solte! Não faça isso!

MULDER: - (CHORANDO) Eu não queria fazer, mas eu preciso. Eu sei que te machucaram, mas... Você é um clone. Isso precisa ser feito.

SCULLY: - Me solta! Quem me garante que não foi você quem me machucou?

Mulder mira o picador de gelo na nuca de Scully. Ela chora, entrando em desespero, desatinada.

SCULLY: - (NERVOSA) Não... por favor! Não me mate! (CHORANDO) Não me mate!

MULDER: - ... (TENSO/ EM LÁGRIMAS)

SCULLY: - O que eu fiz pra você? (CHORANDO) Me diga, por que quer me matar?

Mulder a solta. Não consegue fazer aquilo. Scully corre pra sala. Mulder abaixa a cabeça, desatinado, chorando.

MULDER: - Eu não posso fazer isso...

Scully entra no quarto, segurando uma faca nas mãos. Está tremendo de medo. Mulder olha pra ela.

SCULLY: - (DESATINADA/ DESESPERADA/ AOS GRITOS) Eu não sei quem é você e nem sei quem eu sou. Mas você não vai me matar!

[Som: Nirvana – Come as You Are]

Scully avança em Mulder com raiva, acertando a faca em seu braço.

Mulder recua, tentando se defender. O sangue verte na camisa dele.

Scully avança sobre Mulder.

Mulder consegue rendê-la, tirando a faca de suas mãos.

Scully começa a lutar com Mulder.

Mulder mete um forte tapa na cara dela e ela cai por cima dos móveis, gritando de dor, tonta.

Mulder avança nela, furioso, erguendo o picador de gelo. Tenta virar a cabeça dela, mas ela reluta e o chuta. Mulder fica furioso.

MULDER: - (GRITA) Eu tenho que te matar!!!!!!!

SCULLY: - (GRITA DESESPERADA) Nãoooooooooooo!

Scully puxa a arma da cintura de Mulder. Mulder afasta-se. Scully segura a arma com as duas mãos.

SCULLY: - (GRITA/ NERVOSA) Se chegar perto de mim eu vou atirar!!!!!!!!!!

MULDER: - ...

SCULLY: - (GRITA) Me deixa sair daqui! Quero ir embora!!!!!!!

MULDER: - ... Scully, você...

SCULLY: - (GRITA) Eu não sou a Scully! Nem sei quem é ela! Me deixa ir embora!!!!!!!!

Mulder aproxima-se. Scully, nervosa, treme as mãos e a arma. Mal consegue segurá-la.

SCULLY: - (GRITA) Eu estou avisando! Se der mais um passo vou atirar em você!!!!!!

Mulder continua caminhando em sua direção.

Scully aperta o gatilho. O impacto do tiro a arremessa pra trás.

Mulder olha pra sua barriga. O sangue começa a manchar sua camisa rapidamente. Mulder olha pra Scully, incrédulo, inclinado-se pra frente, colocando as mãos sobre a barriga.

Scully chora, desatinada. Deixa a arma cair no chão.

Mulder esquece a dor e avança em Scully com ódio. Segura Scully pelo cabelos e bate com o rosto dela fortemente contra a parede, várias vezes.

Scully grita desesperada, mas Mulder está cego de ódio. Scully desmaia. Cai deitada de lado no chão.

Mulder cai no chão, gemendo de dor. Coloca a mão esquerda sobre a barriga. O sangue não pára de escorrer. Mulder ergue-se, com dificuldades. Pega o picador de gelo, com a mão manchada de sangue. Arrasta-se até Scully. Mira na nuca de Scully. Respira fundo.

MULDER: - (CHORANDO) Me perdoa.

Mulder segura o rosto de Scully e prepara-se para o golpe final. É quando Mulder percebe que o rosto de Scully está molhado. Mulder vira o corpo de Scully. Do nariz dela, escorre sangue. Sangue vermelho.

MULDER: - (GRITA/ DESESPERADO) Scully!!!!!!!!!!!!!!!

[Corte]

[Som: Mark Snow – Trust no One]

Numa rua de Nova Iorque, Krycek caminha entre as pessoas, com as mãos no bolso da jaqueta. Há um sorriso de vitória nos lábios dele.


TO BE CONTINUED...


12/05/2000


4 Août 2019 15:33 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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