O som abafado do objeto arremessado contra a parede ecoava por toda a cela sendo acompanhando de um grito rouco e engasgado daquele que o arremessou. Em resposta, sons metálicos e berros desesperados puderam ser ouvidos pelos encarcerados presentes naquele hostil lugar. Às vozes aflitas, daqueles que só queriam um fim para o pesadelo, que eram os seus dias, aumentavam o desequilíbrio do encarcerado que iniciou aquela triste ópera desafinada.
Depois de iniciar o ensurdecedor barulho, ele se resumiu a caminhar até o livro, de folhas amareladas, que se encontrava aberto no chão escuro e frio do local, devido mais um de seus acessos de loucura. Sua respiração ainda se encontrava acelerada, seu peito pulsava forte fazendo todo seu corpo reverberar. O suor excessivo molhava seu tão surrado uniforme de presidiário, o único tipo de roupa que pode usar após sua condenação. Como odiava laranja.
Quem o visse poderia sentir o quão agudo e desesperador eram as reações que o encarcerado possuía perante sua atual situação. O estresse extremo, o corpo em definho, a mente em pedaços, tudo resultado de miseráveis coincidências que cercavam e condenavam aquele ser, que outrora fora considerado um belo e jovem universitário de 24 anos aos dias mais tortuosos de sua existência.
Os guardas já se acostumaram com os súbitos gritos coletivos causados pelas longas e perdidas horas de isolamento. Aquele era o cotidiano da maior e mais terrível penitenciária do eixo asiático. Tratava-se da morada de vários homens, que mesmo vivendo lado a lado uns dos outros, permaneciam completamente distantes, cada qual tendo que lhe dar com sua própria privação. Aquele era o local que refletia as penalidades impostas por uma dita justiça que punia os condenados por atos bárbaros, em vidas cercadas por punições físicas e psicológicas onde cada sentença era refletiva em acessos de loucura derivados da completa privação do convívio social e de direitos humanos.
Byun BaekHyun continuava no mesmo lugar após um de seus súbitos ataques. A pressão de estar trancafiado era horripilante e, ao contrário da grande maioria dos presos, a proximidade de sua liberdade o deixava mais desesperançando. Não suportaria muito tempo naquele lugar. E mesmo que queira fraquejar perante o marcado destino, um lado seu ainda deseja acreditar que tudo aquilo não passa de um sonho ruim e que logo acordaria e seria acalentado pelo dono de seu coração. Ele usava de todas as suas forças para acreditar que estava no lugar errado. Que era vítima de uma armação, que Park ChanYeol estava ao seu lado e o tiraria de lá.
E mais um grito ensurdecedor atinge os ouvidos do coreano.
Aqueles que já se encontram a muito tempo esperando por seu último dia, às horas demoram a passar. Para a grande maioria, o tempo faz com que a morte seja uma saída melhor do que viver eternamente sem contato humano e sobre as mais terríveis humilhações. Mas, estes tinham que aguardar, não que acreditassem que algum tipo de milagre acontecesse e eles saíssem vivos dali - não existia essa opção - mas porque eles tinham que esperar até que outros decidissem quando era a hora certa para partir.
Para os prisioneiros, não existiam opções ou desejos. Ao estarem ali, eles perderam completamente o controle de suas vidas, tendo, com a morte, um brinde de consolação por terem participado desse mundo. Contudo, havia exceções, aqueles que não acreditavam ser merecedores de tal pena e que tinham nas horas perdidas naquelas celas tempo para rever suas memórias, suas dores e se questionar o porquê de estarem ali, mesmo que não adiantasse tentar mudar esse destino já traçado.
Quem estava ali, aos olhos da sociedade, merecia tal castigo. Eram criminosos que barbarizam aquele país, com suas práticas violentas e desumanas e, que por seus devidos crimes, agora recebiam a devida punição. Para encarcerados desobedientes existiam tratamentos especiais, com sessões de tortura que poderiam incluir: serem expostos ao frio intenso do inverso apenas com roupas intimas ou serem obrigados a ingerirem misturas alimentarem de procedência duvidosa. Outros, receberiam, aos olhos do mundo, uma punição ainda mais severa e aguardavam apenas a única forma de liberdade existente naquele lugar, a morte.
Os gritos que fazem o Byun se encolher constatam que ele estava no mundo cruel e real. Caindo em si, pegou-se a refletir sobre a sua situação. Às vezes, em meio a solidão, que com o tempo deixou de ser preenchida com a literatura, cogitava sua possível culpa naquele bárbaro crime. Gostaria de ter a convicção de que não o fez, mas todas as provas apontavam para a sua culpa. Ele, se fosse um dos jurados que o condenou, não teria feito outra coisa senão votar a favor a pena de morte para ao réu aquele bárbaro horror.
Mesmo tendo quase que absoluta certeza de sua inocência, todas as vezes que se lembrava de seu julgamento e todas as provas apresentava, um lado ínfimo seu acreditava que ele era um assassino sanguinário e cruel. Perante isso, a gravidade de sua condenação, suas reflexões fizeram com que ele contatasse o quão pior poderia ser seu estado. Contudo, seu outro lado grita mais forte sua inocência. Por mais que existissem dezenas de elementos que fizeram todos acreditarem na realidade daquele fato, não conseguia ter absoluta certeza de sua culpa e no final, tão pouco de sua inocência. Ele estava completamente perdido.
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