lara-one Lara One

Mulder encontra-se com o Canceroso, cara a cara, depois da revelação de que é filho dele. Qual será a reação de ambos? Pode o Canceroso atingir Mulder com essa verdade? Enquanto isso, Krycek levanta desconfianças ao Sindicato, de que o Canceroso sempre protegeu Mulder. Krycek trama a destruição do Canceroso.


Fanfiction Série/ Doramas/Opéras de savon Interdit aux moins de 18 ans.

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S01#26 - O HOMEM QUE NÃO MORREU


INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

O Canceroso puxa uma arma. Mulder puxa a sua. O Canceroso está nervoso, Mulder mira a arma nele.

CANCEROSO: - Seu idiota! Abaixe essa arma!

MULDER: - Não, você puxou a sua primeiro!

CANCEROSO: - Não vou matar você...

O Canceroso aproxima-se da janela, encostando-se na parede.

CANCEROSO: - Imbecil! Ele armou uma cilada!

MULDER: - Do que está falando?

CANCEROSO: - Do Alex Krycek! Ele armou pra que você corresse atrás de mim!

Mulder aproxima-se do Canceroso, com a arma em punho.

MULDER: - Não sei do que está falando, Canceroso!

CANCEROSO: - Afaste-se dessa janela, seu idiota!

MULDER: - Não há nada lá fora, ninguém sabe que está aqui, só o Skinner!

CANCEROSO: - Saia dessa ja...

Um tiro transpassa a janela, acertando Mulder. Mulder cai no chão, de bruços. O Canceroso abaixa-se e vai até ele. Vira o corpo de Mulder. O sangue começa a escorrer pela camisa. Mulder está com os olhos parados. Escorre sangue de sua boca.

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ LÁ FORA


BLOCO 1:

Fort Marlene – 10:17 P.M.

Krycek caminha de um lado para o outro. Alguns homens do Sindicato estão ali.

HOMEM 1: - Você pode estar completamente certo.

KRYCEK: - Ele está usando nós todos para seus propósitos pessoais! Entregou seus companheiros para os Homens sem Face! Quem pode dizer que não está negociando a ajuda deles? Acham que também não entregou o feto alienígena?

Eles se entreolham, burburinhos na sala.

HOMEM 2: - Por que ele faria isso?

KRYCEK: - Porque está traindo nossos planos de invasão. E sabem do perigo que isso representa pra todos nós, nossas famílias... Eles querem o que era seu por direito. Esse planeta nunca foi nosso.

HOMEM 3: - Ele não assumiria a causa de Bill Mulder! Ele foi contra!

KRYCEK: - Mas parece que está mudando de ideia. Por que acham que o Mulder sempre está atrás de nós? Como obtém informação?

Mais burburinhos.

KRYCEK: - Senhores, ele se vendeu aos Rebeldes. E ao Mulder. Cabe a nós tomar o controle da situação. Ou seremos os próximos da lista dele.


Arquivos X – 11:56 P.M.

Scully, sentada na cadeira de Mulder, comendo batatinhas. Mulder vasculha os arquivos.

MULDER: - Eu sei que tem algo aqui.

Mulder empurra a gaveta com força, fazendo um barulhão.

MULDER: - Droga! Não acredito que tenha se queimado!

SCULLY: - Mulder, sabe que o incêndio destruiu quase tudo o que tínhamos...

MULDER: - Ele pegou, Scully! Ele pegou o arquivo da Samantha!

SCULLY: - Por que pegaria?

MULDER: - Acha que entendo o que ele pensa?

SCULLY: - Mulder, você consegue entrar na cabeça das pessoas, por que não tenta entrar na dele?

MULDER: - Ele me assusta, Scully. Sempre me assustou. Meus instintos caem por terra quando olho pra ele. É como um vampiro de almas!

SCULLY: - Mulder, vamos pra casa, descansar. Estou com fome, cansada, preciso de um banho...

Mulder olha pra Scully, ainda furioso.

SCULLY: - (SORRINDO) Hum? Vamos?

MULDER: - (SORRI) Tá, Scully. Vamos.

Scully levanta-se. Atira a lata na lixeira.

SCULLY: - Você cozinha.

Os dois saem da sala, dando de cara com Skinner.

SKINNER: - Ainda bem que estão aqui.

Skinner olha para os lados, assustado.

SKINNER: - Mulder, aconteceu.

MULDER: - O que aconteceu?

SKINNER: - A merda está feita, Mulder.

MULDER: - Skinner, do que está falando?

Skinner entrega um bilhete pra Mulder.

SKINNER: - Mulder, não confie nele. Mas se está pedindo ajuda, é sério. Veio até mim, e acredite, estava com uma fisionomia de pânico, coisa que eu nunca havia visto antes.

MULDER: - Ele quem?

SKINNER: - O Fumacinha.

Mulder abre o bilhete.

MULDER: - (DEBOCHADO) O Fumacinha está pedindo ajuda pra mim? Que maravilha! Deus existe! Acho que vou comemorar!

SKINNER: - (ASSUSTADO) Mulder, a coisa é séria. Ele pediu que eu te entregasse isso.

MULDER: - Você não acredita que eu vou até lá, acredita? Pois que se dane! É mais uma das armadilhas dele, e dessa vez não vou cair como patinho. De agora em diante, quando andar pra esquerda ficar óbvio demais, irei para a direita!

Scully olha pra Skinner. Skinner olha pra Mulder.

SKINNER: - Ele pediu que fosse sozinho. Acho melhor não envolver a agente Scully nisso. Vá, Mulder. Talvez a verdade esteja lá.

Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Vá pra sua casa.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Por favor, Scully. Eu ligo pra você depois.

Scully fica preocupada. Mulder sai dali.


Apartamento de Mulder – 12:31 A.M.

[Som: The Korgis – Don’t look back]

Mulder entra. Acende as luzes. Coloca as chaves do carro sobre a mesa. Tira o bilhete do bolso. Vai até o sofá. Senta-se. Observa o bilhete, com um semblante de dúvida. Mulder larga o bilhete sobre a mesa de centro. Tira o blazer e o coloca no sofá. Põe as mãos no rosto, angustiado.


12:47 A.M.

Mulder, na sala, anda de um lado para o outro, agitado e nervoso, olhando para o relógio sobre a estante. Mulder está suando. Afrouxa mais a gravata. Vai até a janela e olha para fora.


12:53 A.M.

Mulder coloca o paletó. Ajeita a gravata. Veste um sobretudo. Caminha a passos lentos até a porta, pega as chaves do carro. Verifica se está com a arma no coldre.


Memorial de Lincoln – 1:49 A.M.

Mulder sobe as escadas laterais do monumento.

A fumaça do cigarro plana suavemente no ar, saindo de trás de um dos pilares, de onde surge o Canceroso, também vestido num sobretudo. Está muito frio. Mulder pára. Trocam um olhar, em silêncio. O Canceroso caminha até as escadas. Mulder o segue. Os dois descem, lado a lado. Caminham até um banco e sentam-se. Ficam por um curto espaço de tempo sem falarem uma palavra.

MULDER: - (IRRITADO) Por que me chamou aqui? Pra fazer fumaça na minha cara?

CANCEROSO: - Percebo que ainda mantém sua ironia.

MULDER: - Fala logo, de uma vez. Não tenho tempo pra perder com um assassino como você.

CANCEROSO: - Mulder, às vezes você me decepciona. A verdade está a sua volta e você não consegue distingui-la. Está me acusando de coisas que não fiz.

MULDER: - Veio até aqui pra jurar inocência?

Mulder levanta-se irritado.

MULDER: - Assunto terminado.

CANCEROSO: - Não matei sua mãe. Se é o que está pensando.

Mulder vira-se. Olha pra ele.

MULDER: - (GRITA FURIOSO) Você é o pior de todos os mentirosos! Por que acreditaria em você? Já mentiu tanto em sua vida! Sabe, às vezes chego a pensar que você merece benevolência, porque já mentiu tanto, que não faz isso de propósito. ‘É hábito’.

CANCEROSO: - ...

O Canceroso traga profundamente o cigarro. Mulder percebe que há algo errado.

MULDER: - Se tentou me ferrar durante toda a minha vida, como posso acreditar que não matou a minha mãe?

CANCEROSO: - Depois das coisas que ouviu, ainda acredita que eu a mataria?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Sua amiguinha bisbilhoteira foi quem estragou tudo. Nada disso precisava acontecer. Afinal, tudo corria tão bem...

MULDER: - Estragou tudo? Ela me deu a verdade! A verdade que você e minha mãe esconderam de mim por tanto tempo!

CANCEROSO: - Não matei a Teena.

MULDER: - Então quem matou a minha mãe?

CANCEROSO: - Alex Krycek.

MULDER: - Ah, sim! Agora vai pôr a culpa naquele rato desgraçado... Por que ele faria isso? Por que estava cumprindo suas ordens? Assim como matou meu pai, e acredito que também a irmã da Scully! Krycek apertou o gatilho, mas você estava por trás dele!

CANCEROSO: - ... (NERVOSO) O russo sabe do nosso segredo.

O Canceroso apaga o cigarro. Está tenso. Mulder percebe.

MULDER: - ... Ele sabe que você é meu pa... (RELUTA E FICA EM SILÊNCIO)

CANCEROSO: - Ele andou xeretando por aí. Agora quer me entregar ao Sindicato. Quer o poder que tanto almejou, maldito idiota. Não sabe que poder demais implica responsabilidades...

MULDER: - (IRRITADO) Ah, e você acha que vou ajudá-lo? Tá com medo de morrer, “Fumacinha”? Pois que se dane! Não temos nada, nunca teremos! Eu já disse à você que o mataria, não importa de quem fosse pai! Você não significa nada pra mim, a não ser o cara que eu mais tenho vontade de matar!

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) Ah, realmente agora está fazendo jus aos seus genes paternos.

Mulder fecha os olhos. Sente como se tivesse sido apunhalado.

CANCEROSO: - Você é igual a mim, Mulder. Essa é uma verdade. Tem a maldade dentro de si. Tem seu lado frio, egoísta e mesquinho como eu. Você também não se importa. Apenas não sabe disso.

MULDER: - (GRITA FURIOSO/NERVOSO) Eu não sou igual à você! O que está pensando? Eu me importo! Eu não sou um parasita como você, um covarde!

O Canceroso levanta-se do banco. Acende outro cigarro. Olha nos olhos de Mulder, profundamente.

CANCEROSO: - Você também é um covarde. Ou se esqueceu de que há muito tempo atrás, por causa da sua covardia, matou um colega seu?

MULDER: - Não sei do que está falando.

CANCEROSO: - Lembra-se de John Barnett?

Mulder vira o rosto, abaixa a cabeça. Rasga-se de ódio por dentro.

MULDER: - (NA DEFENSIVA, NERVOSO) A culpa não foi minha!

CANCEROSO: - Ora, você mesmo, sendo seu próprio psicólogo?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Você poderia ter atirado e poupado a vida de seu colega.

MULDER: - Ele estava com um refém! Eu não poderia atirar!

CANCEROSO: - O refém era o próprio cúmplice. Outro bandido... Você sabia disso. Sabia que devia atirar. Mas não o fez.

MULDER: - (NERVOSO) Mas e as normas? Eu sigo normas, ao contrário de você!

CANCEROSO: - Se segue as normas, por que atirou nele pelas costas? Esperou Barnett matar seu colega primeiro, para depois então atirar nele?

Mulder silencia, as lembranças vêm em sua mente. A culpa toma conta dele.

MULDER: - (IRRITADO) Por que está me lembrando disso? O que quer? Que me sinta culpado?

CANCEROSO: - Quero mostrar que é igual a mim. Você é covarde e arrogante. Covarde porque não atirou quando deveria atirar. Arrogante porque atirou em Barnett quando não devia atirar. Quando ele estava com uma refém inocente. E se a matasse, Mulder?

MULDER: - (DEFENSIVO) Mas não a matei!

CANCEROSO: - E não pensou nas probabilidades de atingi-la? Claro que pensou. Mas sua arrogância, seu desejo de vingança, de ganhar sempre, não o fez pensar. E por isso, não o torna diferente de mim.

Mulder saca a arma, completamente irritado. Segura as lágrimas, com ódio. Aponta a arma pra ele.

MULDER: - (GRITA NERVOSO) Eu não sou igual à você!

CANCEROSO: - E o que faz com essa arma na mão? Está me ameaçando? É muito bom ameaçar os outros, também gosto disso, Mulder. É minha maior qualidade. Que bom que tenha herdado isso de mim.

Mulder guarda a arma, chorando. Está atordoado. Seca as lágrimas.

CANCEROSO: - (IRRITADO) Poupe sua ofensas e sua maldita agressividade! Não é só a minha vida que está em jogo. É a sua, Mulder. Acha que não virão atrás de você?

MULDER: - Acha que sou covarde como você é? Já enfrentei eles sem a sua ajuda!

CANCEROSO: - Acha que nunca o ajudei, Mulder? Acredita realmente que teria chegado até aqui sem a minha ajuda?

Mulder dá as costas. Chora. Tenta respirar fundo.

CANCEROSO: - Não, nunca chegaria. Já estaria fora do jogo. Na melhor das hipóteses... morto.

Mulder seca as lágrimas e tenta se recuperar. Está com raiva por ouvir aquilo. Vira-se pra ele.

MULDER: - Não sei o que estou fazendo aqui. Devia estar com um tremendo espasmo mental!

CANCEROSO: - O que veio fazer aqui então?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Pensou que faríamos um capítulo de novela mexicana, repleto de arrependimento, choro, abraços e beijos, e que eu te chamaria de ‘meu filho’ e você me chamaria de ‘meu pai’?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Não funciona assim. Não estamos numa novela mexicana. Mas isso não vem ao caso.

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Preciso que negue tudo.

MULDER: - Vai inventar mais mentiras sobre paternidade? Você não é homem nem pra assumir isso?

CANCEROSO: - Talvez eu nunca quis assumir isso.

MULDER: - (ÓDIO NOS OLHOS)

CANCEROSO: - Até quando vai achar que as mentiras são más? Algumas mentiras são úteis. Você também mente. Sabe que mente.

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Preciso do seu silêncio. Apenas isso. Quero apenas que fique quieto, e que não se meta nesse assunto. A ‘maldade fica sempre por conta do vilão’. A vingança é minha, não sua. Eu sou o pai de Samantha, entendeu?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Se você acreditou nessa história por tanto tempo, Krycek poderá acreditar.

MULDER: - E se eu abrir a boca? Se não quiser fazer esse pacto com você?

CANCEROSO: - Não fará isso. Você tem algo muito valioso por perto. E sabe que eu tomarei. E dessa vez, não haverá trocas.

MULDER: - (ÓDIO) Você não seria tão louco! Se encostar um dedo nela novamente, eu te mato! “Farei jus aos seus genes”!!!

CANCEROSO: - Você não fará isso. Fará tudo o que mandei. Pois tem o senso de preservação de quem realmente gosta. E agora sei que entende o que é perder o que mais se quer. A vingança é minha, Mulder. Sua vingança, é outra. Seu inimigo é outro.

O Canceroso atira o cigarro no chão e apaga com sapato. Olha pra Mulder, soltando a fumaça em seu rosto. Sai caminhando lentamente.


Apartamento de Mulder – 4:17 A.M.

Scully abre a porta. Entra. O abajur da sala está aceso. Mulder está sentado no sofá, pensando longe. Com uma garrafa de uísque sobre a mesa de centro. Scully olha pra ele, erguendo as sobrancelhas.

SCULLY: - Não podia ter ligado?

MULDER: - ...

SCULLY: - (INDIGNADA) Mulder, ainda não consegui dormir! Tenho que acordar cedo, vim aqui porque não atendeu o telefone, seu celular estava desligado, pensei que estivesse morto!

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, você está me ouvindo?

MULDER: - ...

SCULLY: - Está bebendo de novo, Mulder?

Mulder levanta-se. Chuta a mesa, num acesso de raiva. Scully se encolhe com medo.

MULDER: - (GRITA) Se estivesse tão preocupada comigo não entraria aqui desse jeito, me enchendo o saco com essas baboseiras femininas!

SCULLY: - (INCRÉDULA) Baboseiras? Mulder, o que queria que eu pensasse? Você foi ao encontro daquele homem! Acha que não tenho o direito de ficar preocupada?

MULDER: - Scully, sabe aquela história de espaço? Preciso do meu, se não se importa. Chega, Scully! Esquece! Sai de perto de mim! Se afasta enquanto pode, eu não sou o que você pensa!

SCULLY: - Não quer me dizer o que aconteceu?

MULDER: - (FRIO) Seria demais pra sua cabeça. Seus neurônios não dariam conta.

Scully fica boquiaberta.

SCULLY: - (INCRÉDULA) ... Mulder...

MULDER: - O que é?

SCULLY: - (FAZENDO UM GESTO COM O DEDO MÉDIO) Dane-se!!! Você sabe ser estúpido quando quer!

Scully sai batendo a porta. Mulder atira-se no sofá. Fecha os olhos, preocupado. Não consegue dormir. Não consegue chorar.


BLOCO 2:

Arquivos X – 9:01 A.M.

Mulder entra na sala. Scully, de óculos, está no computador. Abaixa os óculos por sobre o nariz e olha pra Mulder por cima das lentes. Mulder atira-se em sua cadeira. Abre a gaveta. Pega um monte de lápis e começa a atirar no teto.

SCULLY: - Não pense que vou perguntar por que se atrasou, por que não dormiu à noite e o que aquele homem falou.

MULDER: - ...

SCULLY: - Lembra-se do que o Skinner falou sobre gastos inúteis de material?

Mulder levanta-se furioso da cadeira.

MULDER: - Scully, dane-se! Não tem mais o que fazer a não ser encher o meu saco?

SCULLY: - (GRITA) Mulder, você é um egoísta e insensível!

MULDER: - Sou. E também sou patético, frio, calculista, covarde e arrogante!

SCULLY: - (FURIOSA) Ainda bem que sabe disso!

Mulder olha pra Scully.

MULDER: - Eu não sabia. Um passarinho fumante foi quem me falou.

Mulder sai, batendo a porta. Scully suspira. Cruza os braços sobre a mesa. Abaixa a cabeça sobre eles.

SCULLY: - Maldita boca que eu tenho! Por que eu nunca fico calada? Por que tenho sempre que provar que ele está errado?


Rua 46 – Este – Nova Iorque - 11:21 A.M.

O Canceroso, sentado numa poltrona, fuma um cigarro. Krycek entra na sala. Alguns homens do Sindicato estão ali.

CANCEROSO: - Por que convocaram esta reunião?

HOMEM 3: - Estamos com problemas.

O Canceroso olha pra Krycek. Esse disfarça.

HOMEM 1: - Os Rebeldes estão ameaçando tomar conta da Base 1.

CANCEROSO: - (CALMO) Tolice, eles não se atreveriam.

HOMEM 2: - Como pode saber tanto sobre os Rebeldes?

O Canceroso levanta-se.

CANCEROSO: - (AMEAÇADOR) Estão insinuando o quê, seu bando de imbecis? Acham que estou trabalhando contra vocês?

Eles se entreolham.

CANCEROSO: - (FURIOSO) Se há alguém aqui, que não tem interesse na bandeira americana é esse russo desgraçado! Sabem bem em quem não devem confiar!

KRYCEK: - (CÍNICO) Espera aí, do que está me acusando?

CANCEROSO: - Não faço acusações, Alex Krycek. Apenas afirmo o que tenho certeza.

KRYCEK: - Está querendo reverter o jogo?

CANCEROSO: - Alex, acho que não temos nada para falar. Não neste momento. Vamos cuidar de nossos assuntos.

Krycek olha pra ele, com raiva.

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) Ou você tem segredos que gostaria de revelar em particular à minha pessoa?

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - (DESAFIANTE) Acha que tem segredos, Krycek?

KRYCEK: - (IRÔNICO) Você tem segredos.

CANCEROSO: - Todos aqui temos segredos. Tantos segredos que até nossos travesseiros serão cúmplices por manter silêncio.

KRYCEK: - ...

O Canceroso traga profundamente. Olha para os outros velhos.

CANCEROSO: - Vamos ao que interessa. O que os Rebeldes planejam com a invasão da Base 1? Acham que tendo a informação nós não a daríamos aos alienígenas? E como vocês têm certeza de que eles sabem da localização da base?

KRYCEK: - Eles são os únicos que podem entrar naquele lugar. São os únicos que sairiam ilesos. Os alienígenas se instalaram por lá porque sabiam que nós nunca poderíamos entrar e sair daquele local. Já percebeu a droga que será se pegarem as trocas?

CANCEROSO: - E por que as pegariam? Já estão com a Cassandra.

KRYCEK: - Pra nos ferrar! Por isso as pegariam! Iriam nos expor! Iriam nos chantagear! Se não houver adesão a eles, vão matar aquelas pessoas!

CANCEROSO: - Tem algum parente seu por lá, Alex? Por que está tão preocupado?

O Canceroso olha pra Krycek, ameaçador. Olha para os outros.

CANCEROSO: - Mas antes dessas questões todas... Quem passou a informação pra vocês?

Eles se entreolham. O Canceroso os observa, friamente e debochado.

CANCEROSO: - Acham que sou burro? Acham que já não implantei informações falsas para descobrir onde estava o dedo-duro?

O Canceroso levanta-se. Abre a porta.

CANCEROSO: - Senhores, senhores. Quando vão aprender que enquanto estão moendo a farinha, eu já estou comendo o pão?


Arquivos X – 6:57 P.M.

Scully está sentada numa cadeira, arrumando alguns papéis sobre a mesa de Mulder. O telefone toca. Ela atende.

SCULLY: - Scully.

SKINNER (OFF): - Ainda por aí, agente Scully? Sabe me dizer onde está o Mulder?

SCULLY: - Não o vi a tarde toda, senhor.

SKINNER (OFF): - O que aconteceu?

SCULLY: - Não sei, ele não me falou nada. Não quer tocar no assunto.

SKINNER (OFF): - Estou tentando o celular dele e o apartamento. Não o encontro. Se tiver notícias, me avise.

Skinner desliga. Scully também. Ela pega os papéis e os deixa juntos sobre a mesa. Pega sua pasta e sai, desligando as luzes.


Apartamento de Scully – 8:31 P.M.

[Som: The Korgis – Don’t look back]

Scully, levanta-se da cama. Põe um robe por sobre a camisola. Vai até a sala e acende o abajur. Abre a porta. Mulder está parado ali, vestido de terno e sobretudo.

SCULLY: - Mulder, o que aconteceu com você?

Mulder entra, chuta a porta e a agarra como um selvagem, empurrando-a até a parede. Beija-a com uma ânsia incontrolável. Beija-lhe os lábios, o pescoço, os ombros. Scully entrega-se. Agarra-o pelos cabelos, trocam beijos quentes. Mãos por todos os lados e ela vai afrouxando a gravata dele e abrindo sua camisa. Mulder abre o robe dela, descendo as alças de sua camisola. Enquanto beija-lhe os seios, passa a mão pelas coxas dela, subindo a camisola. Agarra seu bumbum, com força. Mulder a ergue, prensando-a contra a parede. Scully agarra-se nele, envolvendo seus braços nos ombros de Mulder. Scully fecha os olhos, sentindo-o dentro de si, como um doido, desesperado. O corpo dela bate contra a parede, Scully começa a gemer. Agarra-se mais forte nele. Entram em êxtase. Ele continua a beijar-lhe o pescoço, os seios, ofegante. Scully morde os lábios, segurando os gemidos. Ele desesperado. Ela sem reagir. Mulder deita sua cabeça no ombro dela, ofegante. Scully enlaça os dedos nos cabelos dele e desliza a outra mão pelas costas dele. Ele a ergue mais pra cima, ela solta um gemido. Os gemidos dela o deixam mais excitado. Mais selvagem. Ela abre os olhos, cravando as unhas nas costas dele e gemendo sem parar.


Apartamento do Canceroso - Local ignorado - 6:03 A.M.

O Canceroso está na cozinha preparando um café numa caneca. Está vestido num robe. Pega a caneca e vai até o quarto. Coloca-a sobre a escrivaninha, ao lado da máquina de escrever. Puxa a cadeira. Senta-se. Abre a gaveta, tira um maço de folhas de papel. Coloca sobre a escrivaninha. Pega uma das folhas e coloca na máquina. Acende um cigarro. Traga-o e depois coloca-o no cinzeiro. Começa a escrever.

CANCEROSO: - Então Jack encontrou-se com o filho. Ambos não sabiam o que esperar um do outro e...

O carrinho da máquina chega até o final, sem fazer o tradicional ‘plim’. O Canceroso leva a mão lentamente até o carrinho para fazê-lo voltar. Pára. Retira a mão lentamente. Observa a máquina, desconfiado. Levanta-se. Desencosta a escrivaninha da parede. Olha atrás da máquina.

Close dentro da máquina, onde se vê, conectado ao carrinho, alguns fios ligados a um explosivo.

O Canceroso afasta-se, encostando-se na parede, nervoso. Respira fundo. Pânico.


Rua 46 – Este – Nova Iorque - 8:16 A.M.

O Canceroso larga com força a máquina de escrever, sobre a mesa, na frente de Krycek, que está sentado.

KRYCEK: - (CÍNICO) O que é isso?

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) Quero que escreva uma carta de amor pra mim.

Krycek olha assustado pra ele. O Canceroso puxa uma arma. Enfia na cabeça dele.

CANCEROSO: - (GRITA) Escreve!

KRYCEK: - (ASSUSTADO) N-não tem folhas...

O Canceroso puxa do bolso, algumas folhas dobradas ao meio. Joga sobre a máquina.

CANCEROSO: - Escreve.

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - (FRIO) Está com medo de quê, Alex Krycek?

KRYCEK: - ... (DEBOCHADO) Eu não posso fazer isso. Tenho uma mão amputada.

CANCEROSO: - Quer ter a cabeça amputada? (GRITA) Escreva!

KRYCEK: - ... (PÂNICO)

CANCEROSO: - Estou junto com você, aqui do seu lado. Só quero participar da sua aula de datilografia.

Krycek, olhos arregalados, apavorado começa a escrever. O carrinho chega ao final. Krycek pára. Não tem coragem de puxá-lo de volta. O Canceroso puxa com toda força. Krycek joga-se no chão, assustado. Nada acontece.

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) O banheiro fica na primeira porta à sua esquerda.

O Canceroso guarda a arma. Olha pra Krycek, deitado no chão.

CANCEROSO: - Levante-se daí, seu rato sujo, e me encare como um homem!

Krycek levanta-se.

CANCEROSO: - Acha que sou burro? Garoto, eu matava homens importantes quando você ainda usava fraldas!

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Não tente me passar a perna!

O Canceroso acende um cigarro. Semblante frio. Krycek olha-o com deboche.

KRYCEK: - Sei do seu segredinho sujo.

CANCEROSO: - Eu sei disso. Só que está enganado, Alex. Iria me trair por nada.

KRYCEK: - Nada? Você teve um caso com a mãe do Mulder! Isso resultou nessa dor de cabeça ambulante que fica exibindo sua arma e credencial pra todo mundo.

CANCEROSO: - Não, Alex. Você confundiu as coisas.

KRYCEK: - Você é pai do Mulder! Tudo faz sentido agora. Por que nunca o ferramos mesmo? Por que você calculava tudo pra não ferrá-lo! Com desculpas do tipo ‘Mate Mulder e transformará sua jornada numa causa’...

CANCEROSO: - ... (DEBOCHADO) Continue seu raciocínio, prometo que tentarei entender.

KRYCEK: - Ora, seu velho mentiroso! Por que armou aquela cilada pra mim, me mandando ir naquela droga de boate sob a desculpa de que precisava de alguém para pegar uma fórmula secreta? Hein? Queria que Mulder atirasse em mim pensando que eu era um pedófilo? Vingança? Por que mandou que eu fosse até o hangar?

CANCEROSO: - ... Não pedi para roubar o feto antes disso?

KRYCEK: - Você sabia que eles chegariam primeiro!

CANCEROSO: - E que com isso você se atrasaria e perderia o espetáculo de fogo dos Rebeldes. Eu salvei você. E o que recebo em troca?

KRYCEK: - Eu matei a mãe dele sim! Matei para saber qual seria a sua reação. E a sua reação foi a prova que eu precisava, para ter certeza de que é mesmo pai do Mulder! Você quis me matar!

CANCEROSO: - ... Interessante, Alex. Mas tem um pequeno erro nessa história.

KRYCEK: - Não há erro algum.

CANCEROSO: - Esqueceu de um pequeno detalhe. Quero ferrá-lo por ter matado a mãe da minha filha.

Krycek olha-o com dúvida nos olhos.

KRYCEK: - Essa não, não vai me pegar com essa! Você não entregaria sua filha para os alienígenas!

CANCEROSO: - Pense bem, Krycek. Quem está a salvo? Mulder ou Samantha?

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Mulder não é meu filho. Acha que encubro essa verdade do Sindicato para proteger Mulder? Quais seriam os meus lucros? A sobrevivência dele? Acha que me importava com o Jeff?

KRYCEK: - (DÚVIDA) ...

CANCEROSO: - Se Mulder fosse realmente meu filho, por que me importaria com ele?

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Krycek, você se julga esperto, mas não é. Homens como eu não têm filhos, nem esposas. Nem pai, nem mãe. Acha que me importo com alguma coisa? Você é igual a mim, Krycek. Usou a Marita para conseguir as informações que queria a respeito do Sindicato. Infiltrou-se aqui nos oferecendo a vacina em troca da parceria.

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Onde está a Marita, Krycek?

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Está sendo cobaia de experiências. Você se importa? Claro que não. Quer salvar sua própria pele! Por que acha que eu me importo?

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Vou esquecer esse incidente, Alex. E pra mostrar que estou do seu lado, vou entregar um presente.

O Canceroso acende um cigarro.

KRYCEK: - (MEDO) Não quero nada de você.

CANCEROSO: - Acalme-se. Você trabalhou com Mulder, lia os relatórios dele. Lembra-se do caso John Barnett?

KRYCEK: - Aquele cara em quem o Mulder vacilou em atirar.

CANCEROSO: - Lembra-se que Barnett era uma das experiências do Dr. Ridley. Nós a patrocinávamos.

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Infelizmente, Barnett morreu sem nos entregar a fórmula. Mas nós a descobrimos, trancada num armário no aeroporto.

KRYCEK: - Que droga está falando? O que tenho a ver com isso?

CANCEROSO: - Já ouviu falar em regeneração de membros perdidos? Dr. Ridley pesquisou isso pra nós.

KRYCEK: - ...

CANCEROSO: - Quer um novo braço, Alex? Pois mantenha sua boca fechada sobre minha filha e terá um de volta.

O Canceroso sai tranquilamente. Krycek fica olhando para ele.


Arquivos X - 9:03 A.M.

Scully entra na sala. Coloca a pasta sobre uma pilha de caixas. Mulder está no computador.

SCULLY: - Desculpe, eu me atrasei. Por que não me chamou às sete?

MULDER: - Porque eu saí cedo.

SCULLY: - ...

MULDER: - ... Desculpe pelo que aconteceu ontem.

SCULLY: - De que está falando?

MULDER: - (CHATEADO) Eu... Eu fui um animal. Eu te ataquei, Scully. Me desculpe.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Mulder, não peça desculpas pelo maior orgasmo que tive na vida!

MULDER: - ... (SORRI, MAIS ALIVIADO)

SCULLY: - (CURIOSA) O que está fazendo?

MULDER: - Tem algo interessante aqui.

Scully levanta-se. Tranca a porta. Aproxima-se dele.

SCULLY: - O que está procurando, Mulder?

MULDER: - Pra dizer a verdade nada. Mas havia um e-mail pra mim. Enviaram uma mensagem sobre outro navio desaparecido no Triângulo das Bermudas.

Scully senta-se na perna dele.

SCULLY: - (ASSUSTADA) Mulder, não está pensando em voltar lá, está?

MULDER: - Claro que não, Scully. Mas me chamou a atenção. Procurei em jornais, mas não consta nada. Quem enviou isso tinha a informação, de fonte quente.

SCULLY: - Quem enviou?

MULDER: - Não sei.

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, o que estão tentando me dizer? Não há novidades aqui. Navios sempre somem nessa parte do Atlântico. Navios, aviões...

Scully fica lendo o e-mail na tela do computador.

MULDER: - Algumas pessoas suspeitam da existência de bases alienígenas nessa área. Outros acreditam que sejam portais dimensionais por onde essas naves cruzam rapidamente o espaço-tempo que nos divide de seu mundo... Mas esqueça, Scully. Não vou atrás de nada que me apareça de graça. Nunca mais. Eles não vão me ferrar de novo. Estão me usando para os planos deles.

Scully recosta-se em Mulder, deitando sua cabeça no ombro dele. Mulder fecha os olhos. Abraça-a.

MULDER: - ... Desculpe, Scully. Você têm razão. Eu...

SCULLY: - ...

MULDER: - Eu me utilizo do sexo como um modo de fugir das minhas preocupações, do meu desespero. Da minha incapacidade de lidar com as adversidades.

SCULLY: - ... Mulder, antes sexo do que uma garrafa de uísque.

MULDER: - Não, Scully. Isso é um vício tão perigoso quanto outros. Antes eram as fitas, as revistas. Agora uso você.

SCULLY: - Hum... Adoro ser usada e abusada, Mulder...

MULDER: - Não, Scully. Não dessa maneira. Eu poderia ter te machucado.

SCULLY: - Mulder, preciso confessar uma coisa pra você... Já que estamos falando sobre algo tão sério, eu... Eu não tenho moral alguma para criticar você. Sexo também é fuga pra mim. Fuga da minha incapacidade de ser quem eu sou, da minha essência rebelde. Eu me escondo atrás das convenções sociais, da boa moça... Eu não sou uma boa menina, Mulder.

MULDER: - ... (SORRI) Scully, você não se machucou quando caiu?

SCULLY: - Mulder, do que está falando?

MULDER: - Estou perguntando se não se machucou quando caiu do céu...

SCULLY: - (SORRINDO) Mulder... Eu ainda caio nessas suas táticas românticas baratas...

Scully olha pra Mulder. Os dois aproximam-se os lábios e trocam um beijo, longo e suave.


Gabinete do diretor – assistente - 11:29 A.M.

Skinner lê alguns papéis, sentado em sua cadeira. Batidas na porta.

SKINNER: - Entre.

Kersh entra. Skinner larga os papéis sobre a mesa. Ajeita-se na cadeira, olhando curioso para Kersh.

KERSH: - Precisamos conversar, Skinner.

SKINNER: - Sente-se.

Kersh puxa a cadeira e senta-se. Olha pra Skinner, com uma fisionomia séria.


BLOCO 3:

Skinner mantém os olhos em Kersh, com desconfiança.

SKINNER: - Aconteceu alguma coisa?

KERSH: - De todas as coisas que eu já imaginei falar, nunca imaginaria dizer esta.

SKINNER: - ...

KERSH: - Preciso de um de seus agentes.

SKINNER: - Qual deles?

KERSH: - Fox Mulder.

Skinner disfarça o sorriso com a mão. Kersh fica furioso.

SKINNER: - Desculpe, é que realmente nunca pensei que...

KERSH: - Skinner, estou com uma bomba em minhas mãos. E infelizmente, só o Mulder se encaixa no tipo de agente que preciso.

SKINNER: - ... Não posso dispensá-lo. Ele está ‘cheio de serviço’.

KERSH: - Skinner, não vai ouvir um ‘por favor’ da minha boca.

Kersh levanta-se.

KERSH: - Preciso dele.

SKINNER: - ... Primeiro tem que me dizer por que precisa dele. Não posso liberar um agente sem saber o motivo. São as regras, Kersh, você as conhece, é um diretor-assistente como eu.

KERSH: - Você também optaria por quebrar as regras se estivesse na situação em que estou.

Skinner levanta-se.

SKINNER: - Estou ouvindo.

Kersh reluta. Anda de um lado para o outro.

KERSH: - Semana passada nos ligaram, denunciando um fazendeiro por porte de nitrato de amônia, em quantidade muito grande para servir apenas como fertilizante... Mandei dois agentes investigarem. De certa forma, o homem vendia o material para a fabricação de bombas caseiras. Nós o prendemos. Conseguimos alguns nomes dos compradores. Pegamos alguns. Então conseguimos os nomes dos fornecedores. Até aí, tudo estava muito bem. Até que esbarramos num nome da lista.

SKINNER: - Que nome?

KERSH: - Diana Fowley.

SKINNER: - O quê?

KERSH: - Também me recuso a acreditar. Mas preciso de ajuda.

SKINNER: - E o que Mulder tem a ver com isso?

KERSH: - ... Reviramos a ficha dela aqui no FBI, e ela trabalhava em operações secretas pelo Oriente Médio e África. Sem contar o fato que depois disso, ela simplesmente desapareceu do Bureau. Há uma ligação, há suspeitas. Ordenei meus agentes a irem até o apartamento dela... Aí entra o Mulder.

SKINNER: - ... Ele estava no apartamento dela?

KERSH: - Não. Nós não a encontramos. Mas achamos o apartamento revirado e isto...

Kersh tira do bolso do paletó um daqueles ‘picadores de gelo’.

KERSH: - Não sei do que se trata, mas parece uma arma. Talvez usaram isto contra a agente Fowley, ou a sequestraram. Perto dessa coisa, havia uma enorme mancha esverdeada no chão. As análises não indicaram de que substância se tratava. Por que as provas sumiram.

SKINNER: - ...

KERSH: - Entende agora? Detesto admitir, mas isso é um Arquivo X.

SKINNER: - ... Vou falar com o Mulder.

Kersh larga o picador de gelo sobre a mesa de Skinner. Sai da sala. Skinner olha pro objeto. Pega o telefone.

SKINNER: - Mulder, preciso que venha até a minha sala... Não, apenas você.

Skinner desliga. Senta-se na cadeira e observa o objeto.


Fort Marlene – 11: 43 A.M.

Krycek caminha por um corredor. Bate numa porta. Entra. Marita está sentada no chão, numa roupa de hospital, abatida.

MARITA: - Ora, não sabia que tinha direito a receber visitas...

Marita levanta-se. Aproxima-se dele. Krycek afasta-se.

MARITA: - Por que está fugindo de mim, Alex? Pensei que se importasse comigo.

KRYCEK: - Já consegui de você tudo o que queria.

MARITA: - (OS OLHOS ENCHEM-SE DE LÁGRIMAS)

KRYCEK: - Preciso que me diga quem roubou aquele feto alienígena que os Rebeldes nos entregaram! Você estava aqui, deve ter visto.

MARITA: - Por que quer saber?

KRYCEK: - Isso é problema meu! Foram os Rebeldes ou foi ele?

MARITA: - Ele quem?

KRYCEK: - Você sabe de quem estou falando! Ele está negociando com os Rebeldes?

Marita começa a rir.

KRYCEK: - Por que está rindo?

MARITA: - Mesmo que tivesse visto algo, (DEBOCHADA) Alex Krycek, eu jamais contaria à você! Por sua causa, os velhos me castigaram!

KRYCEK: - Tem que me dizer o que viu!

MARITA: - (RINDO) Não tenho que te dizer nada.

KRYCEK: - Ora, sua vagabunda!

MARITA: - Sua vagabunda! Sua!

KRYCEK: - Tudo bem, se não quer falar, o problema é seu. Vim até aqui esperando que me ajudasse.

MARITA: - E por que o ajudaria? Você não me ajudou.

KRYCEK: - Tiro você daqui. Me dê a verdade e te ajudo a sair deste lugar!

MARITA: - Ora, até parece o agente Mulder falando...

KRYCEK: - Quero saber o que aconteceu naquela noite! Ele armou tudo para eles fossem até o hangar. Enquanto isso, os Rebeldes levavam aquele feto e matavam alguns homens do Sindicato. Justamente os que faziam oposição a Bill Mulder! Não acha que é coincidência demais? Por sorte cheguei atrasado, poderia ter morrido com os outros!

MARITA: - Me libertaria deles?

KRYCEK: - Se me desse algo substancial pra esfregar na cara dele. Sabe o quanto eu fico furioso quando tentam me enganar!

MARITA: - Dane-se, Krycek! Vou morrer, mas você também vai.

Marita começa a rir. Krycek sai furioso da sala.

Panorâmica da sala. Há um enorme biombo. De trás do biombo sai o Homem das Unhas Bem Feitas. Marita olha pra ele.

MARITA: - Eu... eu não mereço nada de você. Eu traí você.

HOMEM DAS UNHAS BEM FEITAS: - Traiu por uma boa causa. Traiu por amor a nossa causa. Traiu porque eu te pedi.

MARITA: - Eu me apaixonei por esse cafajeste. Achei que... Eu só queria ter mais atenção, você ficava tão longe, perto da sua família... Eu estava carente... Me sinto culpada. Não mereço que faça isso por mim.

HOMEM DAS UNHAS BEM FEITAS: - Então o nosso ‘amigo’ está cumprindo com o que prometeu...

MARITA: - Não era o que queria? Quem sabe agora você pode voltar. Os outros todos estão mortos. Não haverá resistência.

HOMEM DAS UNHAS BEM FEITAS: - Alguns ainda vivem. O russo é quem me preocupa. Não sei até que ponto está do nosso lado. Se Spender não confia nele, tem um bom motivo.

MARITA: - ... Eles travaram uma guerra entre si.

HOMEM DAS UNHAS BEM FEITAS: - Não voltarei antes que ele me chame novamente. Ele me prometeu que limpará o caminho. Então poderemos agir livremente, apenas nós.

MARITA: - ... O que vai fazer?

HOMEM DAS UNHAS BEM FEITAS: - Vou tirar você daqui, sem cobrar nada por isso. Porque eu ainda gosto de você. E porque sou um homem morto. E você é uma mulher morta.


FBI – Gabinete do diretor – assistente - 12:03 P.M.

Mulder sentado de frente para Skinner, olha pro picador de gelo sobre a mesa.

MULDER: - Não, eles a pegaram, mas não desse jeito. Diana não é uma alienígena!

SKINNER: - Mulder, está em suas mãos. Não posso decidir por você.

MULDER: - Diga ao Kersh que estou dentro. Vou achá-la, Skinner. Mas com uma condição: Vou trabalhar com a Scully. Não quero os agentes dele! É isso ou nada. Ele vai me pagar pela humilhação e perseguição aqui dentro. E...

SKINNER: - ... E...???

MULDER: - ... Eu ainda me preocupo com a Diana.

SKINNER: - Como vai dizer isso à Scully?

MULDER: - ...

SKINNER: - Mulder, não vou falar nada. Quem tem que dizer algo à Scully é você.

Mulder pega o picador de gelo. Sai da sala. Skinner respira fundo.


Apartamento de Diana Fowley – 12: 21 P.M.

Mulder caminha pelo apartamento. Revira tudo. Está nervoso, joga o que acha pela frente no chão. Ouve passos. Mulder puxa a arma e vira-se rapidamente. Krycek olha pra ele.

KRYCEK: - Não vai achá-la.

MULDER: - O que fizeram com ela?

KRYCEK: - Não sei.

Mulder o agarra pelo pescoço e o coloca contra a parede. Krycek, lentamente puxa a arma e encosta na barriga de Mulder.

KRYCEK: - E então? Quem vai atirar primeiro?

MULDER: - Quer jogar uma moeda pra cima?

KRYCEK: - Será entre nós dois, eu e você, filho do Canceroso.

Mulder o solta.

KRYCEK: - Eu sei que é filho dele! E fico contente porque teve o castigo que merecia!

MULDER: - Não sei do que está falando. Ele é pai da Samantha!

KRYCEK: - Ele é seu pai!

MULDER: - Ora, seu rato sujo, pode me ofender como quiser, mas não desse jeito! Onde está a Diana?

KRYCEK: - Não sei, e por isso mesmo coloquei o nome dela naquela lista, pra levantar suspeitas e trazer você até aqui!

MULDER: - Você forjou tudo?

KRYCEK: - Recebeu meu e-mail?

MULDER: - Ora, seu desgraçado!

KRYCEK: - Ainda não percebeu a ligação, Mulder?

MULDER: - Que ligação?

KRYCEK: - ... Ora, ou é muito burro ou realmente não é filho do Canceroso.

MULDER: - Ele pegou a Diana?

KRYCEK: - Não. A amiguinha dele está fora, fazendo um servicinho sujo, sem o FBI saber. Vigiando de longe, uma base secreta alienígena. (IRRITADO) Que eu descobri a existência agora! E isso me deixa louco, realmente muito louco! Porque estou lá dentro e eles estão me mentindo!

MULDER: - E o que tem a ver o Triângulo das Bermudas com isso?

KRYCEK: - Mulder, você é um imbecil! Um retardado! Conclua por você mesmo. Eu não te ajudo mais!

Mulder senta-se no sofá. Guarda a arma. Krycek guarda sua arma também.

KRYCEK: - Sua irmã... Todas estão lá!

MULDER: - Você está mentindo pra mim! Acha que sou burro o suficiente pra acreditar nisso? Quer que eu me arrisque, assim sairei do seu caminho!

KRYCEK: - Pensa, Mulder. Pensa. Ou acha que sua irmã está em outro planeta?

MULDER: - Por que fez isso? Por que chamou as atenções para a Diana?

KRYCEK: - Porque eu tenho interesse em ferrar com algumas pessoas.

MULDER: - Com o Canceroso?... Não, sinto muito, eu não acredito em você! E muito menos nele. É mais uma mentira!

Krycek sai. Mulder abaixa a cabeça, confuso.


Apartamento de Skinner – 8:21 P.M.

Skinner abra porta.

SKINNER: - Mulder?

Mulder entra.

MULDER: - Preciso que me ajude.

SKINNER: - Aconteceu alguma coisa?

MULDER: - Estão me confundindo, Skinner! Estão me jogando informações uma atrás da outra e eu não vou acreditar nelas! Não sem antes falar com aquele desgraçado.

SKINNER: - ...

MULDER: - Skinner, eu sei que sabe como contatá-lo. Preciso desse favor. Preciso falar com ele.

SKINNER: - Mulder, eu não sei mais onde ele mora. Se mudou, desde aquela vez que te dei o endereço.

MULDER: - Skinner, por favor, precisa me ajudar.

SKINNER: - ...

Mulder esmurra a porta.

SKINNER: - Mulder, vá pra casa. Vou ver o que posso fazer.


Apartamento de Scully – 9:13 P.M.

Mulder coloca a chave na fechadura. Abre a porta. Entra no escuro. Percebe que alguém aproxima-se dele, pelo lado.

Mulder puxa arma, mas leva uma tacada de beisebol no braço. Mulder grita.

Scully entra na sala, acende a luz e vê Mulder caído no chão.

Bill Scully em pé ao lado de Mulder, vestido apenas com uma calça de pijamas e segurando um taco de beisebol com as mãos no alto da cabeça.

SCULLY: - (GRITA) Não, Bill!

BILL: - Droga, Dana! O que esse cara faz aqui?

MULDER: - (IRRITADO) Eu é que te pergunto o que faz aqui?

Mulder levanta-se.

BILL: - Pensei que fosse um ladrão. Ei, por que ele tem as chaves do seu apartamento?

MULDER: - Scully, precisamos conversar.

SCULLY: - Aconteceu alguma coisa?

Bill fica olhando pra eles.

MULDER: - Diana Fowley desapareceu misteriosamente. O Kersh me requisitou via Skinner para o caso. Havia um desses na casa dela.

Mulder mostra o picador de gelo.

MULDER: - Não vou explicar tudo agora, mas acredite, é algo sério. Fui até o apartamento da Diana, e encontrei nosso amigo Krycek. Ou melhor, ele me encontrou. Foi Krycek quem mandou aquele e-mail, e me disse que... A base dos alienígenas é no Triângulo das Bermudas. É lá onde estão as pessoas que levaram, inclusive minha irmã.

Bill olha pra Mulder e Scully, sem entender o que falam.

SCULLY: - Mulder, não pode acreditar em Alex Krycek! Ele está mentindo! Quem garante que não estão armando mais uma contra nós?

MULDER: - Pedi ao Skinner para contatar com o Canceroso.

SCULLY: - Mulder, afaste-se daquele homem! Ele não tem interesse algum em ajudar! Ele apenas usa você para seus propósitos!

MULDER: - Não, Scully. Sei que não vai ajudar. Mas...

SCULLY: - Mas?

MULDER: - Scully, você não entenderia.

SCULLY: - Não está me chamando de burra de novo, não é, Mulder?

MULDER: - (SORRI) Claro que não, Scully... Preciso de um pouco de água.

SCULLY: - Tá.

Scully vai até a cozinha. Mulder atrás dela. Falando baixinho.

MULDER: - O que esse bastardo faz aqui?

SCULLY: - Bill estava de passagem e pediu pra ficar aqui. E ele não é bastardo, Mulder, é o meu irmão mais velho!

Bill entra na cozinha, com uma cara de poucos amigos.

BILL: - Por que deu suas chaves pra esse Lunático?

MULDER: - (DEBOCHADO) O que te interessa, Bill “dog”? Se te faz feliz, ela tem as chaves do meu apartamento também!

BILL: - (PERPLEXO) O quê? Isso é verdade, Dana?

SCULLY: - (NERVOSA) Bill, nós trabalhamos juntos...

BILL: - O que ele faz aqui numa hora dessas?

SCULLY: - Como percebe não temos hora para trabalhar, Bill! Por isso ele tem as chaves do meu apartamento e eu tenho as dele.

BILL: - Ora, Dana, eu não sou criança, tá legal?

MULDER: - (IRRITADO) Quer saber a verdade?

SCULLY: - (NERVOSA) Mulder, por favor...

MULDER: - Quer saber mesmo?

SCULLY: - (GRITA) Mulder!

MULDER: - (GRITA) Eu vou lhe dizer o que está acontecendo por aqui...

BILL: - (GRITA) É bom mesmo!

SCULLY: - Ah, Deus, Mulder, não! Vai haver uma chacina aqui dentro e...

MULDER: - (IRRITADO) Cala a boca, Scully!

BILL: - (FURIOSO) Ei, quem pensa que é pra mandar minha irmã se calar? O que está pensando, seu idiota?

MULDER: - Pense bem quem é o idiota por aqui!

BILL: - Você tem um minuto para se explicar porque entrou aqui, sorrateiro, no meio da noite!

MULDER: - Você é que é o intruso por aqui!

BILL: - Eu sou da família! Você é estranho! Conheço caras como você, são aproveitadores de mulheres! Tarados, mentirosos e enganadores!

MULDER: - (DEBOCHADO) Ah, você conhece o tipo porque é um ou por que já foi enganado por um?

Bill ergue o taco de beisebol. Mulder pega a cadeira.

SCULLY: - (DESESPERADA) Parem, pelo amor de Deus! Mulder, vá embora!

MULDER: - (PERTURBADO) Vem, vem que eu tô doidinho pra matar um hoje! E você cruzou no meu caminho, otário!

SCULLY: - (GRITA) Mulder, largue já essa cadeira! Bill, largue já esse taco!

BILL: - Odeio beisebol, mas o taco serve pra alguma coisa! Pra rachar a cabeça desse Lunático!

MULDER: - Lunático é... você! Porque sua mãe não merece ofensa!

BILL: - Não toque no nome da minha mãe! Seu boca suja!

MULDER: - Aposto que não gostaria de saber onde eu meto a minha boca todas as noites...

Bill larga o taco e pega Mulder pelo pescoço, avançando nele, empurrando-o pra cima do balcão. Os dois começam a brigar. Scully grita, desesperada.

SCULLY: - Parem, pelo amor de Deus, parem!

Eles continuam. Scully pega a arma e aponta pro dois.

SCULLY: - Vou atirar, eu juro!

Eles olham pra Scully. Se soltam.

SCULLY: - (FURIOSA) Mulder saia já daqui! Bill, volte pro sofá ou vá direto para San Diego agora!

Mulder e Bill se encaram, rosnando.

BILL: - Teve sorte, Lunático. Se não fosse por ela, eu teria feito um estrago nessa sua cara debochada.

SCULLY: - (GRITA FURIOSA) Bill!

Bill olha pra Mulder, invocado. Scully olha pra Mulder. Mulder aproxima-se da porta.

MULDER: - Nos falamos amanhã, Scully. Preciso voltar pra casa.

Mulder encara Bill.

MULDER: - Não se esqueça de acordar cedo para fazer seus exercícios. Gosta de correr no parque pela manhã, não é?

BILL: - O que tem a ver com isso?

MULDER: - (PROVOCANDO) Porque meu exercício preferido são abdominais nesse apartamento durante a noite!

Os dois se atracam a socos. Scully leva as mãos à cabeça.


BLOCO 4:

Apartamento de Mulder – 12:31 A.M.

Mulder entra no apartamento com um olho roxo. Acende as luzes. O Canceroso está sentado no sofá, fumando.

CANCEROSO: - Ora, ora... Arranjando encrencas por aí? Isso é típico de pessoas nervosas como você.

MULDER: - Poupe-me de suas ironias! Era em você que eu queria dar um murro, não naquele pobre idiota!

CANCEROSO: - Você me chamou aqui e espero que tenha bons motivos para atrapalhar o meu sono.

MULDER: - Homens como você nunca dormem.

O Canceroso levanta-se.

MULDER: - Onde está a Diana? O que fez com ela?

CANCEROSO: - Diana Fowley?

MULDER: - (DEBOCHADO) Não, a Lady Diana!

CANCEROSO: - ... Bem, digamos que ela atrapalhava muitas decisões do governo inglês.

MULDER: - (SURPRESO) Eu... não... acredito!

CANCEROSO: - Não sei nada a respeito de Diana Fowley.

MULDER: - Não se faça de idiota!

CANCEROSO: - Estou correndo risco demais vindo até seu apartamento! Não sei nada sobre a agente Fowley.

MULDER: - Como não sabe? Vocês são tão íntimos! Aliás, você gosta dos meus restos, não gosta?

CANCEROSO: - Não vai conseguir me provocar, Mulder.

MULDER: - Desgraçado, se você tocou nela, eu te mato!

CANCEROSO: - Quem disse à você que eu toquei nela?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Alex Krycek?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - (NERVOSO) Foi Alex Krycek quem disse isso?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Responda!

MULDER: - ...

O Canceroso puxa uma arma. Mulder puxa a sua. O Canceroso está nervoso, Mulder mira a arma nele.

CANCEROSO: - Seu idiota! Abaixe essa arma!

MULDER: - Não, você puxou a sua primeiro!

CANCEROSO: - Não vou matar você...

O Canceroso aproxima-se da janela, encostando-se na parede.

CANCEROSO: - Imbecil! Ele armou uma cilada!

MULDER: - Do que está falando?

CANCEROSO: - Do Alex Krycek! Ele armou pra que você corresse atrás de mim!

Mulder aproxima-se do Canceroso, com a arma em punho.

MULDER: - Não sei do que está falando, Canceroso!

CANCEROSO: - Afaste-se dessa janela, seu idiota!

MULDER: - Não há nada lá fora, ninguém sabe que está aqui, só o Skinner!

CANCEROSO: - Saia dessa ja...

Um tiro transpassa a janela, acertando Mulder. Mulder cai no chão, de bruços. O Canceroso abaixa-se e vai até ele. Vira o corpo de Mulder. O sangue começa a escorrer pela camisa. Mulder está com os olhos parados. Escorre sangue de sua boca.


Hospital Geral - 1:34 A.M.

Scully sai da emergência, tensa. Bill vai ao encontro dela. Também está com um olho roxo.

BILL: - Como ele está?

SCULLY: - Desde quando se preocupa com ele?

BILL: - ... Dana, eu...

Scully abraça-se em Bill.

SCULLY: - Me desculpe, Bill. Você não sabe de nada, gostaria de ser inocente como você, mas...

BILL: - Dana, eu não sei porque acertaram um tiro no seu parceiro, mas começo a me preocupar com a sua segurança! O que está havendo? Em que estão metidos? Quem é essa gente? Que história é essa?

SCULLY: - ... Bill... Jamais entenderia.

Bill a abraça. Skinner aproxima-se.

SKINNER: - Como ele está, agente Scully?

SCULLY: - Nada bem, senhor... Está na cirurgia... Eu só queria saber o que está acontecendo. O que está havendo entre ele e aquele homem?

SKINNER: - Scully...

SCULLY: - (IRRITADA) Você sabia! Você está me escondendo coisas, Skinner! Você e o Mulder! O que estão planejando? Me poupar?

SKINNER: - Ele me pediu ajuda. Queria um encontro com o Canceroso.

SCULLY: - Você está maluco? Por que fez isso?

SKINNER: - Não podia imaginar que...

SCULLY: - (INCRÉDULA) Não podia imaginar?

Bill segura Scully pelo braço, tentando acalmá-la.

SCULLY: - Droga, Skinner! Eu estou rezando pra que ele saia vivo daquela sala! Porque você vai carregar a culpa de tê-lo matado! Entregou ele àquele homem!

SKINNER: - Não foi ele, Scully.

SCULLY: - Como não foi ele?

SKINNER: - Isso não é serviço do Canceroso.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Ora, impressão minha ou ele é o mocinho da história e o Mulder o bandido?

SKINNER: - Scully, precisa se acalmar!

SCULLY: - (DESESPERADA) Eu não vou me acalmar! Ele está lá morrendo e quer que eu me acalme?

Scully começa a chorar. Abraça-se em Bill. Bill olha pra Skinner. Skinner senta-se num banco, cabisbaixo.

SKINNER: - A culpa foi minha. Eu nunca deveria ter dado ouvido às loucuras do Mulder...

Scully solta Bill, olha pra Skinner.

SCULLY: - Desculpe, senhor. Eu... Eu é quem deveria ter dado ouvidos ao Mulder. Mas conhece o Mulder, ele não se abre quando é preciso...

Barulho de saltos altos aproximando-se no corredor. Scully vira-se.

Diana Fowley aproxima-se. Olha pra Scully, com indiferença e autoridade.

DIANA: - Onde está o Fox?

SCULLY: - Na sala de cirurgia...

DIANA: - Como ele está?

SCULLY: - Mal... Muito mal.

Diana fecha os olhos.

SCULLY: - A bala atravessou, mas perfurou a veia cava superior. Ele está sangrando muito, não conseguem segurar a hemorragia... Precisamos de sangue compatível com o dele...

Scully fecha os olhos. Diana olha pra Skinner. Dá as costas e sai. Scully abre os olhos e a acompanha com o olhar. Olha pra Bill.

SCULLY: - Bill, vá pra casa, descanse. Não precisa estar aqui.

BILL: - Vou ficar com você, Dana.

SCULLY: - Bill, prefiro que vá pra casa. Tenho trabalho a fazer.

BILL: - Não vai se meter em encrencas, Dana.

SCULLY: - Bill, vá. Eu ligo pra você.


4:47 A.M.

Scully, sentada no banco ao lado de Skinner, com a cabeça no ombro dele. Olhos vermelhos e inchados.

SCULLY: - Sou tão culpada quanto você. Mas o Mulder é teimoso. Ele acha que tem que resolver tudo sozinho...

SKINNER: - ... Se sair dessa vou cobrar dele as tantas vezes que ficamos a noite toda acordados em corredores de hospitais.

Scully dá um sorriso, apagado.

SCULLY: - Skinner...

SKINNER: - Sim?

SCULLY: - ... Eu... Se ele sair dessa, prometo que será o meu padrinho.

Skinner olha pra ela. Scully tira a cabeça do ombro dele. Olha pra ele.

SKINNER: - Sabe, Scully... De todas as pessoas que conheci na vida, nunca conheci alguém como você e o Mulder. Vocês se merecem mesmo.

SCULLY: - Isso é um elogio?

SKINNER: - Acho que não.

A enfermeira sai da sala. Os dois levantam-se, apreensivos. A enfermeira dá um sorriso.

ENFERMEIRA: - Conseguimos estancar a hemorragia. Ele ainda precisa de observação médica, mas está reagindo. Conseguimos um doador.

Diana Fowley aproxima-se deles, ajeitando a manga da blusa. Scully olha pra ela, perplexa.

DIANA: - Como ele está?

ENFERMEIRA: - Sob cuidados, mas está reagindo. Quem de vocês é Scully?

As duas se olham. Scully olha pra enfermeira.

SCULLY: - Eu sou a Scully. O que tem?

ENFERMEIRA: - Ele passou a cirurgia toda murmurando pelo seu nome. Quando segurei em sua mão e disse pra ele reagir, que não poderia morrer, ele murmurou que tinha um anjo muito forte, que caiu por ele, chamado Scully.

Diana senta-se no banco, com cara de poucos amigos. A enfermeira sai. Skinner olha pra duas, apreensivo. Scully olha pra Diana, segurando um sorriso debochado, mas que não soltaria por nada, diante da situação.

SCULLY: - Obrigado.

DIANA: - ... Não fiz nada.

SCULLY: - Sei que doou o sangue pra ele.

Scully senta-se em outro banco. As duas encaram-se, pensativas.

SCULLY (PENSANDO): - Vaca!

DIANA (PENSANDO): - Cadela!

SCULLY (PENSANDO): - Estou aturando sua cara amassada por causa dele.

DIANA (PENSANDO): - Diplomática, eu preciso ser diplomática com essa vadia.

SCULLY (PENSANDO): - Pelo menos serve pra alguma coisa. Mas não pense que isso me fará ser piedosa com você. Se tocar no Mulder, eu te mato! Te esgano! Eu venci! Ele é meu, sua asquerosa de cara torta!

DIANA (PENSANDO): - Será que ela já dormiu com ele? Não, o Fox não teria tanto mal gosto! A não ser que tivesse uma fantasia sexual de transar com uma beata! Mesmo assim, aposto que transaria sozinho... Ela é frígida. Tenho certeza absoluta!

SCULLY (PENSANDO): - O que ele viu nela? Não consigo acreditar que tenha dormido com isso! Devia estar desesperado pra tomar uma atitude dessas!

DIANA (PENSANDO): - Não, não dormiu com ela. Ela não é sexy. Nem sabe se vestir! Aposto que gosta de mulheres... Ela deve ser lésbica!

SCULLY (PENSANDO): - O que será que ela tem de especial pra Mulder não esquecê-la? Ela é feia! Será que ela fazia coisas com ele que eu nunca fiz? O que eles faziam?

Scully ergue as sobrancelhas, num ar de questionamento. Diana também. As duas se olhando. Skinner percebe o silêncio. Levanta-se.

SKINNER: - Alguém precisa de um café ?

DIANA: - Eu preciso.

SCULLY: - Prefiro um refrigerante, senhor.

Diana olha pra Scully, com raiva. Scully retribui o olhar. Skinner sai caminhando pelo corredor. Dobra em outro corredor. Aproxima-se da máquina de refrigerantes. Percebe o Canceroso saindo do hospital. Skinner fica olhando, perplexo.


6:47 P.M.

[Som: The Korgis – Don’t look back]

Scully entra no quarto. Mulder está na cama, com um tubo de oxigênio ligado ao nariz. Está desacordado. Scully aproxima-se da cama. Passa a mão no cabelo dele, afagando-o.

MULDER: - (SUSSURRANDO) Scully...

SCULLY: - ...

Mulder abre os olhos. Scully olha ternamente pra ele.

SCULLY: - Como sabia que era eu?

MULDER: - ... Cheiro de Canela...

Scully sorri, continua afagando os cabelos dele. Mulder sinaliza com os dedos para ela se aproximar. Ela se aproxima dele. Ele cochicha em seu ouvido.

MULDER: - Te peguei...

Scully sorri.

MULDER: - Lembra quando eu disse... que precisava de férias? ... Ganhei uma perna quebrada, agora um tiro... Não queria descansar desse jeito.

SCULLY: - Não fale, Mulder. Precisa descansar.

MULDER: - ... Quem me encontrou?

SCULLY: - Não sabemos. Ligaram para o 911. Recebi uma ligação anônima. Quando cheguei em seu apartamento estavam levando você.

MULDER: - ... Não foi o Canceroso, Scully. Foi uma armadilha.

SCULLY: - Mulder, não confie naquele homem.

MULDER: - Ele me salvou, Scully. Foi ele quem ligou.

SCULLY: - Mulder, você está ficando confuso com essa história. É contra ele que lutamos, não deve protegê-lo!

MULDER: - ... Amo você...

Scully senta-se numa cadeira e segura a mão de Mulder. Mulder fecha os olhos.


4:32 P.M.

Diana entra no quarto. Mulder olha pra ela. Ela aproxima-se da cama.

DIANA: - Como está, Fox?

MULDER: - ... Onde estava?

DIANA: - Precisei me afastar por uns tempos...

MULDER: - Não podia ter comunicado ao FBI?

DIANA: - ...

MULDER: - Pensei que havia morrido... Pensei que ele tivesse te matado.

DIANA: - Estou bem, Fox. Alex Krycek sabia que eu estava bem. Usou você para armar uma cilada.

MULDER: - ... Aquela bala era pra mim, Diana.

DIANA: - Era para o velho, Fox. Não era pra você.

MULDER: - ... O que está acontecendo?

DIANA: - ... Eu não sei.

MULDER: - Diana... O que aquela coisa fazia em seu apartamento?

DIANA: - Tudo foi plantado pelo Krycek.

MULDER: - O que ele quis dizer com o Triângulo das Bermudas?

DIANA: - Não há nada lá, Fox. Foi só para iludi-lo.

MULDER: - Você está mentindo, já mentiu antes... Por que veio até aqui? Não se importa comigo!

Diana aproxima-se e beija-o na boca suavemente.

DIANA: - Me importo mais do que pensa, Fox.

MULDER: - Você transa com ele, mente pra mim, como pode vir até aqui, se fazendo de amiga? Você não é minha amiga!

Diana dá as costas e sai. Scully entra.

SCULLY: - Por que a tratou desse jeito? Mulder, também não gosto dela. Mas ela salvou sua vida. Se não fosse por essa mulher, não conseguiríamos sangue pra transfusão!

MULDER: - Do que está falando?

SCULLY: - Mulder, detesto admitir mas foi ela a única que podia doar sangue pra você!

MULDER: - Mas Scully... Meu tipo sanguíneo não é o mesmo que o dela.

SCULLY: - Então quem doou o sangue pra você ?

Os dois se olham intrigados e perplexos.


Fort Marlene – 10:19 P.M.

Alguns médicos empurram uma maca. Krycek está amarrado nela, grita desesperado, tentando se soltar.

KRYCEK: - Vocês não podem fazer isso! Me larguem!

Os médicos entram numa sala, empurrando a maca.

KRYCEK: - (DESESPERADO) Não, não!!! Eu não vou ser cobaia de vocês! Não!!!

Corta para o Canceroso, que se aproxima da maca calmamente, enquanto fuma um cigarro.

KRYCEK: - (GRITA) Desgraçado! O que vai fazer comigo?

CANCEROSO: - (FRIO) Vou lhe dar o que prometi. Sabemos como regenerar membros amputados, graças ao senhor Barnett. Havia apenas um problema, cada vez que fazíamos isso: a pessoa envelhecia muito rápido, até morrer... Mas para sua sorte, Alex, conseguimos descobrir a causa do envelhecimento precoce... Pena que não conseguimos ainda dividir as células...

Um médico anestesia Krycek.

KRYCEK: - (GRITA EM DESESPERO) Não!!!!

O Canceroso traga o cigarro, num sorriso de vitória.


Hospital Geral – 11:33 P.M.

Mulder está deitado, sem o aparelho de oxigênio. Um homem entra no quarto.

MULDER: - (SURPRESO) Dr. Werber? Achei que não atenderia meu chamado.

WERBER: - Como vê, Mulder, estou aqui.

MULDER: - Desculpe pela última vez em que nos encontramos, naquele debate. Eu estava enganado sobre a Cassandra... Agradeço o que fez pela Scully.

WERBER: - ... Como se sente?

MULDER: - Fisicamente estou me recuperando, mas mentalmente... O chamei aqui porque preciso de ajuda.

WERBER: - Como posso ajudá-lo, colega?

MULDER: - Preciso de um psicólogo. Porque já não sei quem eu sou, quem é meu inimigo e estou prestes a enlouquecer...

Fade out.


TO BE CONTINUED...


24/01/2000

22 Novembre 2018 07:39 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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