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Emily pensava que estava apaixonada pela sua melhor amiga. Isso não é um preview. É um conto.


Histoire courte Déconseillé aux moins de 13 ans.

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É você!

Emily pensava que estava apaixonada pela sua melhor amiga.

Ela não tinha certeza se era realmente amor platônico ou admiração. Ela e Luisa estudaram juntas desde o ensino fundamental II e agora estavam cursando a faculdade. Emily fazia Cinema e Luisa, Ciências da Computação. Cursos diferentes na mesma faculdade. O problema foi que esse distanciamento ativou algum sinal dentro de sua cabeça fazendo-a pensar que talvez estivesse amando sua melhor amiga em segredo. Segredo porque Luisa não sabia, ou se sabia e/ou desconfiava não fazia questão de tocar no assunto.

Emily tinha “saído do armário” apenas para algumas poucas pessoas. E isso incluía Luisa. Ela sabia que Emily gostava de meninas assim como gostava de meninos. Mas agora Luisa tinha uma espécie de ficante/namorado da mesma sala em que ela estuda. E Emily se viu obrigada a afastar-se um pouco para entender seus sentimentos ou pelo menos apaniguá-los.

Ela não gostaria de se declarar para uma garota hétero e correr o risco de levar um não ou pior ainda, perder a amizade.

*=*

Emily desceu do ônibus, que a trazia todo dia para o campus, e avistou Luisa andando mais a frente de mãos dadas com o garoto que ela afirmava não ser seu namorado.

Emily olhou para trás, para onde o ônibus que Luisa tinha vindo, estava estacionado, e ainda desciam alunos para procurar por seu colega de sala. Ela não queria passar pelo casal sozinha.

Ela alcançou seu colega e começou a conversar com ele a respeito de uma série que ela tinha assistido recentemente. Ele compartilhou se sua empolgação e os dois andaram juntos até passarem pelo portão.

Ela tentou não deixar que sua olhos olhassem para sua amiga. Ela não sabia se seria capaz de cumprimentá-los.

- … eu achei o final meio arrastado mas gostei …

Ela tentava prestar atenção no que seu colega dizia e não pensar no quanto sua mente estava começando a pifar.

Ela começou a andar mais rápido e sentiu quando passou pelo casal. Luisa estava de costas mas ela reconheceria aquela pele marrom reluzente ou aqueles cachos soltos a qualquer distância.

– Você vai na festa amanhã à noite? - ele perguntou para Emily.

A festa ao qual ele restava referindo-se, era uma espécie de confraternização de boas vindas aos novos calouros. Todos os cursos do campus estavam convidados.

– Acho que vou… você não vai?!

Eles andavam pelos corredores onde as salas estavam localizadas.

– Não. Eu odeio multidões. Ainda mais em um espaço fechado como aquele clube. Vou ficar em casa assistindo alguma série.

Emily olhou para ele com uma cara divertida e zombou:

– Como sempre.

Ele riu e concordou. Os dois entraram na sala, e Emily esqueceu do assunto momentaneamente.

*=*

No sábado, Emily ainda estava decidindo-se se valia a pena comparecer aquela festa. Ela tinha alguns colegas que iriam mas ela tinha certeza que se chegasse lá ficaria em um canto, só observando as outras pessoas se divertirem. Mas ela queria ser mais sociável, e isso a convenceu.

Ela tinha transporte próprio. Bastava que não enchesse a cara.

Quando o horário da festa bateu, ela começou a arrumar-se. Uma hora depois, ela estava saindo de casa.

Quando chegou ao clube em que acontecia a festa Emily pôde ouvir o som abafado. Algumas pessoas estavam do lado de fora mas na portaria os seguranças exigiam o ingresso que eles haviam recebido no dia anterior, em sala de aula.

Emily apresentou seu ingresso e sua entrada foi liberada.

Já dentro do clube ela pôde ouvir a música eletrônica explodindo nas caixas de som. Ela andou pelo salão principal até avistar um de seus colegas de sala. Emily cumprimentou-os e foi informada que existia um bar improvisado do lado de fora.

Aproximando-se do local indicado, Emily viu que “o casal do século” estavam sentados perto de uma piscina que existia por ali.

Ela sentou-se em um dos banquinhos que tinham por ali. O bar não vendia nada alcoólico mas ela tinha certeza que algumas pessoas já tinham pensado nisso.

Emily pediu uma batida de maracujá. Era sua fruta favorita e tudo que tinha maracujá era uma delícia.

Quando já estava quase terminando seu segundo copo, uma garota de cabelos castanhos avermelhados aproximou-se e pediu uma espécie de água aromatizada de maçã. Enquanto estava sendo preparado ela olhou para Emily e cumprimentou-a com um aceno de cabeça..

– Quantos copos você já tomou disso aí? - a garota perguntou.

Emily olhou para o lado tentando entender se a garota estava mesmo falando com ela.

– Dois. Por quê?!

A garota chegou mais para o seu lado e apoiou os dois cotovelos na bancada.

– Se continuar nesse ritmo, você vai dormir antes mesmo de chegar em casa. Eles fazem isso com fruta natural, se não percebeu.

Emily deu um sorriso de lado e deu um aceno de concordância.

– Eu sei.

Nesse momento o jovem responsável pelos drinques aproximou-se e colocou um copo com uma água dourada e um pedaço de maçã perto da garota. Ela pagou e agradeceu.

Virando-se para Emily com o copo nas mãos ela perguntou:

– Você parece meio solitária aqui. Quer vir comigo?! Estamos em grupo ali perto da piscina. Além disso, servimos algo mais forte do que o ofertado aqui.

Emily não tinha muitos motivos para dizer não então acompanhou-a, desviando de alguns jovens que dançavam sem rumo pelo caminho.

Quando as duas chegaram perto de um grupo de aproximadamente cinco pessoas, a garota de cabelos castanhos levemente avermelhados, pegou a garrafa que estava na mão de um dos garotos que riam alto e derrubou um pouco dentro de seu copo, e bebeu um gole diretamente da garrafa, oferecendo a Emily.

Ela sabia que tinha que chegar o mais sóbria possível em casa mas não deixou de tomar um gole para espantar um possível sono que pudesse ter pelo meio litro de batida de maracujá que tinha ingerido.

Quando Emily virou-se de frente para piscina, apoiando-se no pequeno muro que existia ali, ela percebeu que estava praticamente de frente para sua melhor amiga e seu garoto. Somente uma piscina média a separava deles.

Ela viu quando Luisa percebeu que ela estava olhando-os e acenou para ela com a única mão livre. A outra estava rodeada na cintura do garoto ao seu lado.

Ela cumprimentou de volta e virou o rosto para a garota ao seu lado que observava a interação, curiosa.

– Pela maneira como seu rosto está tenso posso imaginar quem seja a garota do outro lado.

Emily fez uma cara confusa.

– Sua ex-namorada?! - a garota do seu lado foi direta.

Emily arregalou os olhos.

– O quê?! Como você…

– Acertei?

– Não!

A garota ao seu lado deu de ombros e deu tomou um gole de seu copo.

– Vai me dizer ou vou ter que continuar chutando até acertar?

Emily deu um suspiro, e esfregou sua testa.

– É minha melhor amiga – e completou em um murmúrio – ou, pelo menos, era…

– E você é apaixonada por ela ou essa cara de ciúmes é para o garoto ao lado dela?!

Emily quase engasgou e virou-se completamente para a garota ao seu lado.

– Você é direta, hein?! E não, eu não tenho nada a ver com o garoto, mas talvez a resposta para a primeira pergunta seja um pouco positiva.

A garota só seu lado, parou com o copo no ar e abaixou-o lentamente novamente.

– Um pouco?!

Emily deu um tapa na própria testa, e se perguntou internamente o porquê de estar se abrindo para uma garota desconhecida que lhe ofereceu vodca.

– Eu não sei se é paixão, admiração, ou ciúmes dos velhos tempos em que éramos grudadas. É isso - ela desabafou – E agora que somos de salas diferentes e queremos rumos de vida diferentes eu quero estar junto dela, mas não sei se é amigavelmente ou romanticamente. Mas agora isso não importa, ela já encontrou alguém.

Um momento de silêncio reinou, até que a garota ao seu lado quebrou-o:

– Você quer fazer um teste?!

Emily bufou e cruzou os braços, agora ela queria ir embora.

– Que teste?

A garota ao seu lado desceu da pequena mureta em que estava sentada e deu o copo que estava segurando para o garoto que mantinha a posse sobre a garrafa de vodca.

Ela aproximou-se e parou na frente de Emily que ainda estava de braços cruzados e apoiou as mãos nos ombros dela.

– Eu perguntei se aceita?!

Emily enrugou seu nariz levemente com o bafo de bebida da garota mas respondeu:

– E eu perguntei qual tipo de tes…

Antes que terminasse de perguntar a garota de cabelos castanhos conectou seus lábios. Emily arregalou seus olhos e antes de qualquer reação de sua parte, pôde ouvir os gritos animados que o grupo que acompanhava a garota que a beijava, dava. E antes de fechar os olhos, ela ainda viu que Luisa estava com uma expressão chocada olhando para elas.

Depois de fechar os olhos, ela descruzou os braços e os rodeou pela cintura da garota que fez pressionou com um pouco mais de força suas bocas. Emily entreabriu seus lábios e inclinou sua cabeça para que o beijo finalmente se encaixasse. Ela sentiu o gosto da bebida alcoólica quando suas línguas se encontraram.

E antes que o beijo se tornasse mais profundo, a garota a sua frente mordeu levemente seu lábio inferior e afastou-se milimetricamente. Ainda com as mãos segurando o rosto de Emily, ela sussurrou:

– Vamos ver se você vai apaixonar-se por mim!

*=*

Por toda a semana seguinte, Emily não conseguia pensar em mais nada além do beijo que tinha ganhado. Não que ela achasse que tinha se apaixonado pela garota que a beijou. Mas mexeu com ela. Desde aquele episódio ela não tinha conversado com Luisa.

No último dia de aula da semana o campus já estava mais vazio e Emily aproveitava para terminar um livro de uma matéria da faculdade na biblioteca. Ela estava sentada concentrada, quando sentiu uma pessoa puxar uma cadeira e sentar-se na frente dela.

Ela levantou os olhos. Era Luisa.

– Oi, pessoa que não me cumprimenta mais – Luisa saudou-a.

Emily olhou ao redor e olhou novamente para sua melhor amiga.

– Oi, Luisa.

Luisa ajeitou-se na cadeira e inclinou um pouco sua cabeça.

– Como vai a vida? Tem alguma coisa que quer me contar?!

Emily remexeu-se em seu assento.

– Uhm?! Não, não tem nada para contar.

Luisa batucou com suas unhas na madeira da mesa e inclinou-se um pouco mais para frente, abaixando seu tom de voz.

– Nada?! Nem o que aconteceu na festa?!

Emily tentou não começar a irritar-se. Ela nunca pediu satisfações para Luisa.

Então respondeu, um pouco mais categórica:

– Não.

Emily voltou-se para seu livro mas não conseguiu se conter por muito tempo.

– Por quê você está me perguntando essas coisas?

Luisa ainda olhava para ela quando respondeu:

– Porque você beijou uma garota. Pensei que queria dividir isso comigo, Emily.

– Não tem nada para dividir.

No exato momento em que Luisa abriu a boca, a garota que tinha beijado Emily apareceu, postando-se de pé, ao lado de Luisa.

– Oi Emily.

E não esperando a reação da garota ela olhou para Luisa e cumprimentou-a:

– Oi.

Luisa deu um meio sorriso.

– Oi.

Um momento de silêncio rolou entre elas. Luisa levantou-se.

– Vou deixar vocês a sós.

E virando-se para Emily, exclamou:

– Ainda não terminamos essa conversa.

E despedindo-se da garota que ainda estava ao seu lado, deu as costas e foi embora.

Emily grunhiu e fechou o livro com força para o divertimento da garota a sua frente que sentou-se no lugar que Luisa ocupava.

– Olhe para mim e diga o que sente.

Emily olhou-a sem conseguir entender o sentido daquele pedido.

A garota revirou os olhos.

– Já se passou praticamente uma semana. Alguma coisa tem que ter acontecido.

Emily guardou seu livro na mochila e levantou indo parra fora da biblioteca.

– Não aconteceu nada.

Do lado de fora, as duas garotas andaram juntas até a saída.

– Então… eu posso te beijar novamente?!

Emily parou abruptamente e virou-se de frente para a garota.

– Eu tenho que ir embora agora.

A garota deu de ombros esperando realmente que ela fosse embora mas não contava com o momento em que Emily segurou seu rosto e pressionou seus lábios. Dessa vez foi a garota que rodeou a cintura de Emily, pressionando-a contra si. Elas entreabriram os lábios ao mesmo tempo e Emily encaixou o lábio inferior da garota entre os seus.

Dessa vez elas se permitiram demorar mais.

O céu já estava escuro e elas se separaram quando faltou ar. As duas olharam-se nos olhos e ficaram naquela posição por uns segundos a mais.

Talvez a garota não quisesse que Emily deixasse de lhe tocar ou ela mesma não queria que seus braços a soltasse. Ela queria beijar todo aquele rosto avermelhado milhares de vezes.

Talvez ela estivesse se apaixonando agora.

Emily ofegou e abraçou a garota pelo pescoço, apoiando sua testa em seu ombro.

– O que vamos fazer? - ela sussurrou.

– Se permitir?!

Emily deixou um riso nervoso escapar.

– Eu nem sei seu nome.

A garota abraçou-a mais apertado e sussurrou perto de seu ouvido.

– Gabriela.

FIM.

7 Juin 2019 23:19 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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byheryk byheryk escrevo. (ela/dela)

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