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É época de Natal quando Ana Paula Siqueira retorna a Balneário dos Anjos depois de dez anos para uma viagem de férias e reencontra tudo diferente do que deixou. Como nada é por acaso, Ana Paula descobrirá que nem sempre ir embora quer dizer o mesmo que apagar do coração.


Romance Contemporain Tout public.

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20 de dezembro de 2012


Amiga é sempre amiga, independente do traje, do corte de cabelo, da diferença de idade, de quantos anos se passem, do tamanho da distância que as separa, do lugar onde estiverem. As marcas deixadas não se apagaram com o passar dos anos e as doces promessas que adormeceram servem de gatilhos para trazerem ao presente os detalhes de uma época incomparável.

Faltam poucos dias para o Natal, o tráfego nas estradas aumenta consideravelmente e Balneário dos Anjos que é um dos points mais escolhidos pelos turistas está enfeitado com as cores mágicas de uma época maravilhosa que suscita esperança, reflexão, união, perdão e também libertação.

Ana Paula Siqueira procura por uma estação de rádio que sintonize bem e a única frequência é 88.8FM que tem o apelido de Baú da Nostalgia, estação que no passado tinha como público-alvo os jovens e dedicava às noites de sábado a apresentar o que de melhor havia em matéria de música eletrônica, mesclando clássicos dançantes das décadas anteriores com o que agitava as pistas de danceteria.

Atualmente essa rádio é a predileta dos saudosistas e desenterra clássicos durante as madrugadas. Para aqueles que querem fugir dos chatíssimos hits de verão e não suportam funk ostentação, sertanejo universitário e quaisquer modismos irritantes, é uma boa pedida, como é o caso de Ana Paula, conhecida por Paulinha para os íntimos ou então Ana Paulinha.

O trailer obviamente chama bastante à atenção no perímetro urbano, não apenas pelo tamanho e por deixar ressoar uma música antiga, mas porque há um robusto cão São Bernardo curtindo a paisagem pela janela, o mascote de Ana Paula que apesar de não ser violento, intimida possíveis ladrões pela potência incontestável do latido.

Se a felicidade tivesse uma expressão, o animalzinho seria um meme a circular incansavelmente em compartilhamentos no facebook.

Por falar em redes sociais, Ana Paula não administra nenhuma conta, definindo-se um "bicho do mato" com relação a isso, mantendo-se distante dessa superexposição que leva algumas pessoas a se esquecerem de como é prazeroso e recompensador aproveitar os encantos da natureza e o poder de um contato mais próximo.

Há vários amigos que Ana Paula guarda na memória, onde eles devem estar: no passado congelado de uma fotografia. De maneira alguma significa esquecer ou desamar. Aceitar que o tempo passou para todos e feliz é todo aquele que aprende a viver não quer dizer a mesma coisa que frieza ou egoísmo. Às vezes pode ser o gesto mais desprendido e altruísta para demonstrar maturidade e respeito.

Ana Paula Siqueira nunca se desfez daquele trailer que herdou do padrinho quando contava apenas dezessete anos. Toda a sua vida reside ali naquelas quatro rodas. Vestimentas, calçados, mantimentos, utensílios domésticos, discos, livros, mas também o que o dinheiro não compra. Não de todo. A liberdade é a palavra preferida dela que está de volta exatamente onde tudo começou.

Em Balneário dos Anjos.

Deus não lhe deu asas para voar de um canto a outro a exemplo dos pássaros, mas os tramites do destino permitiram que tivesse um veículo que proporcionasse àquela alma livre desbravar as estradas e em cada lugar que passou deixar lembranças em quem ficou.

Voltar ao Balneário dos Anjos depois de tanto tempo é uma experiência um tanto quanto poética pelo toque de nostalgia que abraça Ana Paula, por mais que o calor desta tarde esteja especialmente sufocante. O ar condicionado alivia um pouco o desconforto, a garrafa de água gelada sua tanto quanto o vendedor de algodão-doce trajado com uma fantasia do leão Alex do filme de animação Madagascar.

Aquela pitoresca cidade litorânea conservou a arquitetura clássica que tanto encanta aos turistas, mas rendeu-se ao frescor de modernizações impostas pela urbanização. É verdade que aqueles casarões de outrora deram lugar a construções que apagaram um pouco daquela sensação agradável de escolher aquele lugar para ser uma espécie de refúgio da loucura que rege as metrópoles. A melhor representação do clima tropical conhecida também pelos inúmeros projetos para proteger a mata nativa e as espécies que ali sobrevivem.

Sendo meteorologista de formação, Ana Paula tem o hábito de consultar a previsão do tempo e analisar o clima de cada região por onde passa com o trailer. Ao ver as nuvens mais pesadas e cinzentas se amontoando como que para reter ainda mais o calor, não tem dúvidas de que antes da cinco horas da tarde estará chovendo. Uma pancada mais forte com trovoadas, ventania e alguns transtornos recorrentes. A típica chuva de verão que alivia a sensação de abafamento e ainda assim não poupa o trabalho extra do ventilador.

Foi durante uma chuva de verão que Ana Paula conheceu a então menina Jaqueline e salvou o cachorro Pitico de um terrível atropelamento. Aquele incidente que poderia ter trágicos desdobramentos transformou-se numa das mais belas histórias de amizade verdadeira e incondicional. No entanto até hoje não se sabe ao certo por que não houve uma despedida.

Nem a própria Ana Paula sabe responder.

Vários corações foram partidos, inclusive o dela. Naquele quebra-cabeça era comum que diversas perguntas não tivessem respostas ou Ana Paula não estivesse suficientemente pronta para algumas conclusões.

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