devilwhore P. Miranda

A eternidade para uns é o desejo mais profundo, pena que tais pessoas não consigam perceber que a morte não é nada mais do que o ápice de nossas vidas, o momento pelo qual lutamos durante toda nossa existência, o dia que provará se tudo o que fizemos, não fizemos, amamos, odiamos... se tudo, realmente tudo, valeu a pena.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Tout public.

#exo #yaoi #fantasia #mistério #deathfic #drama #tragédia #songfic #rockbandau #taohun
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Old and Ugly


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"Você ainda vai me amar mesmo quando

eu que já não for mais jovem e bonito?"

- YOUNG AND BEAUTIFUL, Lana Del Rey

{ . . . }


Eu estava deitado em minha cama, mal conseguia mover meus braços, minha mente cansada e em minha garganta uma tosse fraca insistia em se instalar. Você estava em sua mesa, com o computador a sua frente, digitando lentamente, enquanto me falava sobre coisas do passado e alguns dos artigos sobre instrumentos musicais que se concentrava em escrever.

Por minha cabeça se passavam milhares de coisas, mas acho que todas eram relacionadas a você e sua forma doce de encarar o próprio trabalho. Fiquei me perguntando se valeria a pena te interromper, já que algo dentro de mim dizia que era hora de conversarmos.

- Meu amor, pode vir aqui um momento? - Minha voz já estava longe de ser a de antigamente. Um dia o vocalista de uma famosa banda, agora uma voz rouca e fraca, que mal parecia sair dos lábios de tão baixa.


Era um dia importante para eu e minha banda, iríamos fazer pequenos testes com os candidatos a serem nosso novo baixista. Eu como guitarrista e vocal fora escolhido para dar a palavra final, então sentia uma grande pressão sobre meus ombros.

Testamos cerca de três caras, nenhum muito bom, até que você entrou. Um baixo meio velho dentro de uma case de couro que já descascava devido ao uso, calça rasgada, olhos felinos e olheiras profundas… era tão lindo que senti meu coração falhar algumas batidas.

- Prazer, meu nome é ZiTao, Huang ZiTao. - Fez uma reverência e eu pude ver que suas bochechas estávam vermelhas. Seu sotaque combinava perfeitamente com a voz delicada. Imaginei que estivesse nervoso, mas naquele momento, acho que conseguia ultrapassar você em ansiedade. Sua presença me deixava inquieto.

- Olá, ZiTao, eu sou Oh SeHun, líder da banda “OXE”, esse é nosso tecladista: Kim JongDae; e esse é o baterista: Kim JongIn. - Apontei para os dois meninos, o primeiro sentado ao meu lado esquerdo e o segundo ao meu lado direito. Ambos sorriram simpáticos, tentando passar confiança para ti.

- Fale um pouco sobre você e como ficou sabendo da “audição”. - Fiz aspas com o dedo ao falar a última palavra, meio que mostrando que aquilo estava longe de ser um evento tão sério; não que isso já não estivesse claro ao ser um acontecimento realizado na garagem de minha casa.

- Eu sou nascido na China, mas estou morando na Coréia desde os treze anos. Tenho vinte anos agora… toco baixo desde pequeno, meu irmão que começou a me ensinar, depois eu continuei… - Foi o que disse… Uma boa história, não é? Sempre foi bom em inventar história, meu querido ZiTao.

- E que tipo de música gosta de tocar? Sabe o que tocamos? - Perguntei com inocência, sem conseguir tirar meus olhos dos seus, hipnotizado.

- Gosto de bandas como Green Day, The Used e se formos nas mais antigas me espelho bastante em The Cure e Sex Pistols. Pelo que li no anúncio da audição naquele clube, vocês tocam um estilo levemente new punk.

- Você tem boas influências, agora vamos ouvir seu som. - Sorri animado, queria que fosse aprovado, só então você se colocou com o baixo em mãos, começando a tocar lentamente.


- O que houve, querido? - Sua voz, ao contrário da mim, ainda era a mesma, doce e delicada. Sentou-se ao meu lado na cama, segurando minha mão com todo o seu amor, olhando em meus olhos, já meio opacos.

- Só queria você mais perto. - Abro meu sorriso frouxo, sentindo a tremedeira de minhas mãos tornar difícil que seus dedos se entrelassassem aos meus, mas mesmo assim você tocava-as como se fossem seu maior tesouro.


- É hoje, gente, finalmente vamos nos apresentar como banda pela primeira vez! - Dei um grito animado. Depois de cinco longos meses de ensaios, compondo músicas, brigando como um bando de animais loucos, bebendo e fumando cigarros atrás de cigarros, a banda OXE iria fazer seu primeiro show em uma pequena casa noturna de rock em um bairro no subúrbio de Seul.
- Vai ser o começo de uma grande jornada! - A voz de JongIn era a mais animada, ele já bebera umas três cervejas e eu estava ficando preocupado de que com todo aquele álcool no sangue ele não conseguisse tocar direito, mesmo assim estava animado demais para dar uma bronca no baterista, com quem já havia me irritado mais cedo por estar vestido como um roqueiro palhaço, com suas luvas arrastão, lápis de olho pesado e batom roxo.

- Não ligo se morrermos de fome um dia, desde que estejamos fazendo música. - Foi o que você disse naquela hora. Eu nunca me esqueci daquelas falas, pois foram, de todas as mentiras, a maior e mais doce que já contou.

Me lembro de como estava vestido naquele dia, com a calça jeans larga, uma camiseta que caberiam dois de você dentro com a estampa do Nirvana, tênis all star tão velhos que estavam quase mais furados que a jaqueta de sarja que usava… Totalmente lindo com seus cabelos coloridos de rosa bagunçados…

Eu e JongDae nunca nos destacamos por nosso estilo, já que ambos estávamos com calças jeans comuns, coturnos e camisetas de mangas curtas, a dele preta e a minha vermelho sangue, vocês ainda brincaram que combinamos de ir parecidos… foi um dia especial.

Naquela noite, os outros dois nos deixaram sozinhos no minúsculo camarim, você se aproximou de mim, olhou para o chão e falou com a voz tímida:

- Obrigado, por terem me dado a chance de estar na banda, esperei por isso muito tempo… - Era clara sua vergonha e alegria… eu não poderia resistir a suas falas, apenas lhe puxei pela cintura e roubei seus lábios para mim, totalmente arbitrário, morrendo de medo de ser rejeitado… mas isso nunca aconteceu, não houve uma só vez desde aquele dia que recusaste um beijo meu.

Usei meus dedos trêmulos para lhe fazer carinho nas mãos, ainda macias e delicadas, como esperado não haviam envelhecido um só dia. Seu rosto também ainda era liso como da primeira vez que o vi, por alguns momentos senti inveja de você e sua eterna juventude, seria tão bom ser eterno a seu lado.


- Você continua lindo, sabia? - Como sempre, estava sendo doce e delicado, tocando minha face enquanto falava, eu mal conseguia levantar minha mão para lhe agradecer.

- Não chego a seus pés. - Sorri como podia, sentindo minha respiração ainda mais difícil, quase impossível na verdade. Comecei a tossir muito, vendo-o ficar com desespero no olhar.

- Meu amor, tudo bem? - Suas mãos se apertaram ao redor da minha destra, eu sabia que estava com medo.

- Não se preocupe, estou bem… - Tentei fazê-lo ficar mais calmo, mas é claro que você já tinha entendido.


Tantas pessoas passavam por nós no aeroporto, uma infinidade de fãs pareciam estar morrendo de tanto que gritavam nossos nomes. Meus olhos percorriam todos os lados enquanto eu delicadamente acenava para todas as jovens, já você sorria e assinava quase todos os papéis que lhe eram entregues; quando finalmente conseguimos chegar a van da banda quase desmaiamos de cansaço.

A sorte é que nosso hotel em Nova Iorque era bem perto do aeroporto, então não demoraram mais do que vinte minutos para estarmos em nosso quarto bem decorado com uma linda cama de lençóis de algodão egípcio e uma janela de vidro que mais parecia um cinema de tão grande. Era uma maravilhosa vista da cidade.

Você me abraçou por trás, beijando minha nuca e falando que me amava, mas aos poucos se afastou… eu senti que algo de diferente acontecia, me virei e encarei seus olhos, ficando a refletir sobre como sua pele ainda era a mesma, assim como seus cabelos… cada traço parecia nunca mudar… eu era apaixonado ainda mais por isso em ti.

- O que foi? - Perguntei, enquanto lhe observava sentar-se na grande cama de casal que nos fora destinada. Eu mesmo me coloquei na poltrona de couro branco que decorava o quarto, sentando-me com uma perna sobre a outra.

Seus olhos não encontravam os meus, apenas se concentravam no chão de carpete bege, como se estivesse pensando em como dizer o que quer que fosse.

- SeHun, você acredita no sobrenatural? - Eu acabei rindo quando me perguntou aquilo, não fazia qualquer sentido que tal pergunta fosse feita em um tom tão sério.

- Não sei, nunca pensei muito sobre isso. - Me levantei e fui até o frigobar, de lá tirei uma latinha de cerveja, abrindo-a e levando aos lábios.

- Entendo… - Me lembro que você estava sentado com as pernas cruzadas, a direita sobre a esquerda, um dos braços apoiado na coxa, mal me olhava, parecia distante.

- Mas qual o motivo da pergunta? - Falei com um tom de riso, indo até você, aproveitando para lhe dar um beijo carinhoso nos lábios, que não foi exatamente correspondido.

- É que preciso te contar uma coisa. - Na hora senti aquele calafrio que todos nós sentimos ao ouvir frases como “preciso te contar uma coisa”, “temos que conversar”, “tem algo que quero te perguntar”... Apenas me sentei, encarando-o nos olhos.
- O que foi? - Você já não me olhava nos olhos, apenas levantou-se e foi até a grande parede de vidro, observando a imensa cidade abaixo de nós dois, tocou a superfície gelada por alguns momentos e começou a encarar o pôr no sol, sem dizer nada por longos momentos.
- A raça humana é interessante… abençoada; eu diria. - Foi uma fala que naquele momento fui incapaz de compreender, mas hoje entendendo completamente.

- Abençoada? - Minha voz demonstrou bem minha confusão perante o que dissera, larguei a latinha no chão, sem ligar para o perigo de ser derrubada a qualquer momento, apenas me levantei e fiquei de pé pouco atrás de ti.

- A morte é uma benção, assim como o tempo… a velhice… - Você parecia refletir profundamente sobre o que me dizia, consultando o fundo de sua alma, enquanto eu me encaminhava até ti e lhe abraçava por trás.

- Eu tenho medo da morte. Queria poder viver para sempre. - Foi o que eu disse, cheio de minha inocência mortal…

- Não, você não queria… - Largou-se de meus braços, ficando de frente para mim seus olhos se encontraram com os meus, suas íris que eu sempre vira castanhas naquele dia traziam um tom de vermelho escuro, cor de sangue.

- Tao… ? - Fiquei um pouco assustado ao reparar naquilo, era tão real… Não me parecia provável que fosse apenas uma lente de contato.

- Gostaria tanto de ter o privilégio que vocês humanos tem… É tão doloroso ver todos os que amo irem. - Lágrimas banhavam suas orbes, era até mesmo assustador, como se água tentasse apagar o incêndio que eram seus olhos.

- Tao, você está me assustando. Do que está falando? - Meu corpo tremia, sua face triste me parecia completamente morta, quase como se um fantasma estivesse parado a minha frente.

- Você não acha estranho, SeHun? - Apontou para sua própria face, fazendo com que minha confusão ficasse ainda maior, o que poderia ter de estranho em um rosto lindo e angelical?

- Eu nunca mudei. Olhe-se no espelho, cheio de lindas marcas de sua vida mortal… Enquanto essa aberração que eu sou, faz de mim eterno com essa forma… Uma cadeia de belas paredes é o que é meu corpo! - Gritou para mim, fazendo-me tremer com tais palavras, observando suas lágrimas grossas caindo pelo rosto.

- Você vai me explicar logo do que está falando!? - Acabei ficando um pouco fora de mim, não aguentava mais aquelas passagem vagas.

- Eu sou… - De um momento para o outro, toda a coragem, assim como o sangue, que vi em seus olhos se apagou; você virou de costas para mim, tremendo… parecia um pequeno animal assustado, parecia ter perdido tudo o que lhe mantinha forte para conversar comigo. Só hoje consigo entender o porquê.

- Você…? - Perguntei voltando a lhe abraçar, dessa vez de frente, sentindo seu perfume sempre tão doce e forte, era algo que praticamente me hipnotizava. Seus lábios correram por meu pescoço, onde depositou um beijo, depois outro e mais outro… até a estranha sensação de seus dentes se fazer em minha pele, ardendo, rasgando… Dei um alto grito com a dor, desmaiei no segundo seguinte.


- Por favor… Não se entregue… - Suas lágrimas eram tantas que seus olhos pareciam estar derretendo, foi a visão mais triste que já tive, e olha que já vi muito nesses tantos anos que tenho de vida.

- Uma vez… - A tosse me tomou mais uma vez, não sei se conseguiria seguir com minha fala, mas me estabilizei. - Você disse que me amaria… - Outro corte, dessa vez junto ao ar seco saiu um bom tanto de sangue, eu sabia que estava chegando a hora. - Mesmo quando eu não fosse mais jovem e bonito… - Suas mãos se prenderam as minhas com ainda mais força, enquanto balançava a cabeça em aprovação e soluçava de tristeza. - Eu duvidei. Mesmo assim, aqui estamos.


Abri meus olhos no meio da madrugada, ainda sentia meu pescoço ardendo, mesmo que nenhum único furo pudesse ser encontrado. Não me lembrava mais quantas vezes passara por aquilo desde a primeira vez… Desde o dia em que me contou seu maior segredo.

- Dormiu bem? - Perguntou-me docemente, como sempre fazia.

- Sempre durmo, não há remédio melhor… - Sorri delicado, indo até o sofá onde tu te encontravas a ler um livro. Sentei-me ao seu lado, tirando o encadernado de suas mãos, puxei sua destra para junto de minha canhota, sua pele ainda macia e delicada, já a minha comaçava a apresentar algumas marcas de idade.

- Feliz aniversário. - Você nunca se esquecia, era sempre o primeiro a me parabenizar. Naquela noite eu completava cinquenta anos… Eu nunca soube a sua verdadeira idade, mas seu rosto jamais passara dos vinte e cinco anos.

Isso foi alguns anos depois de se ver obrigado a largar a banda, já que todos nós tínhamos cara de trinta, quase quarenta e você se mantinha o mesmo, lindo… o amor de quase todas as nossas fãs. É até mesmo cômico pensar sobre isso agora, mas eu não deveria rir.

- Quando vai me contar o dia em que nasceu? - Lhe perguntei enquanto te trazia para meu colo, colocando sua cabeça sobre uma de minhas pernas.

- Nunca. - Deu uma boa risada ao fim da frase, era sempre daquela forma… Até hoje não sei quando é seu aniversário. Me perdoa por todos os presentes que não lhe pude dar.

Uma vez, também em um de meus aniversários, me contou o motivo de poder morder-me sem que eu me tornasse um ser como você. “Meu sangue não é puro”, foi a única coisa que me disse, mas aceitei essa explicação. Estava bom assim para mim.

- Meu amor, se no futuro eu ficar velho e feio, você ainda irá me amar? - Perguntei enquanto fazia carinho em seus cabelos totalmente negros.

- Claro que vou. - Sorriu delicado, como uma criança que responde a própria idedade. Parecia ser bem óbvio para você, mas para mim, era um pouco duvidoso.

- Duvido. Assim que eu começar a ficar mais velho serei trocado, por dois de vinte e cinco. - Gargalhei com minha fala, você também. Contudo a verdade é que eue stava simplesmente apavorado que me deixasse um dia...

- Ah, como é seu aniversário, acho que deve ter algo sobre OXE na TV, você deveria ver. - Sorriu para mim, enquanto fazia carinho na palma de minha mão. Eu lhe sorri de volta, achando engraçado seu comentário totalmente fora de contexto.


- Eu jamais deixarei de te amar… Nunca. - Seus lábios passaram pelos meus, agora que eu já não tossia mais. Por alguns momentos pensei em como nunca te vira doente, o que era esperável. Senti-me um pouco culpado por fazê-lo ter de me encarar naquele estado. A beira da morte.

- Não deixe de viver por minha causa. - Foi tudo o que consegui dizer, sentindo já que todo o meu corpo ficava fraco, aos poucos meu velho e gasto coração parava de bater.

- Sem você, não há vida… Apenas existência. - Ainda consegui te ouvir falar, mas minha visão estava tão embaçada que se não fossem pelas gotas quentes caindo em minhas mãos eu não saberia que estava a chorar tão desesperado.

- Eu te am… - Infelizmente não tive forças para terminar minha última fala naquele mundo, tudo se perdeu na escuridão e a única coisa da qual me lembro é de ver seu sorriso radiante me guiando para o infinito.


Fim

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4 Juillet 2018 02:41 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

P. Miranda Uma autora dessas que ou escreve putaria insana, ou drama pra te fazer debulhar de chorar. De vez em quando junta os dois, só pra variar.

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