zephirat Andre Tornado

Num dia de primavera, a família Briefs aproveita um sábado normal quando alguém toca à campainha da Capsule Corporation. Vegeta vai abrir a porta e encontra um pequeno cesto misterioso. Sua curiosidade vai lhe causar muitos problemas e muitos transtornos. Vai surgir uma tremenda tempestade em plena primavera.


Fanfiction Anime/Manga Interdit aux moins de 18 ans. © Dragon Ball não me pertence. História escrita de fã para fã.

#dragonball #vegebul #vegeta #bulma #primavera #tempestade #bebé #comédia
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I - Uma surpresa


Era uma agradável tarde de sábado na Capsule Corporation, no início de uma primavera modorrenta e cálida. Fazia um tempo excelente para um passeio em família, aproveitar o sol e descontrair de uma longa semana de afazeres costumeiros, mas a família não se decidira por uma incursão no exterior. Reunia-se, o que era coisa rara, pois nunca estavam todos juntos a partilhar qualquer coisa, nem que fosse o mesmo espaço, no grande salão do complexo.


O enorme ecrã da televisão de última tecnologia dominava o compartimento, abarcando uma enorme porção de parede. Estava a ser transmitido um programa de variedades, música e divertimento com muita guincharia pelo meio, letras coloridas coladas aos cantos superiores ou dançando ao sabor da melodia, o par de apresentadores trajados de azul e verde a fazerem malabarismos com o microfone e com a voz, quando anunciavam os próximos convidados.


Esparramado no sofá, Vegeta assistia ao programa com o controlo remoto numa mão. Depois de ter percorrido vários canais, tinha-se detido naquele, pois ali se exibia a estupidez da raça humana em todo o seu esplendor. Contemplava as idiotices desempenhadas pelos apresentadores e convidados com uma expressão indiferente, olhos semicerrados, mergulhado num aborrecimento gigantesco. Mas naquela tarde de sábado não lhe apetecia fazer nada mais do que vegetar diante da televisão.


Sentada no mesmo sofá, perna trocada, costas muito direitas, ligeiramente afastada, mas perto o suficiente para que o saiyajin sentisse o perfume caro dela, estava Bulma. Via uma revista enquanto fumava um cigarro, que prendia entre dois dedos da mão direita, cotovelo apoiado na coxa tapada pela minissaia do vestido verde curto. Desfolhava as páginas com a mão esquerda. Era uma daquelas publicações fúteis sobre moda feminina que ela costumava comprar amiúde, que lia depressa – ler era uma forma de expressão, pois o que Bulma fazia, na realidade, era passar os olhos pelos figurinos. Nem sequer leria os grandes títulos e muito menos as colunas pejadas de letras diminutas que orlavam cada página. Revista que depois descartava sem cerimónias em qualquer canto da casa. Havia exemplares daqueles aos pontapés, literalmente, pois se o saiyajin não atentasse onde pisava, haveria de afastar as revistas com os pés. Enquanto se entretinha com a publicação, ignorava pomposamente o programa de variedades da televisão.


Vegeta sentiu fortemente a fumaça do cigarro indo para o seu lado, em direção às suas narinas apuradas, tirou os olhos vagarosamente da televisão e olhou a mulher, ainda folheando a revista.


- Não dá para fumar essa porcaria em outro canto? – perguntou, fungando e torcendo o nariz.


- Não vai começar a implicar, Vegeta.


- Sabe que eu odeio o cheiro dessa coisa, se for para ficar aqui, ao menos fique sem parecer uma Maria Fumaça – reclamou, voltando o olhar a grande televisão.


Bulma não queria uma discussão desnecessária, até porque aqueles vestidos exibidos glamorosamente pelas modelos em cada folha da revista valiam muito mais a pena do que uma troca azeda de palavras com o saiyajin. E apagou o cigarro.


No grande tapete felpudo diante do sofá, entre este e a televisão, Trunks, o filho do casal que tinha completado recentemente cinco anos, sentava-se entretido com jogos de construções. Tinha descoberto esse novo brinquedo depois da festa de aniversário, pois a prenda da mãe, do pai – que o pai não tinha verdadeiramente comprado, nunca tinha tempo para essas inutilidades – do avô e da avó tinha sido um conjunto impressionante de caixas recheadas de peças coloridas. Trunks já tinha misturado as caixas e ignorado as instruções que acompanhava cada conjunto. Compunha as suas próprias máquinas e veículos, auxiliado pela sua prodigiosa imaginação e pela sua incrível destreza, inventando e desfazendo, preparando talvez o futuro tecnológico da humanidade. Mas os seus esforços eram ostensivamente ignorados pelo pai que via televisão e pela mãe que desfolhava a revista.


A senhora Briefs distraía-se a limar as unhas, cantarolando. Sentava-se num cadeirão perpendicular ao sofá e à televisão, completamente alheada do fervor do neto inventor, que construía e destruía com uma afã digna de se observar ou de reter num filme familiar, para mais tarde recordar. Mas a senhora Briefs nunca teria essa lembrança quando se ocupava em tratar da sua beleza, enquanto congeminava os cupcakes e os bolos que iria fazer a seguir, após terminada a tarefa importantíssima de corrigir as imprecisões da sua manicure.


O doutor Briefs, sentado à mesa redonda do salão, trabalhava numa engenhoca que tinha desmontado em milhentas peças e chips eletrónicos sobre o tampo. Se a esposa cantarolava, ele murmurava, chave de fendas na mão, a tentar perceber o intricado mecanismo daquilo que tinha inventado há séculos e que fora rebuscar à arca das velharias e dos inventos falhados. De vez em quando lembrava-se de remexer na arca e de sacar do seu interior uma ideia enterrada, para a desempoeirar e ressuscitar. Também tinha os seus jogos de construções, que nunca tinham tido instruções e era um espelho do neto de cinco anos, fazendo e desfazendo, criando o futuro tecnológico da humanidade. O gato negro de grandes olhos escancarados observava mandrião os rasgos e esforços de génio do dono, aninhado no seu ombro.


Uma agradável tarde de sábado na Capsule Corporation, com toda a certeza.


Apenas o ruído da televisão quebrava a paz do salão. O volume não estava demasiado elevado, contudo. A audição apurada do saiyajin permitia que ele conseguisse escutar tudo sem dificuldade, mesmo que o som se mantivesse num registo baixo. Assim teria de ser, até porque a chinfrineira daquele programa insano não era totalmente compatível com a paciência do seu único espetador e ele não se queria irritar por uma ninharia.


Vegeta moveu o polegar sobre o controlo remoto. Já tinha visto tudo o que seria suposto visualizar daquela palermice pegada. Estava na altura de mudar de canal e de aterrar em paragens menos estupidificantes. Mas nunca vira nada naquela televisão, pensava enfastiado, que não fosse estupidificante. Os habitantes daquele planeta miserável tinham uma noção bastante reles de divertimento de massas.


Bulma voltou outra página da revista, entretida com as fotos da nova coleção de roupas.


Trunks terminava de montar uma enorme torre no centro de uma floresta de outros edifícios, que emulavam a grande metrópole do Oeste.


A senhora Briefs admirava a obra efetuada nas unhas da mão esquerda.


O doutor Briefs havia descoberto um defeito no processador da engenhoca que desmontara e o gato miara em concordância. O bichano, à força de o acompanhar, já lhe conhecia as variações de humor que indicavam frustração ou satisfação.


Tudo isso a acontecer no grande salão, em simultâneo.


Quando um acontecimento inesperado quebrou a paz daquela tarde perfeitamente agradável de sábado na Capsule Corporation.


A campainha da porta da rua soou.


Um toque prolongado, porém ansioso, com uma pitada de desespero.


Bulma disse, sem levantar os olhos da revista:


- Vegeta, vai ver quem é.


O saiyajin ergueu uma sobrancelha indignado. Não apreciara ter sido interrompido na sua preguiçosa existência. Não se moveu nos três segundos seguintes e Bulma insistiu:


- Vai ver quem é, por favor.


Rosnou tão baixo que nem ele mesmo conseguiu ouvir a sua indignação.


Podia perguntar por que razão tinha de ser ele a abrir a maldita porta ao idiota que havia resolvido passar pela Capsule Corporation numa tarde de sábado, pois só podia ser uma visita de cortesia de um dos amigos inúteis da mulher, ou mesmo que fosse alguém relacionado com o trabalho normal da maior empresa mundial, não fazia sentido que fosse precisamente ele a chegar-se à porta, já que ele continuava a ser um mero convidado daquela casa. Podia argumentar que não lhe apetecia ou devolver a ordem dizendo a Bulma que fosse ela abrir a porta em vez dele, mas anteviu um grito nada amável e na verdade não pretendia irritar-se por nenhuma ninharia, naquela agradável tarde de sábado.


Atirou com o controlo remoto para o lado, levantou-se do sofá a fungar, enfiou as mãos nos bolsos das calças de ganga, resmungou algo inaudível e saiu do salão com passos pesados que não soaram no soalho de madeira, pois ele calçava apenas meias. Como vingança, iria escorraçar o visitante com uma carranca de assustar o fantasma de Freeza.


Ninguém se moveu dos seus afazeres. Ficaram todos onde estavam – Bulma com a sua revista, Trunks com o seu jogo, a senhora Briefs com as suas unhas e o doutor Briefs com a sua engenhoca mais o gato.


Desceu o lanço de escadas, alcançou o átrio a acentuar o mau humor por cada metro conquistado dentro daquela mansão descomunal.


Abriu a porta de supetão e deixou-se ficar de boca aberta. Em vez de um grito a despachar o inoportuno infeliz que lhes tentava fazer uma visita, soltou da garganta um barulho arranhado, como um gorgorejo.


O lado exterior da porta estava… vazio.


Ostensivamente vazio. Ninguém.


Vegeta piscou os olhos, para certificar-se de que estava a ver bem. Olhou de um lado para o outro.


- Deve ser algum verme fazendo brincadeiras idiotas – remoeu.


Depois sorriu. Ótimo, não era ninguém e poderia regressar à inutilidade do estado sonâmbulo diante do ecrã da televisão.


Mas quando ia fechar a porta, reparou que a soleira estava ocupada com um objeto esquisito. Analisou-o, encaixando-o na noção que tinha das coisas daquele planeta. Aparentemente, ele parecia adaptar-se perfeitamente àquela existência normal de uma família terrestre, mas interiormente travava quase diariamente uma luta interna para compreender tudo o que se lhe apresentava. Era bom não esquecer que ele era um alienígena que passara a maior parte da vida errando pelo universo, em trabalho para um tirano, combatendo e massacrando. Por vezes a simples visão de um tacho, de uma escova de cabelo ou de uma vassoura era tão confusa quanto uma nave redonda a piscar milhentas luzes sobre West City para a maioria dos seus habitantes.


Vegeta analisou o objeto. Era um cesto de verga, daqueles que se podiam carregar numa mão com flores. Já tinha visto a mulher loira, que arranjava as unhas no salão, com algo semelhante cheio de flores. O cesto estava tapado com um cobertor branco e outro rosa, viam-se folhos pelo meio. Focando melhor os sentidos, descobriu um ki minúsculo no interior do cesto e admirou-se.


Inclinou a cabeça. Não devia dar um pontapé naquilo, tinha alguma coisa viva ali dentro. Mas estava tentado a fazê-lo. Se empregasse a força correta, enviaria aquele problema pelos céus afora e retornava ao salão. Diria que não tinha encontrado ninguém, que deveria ter sido engano, agarrava no controlo remoto e deixava o resto da tarde agradável escoar pela sua vida como um dia de saborosa inatividade.


Estava mesmo tentado a dar-lhe um pontapé.


Curioso, agarrou no cesto. Só uma espreitadela primeiro, antes de o enviar para um destino longínquo. Também podia arremessá-lo com os braços, não tinha as pernas como único recurso. Um bom lançamento teria o mesmo efeito que um pontapé bem colocado. Levantou a ponta do cobertor, para saber o que se escondia ali. Talvez um animal, pois o cientista maluco era bastante conhecido na cidade por acolher animais abandonados.


Um berro fê-lo estremecer e largou a ponta do cobertor.


- Na-nani?


Havia alguns anos que não ouvia uma coisa daquelas.


Mais precisamente… cinco anos.


Os gritos subiram de tom e a coisa viva começou a espernear dentro do cesto, como que a querer afastar o que a tapava e abafava. Ao movimentar os cobertores, fez surgir um papel dobrado em dois. Vegeta abriu-o com a mão direita, equilibrando o cesto na mão esquerda, junto à orelha. Os gritos começavam a ser insuportáveis.


Leu:



“Para que nunca te esqueças. Perdoa-me pelo erro, sempre se poderá reparar mais tarde. Adoro-te, és a minha vida. Mas há decisões que nos partem o coração e eu acabei de partir o meu. Quero que saibas que nunca me esquecerei de ti, minha doce filha. Espero que sejas cuidada com muito carinho, te amo.”



O que raios significava aquilo?


Os gritos convertiam-se num choro aflito, uma exigência em crescendo de uma criaturinha indefesa que só conseguia comunicar daquela forma incoerente. Havia cinco anos que ele não ouvia nada como aquilo, o choro de um bebê.


Afastou os cobertores com um safanão, deixando-os pendurados do cesto, pois enrolavam-se na parte de baixo daquela caixa arredondada com uma alça. Espreitou lá para dentro. A cria berrava a plenos pulmões, vermelha, mãozitas fechadas em pequenos punhos. Pelas fitas e rendas indicava tratar-se de uma fêmea. Nunca tinha visto Trunks vestido daquela maneira idiota.


- Vegeta, o que é que se passa?


Bulma aparecia, intrigada por ele estar a demorar demasiado.


Estacou imediatamente ao escutar o choro da criaturinha. Vegeta voltou-se para ela, com o cesto entre as mãos, estendendo-o como se o ofertasse. Exibia-o com uma expressão desnorteada. Também ele queria respostas. Não sabia que podiam despejar crias de humanos às portas das casas, como se fazia com os animais indesejados que o cientista louco recolhia no seu zoológico particular.


Mas Bulma empalidecera e ele deduziu que havia ali alguma coisa de errado.


A senhora Briefs apareceu também e levou as mãos à cara, exclamando:


- Oh!, Vegetazinho… Mas o que tens tu aí?


O doutor Briefs era o último, seguia Trunks que descia os últimos degraus aos saltinhos. Bulma aproximou-se. Recuperava as cores do rosto e agora corava de irritação. Vegeta crispou a testa. Conhecia demasiado bem aquela expressão, significava a chegada iminente de tempestade.


- Vegeta, o que significa isto?


Ele respondeu tentando imprimir à voz um tom neutro, mas soou trapalhão, na melhor imitação de Kakarotto quando era apanhado a fazer o que não devia:


- Estava à porta. Alguém o abandonou aqui.


- E porquê precisamente aqui? Na minha casa?... Na tua casa?!


- E eu é que vou saber isso, mulher! – Ergueu a sobrancelha não entendendo a reação estourada da mulher.


Tinha de se defender, precisamente do quê, desconhecia. A tempestade engrossava sobre a cabeça de Bulma. Ela arrancou-lhe o bilhete da mão, leu-o. Viu a irritação crescer, os primeiros relâmpagos estalaram e os trovões troaram entre eles.


- O que significa isto?! – Ela apontou com o dedo indicador para o bilhete que segurava no ar, com o cenho franzido.


A senhora Briefs arrebatou-lhe o cesto das mãos. Vegeta indagou confuso:


- O que significa o quê?


- Isto?!!! – Bulma esfregou-lhe o bilhete no nariz.


Vegeta deu um passo atrás.


A criaturinha não se calava e chorava cada vez mais alto. O doutor Briefs espreitou para dentro do cesto, ele e o gato dos olhos escancarados, e disse:


- Oh! Que linda!


Trunks repartiu a atenção entre a mãe e o pai, olhando para os progenitores alternadamente, até que perguntou:


- Eu agora ganhei um irmão? – O garoto saltava tentando olhar o cesto nas mãos da avó.


- Acho que é uma irmãzinha, Trunks-chan – esclareceu a senhora Briefs enlevada.


- Eu ganhei uma irmã? – emendou o miúdo.


Bulma fervia entre nuvens negras, relâmpagos e trovões. Amarfanhou o bilhete na mão, esticou os braços ao longo do corpo, rosnava como uma leoa ferida, fulminava-o com os olhos azuis raiados de sangue.


Vegeta não estava a entender nada. Era só um maldito cesto com uma cria humana abandonada, que tinha uma goela potente e que não se calava com os guinchos. E ficou definitivamente sem entender quando Bulma lhe voltou as costas, urrando e arrepanhando os cabelos.


A senhora Briefs disse, sem desfitar o interior do cesto:


- Deves estar com fome, pequenina. Vamos lá tratar de confortar essa barriguinha.


- Eu ganhei uma irmã? – insistiu Trunks, seguindo a avó, com uma insuportável curiosidade infantil.


O doutor Briefs acrescentou lacónico, coçando o queixo:


- Hum…


E Vegeta quedou-se no mesmo sítio, enquadrado pela porta aberta, completamente aparvalhado.


Todos deixaram o átrio e o pobre saiyajin abriu os braços, perguntando para as paredes:


- Mas o que é que se está a passar aqui?


Fechou a porta com uma perna, fez uma carranca.


- Humanos malucos... – resmungou.

13 Septembre 2024 07:36 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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