danielle-colpaert2195 Aiko Shizume

Não importa quantas vezes você feche os olhos para isso, sua realidade sempre vai lhe lembrar o quão ruim é estar dentro de si próprio. A vida de Chouji e Karui se mantém nessas mesmas constantes, causando grandes cicatrizes nos dois. Vezes na pele, vezes na alma. '' - Se suas costas estão tão machucadas, só mostra que você só encontrou pessoas covardes na sua vida, que só ousaram te machucar quando você deu de costas... Porque de frente ninguém ousou levantar a mão na sua presença de peito aberto. Por isso suas únicas marcas de guerra estão nas costas.''


Fanfiction Interdit aux moins de 18 ans.

#GincanadobiscoitoFNS #Choukarui #drama #Gordofobia #racismo #assédio #AmorPórpio #AmorAoPróximo #amor #universoalternativo #naruto #fanficnaruto
Histoire courte
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Lutas internas

Autora On.

- Não acredito que você veio, cara! - O Shikamaru se aproximou e me deu um abraço tão apertado que até estranhei essa simpatia toda vindo dele.
- Meio atrasado mas vim... - Sussurei enquanto coçava a nuca meio tímido.
- Vem, vou te apresentar à familia da ino! - Andamos por todo o salão até chegar próximo a mesa do bolo e das comidas, tendo uma mulher e um homem extremamente arrumados, roupas impecáveis e só de me aproximar já senti os perfumes fortes que os dois inalavam. Eles abriram um sorriso, eu sorri também, mas percebi que o sorriso foi direcionado ao Shikamaru, que os cumprimentou como se fosse da família também.
- Esse daqui é o Chouji, o meu amigo que chegou agora de viagem que eu disse. - Ele me apresentou com um sorriso largo no rosto, mas quando olhei para os Yamanaka não estavam tão felizes assim. Eles me olharam de cima à baixo e tenho certeza que vi um olhar de repulsa vindo da mãe da Ino. Deve ser coisa da minha cabeça... Só pode. O pai dela me estendeu a mão para apertar, sorrindo amigável.
- Como vai? - Deu um aperto na minha mão, colocando a outra no meu ombro.
- Vou bem sim e o s...
- Você já jantou? - A mãe dela me perguntou ainda me olhando de cima à baixo, mas dessa vez com deboche no olhar, mas fingindo com toda pose de anfitriã, já que todos nós três à encarávamos.
- Já sim, senhora...? - Ignorei e tentei fazer o que sempre faço quando me sinto desconfortável; uso minha educação.
- Meiko. Vem comigo, deve estar esfomeado, ninguém vem para festas comendo antes em casa. Aqui tem cachorro quente, aqui é sopa, aqui salg... Não, é muito gorduroso. Mas se bem que né... - Ela olhou para trás e novamente me avaliou olhando de cima a baixo, com a mesma cara de nojo de agora pouco.
- Você me desculpe pela minha mulher, viu? Ela às vezes passa dos limites... - O marido dela chegou ao meu lado dando um olhar reprovador para ela, que se aproximou fazendo cara de inocente e totalmente desentendida. É estranho... É como se eu sentisse um gosto amargo na boca, meu estômago se embrulha na hora em ver pessoas preconceituosas.
- Mas eu não fiz nada de errado! - Ela disse rindo. E aquela risada, ecoou tão alto nos meus ouvidos... - Olha menino, desculpa se te ofendi. Não precisa levar para o coração, tudo bem? É que não é por mal. Eu sou nutricionista, sei o que falo. São questões de saúde, sabe? - Ela colocou uma mão no meu ombro e sorriu tentando parecer meiga...? Suspirei pesado e olhei ao redor rindo fraco de nervoso ao perceber poucas pessoas prestarem atenção, ri ainda mais, muito desacreditado... A ecarei nos olhos, forçando o mesmo sorriso falso que ela.
- Sim, são questões de saúde. Mas mostrar o corpo em público sempre vai se tornar um ato de rebeldia, não é mesmo sra. Meiko? - O Shikamaru, que até agora estava calado atrás de mim, suspirando a todo momento e massageando as têmporas, segurou meu braço.
- Chouji, releva cara. Não se estresse com isso, deixa passar. - Ele sussurrou, me pedindo algo que só me fez ficar com mais raiva ainda. Relevar?! E jogar um belo foda-se pra minha auto estima que pouco existe? Ao menos quero me vingar...
- Não, deixa eu só dar um recado. - Voltei a encarar ela. - Comer em público, ser comparado com um porco, nunca ser tocado por ser nojento, não ter lugar nos padões... Se tenta desenvolver auto estima sempre acaba se tornando um ato de coragem para as pessoas mas em nenhuma das hipóteses vai ser ato de amor próprio... Acha mesmo que tudo isso é referente só a saude?
- Não, espera aí! Você está fazendo muito drama pra apenas uma brincadeira minha!
- Exatamente. É sempre uma brincadeira. É sempre um conselho. Sempre drama. Entendeu como as coisas são? Não é a mesma coisa para as pessoas magras. - Ouvi o Shikamaru estalar a língua no céu da boca e suspirar, enquanto que ela arqueou uma sobrancelha.
- Sou magra porque tenho cuidado com meu corpo e prezo minha saúde, ao contrário de você que só sabe se fazer de vítima e ficar jogando o seu ódio em cima das pessoas. - E foi nesse momento que mais algumas pessoas passaram a prestar atenção em nós... O clima ficou tenso e tudo que sinto é vontade de chorar... Eu não prezo minha saúde?! Eu nasci assim. Isso, esse corpo, que nem eu gosto, é de genética... E é muito bom ouvir que eu que jogo meu ódio em cima das pessoas. Não dá pra ficar num lugar desses. Eu dei de costas para ela, mas vi Shikamaru abraçar a Ino, que estava toda arrumada para a sua festa e... Os dois se beijaram em cumprimento, com algumas pessoas no fundo do salão levantando um ''coro'' pelo beijo.
E foi aí que meus olhos arderam. E muito. Agradeci imensamente por estar escuro. Assim nenhum dos dois veriam as lágrimas fujonas.
- Você está bem, cara? - Ele me perguntou, segurando minha mão. Na hora espalmei ela e discretamente limpei a lágrima que iria escorrer. Ele sabia... Sempre soube! De quem eu gosto, é da Ino... Desde que eu era pequeno, mas ela sempre me enchergou como apenas um amigo. Todas sempre me enxergaram apenas como um cupido, um bom amigo que sempre vai te ouvir, ou então como o gordo nojento. Sempre.
- Chouji, o que houve? - Ela me perguntou, mas, ainda abraçando o Shikamaru... - Amor, o que aconteceu? - Ela se dirigiu ao Shikamaru dessa vez...
- Amor? - Dessa vez eu ri. - Então era sobre ele que você pedia tantos conselhos? - Ela ficou meio sem reação, olhando ao redor e aí percebi as cada vez mais pessoas olhando. - Tudo bem, não vou lavar roupa suja agora não. Na verdade nem me procura mais. - Passei esmurrando de propósito o ombro do Shikamaru.
- Ele deve estar bêbado, com certeza! - Ouvi o Shikamaru dizer. Apenas ri e saí do salão de festas, andando na rua. Não consigo mais aguentar esse sentimento. Essa dor de viver dentro desse corpo, de ser eu... Eu também sinto nojo de mim mesmo. Sinto raiva, odeio tanto quanto as outras pessoas a mim mesmo. Me olhar no espelho sempre foi uma tortura, sempre com um gosto amargo na garganta com expressões crueis sobre mim mesmo. Olhos tão afiados que cortam minha própria carne quando acho mais uma marca nela.
Parei para respirar por um estante, olhar para o céu para que as lágrimas não escorressem. Ao menos por alguns segundos pedi por paz... Pedi para a noite me trazer algo de bom. Sorri levemente quando logo em seguida ao meu pedido senti um vento frio tomar todo meu corpo, como se fosse um beijo, mas frio. Caloroso mas ao mesmo tempo árduo.
O cheiro único da noite, indescritivel, que sempre refresca minhas narinas anunciando a vinda da noite. A luz alaranjada dos postes iluminando somente a mim na rua, me traz um sentimento de solidão quando vejo que a unica sombra é a minha própria, naquela rua toda. Queria poder dizer que a solidão não me incomoda. Que estar sozinho sentando no banco do ponto de ônibus não me afeta, mas afeta, e muito.
Me afeta tanto quanto todas essas palavras que eu tento silênciar, mas que fica se repetindo em um loop infinito na minha mente. Cenas, memórias, dores, palavras... É como um veneno.
Vi o meu ônibus se aproximar e logo me levantei, fazendo sinal para ele parar. Subi, já procurando o bilhete no meu bolso. Passei pela catraca e visualizei todos os acentos do ônibus, tendo apenas umas duas pessoas na parte da frente, e, depois da porta de saída, só haviam uma mulher e um homem.
Eu ia me sentar no fundão, mas sei que iria ficar deprimido, então preferi ficar em pé na parte de livre de cadeirantes. Retirei meu telefone do bolso e vi zero mensagens... Bom, o que eu poderia querer?! E essa seria a parte que eu ficaria triste enquanto fitava o vidro, mas, apenas balancei a cabeça e me sentei na cadeira própria para cadeirantes, ao lado do espaço vago que estava em pé.
Olhei para o lado e vi uma mulher ruiva, mas, o que me chamou atenção nela não foi seu cabelo, ou o seu rosto que é bonito... Mas sim os seus olhos. Eles me agarraram feito ima. A ponta de suas sobrancelhas estavam arqueadas, fazendo uma parte da testa ficar franzida. Seus lábios estavam tremulos. Eu arregalei os olhos surpreso, mas também confuso por ela me olhar tão diretamente e com desespero. Ela parece ter entendido a minha reação e rolou os olhos cheios d'água para o seu lado onde havia um homem.
O fitei por de cima a baixo, procurando o que poderia ser para ela estar assim. Ele parecia normal, mas, ficava a todo momento extremamente próximo do ouvido dela, assim como tinha um casaco por cima das pernas dos dois e... A mão dele estava escondida por esse casaco. Não precisava de muito esforço para entender o que estava acontecendo... Apenas me levantei ficando próximo a porta.
Olhei para trás e vi os olhos da ruiva me lançarem um olhar completamente despedaçado, como se me implorasse por ajudar. Ela chorava e podia ler em seus olhos um ''por que'' extemamente desesperado ao me ver chegar perto da porta. O homem que estava com um boné que ocultava seus olhos, levantou a visão para me ver e eu logo desviei o olhar.
Engoli à seco e com as mãos soando, tive uma ideia completamente arriscada, mas eu não quero me arrepender. Não quero que passe no noticiário que mais uma mulher foi estuprada e deixada morta numa rua qualquer. Apertei forte o punho e abri o maior sorriso enquanto fitava ela e franzi o cenho, curvando um pouco a cabeça.
- Eu não acredito... Kate?! Você aqui? - Eu me aproximei e dei um beijo em sua bochecha em cumprimento, vendo ela abrir um sorriso meio tremulo e nervoso. - Não acredito...
- Que surpresa, não é Matt? - Ela está totalmente inquieta, toda hora olha ao redor por nervosismo.
- Tenho tanta coisa pra te contar... - O cara ao seu lado começou a olhar em volta, suspirar pesado e me fuzilar com o olhar.
- Sério? Cara, não faz ideia de quanta saudade estou da sua mãe Matt. - Sorri fingindo estar empolgado, mas na verdade estou é muito nervoso. Coloquei a mão no seu ombro para que ela ao menos ficasse mais calma.
- Por que não dorme hoje lá em casa? O quarto da Zoe ficou livre. - Ela ficou meio inquieta por eu ter tocado nela e não entendi... Passei a fitar o corpo dela e percebi que ela só mechia a mão esquerda, todo o braço direito estava imóvel debaixo do casaco. Percebi um olhar em cima de mim e sorri levemente e olhei para a janela, disfarçando como se estivesse se lembrando de algo por ter tomado uma feição melancólica, já que o cara me observava diretamente.
Rolei os olhos de volta para ela, mas dessa vez vi todo o corpo dos dois. O casaco, que é muito grande, cobria os dois braços do homem e as coxas da ''Kate''. Mas é perceptível os ombros do cara jogado para o sentido dela. Na hora eu gelei. E se ele tiver uma arma...?! Talvez eu deva me despedir... Mas eu já comecei, não vou parar. O que tiver que ser vai ser.
- Mesmo? Sabe que eu não gosto de atrapalhar...- Ela disse depois de muito tempo calada. Acho que ele com certeza deve estar ameaçando ela com alguma arma com o braço direito, com o braço ao lado do dela ele deve estar fazendo coisas...
- Kate, você nunca me atrapalhou. Vamos, para de bobeira! - Agradeci aos céus que enquanto eu falava isso, o ônibus parava para um passageiro descer atrás de mim. - Só um minuto motorista, já vamos descer! - Estendi a mão para ela, e ela à segurou. Suas mãos finas, soadas, e muito tremulas, me fizeram ficar com o coração mais que apertado. Na hora que ela levantou eu logo dei um passo em direção à saída do trasporte, mas seu corpo ficou imóvel.
- Como assim você já vai, Kate? - O cara ao seu lado disse enquanto ela me olhava no fundo dos meus olhos. Eu vi medo, apavoro crescer em seus olhos. Mas... Eu vi um fogo ascender dentro de suas pupilas, uma raiva, um momento de clareza que nem eu sei descrever muito bem o que foi.
- Me solta agora. - Sua voz saiu trêmula, assim como sua mão ainda estava soada, mas o seu olhar era de total raiva. As lágrimas escorriam e ela parecia nem controlar, mas ela não cortou o contato físico com ele. Esse olhar dela foi como se dissesse o quão escória esse cara era, era um soco sem mão. O cara ficou imóvel, até parou de ajeitar as calças com uma mão. Ele soltou seu braço, com um sorriso torto nos lábios. Eu não lembrei nem de respirar, só me lembrei de sair do ônibus o quanto antes, mas, assim que eu ia descer, ouço ela gritar.
Quando eu olho para trás, ele estava rasgando toda a sua blusa pelas costas com uma faca. E a sua blusa que é branca, os pedaços dela se sujaram de sangue. Se não fosse ela segurar na frente, ficaria nua ali mesmo. Apertei o punho e eu não sei de onde eu tirei essa coragem, mas eu soquei o rosto dele com todas as minhas forças. Sim, usando todo peso do ''gordo'' aqui. Joguei meu corpo todo para frente, e soquei com tanta vontade que ele caiu para trás, deixando meu punho totalmente vermelho.
Ele me xingou muito de tantos nomes que não fiz questão de ouvir, estava fitando a ruiva que chorava. Olhei de volta para aquele merda que estava limpava o sangue que escorria de seu nariz.
- Que merda está acontecendo aí?! - O motorista indagou, enquanto saía do ônibus para entrar pela porta traseira e eu já ia puxar a ruiva, mas ela estava com uma de suas pernas dobrada já na altura de seus seios e com força desceu o pé e pisou na genital desse lixo, que urrou de dor na mesma hora.
- Sua vadia desgraçada... Filha da puta! - Gritou enquanto se remoia no chão do ônibus com as mãos no saco. Ele pegou a faca no bolso e ia acertar a perna dela, se não fosse eu puxar ela com todas as forças para ao meu lado. Olhamos para trás ao ver o motorista subindo no ônibus, parando atrás de nós.
- Eu quero saber o que está acon... - E a cada palavra que saía da boca dele eu só enxergava a porta totalmente aberta me mostrando a rua. Aproveitei que ele estava atrás de mim e que já segurava o braço dela e ao mesmo tempo o cara praticamente rosnava de dor no chão, segurei mais firme em seu pulso e a puxei em direção a saída do transporte. - Você não vai s... - Quase tropecei quando ouvi a voz do motorista nos gritando, mas continuei correndo com toda minhas forças. Ela mal corria, estava com a roupa toda rasgada, um braço só segurando os pedaços de pano tampando os seios. Olhei para atrás dela e não sei se foi coisa da minha cabeça, mas ouvi um grito.
E foi aí que decidi continuar correndo. Foda-se que eu estou ficando sufocado de tão sem ar que estou, foda-se que estamos correndo pra algum lugar que eu não faço a mínima ideia que vai parar, só preciso nos salvar...
- Eu... Preciso de... Ar... - Ela disse pausadamente atrás de mim enquanto mal corria. E concordei com ela, parar um pouco seria bom. Muito bom.
Paramos em frente a uma loja de supermercado e, nos sentamos nos degrais da entrada, enquanto conversávamos através das respirações descompassadas e aceleradas. Ela abraçou o próprio corpo, o cobrindo com as coxas. Olhei suas costas nuas e arregalei os olhos ao ver o tanto de cicatrizes presentes nela... Fora o enorme corte que escorria sangue. Acho que deve ter sido quando ele rasgou a sua blusa, a ponta da faca era realmente muito afiada...
- Suas costas... - Sussurrei ainda sem fôlego. Percebi nenhuma resposta vir da morena e a vi tremer os ombros enquanto estava encolhida. Na hora entendi que estava chorando. Cortei um pedaço da blusa de malha dela e limpei suas costas, precionando para que não sangrasse tanto.
E quanto mais ao seu lado, sentindo as suas costas totalmente gélidas, sentindo as rajadas de vento chicoteando nossos corpos, tomei minha decisao. E mesmo estando muito inseguro, sei que isso é muito mais importante que qualquer insegurança minha. Retirei minha blusa e a ergui para ela.
- Veste. - Ela apenas olhou para mim, sem retirar o rosto dos joelhos e na hora que nossos olhares se encontraram, eu me virei de costas para ela, observando o asfalto. Talvez fiquei de costas para ela para que ela pudesse se trocar, ou talvez por medo que ela visse meu corpo, especificamente minha barriga... - Vamos... Na delegacia? - Disse para puxar assunto e eu não me auto-deprimir. Apesar de ser impossível eu não ficar mal quando eu estou sem blusa...
- Não sei... - Ela sussurrou, depois de um longo tempo em silêncio. E eu não sei o que faço, o que pergunto, o que digo... Eu apenas fiquei em silêncio, observando as poucas estrelas no céu, com o coração mais que acelerado. E para minha tristeza, a ouço chorar. Um choro abafado, reprimido. Mas...libertador. Não sei explicar o porque, mas essa ''Kate'' ao meu lado chorando, é a mesma mulher que não podia nem ao menos respirar direito naquele ônibus, isso eu tenho certeza. - Eu não sei de mais nada, nada. - Sua voz está completamente mergulhada em desespero e tristeza. E enquanto eu olho para o céu, tudo que vivenciei naquele ônibus passa como um filme na minha mente.
- Desculpa... É que foi muita informação para mim isso tudo que aconteceu. - Me senti um belo merda falando isso, como se fosse adiantar agluma co... espera, ela riu? Foi um riso anasalado, mas ela riu!
- Eu imagino que tenha sido...
- Eu... Posso te perguntar como tudo aconteceu? - Perguntei extremamente receoso. Deve doer muito para ela falar essas coisas... - Se você não quiser você diz, por favor! - Eu me virei para ela, super tímido por estar assim na sua frente, apesar de eu me esforçar para tentar ignorar esse fato.
- Não... Tudo bem, eu consigo contar... - Ela apenas ficou em silêncio, encheu o pulmão e olhou nos meus olhos. - Eu estava voltando da casa da minha amiga, lá eu tinha discutido com o meu ex que também estava lá. - Olha a coincidência... Ela também parece ter tido uma noite ruim. - Eu não conseguiria ficar no mesmo lugar que ele... Decidi ir pra casa, mesmo tarde. Tudo bem, até que subi no ônibus, e depois de alguns pontos, um homem de bone e jaqueta cinza sobe. - Na hora que ela foi descrever o homem, sua voz deu uma embargada. - Ele sentou do meu lado, eu já achei estranho. Ficou com a perna toda hora encostando em mim e nessa perna ele colocou a mão dele... Aos poucos percebi ele passar a mão dele para a minha e quando eu percebi... - Ela desviou o olhar para a rua, para que as lágrimas nao escorresem. - Eu gelei. Não tive reação. Me custou muito, mas eu consegui ao menos olhar no seu rosto e jogar sua mão para o lado. Ele se irritou, me xingou... Puxou uma faca do bolso e ficou ameaçando cortar a veia do meu pulso... - Nesse momento quem estava chorando era eu. Quem sentia sua dor, era eu também. Vi em seus olhos todo desespero que foi passado. - Eu achei que eu tinha chance quando nos aproximamos de um ponto de ônibus, que alguém fosse entrar e ver isso, mas ele percebeu e retirou o casaco, colocando por cima de nós dois e... Com uma mão ele me ameaçava quase me furando com a faca, com a outra mão, ele me molestava. - Ela já não esboçava reação, suas lágrimas apenas escorriam. Seus olhos não tinham foco, estavam completamente opacos. Ela abriu a boca para continuar a falar, mas eu percebi que a cada palavra que saia da sua boca parecia ser uma eterna tortura que arranha até mesmo a mim.
- Chega, você não precisa falar mais nada. - A abracei, com cuidado já que suas costas estava com o corte. - Tudo que você passou hoje, não vai se repetir. Você não pode desistir de viver por causa de pessoas assim. - Disse com a minha maior voz de choro.
- Não vai mais? Como eu queria que nunca mais acontecesse... A um tempo atrás eu passei por uma coisa parecida. - Ela deitou a cabeça no meu ombro e passou a chorar.
- Eu estou aqui, você pode desabafar tudo que quiser comigo... - Ela passou os seus braços ao redor de mim e suspirou forte enquanto sussurou um obrigada, de puro alivio, se desprendendo de várias amarras, acredito eu.
- Nunca fui tão ridicularizada. Fui chamada de macaca, preta, imunda... E o pior... Sabe por que? Só porque estava lendo um livro sobre o candomblé. A mulher do meu lado começou a me chamar de endemoniada, exigindo que eu saísse do ônibus. As pessoas viam e seguiam fingindo que nada acontecia... E me rasgou por dentro. Até que o motorista parou nós duas quando ela tentou me levar para a porta do ônibus. Ele chamou a polícia,e eu fiz o BO, achando que toda humilhação que eu passei iria ter volta... Mas deu que ela chamou a filha, que pagou uma idenização, alegou que ela tinha alzheimer e fim. Eu saí como a errada por ter feito o boletim... Sabe, são tantas, tantas coisas... Tanto preconceito que já passei por ser negra, por ser candomblecista. Tanto ódio recebido que já não sei mais como conviver comigo mesma. - Eu quebrei o nosso abraço, a olhando nos olhos. Ela parecia um pouco melhor por ter desabafado tudo isso, mas minimamente.
- Eu sei que pode parecer que não, mas eu entendo você. Sim, eu sou branco, quase loiro, mas eu sei como é ser tratado com desprezo. Todos te olharem com nojo por causa da sua aparência... Piadinhas que machucam lá no fundo mas você apenas sorri. Sei como é não aguentar mais ser sempre tão excluido de tudo, que te faz odiar a si próprio por causa da merda de uma simples carne. Eu sei muito bem como é esse sentimento de odiar espelhos, de odiar aceitar a própria realidade... - Olhei para baixo, vendo as dobras que minha barriga formou, já que estou sentado. As estrias que eu tanto odeio. A carne que fica flácida, a mesma carne que eu já tanto arranhei vezes com ódio.
- As vezes é bom encontrar alguém que nos entende. - Olhei em seus olhos e vi um sorriso fraco surgir em seus lábios. Ela virou de costas para mim. - Pode parecer que não, mas eu te entendo. Eu também tenho marcas que eu odeio com todas minhas forças. Marcas que eu não sei o que eu fiz para merecer... - Ela levantou a blusa somente mostrando suas costas eu instintivamente arregalei os olhos, surpreso. Haviam algumas cicatrizes por toda as suas costas, desde a lombar até a região dos ombros... - Essas marcas me lembram o quão fraca eu sou. - Meus olhos arderam, minha mente se encheu de palavras. Fechei os olhos e coloquei a mão nas suas costas, na região do seu ombro esquerdo e com a outra mão eu a coloquei onde não havia o corte recem feitos. Ali apenas encostei minha testa e em meio à lágrimas, eu disse.
- Você não é fraca. Eu não te conheço, não sei seu nome, sua idade, mas eu já te admiro muito. - Ela colocou sua mão por cima da minha, que estava em seu ombro. A mesma mão que antes estava fria, agora está esquentando aos poucos. - Se suas costas estão machucadas, só mostra que você encontrou pessoas covardes na sua vida, só ousaram te machucar quando você deu de costas... Porque de frente ninguém ousou levantar a mão na sua presença de peito aberto. Por isso suas únicas marcas de guerra estão nas costas. - A cena do seu olhar de ódio que ela lançou quando aquele lixo humano à segurou pelo braço, a força que ela tirou de dentro de si, sua convicção era esmagadora. Tanto que não importava se ela tremia ou chorava, seus olhar transmitia coisas a mais além de medo.
- Obrigada. - Ela estava tremendo muito, e abafava o choro com uma mão. - Eu não sei como te agradecer... Por sua causa eu estou viva. Eu estou inteira. - Ela soltou a minha mão e me abraçou. Ali ela desabou, chorou com todas suas cordas vocais, com todas suas lágrimas, junto de mim. Não sei explicar... Só sei que ao seu lado eu me senti uma pessoa forte. Eu ter chego a conhecer ela, não ter desistido só mostra o quanto nós dois fomos fortes. Eu sei que dias ruins virão, mas... Com certeza nós já tivemos piores.
E depois de muito choro, percebi que eram 01:23 da manhã... Nós juntamos os nossos trocados, pegando um taxi para irmos direto para a delegacia fazer o BO. E na hora dela relatar o que exatamente aconteceu, e eu preferi me sentar lá fora e esperar. Acho que ela se sentiria mais confortável sem a presença de um homem para contar o que ela passou antes de eu chegar naquele ônibus... Não sei.
- Já terminei. - Ela se aproximou e sentou-se ao meu lado. Não dissemos nada, mas, suspiramos pesado juntos, nos fazendo olhar um nos olhos do outro e rirmos nasalmente. - Você acha que vai dar em algo? Eu continuo achando que foi só perca de tempo termos vindo aqui. - Ela obviamente estava insegura. Dei um sorriso mínimo e peguei na sua mão.
- Não desiste. Se mesmo assim não fizerem nada, você fez o que o melhor por você, não se calou. - O seu olhar nublado sumiu e um sorriso abriu nos seus labios. Ela retribuiu segurando minha mão também. E mesmo sabendo que não é hora para isso, meu coração palpitou.
-Pode ser meio tarde pra isso, mas... Qual seu nome? - Ela perguntou tímida, enquanto ria.
- Chouji. E o seu? - Perguntei enquanto ria também.
- Karui... Sabe Chouji, você conheceu a minha versão mais frágil. Mais quebrada... - Sério?! Pra mim essa era a sua versão mais guerreira... - Mas... Não sei explicar. Você ter conhecido esse meu lado que não mostro à ninguém e ter o abraçado com tanta força me fez bem. De verdade... Obrigada. - Ela me deu um beijo no rosto e foi aí mesmo que meu coração acelerou sem dar nem ao menos satisfação. - Você está vermelho... - Ela disse enquanto ria. E como eu não vou ficar vermelho?! Escondi meu rosto entre as mãos e suspirei.
- Obrigado. Ter passado algumas horas com você me fez uma pessoa muito mais forte. Na verdade eu sou outro... - Ela deitou a cabeça no meu ombro e foi assim que minha noite acabou. As quatro horas da manhã, ao lado da mulher mais guerreira e forte que já conheci.
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~Alguns dias depois~
- Chouji...? - Retirei os fones de ouvido e quem eu encontrei fez meu coração palpitar.
-Karui! - A abracei e hoje sim eu pude desfrutar de um sorriso enorme em seu rosto. - Você viu as notícias? - Vi os olhos dela se encherem de lágrimas e ela assentir à mim com a cabeça.
- Sim... Eu vi. Pegaram ele. - E novamente, o que eu vi em seus olhos foi a mesma perseverança. A mesma vontade de justiça, mas dessa vez vi alívio. Alívio pela justiça estar sendo feita. - Ah! Me passa o seu contato. - Meu coração palpitou e eu já imaginei divérsas coisas, mas ela apenas sorriu tímida e desviou o olhar. - P-Para eu poder te entregar a blusa... - Nossos olhares se encontraram e rimos juntos, entendendo um ao outro.
- Sim, a blusa! 
30 Août 2018 20:29 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
2
La fin

A propos de l’auteur

Aiko Shizume Amo escrever histórias, apaixonada em poesias, e, pretendo vincular os dois!

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Políbio Manieri Políbio Manieri
Olha esses bolinhos meu deus, eu não acredito que cê teve coragem de botar eles pra passarem por essas situações, mas minha representatividade do negro e do gordo ESSE MOMENTO É MEU! A mãe da Ino nojentíssima é uma pena, mas ainda bem que ele nao se calou diante a isso e saiu de lá o mais rápido possível. Tadinho Chouji, essa realmente nao é a sua noite de sorte, ou será que é?? Fiquei nervosa para um caralho na situaçao do onibus, nao tem como descer mais o nivel que um nojento desses e o mais triste é que é mais corriqueiro do que parece. Que bom que tudo se saiu bem no final!
September 06, 2018, 01:10
Tatu Albuquerque Tatu Albuquerque
Quem vai abraçar esses bolinhos detentores de toda a fofura e dengo dengoso? ISSO MESMO, EU PORRA, PORQUE ELES MERECEM. AINDA BEM QUE O CARA FOI PRESO E PAU NO CU DOS PAIS DA INO, AH, PAPUTAQUEPARIU VÁ SE LASCAR, DOENTE É SUA MENTE PRECONCEITUOSA. AMEI A FIC, PORRA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
September 06, 2018, 00:48
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