Sirenes iluminavam a rua, conforme passava a mais de setenta quilômetros por hora. A maca balançava, enquanto me levava. Eu era portador de uma síndrome rara, chamada ‘’ Síndrome de Ehlers-Danlos’’, e para ajudar, morava um antigo casarão que se encontrava entre uma pequena comunidade e a cidade grande. O que isso quer dizer? Bem, digamos que eu constantemente passeava de ambulância, e minha residência não era nem um pouco perto do hospital emergencial.
-Você vai ficar bem, querido, eu prometo. – Minha esposa tentava me tranquilizar. Meu peito queimava enquanto tudo lentamente começava a ficar preto.
Isso foi há dois anos. E ela estava certa, eu fiquei bem, como todas as outras vezes. Mas ela morreu a cerca de nove meses, me deixando sozinho nessa enorme casa. A poucos dias atrás eu decidi que era melhor coloca-la a venda. Iria voltar para minha cidade natal, passar mais tempo com meus antigos amigos... Se é que aqueles velhos ainda se lembram de mim. Mas, não tinha nenhuma condição de bancar uma viagem, e menos ainda, de pagar um aluguel em outra cidade, possivelmente mais caro. Sendo assim, achei melhor esperar uma proposta de compra para que eu finalmente voltasse ao meu lar.
A cerca de uma semana, eu me via em frente a minha casa coletando as cartas de cobrança... Eu realmente não tinha dinheiro para paga-las. Enquanto as olhava pensativo, uma dor súbita começou a subir em meu peito.
-Merda, merda, agora não – Implorava por Deus. A Síndrome de Ehlers-Danlos é ainda pior quando decide atacar logo o seu coração.
Consegui, com um pouco de dificuldade, pegar o celular em meu bolso. Sabia mexer o suficientemente para fazer uma ligação de emergência. E foi oque fiz antes de me ajoelhar com as mãos sobre meu peito. Vários anos e não havia me acostumado direito com a dor, talvez ela ficasse pior com o tempo.
Os paramédicos chegaram cerca de cinco minutos depois. Eu já era bem conhecido por todo hospital, então acredito que vieram o mais rápido possível.
Corríamos a mais de setenta quilômetros por hora. As luzes piscavam, aquele som era realmente tão familiar. Desta vez, senti falta da presença familiar da minha mulher. Ela estivera comigo da ultima vez.
Ambulância 013.Homem, sessenta e sete anos; possível Dissecção Aórtica. Se dirigindo para o Hospital São Maicon o mais rápido possível.
A dor aumentava, mas dessa vez eu orava a Deus para que ele me levasse.
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