maxlake Max Lake

2036, Neder City. Querendo ter acesso ao Vox, um aparelho que cria uma nova realidade a partir de pensamentos, a criminosa Roxanne Bagley aceita o trabalho de invadir um bar e convencer o dono a não comprar um estabelecimento rival. Entretanto, as coisas saem de controle.


Science fiction Futuriste Interdit aux moins de 18 ans.

#robôs #ReduX #Vox #Rox #ficção-científica #sci-fi
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Capítulo 1

Neder City, 2036.

O vento uivante e frio balançava os longos e ruivos cabelos cacheados de Roxanne Bagley. A professora universitária, trajando um longo vestido branco sem alça e calçando rasteirinha, aproveitava a vista para o mar a partir da janela de seu casarão. À sua frente, uma negra e sorridente mulher, de cabelo longo cobrindo os seios e uma folha sensualmente posicionada para cobrir a vagina. Alana Thompson, jamais esqueceria esse nome, esse corpo. Sorriu e aproximou-se da amada, afastando o cabelo dos seios e puxando a folhinha. De repente, tudo começou a entortar, vários glitches apareciam e censuravam o sorriso da mulher. Tudo ficou escuro.

O visor do capacete foi aberto e Rox olhava para o homem grande e careca, vestindo uma regata branca, com um tubarão tatuado em seu braço direito. A redoma metálica acinzentada, que literalmente penetrava na mente da pessoa, subiu até o teto. Rox se encontrava sentada a uma poltrona flutuante bem confortável, em um quarto pequeno e claro.

-Qual é, Regi?! - resmungou Rox. - Precisava interromper agora?

-Acabou a sessão. Sabe as regras. Se quiser prolongar, tem que pagar o dobro de Créditos - disse ele, sério, rapidamente saindo e deixando a porta aberta, logo revelando uma fila enorme de clientes para entrar na cabine.

Ela bufou e se levantou, levando a calça e a jaqueta. O capacete, conhecido como “Vox”, entrava na mente da pessoa e criava realidades alternativas a partir dos pensamentos da pessoa. Para uma melhor experiência, o cliente precisava vestir uma roupa branca especial, que se adaptava à realidade imaginada.

Aquela mulher de cabelos cacheados ruivos dava lugar à real Roxanne Bagley, uma criminosa de cabelo preto, cortado e penteado para o lado. A felicidade em reencontrar seu par romântico perfeito foi substituída pela impaciência e a frustração frequente de viver no Setor 324, em Neder City, onde a corrupção era livre, a polícia não fazia nada e criminosos - como ela própria - possuíam alguns trabalhos sujos para fazer.

Rox tirou a roupa em meio a tanta gente dançando e bebendo no estabelecimento - pela placa neon acima do balcão de bar, ela sabia que era o Win’s Bar, mantido pelo ex-prefeito da cidade e capacho da ReduX de Neder. Regi a acompanhou de perto, esperando que devolvesse a roupa branca. Ela entregou meio contrariada, desejando ter dinheiro para aproveitar mais 10 minutos daquela realidade.

A verdade era que qualquer coisa seria melhor do que viver a atual realidade. Queria superar a ida de Alana Thompson para Crea City. Elas não tinham um relacionamento estável. Rompiam, voltavam, se traíam, se perdoavam, mas sempre se amaram. Até que alguém ofereceu um ótimo trabalho de modelo para Alana e ela se mudou. Rox adoraria ter ido, mas seria presa em Crea City.

Terminou de se vestir e foi à porta do estabelecimento. Recuperou a arma biométrica e guardou na cintura, guardou a faca de brilho rosa no bolso da perna e saiu do bar. Poderia beber um pouco, mas não sobraria Créditos para o dia seguinte.

O vento quente de Neder veio com a força de um soco na cara de Rox. Eram mais ou menos 5h30 da tarde, o Sol já estava se pondo. Adoraria aproveitá-lo, mas os enormes prédios a impediam de aproveitar a bela claridade do horário. Caminhava entre as pessoas da rua, algumas distraídas e outras sem interesse algum de olhar na cara da outra - poderiam ser irmãos e sequer dariam boa tarde um para o outro.

Rox olhou o relógio holográfico no centro da avenida. Poderia ir à Cabana e pedir um trabalho, assim se ocuparia por toda a noite e, quem sabe, alugaria a Vox para a madrugada inteira. Caminhou com esses pensamentos, também lembrando-se do rosto bonito de Alana. Da voz sensual de Alana. Do seio macio de…

-Ei! - gritou alguém ao bater no ombro de Rox. Olhou-a com cara feia. - Olha por onde anda, otária!

Rox manda o dedo do meio para ele, mesmo sendo ignorada, e seguiu em frente.

Os carros pararam antes da barreira vermelha criada pela faixa de pedestres. Rox atravessou juntamente com a multidão distraída e acabou trombando em alguém mais uma vez. Entretanto, essa pessoa se desculpou imediatamente. Ela também se desculpou, forçou um sorriso e seguiu em frente.

A Cabana era, provavelmente, o lugar mais rústico de Neder City. Localizada no Setor 443, ao norte de Neder, conseguia escapar das inúmeras placas neon, usando uma identificação simples e elegante de madeira: “Bem-vindos à Cabana!”.

Era o lugar onde Rox arranja trabalhos, normalmente cobrando o retorno de favores ou eliminando a concorrência no Setor. Em raras oportunidades, trabalhou como investigadora particular para o dono da Cabana, Carl Abanga. Basicamente investigou assaltos ocorridos no estabelecimento.

Por dentro, o tom rústico permanecia. Longos bancos de madeira, sem encosto, junto à mesa grande e redonda. Uma lareira apagada também chamava a atenção, principalmente por ter uma antiga TV dos anos 2010 pendurada nos tijolos. Menus bem fartos e feitos de papel plastificado com a imagem de dois garfos cruzando uma faca dentro de uma colher. Só de lembrar do gosto do hambúrguer de ‘baconfilé’ já dava água na boca de Rox.

-Rox! - Carl a recebeu de braços abertos. - É bom te ver!

-É mesmo? - Duvidou, sorrindo. - A menos que estivesse me esperando para um trabalho especial.

-Não, claro que não. - Ele ria. - Mas já que tocou no assunto, vamos conversar.

Ela deu de ombros e o seguiu para o escritório. Sentir o toque de uma maçaneta de metal era prazeroso para a mulher. Carl era negro e careca, vestia um avental branco com a logomarca da Cabana. Ela admirava que o proprietário do estabelecimento também trabalhe e tenha contato com todos os clientes, não apenas os especiais. A sala possuía sofá verde em frente à mesa de madeira marrom, que possuía alguns acessórios peculiares - a balança da justiça, um boneco de super-herói com a cabeça mole e balançante, papéis brancos e canetas dentro de uma caneca de porcelana.

-Novidades? - questionou Rox, sentando-se no sofá.

-Vejamos. Minha filha tirou 10 em Ciências Robóticas e meu filho lançou um novo videogame no mercado. E você?

-Alanna. Tive um belo sonho real com minha ex-namorada. Pena que durou pouco. Ah, como sinto falta dela...

-Vox? - palpitou.

-Exato. Até por isso vim aqui, preciso de Créditos para a próxima sessão na máquina. O trabalho vem a calhar.

Carl balançou a cabeça em reprovação, fazendo Rox fechar a cara. O dono da Cabana abriu uma gaveta e mostrou o porta-retrato com sua família. Ao lado de Carl, havia uma mulher de cabelo preto com olhos de diferentes cores - a famosa heterocromia. No colo da mulher, uma criança com pouco mais de 2 anos. Na altura da cintura, com a mão de Carl repousada estava o filho mais velho, Thomas. Do lado dele, a filha do meio segurando um robô pequeno. Rox ergueu a sobrancelha.

-É só uma dica, Rox. Aproveite a verdadeira realidade, a palpável. O Vox… Em algum momento vai ser substituído, vai ser ultrapassado por alguma tecnologia melhor. Vai ser apenas memória. Essa família que construí, as aventuras, as felicidades e até as frustrações e tristezas que tive e as que terei, elas serão eternas e reais. Tente seguir em frente com a vida.

-Bom pra você. Não me dou ao luxo de ter uma família. Mas fala aí, qual trabalho você tem?

Carl guardou o porta-retrato na gaveta e cruzou as mãos, inclinando-se para frente.

-Os Asimovs querem tomar meu estabelecimento.

-Manda eles pro inferno.

Ele gargalhou, gostava da personalidade variável de Rox.

-Eu neguei, mas são insistentes. Os Asimovs têm um bar descendo a rua, quase entrando no Setor 444. Entre, converse com Isaac e dê a mensagem que não faço negócios com eles.

-E se ele não aceitar?

-Mande a outra mensagem. Aquela que só você sabe mandar. Pago 550 Créditos, é o suficiente para passar uma madrugada no Vox.

-Beleza. - Ela se levantou e já caminhou para fora do escritório.

-Ei, ei, ei - disse ele assim que Rox tocou na maçaneta. - Vai assim? Sem planejar? Sem auxílio?

-É. Tchau. - Saiu antes que Carl dissesse algo a mais.

31 Mai 2019 18:14 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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