anemone- Ingrid unnie

Na qual Kim Taehyung nunca conseguiu se esquecer do cara bêbado que encontrou numa festa e a probabilidade de reencontrá-lo parecia nula, já que não sabia seu nome ou número de celular. Mas, talvez, nem tudo esteja totalmente perdido.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Interdit aux moins de 18 ans. © https://www.spiritfanfiction.com/perfil/maknaesthetic

#festa #fluffly #au #maknasthetic #taehyung #jimin #inkspiredstory #taemin #bts #vmin
Histoire courte
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Capítulo único;









Kim Taehyung pôs uma mecha persistente atrás da orelha enquanto descia do ônibus, quase vazio por conta do horário. Passava das onze e meia da noite e até mesmo o caminho para o dormitório encontrava-se silencioso.

O jovem de fios acinzentados roía o que restara de suas unhas e caminhava apressado. Haviam boatos de não estudantes passearem pelo campus tarde da noite e ele não queria ser surpreendido por um ladrão ou coisa pior.

Subiu em uma espécie de cano, forte o suficiente para aguentar o seu peso, e começou a escalar. Seu quarto ficava no primeiro andar, portanto, aquilo não era nenhum bicho de sete cabeças — tinha plena noção de que, se fosse pego pelos seguranças, acabaria se metendo em sérios problemas, até porque o horário de recolher já se passara há mais de duas horas.

Se esforçando, ele continuou avançando. Pouco tempo depois parou de frente a janela entreaberta e a empurrou para cima. Praguejou baixinho ao derrubar o relógio despertador do companheiro no chão e desejou com todo o seu ser que mais ninguém tenha o escutado. De repente a luz azulada do abajur acendeu-se, iluminando minimamente o cômodo quando ele passou a última perna com dificuldade para dentro do quarto e, enfim, trancou a janela.

— Taehyung? — soou a voz sonolenta do seu parceiro de quarto.

— Sou eu, sim — disse, retirando a jaqueta jeans e a pendurando na cadeira.

O rapaz deitado levantou o suficiente para se apoiar em seus antebraços.

— Ora, se não é o “senhor certinho” que nunca quebra as regras — caçoou o menor que logo teve seus lábios tomados por um meio sorriso. — Sinta-se grato por ter um amigo tão bom quanto eu, Tae, porque deixei a janela entreaberta para que conseguisse entrar sem nenhum problema. — Estalou a língua. — E eu aqui achando que era o único esperto o bastante para escalar essa parede.

O mais novo deu de ombros e jogou-se na cama macia, deixando o corpo relaxar. Aquela noite não havia correspondido às suas expectativas e isso o deixava genuinamente inquieto, meio deslocado. Sentia falta de quando sua vida era mais fácil e sem certos pensamentos rondando constantemente sua mente. Ou certo alguém, dependia muito do ponto de vista.

— Então, como foi o encontro? — perguntou o amigo curioso.

— Yoongi...

— Ah, vamos. Não acredito que você vai me deixar dormir curioso desse jeito.

— Tudo bem, hyung — suspirou e continuou: — Hoseok é um cara de uma índole maravilhosa, bom papo, argumentos interessantes sobre a psicologia behaviorista e passar esse tempinho em sua companhia foi bem bacana.

— Mas? — incentivou, pois sabia que sempre existiria um “mas”.

— Mas eu mal consegui beijá-lo — contou choramingando. — E eu queria muito beijar aquela boca. No entanto, hesitei quando nossos lábios estavam há centímetros de distância. O clima que construímos caiu por terra e eu decidi ir embora.

— O quê? Não estou acreditando nisso, cara. Você teve a oportunidade de beijar o Jung. O Jung — frisou e deitou-se com os braços cruzados atrás da cabeça, refletindo por um momento. — Quando o conheci pensei “meu Deus, ele é perfeito pro Taehyung”, mas me enganei, pelo visto. É o terceiro, não é?

Anuiu com a cabeça, embora a penumbra não deixasse ser visto nitidamente.

— Você não esqueceu aquela paixonite pelo homem misterioso da festa.

— Quanto mais eu tento sair com outras pessoas, mesmo que tenha que superar minha timidez para isso, mais certeza eu tenho hyung. Não o esqueci.

— Pois então trate de encontrá-lo de uma vez, essa novela está durando muito.

Taehyung nada respondeu. Não é como se tivesse algo útil a acrescentar quando o melhor amigo tinha toda a razão. Olhou para o teto e pensou naquela noite, há quatro meses, em que deu ouvidos ao seu colega de quarto e concordou em ir àquela festa na república, quando deveria ter ficado no quarto.

Yoongi o abordara logo quando entrou cansado no quarto em que dividiam no dormitorio da faculdade. O mais velho queria porque queria ir nessa tal festa que divulgaram nas últimas semanas, mas acontece que o mais novo não estava no clima de festa. Tinha acabado de receber sua prova de Neuroanatomia e a nota baixa constatada ali não o deixava pensar em nada além de que precisava sentar e analisar atentamente todos os erros cometidos.

Observou a quantidade de pessoas perambulando pelo quintal e pelo interior da casa e teve certeza que devia ter permanecido no ambiente aconchegante de seu quarto, analisando sua prova e estudando para a outra que aconteceria dali a dois meses, mais ou menos. Acabou sendo arrastado por um Yoongi estranhamente animado para um cara que não ia muito a festas. O interior parecia ter saído de um daqueles filmes bobos que costumava assistir e ele se perguntava se a escada caracol era tão perigosa quanto aparentava.

Então é assim que pessoas de fraternidade se divertem no fim de semana? Perguntou a si mesmo ao passo que transitava por entre os estudantes. Não demorou muito para que o Min encontrasse as garrafas de cerveja pegando uma para ele mesmo e entregando outra para o amigo que apenas olhou de cenho franzido para a garrafa em questão, questionando-a.

— Beba. A garrafa não vai mordê-lo, Taehyung.

— Não é nada disso, eu só... — ponderou — não quero ficar podre de bêbado.

— Essa bebida é fraquinha e você nem vai notar que ingeriu álcool.

O mais novo concordou desconfiado e tomou um gole como teste.

— Tem um gosto bom — comentou tomando mais um gole. — Nada mal.

Yoongi deu um tapinha de leve em seu ombro e esboçou um sorriso.

— O que eu sempre te digo? Confie em mim que não há erro.

Talvez ele não devesse ter confiado tanto assim, afinal, bastaram mais quatro garrafas daquelas para que o acinzentado começasse a sentir-se mais solto que o normal devido sua timidez, até começou a manter conversas enroladas e estranhas com bêbados e cantarolava baixo as músicas pop tocadas pelo DJ.

Quanto mais as horas avançavam, mais bêbada a galera ficava. Taehyung nem tinha consciência do paradeiro do melhor amigo, que saíra do seu lado para dançar e não voltou mais para fazer-lhe companhia.

Segurando a quinta garrafa de bebida, ele caminhou para fora do calor da casa em busca de um ar mais puro. Contudo, o ar não estava tão puro assim, maculado pelo cheiro de cigarro. Afastou-se do que parecia um ponto para fumantes e sentou-se desajeitado na grama sintética defronte a piscina, onde mais gente aproveitava a noitada.

Não era o tipo de cara que curtia finais de semanas com badalações, somente um simples estudante de psicologia tentando levar a vida numa boa. Claro que saia às vezes, mas eram encontros de estudos com o pessoal da sua turma.

E céus, onde diabos se enfiara o Min, falando nisso? Pensou, crispando a testa.

Sua visão periférica captou uma presença estranha sentando ao seu lado, com uma garrafa de soju pela metade, e pigarreando como se quisesse sua atenção.

— Noite bonita, não é mesmo?

Taehyung ergueu a cabeça e olhou o céu tomado por nuvens escuras, escondendo a beleza de um céu estrelado daquele lado da cidade. A noite não estava bonita, entretanto assentiu. Se essa era a maneira que o outro achou de puxar assunto consigo, tudo bem. Uma companhia cairia muito bem.

— Meu melhor amigo me arrastou pra essa roubada e desapareceu, disse que ia pegar outra bebida para nós e não voltou mais — ele riu. — E caras tentaram encostar-se a mim impropriamente, sabe o que quero dizer? Fugi cá pra fora e estava há um tempinho te observando sentado sozinho na grama, aí vi uma oportunidade de escapar dos assédios me juntando a outro cara solitário.  

— Bom, pelo visto temos os piores melhores amigos — comentou, dando de ombros. — Meu amigo disse que ia dançar um pouco e não voltou mais, me abandonando com pessoas as quais nunca vi na vida e podre de bêbadas, não se ofenda, por favor.

— Relaxa, é preciso mais que me chamar de bêbado para me magoar.

— Ótimo, pois também estou um pouco bêbado.  

Eles caíram em um silêncio confortável, o que era deveras estranho. De um jeito esquisito o de fios acinzentados sentia-se confortável com a presença do desconhecido, este que se deitou na grama, colocando a garrafa vazia de lado.

Olhou por sobre o ombro ao ouvi-lo cantarolar baixinho uma música americana, percebia que ele não sabia bem a letra, errava algumas coisas, mas cantarolava mesmo assim. O estranho batia os dedos pequenos nas coxas de acordo com o ritmo da música e seus olhos mantinham-se fechados, Taehyung não conseguia não olhá-lo naquela penumbra da noite.

Seu cabelo era de um tom de ruivo muito lindo, na opinião do Kim. Ele vestia calça jeans escura e uma blusa de malha na cor branca que marcava um pouco o formato do seu corpo, o que era impossível não notar. Parecia ser mais baixo que si alguns centímetros e sua beleza era inquestionável. Agora entendia o porquê de o outro ter sido alvo de cantadas, o cara poderia ser perfeitamente confundido com a personificação do deus grego Apollo, na certa.

De repente ele abriu os olhos e lhe pegou o observando, abriu um sorriso bonito que deixou seus olhos parecendo meias-luas. O ruivo aparentava ter bebido mais que duas garrafas de cerveja, seu rosto encontrava-se levemente corado e seus lábios róseos como se tivesse acabado de retocar com batom cor-de-rosa

Taehyung engoliu em seco, no entanto, não parou de fitá-lo igual um demente.

— Se você continuar me encarando desse jeito, principalmente comigo alterado do jeito que estou, não me responsabilizo pelas atitudes que tomarei.

— Me desculpe, não quero parecer um assediador igual os outros lá dentro — disse sem jeito e desviou os olhos. Oras, o que estava pensando? Burro, burro.

— Ei. — O estranho chamou, voltando a sentar direito e o tocando no ombro. — Você não é nada igual aos babacas lá de dentro e, caso tenha se esquecido, eu reparei em você e vim ao seu encontro. Sua presença me deixa confortável.  

Anuiu com a cabeça, tentando não demonstrar nada mais que concordância.

— Quer sair daqui? — indagou o ruivo, levantando-se e estendendo as mãos para ajudá-lo a erguer-se do chão. E ele segurou aquelas mãos e ergueu-se também.

— O que tem em mente? — murmurou, analisando a face a sua frente.

Ele sorriu ladino e segurou firme em sua mão direita, o arrastando para dentro novamente, meio desajeitado. Taehyung notava agora como o ruivo estava bastante bêbado e sentiu-se incomodado com o fato do cara mais lindo da festa ter prestado atenção em si só por causa dos efeitos do álcool em seu organismo.

Subiram a escada de formato de caracol, viraram no corredor extenso onde haviam várias portas e deixou com que o menor fizesse o que queria fazer. O desconhecido abriu uma das portas e entrou o puxando para dentro, logo em seguida passou as chaves na porta.

Taehyung nunca se imaginou trancado em um quarto de uma república, no meio de uma festa, prestes a fazer o que não devia.

— Olha, eu acho que nós n...

Teve sua tentativa de monólogo interrompida quando sentiu os lábios alheios tocarem os seus e instintivamente levou suas mãos ao quadril dele e o apertou. O arfar que ouviu o fez perder o juízo por segundos, voltando a apertá-lo no mesmo ponto de antes. Mal podia acreditar que estava beijando aqueles lábios volumosos e macios. Ele tinha gosto de cerveja e isso não o incomodou nada.

Caminhou aos tropeços para trás, até suas pernas baterem no colchão, fazendo com que perdesse o equilíbrio e caísse de costas com o outro por cima de si. Os dois riram do quanto pareciam desajeitados e voltaram a se beijar. Taehyung embrenhou seus dedos pelos fios ruivos, mas enquanto o beijava lembrou-se do quanto o outro estava bêbado e isso novamente começou a incomodar, o alertando que transar com pessoas bêbadas não é algo sensato.

— Espera — pediu ao afastar as bocas e respirou fundo. — A-acho que não devemos fazer isso, não com você embriagado. Eu não estou tão bêbado e me lembrarei de tudo que fizermos hoje a noite, mas você pode não lembrar de nada.  

O homem tinha os lábios mais róseos após o beijo, Taehyung achou lindo.

— Pensei que também quisesse sexo sem compromisso — disse categórico.

— Não quero. Quer dizer, não vim com esse pensamento. — Esfregou as mãos no rosto claramente nervoso. — Olha, você é o cara mais lindo que já pus meus olhos, mas não vou me sentir bem comigo mesmo sabendo que transei com uma pessoa alterada pelo álcool, entende? Posso estar parecendo um fracote e a gente mal trocou cinco palavras antes de pararmos aqui e isso é confuso e...

O ruivo o calou pressionando o dedo indicador contra sua boca e caiu ao seu lado.

— Você é estranho, não um fracote. Na verdade ninguém me tratou com tanto respeito assim, pode acreditar em mim. Não sei se fico lisonjeado ou puto da vida por você decidir parar tudo logo agora que as coisas estavam ficando muito boas.

O Kim riu e fechou os olhos por breves segundos antes de abri-los de novo.

— Desculpa por destruir suas expectativas.

— Relaxa, não tem problema. — Sentiu o lugar ao seu lado afundar. — Estou sem ânimo para voltar para festa e não duvido que meu amigo esteja em um desses quartos pegando sabe-se lá quem e não vai embora tão cedo, então...

Somente a luz do poste iluminava o quarto, os deixando a meia-luz.

— O que quis dizer com ninguém o respeitar? — perguntou curioso.

— Sou bem introvertido quando não bebo, mas quando ingiro bebida alcoólica posso ficar meio fora de mim e nunca ninguém me parou porque se sentiria mal no dia seguinte por ir pra cama com um cara bêbado qualquer.

— Não o acho um cara qualquer.

— Você é real mesmo ou saiu de um dos romances que tanto leio? — perguntou retoricamente o cutucando com os dedos só pra confirmar. — Além de ser bonito para um caralho, tem bom humor e é um perfeito cavalheiro.

— E isso é ruim?

O ruivo virou-se de lado e ele fez o mesmo, encarando aquelas íris escuras.

— Vai ser se eu me apaixonar por você.

— Sabia que segundo a psicologia a paixão surge de uma necessidade afetiva e sexual? — comentou e viu o outro negar. — Pois então, o que nos trouxe até este quarto foi sem dúvidas a necessidade sexual, mas não nego sentir a necessidade afetiva quando fico pertinho de você desse jeito, como um imã.

— Então você estuda psicologia? — O estranho abriu seu sorriso bonito.

— Sim, senhor. Estou no quarto período e não vejo a hora de me formar.

— É uma profissão muito linda, sempre achei bacana na verdade. Poder aconselhar outras pessoas que estejam passando por um momento difícil.

— Psicólogos não dão conselhos, isso é um estereótipo infundado. Nós tentamos fazer com que o próprio paciente ache a saída, sem precisarmos realmente desenhar para ele como sair do problema. É... bem, complicado.

— Imagino.

— E você, o que o seu curso diz sobre o amor? — perguntou.

— No meu curso ninguém dá a mínima para o amor, para eles existe ciência e matemática pura. Tudo é claro como o céu azul no auge do verão coreano. Tenho o dedo mais podre do mundo em questão de relacionamento e terminei um namoro muito difícil há uns meses. Então, tudo que diz respeito a amor e paixão me deixa com medo, talvez seja por isso que durmo com qualquer um.

— Isso soa triste, quero dizer, você dormir com caras estúpidos e babacas, não vejo como uma coisa saudável. Você é lindo e parece uma pessoa inteligente o bastante para saber que vale mais que isso, mais que transas disfuncionais.

— Parece que temos um ponto aqui.

Assentiu.

— E arrisco-me a dizer que se interessou por mim porque sou um bom partido.  

O ruivo levou a mão pequena até a boca e gargalhou.

— Nossa, que narcisista. Talvez eu tenha me interessado, sim. — Sorriu simpático. Seus olhos piscavam cansados e bastante sonolentos.

— Talvez? E como assim narcisista? Não sou nada narcisista. Adorei sua companhia hoje e amei te beijar, nunca mais vou esquecer. Será que podemos nos ver de novo? Não me entenda mal, na verdade estou nervoso sugerindo isso do nada a você — falou inseguro, mas ao olhar o outro percebeu que ele caíra no sono.  

Taehyung piscou, querendo tirar a imagem do ruivo da cabeça. Aquela noite era tão vívida em sua mente que parecia ter ocorrido ontem, não há quatro fodidos meses. Procurou pelo homem misterioso por todo o campus por longos dias, por redes sociais e lanchonetes próximas, mas o cara era como um fantasma.  

E todas as vezes que tentou seguir em frente, falhou vergonhosamente. Sentia-se patético por se afeiçoar a alguém que viu em uma única noite, quem ainda faz isso nos dias de hoje? Todavia, quando fechava os olhos ainda conseguia enxergar os traços perfeitos do outro, os lábios volumosos e róseos, os cabelos cor de fogo, e como foi beijá-lo naquele quarto, naquela noite, naquela república.

Precisava o encontrar. Só mais uma vez. Pois só assim faria o que Yoongi vivia murmurando em seu ouvido, o esqueceria e seguiria em frente.

O universitário passou os últimos dias à base de muita cafeína, porque não havia alternativa além desta para manter-se desperto enquanto procurava pelo desconhecido da festa. Saiu por todo o campus novamente, dessa vez abordando alguns estudantes, inclusive os seus amigos de classe. Mas todos tinham a mesma resposta para suas dúvidas: não fazia ideia de quem era o ruivo.

Martirizava-se por não ter pegado o seu nome ou sobrenome, mesmo que existisse uma infinidade de pessoas com sobrenomes iguais, seria mais fácil.  Temia que não conseguisse nenhuma informação nova, afinal, foi há muito tempo e nem mesmo o dono da festa lembrava-se de ter convidado algum ruivo.

Começou a cogitar que o cara entrara na república de penetra — uma teoria provável e sustentável —, mas se assim fosse, não conseguiria encontrá-lo nunca mais. E só o que o acinzentado quer é encontrá-lo… Quem sabe, conversar e sair de novo.

Resmungou quando uma chuva forte o atingiu repentina e correu para dentro da biblioteca da faculdade com a roupa encharcada. Nem deveria estar ali, porém Yoongi praticamente implorou para que lhe trouxesse a pasta na qual guardava suas anotações mais importantes da matéria, pois esqueceu-a sobre a cama ao sair. O mais novo pretendia tirar aquela tarde de folga para fuçar mais redes sociais.

Avistou o amigo sentado aos fundos, com fones de ouvido e livros na mesa. Caminhou até lá carregando a pasta molhada, torcia para que a chuva não tivesse feito mais prejuízo e, consequentemente, fosse o motivo da sua morte.

— Juro solenemente não ter feito mal algum a suas anotações, foi a chuva.

O Min ergueu os olhos e retirou os fones, pedindo para que repetisse o que havia dito.

— Nada — desconversou. — Aqui está sua pasta, meio molhada, mas inteira.

— Sei — disse desconfiado, pegando a pasta. — Meio molhada é eufemismo.

Taehyung sentou-se de frente para o amigo e estremeceu por causa do frio.

— Sinto muito, da próxima vez não a esqueça na cama. Essa droga de chuva caiu justo quando eu estava bem perto da biblioteca — bufou. — Preciso voltar ao dormitório e continuar o que estava fazendo e preparar mais café. Isso! Café.

— Como anda sua busca impossível? — perguntou.

— Na mesma — deu de ombros. — O procurei em todo lugar que pude, mas não tenho ideia onde alguém com as características dele esta, é frustrante. Minha teoria é que ele entrou de penetra na festa, sabe? Ou Namjoon é realmente ruim da cabeça, o que também soa muito provável. O que estou tentando dizer é que não o encontrei, faz tempo desde a festa, ninguém lembra.

— Você está há semanas nisso, Tae, na verdade meses... Talvez seja melhor desistir disso. O cara é um completo fantasma pelo visto, ninguém sabe dele.

— Hyung, eu não posso...

Calou-se de repente, ao focar-se para além do loiro a sua frente e piscou desconcertado com o que viu, ou melhor, quem via. Não podia ser verdade, não depois de tanto tempo o procurando feito um desvairado. Era ele mesmo?

Levantou-se, como se seu corpo agisse no automático. Ignorou os chamados de Yoongi e seguiu para aquele corredor. Sentia-se meio nervoso, meio ansioso. Pediu por isso todas as noites, sonhou com aquele momento diversas vezes, mas agora, vendo o cara que tirava seu sossego desde a fatídica festa a poucos metros de si, acreditava tratar-se de um sonho paralelo do qual despertaria em breve. O ruivo desviou os olhos do livro e o encarou, franzindo o cenho.

— Hmm, se sente bem? — A voz, era realmente ele. — Você tá pálido.  

Com certeza era ele, Taehyung não tinha dúvidas. Contudo, ele estava diferente sem aquela calça jeans escura que modelava seu corpo, sem a camisa que destacava seu abdômen magro, mas definido. Agora usava óculos de aro redondo, um casaco maior que si e uma camiseta com a estampa de fórmulas químicas. E, ironicamente, o Kim o achou ainda mais lindo dessa forma.

— Eu... hã, estou bem — respondeu incerto.

— Certeza? Você parece pálido, como se tivesse visto um fantasma — riu.

— E eu vi mesmo — sussurrou.

— O quê?

O acinzentado respirou fundo. Ele não se lembrava, não o reconhecia.

— Você... Você não se lembra de mim, não é? — sorriu sem graça, achando-se muito idiota por ter se afeiçoado a alguém que nem lembrava dele.

— Não sei, seu rosto me é familiar, mas não consigo lembrar... — o mais baixo desviou os olhos para o livro, mordiscando os lábios, mas voltou a olhá-lo. — Por um acaso você é o cara que conheci há uns meses na festa da república?

Algo se iluminou no coração do pobre Kim, que acabou suspirando de alívio.

— Sim, sou eu. E pelo amor de Deus, qual é o seu nome?

O ruivo achou engraçada a forma que o outro aparentava estar aliviado.

— Meu nome é Jimin, Park Jimin.

— Olha, espero que não soe estranho, mas eu o procurei por todos os lugares possíveis dentro e fora deste campus, nas redes sociais e outros. Eu queria muito poder reencontrá-lo, falar com você, conversar, como naquela noite.

— Procurou por mim? — Piscou, surpreso.

— Claro. Você ainda é o cara mais lindo que já pus meus olhos.

Taehyung percebeu que ele havia corado com o que disse e gostou disso.

— Acho que temos muito que conversar.

— Concordo. Mas, preciso urgentemente ir até o meu alojamento trocar essa roupa molhada antes que eu pegue alguma gripe e não posso adoecer agora que finalmente te encontrei. Ei, não ria, estou falando seríssimo aqui.

— Desculpe — falou cessando o riso. — Vou esperá-lo bem aqui.

— Tudo bem.

— E você não me disse o seu nome — Jimin pontuou.

— Meu nome é Kim Taehyung.

E sorriu.

Quanto mais tempo o Kim passava com o não-tão-mais-misterioso cara da festa, mais certeza tinha de que não conseguiria simplesmente ser seu amigo. Não quando observava nada discretamente a forma que seus lábios se moviam conforme as palavras saiam de sua boca ou, tampouco, superaria o tom arrastado de sua voz. Taehyung também não se cansava de olhá-lo, ele era lindo demais.

Naquele dia ele voltou à biblioteca com o coração na palma de sua mão, com um medo besta de que o que viu mais cedo fosse apenas invenção de seu subconsciente e não de fato algo real e sólido. Arrumou-se todo e virou chacota do Min por semanas, mas não se importava nadinha, finalmente o havia encontrado, logo quando todas as probabilidades iam contra sua busca frustrada.

O estudante de química explicou que passou os últimos quatro meses na casa de seus pais, em Busan. Sua mãe havia adoecido, seu pai pedira que ele fosse lhe ajudar a cuidar dela e, por isso, teve que trancar a matrícula da faculdade. E com essa explicação o jovem estudante de psicologia compreendeu o motivo por não o ter encontrado de forma alguma pelo campus, sua paixonite estava em outro lugar.

Depois daquela tarde na biblioteca Taehyung o fez jurar que não sumiria mais.

E realmente não sumiu.

Se reencontraram uma, duas, três ou mais vezes após a tarde na biblioteca. O acinzentado mal podia acreditar, mal podia conter a felicidade quando nos tempos livres de ambos podiam ficar juntos. Conversando, rindo, se conhecendo. Nenhum dos dois tocou no assunto do beijo ou de quase terem ido para cama, parecia um assunto irrelevante, ou a timidez fosse a culpada.

O mais novo se surpreendeu com o convite para irem juntos a uma festa de aniversário do tio dele, próximo ao campus da instituição. O Kim aceitou na hora, mas enquanto espalhava sua roupa sobre a cama começou a cogitar a possibilidade de recusar o convite em cima da hora, sufocando em ansiedade.

— Taehyung, respira — disse Yoongi certo momento. — Você tá há horas retirando todas as suas roupas das gavetas e não escolhendo nada, enlouqueceu? É só uma festa de aniversário com o possível amor da sua vida.

O mais novo revirou os olhos, puxando um camisa xadrez quadriculada.

— Se a sua intenção era me deixar mais pilhado, parabéns hyung.

— Não há de quê, conte sempre comigo — brincou e riu. — Mas falando sério, deixa de besteira e se veste como costuma se vestir. É realmente só uma festa, nada demais. Vocês já tiveram trezentos encontros só no último mês.

— Mais de dez, para ser exato — respondeu, escolhendo a camisa cinza.

— Então não faz sentido esse nervosismo todo.

Taehyung suspirou e sentou-se na beirada da cama, segurando a calça jeans.

— A questão Yoongi, é que é a porra da festa do tio dele, entendeu?

— Eu sei, o que tem a ver?

— Tudo? Não percebe que vou encontrar uma parte da família dele? Nós nem namorados somos, é estranho. Se estou apreensivo é por motivos plausíveis.  

— Cara, a probabilidade de vocês se encontrarem eram nulas. Eu não colocava mais fé que poderia acontecer e até mesmo você vinha perdendo a esperança. Então faça um favor para a humanidade: vá a festa e divirta-se.

O som distante da música fazia seu estômago revirar, como se várias borboletas resolvessem fazer um samba enredo na hora mais imprópria. Apertou a campainha com dedos trêmulos e quando o de fios ruivos abriu a porta, precisou segurar-se para não o beijar como queria. Jimin poderia ser o homem mais lindo daquela festa, o estudante de psicologia já se conformara com o seu próprio jeito exagerado. O Park deixava-o exagerado.

E, puta que pariu, ele estava vestido como o viu pela primeira vez. De calça jeans escura colada nas coxas, camisa polo vermelha e sapatos sociais. Seu cabelo parecia ainda mais ruivo, devia ter retocado a cor. Estupidamente gato.

Taehyung perdera a fala e de repente sentiu-se pouca areia para o mais velho.

— Você está lindo — falou com um orgulho idiota.

Jimin sorriu daquela forma bonita, seus olhos pareciam sumir de tão pequenos.

— Obrigado. — Deu-lhe passagem para entrar. — Você tá lindo também. Vem, a festa é no quintal enfeitado da minha tia.

O de fios acinzentados tentava seguir o ritmo de Jimin, mas ele dançava graciosamente bem. Seus corpos não estavam colados, havia uma distância sutil que não parecia incomodá-los. O mais novo já nem lembrava mais há quanto tempo encontravam-se assim, dançando junto dos convidados. Talvez fosse a terceira ou quarta música, não tinha certeza.

Também decidiu não beber nada que não fosse refrigerante e o outro parecia ter tido o mesmo pensamento, pois não pusera uma mísera cerveja na boca durante toda noite.

— Eu cansei — disse, cessando a dança. — Quer ir a um lugar mais calmo?

Taehyung fora atingido por um déjà vu com a proposta feita, como se estivessem novamente na fatídica festa da república que aconteceu há meses.

— O que você tem em mente? — perguntou.

Jimin deu-lhe um sorriso o qual não soube classificar, apenas deixou que entrelaçasse seus dedos nos dele e o seguiu para dentro da casa. Ela não continha um segundo andar como a outra, mas andaram pelo corredor dos quartos e o mais velho abriu a terceira porta a direita, entrando e a fechando a seguir.

— Não lembro com clareza do nosso beijo, se puder me mostrar como foi.

O mais baixo nem precisou repetir, não quando o seu dongsaeng aproximou-se o bastante para colar seu corpo no dele, segurando firme sua cintura com uma das mãos e usando a outra para segurar levemente seu queixo. Encostou os lábios com toda calma do mundo, queria aproveitar cada segundo e quando parasse para pensar, pudesse imaginar com clareza tudo que aconteceu ali.

Já o mais novo sentia-se em um sonho do qual não queria acordar nunca mais. Havia perdido as esperanças que pudesse beijá-lo novamente, que o teria em sua vida. Agora que o tinha, não queria nunca mais soltá-lo ou perdê-lo.

Jimin mordiscou seu lábio inferior e o puxou levemente antes de voltar a aprofundar o beijo, envolveu seus braços ao redor do seu pescoço e continuou no ósculo mais envolvente que o estudante de psicologia já tinha sentido.  

Não soube dizer ao certo como pararam na cama, com roupas espalhadas por toda a parte e uma dose a mais de cansaço adquirido nas últimas horas. Taehyung acariciava as costas nuas do ruivo, não crendo no que tinham feito.

— Seus tios não vão notar que sumimos de repente?

— Não sei, mas não estou preocupado com isso, você está?

O Kim queria gritar um grande “Sim, estou”, porém, mudou de ideia.

— Não.

— Ótimo. — Jimin se aconchegou mais no peitoral magro. — Quando o vi na biblioteca também pensei ter visto um fantasma, sabe? Sabia que seu rosto era muitíssimo familiar, mas de memória sou terrível, nem acredito que recordei.

— Bêbado como estava, não lembraria mesmo.

— Você lembra o que te falei aquele dia?

— Sobre eu ser um bom partido? — Riu ao ser beliscado de leve na barriga.

— Continua narcisista. — Revirou os olhos. — Estou falando sobre me apaixonar.

O pobre coração do mais novo acelerou ao ouvir as últimas palavras ditas.  

— Passamos o último mês saindo juntos, em um tipo de encontro. Quis te beijar todas as vezes e me aconchegar em você como estou fazendo neste exato momento. Penso em você mais do que gostaria ou seria saudável.

— E isso é ruim?

— Vai ser se eu me apaixonar por você.

E de novo o incomodo no estômago, mais uma bagunça causada pelas borboletas que ali viviam desde o dia que o conhecera, desde aquela noite.

— Jimin, eu... — Suspirou fundo e prosseguiu: — Sou louco por você.

— Eu sei.

— Sabe? — Franziu o cenho. — Sou tão transparente assim?

— Mais do que imagina. — Taehyung corou — Também sou louco por você.

— Acho que temos um ponto aqui.

Os dois permaneceram em silêncio até caírem na gargalhada.

— Meu Deus, quais eram nossas probabilidades, Tae?

— Um amigo disse que eram nulas, mas acredito que beiravam oitenta e cinco por cento.

— E isso é bom?

— É sim, Jimin. É muito bom — respondeu, deixando um selar em sua testa.

Mas Taehyung e Jimin não precisavam de números; não quando tinham a companhia um do outro.

11 Novembre 2018 18:36 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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Ingrid unnie Ingrid;94line;hufflepuff ☆ yoonseok hard shipper;☆ vmin; yoonkook; ;not all monsters do monsterous things;

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