hanif Lara T

A teoria dos multiversos se baseia na crença de que existem diversas dimensões e infinitos universos. O universo o qual vivemos é só mais um dentro de uma bolha sem fim o que vários universos vivem lado a lado, mas nunca entram em contato uns com os outros. ° { T a e k o o k / V k o o k / K o o k v } l Fiction!AU °


Fanfiction Groupes/Chanteurs Déconseillé aux moins de 13 ans.

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Multiversos


   Existem infinitos universos ingressados em uma só bolha. Vivemos em um universo o qual podemos chamar de universo 1, no entanto, existem outros “x” universos paralelos que neles pessoas “nossas” vivem em diferentes realidades. Em vidas com mais dimensões, com menos, com distintas leis de física e realidades opostas. Resumindo, nosso universo pode ser somente um de infinitos mundos em um multiverso em expansão sem fim.


A viagem entre esses paralelos quebra o circuito de tempo, ou seja, enquanto em um universo se passa uma hora, em outro universo essa ‘uma hora’ equivale a anos ou até mesmo décadas. A variação de tempo pode vir a ser pequena ou grande, nunca se pode ter total certeza.





Seul Alternativa, paralelo 95, 2030


   Jeongguk cruzou a linha da escola, quando o suor já deslizava por seu rosto. Sua bicicleta foi atirada ao chão, sequer se preocupando em coloca-la na vaga e trancar corretamente os cadeados enferrujados. Estava atrasado.


A mochila presa em suas costas e suas mãos carregavam a capa dura de seu violino, engolindo o bolo de medo ao lembrar da face assustadora da professora de anatomia l. Anotara mentalmente nunca mais se atrasar tanto a ponto de ter de encarar e interromper a aula da senhora de meia-idade.


Era um dos últimos dias de aula da faculdade, portanto, sabia que metade da classe estaria mais animada para a festa de despedida após os períodos da manhã, do que para absorverem horas e horas dos mais variados conteúdos sobre o estudo do corpo humano.


Observou a paisagem no céu estrelado, a luz solar de Anã iluminando os asteroides incansavelmente. Podia visualizar os planetas E e F claramente, afinal, no inverno era mais fácil de conseguir enxergar os incríveis fenômenos. Aquela visão sempre lhe embriagara de admiração.


Corria em passos silenciosos pelos corredores animados da faculdade. Era impossível contar a quantidade de alunos que matavam aula ou simplesmente apareciam no campus mesmo sem ter carga horaria no dia, o desejo de passar um tempo a mais com colegas e amigos superando o cansaço e abalo que um fim de semestre causava em todas as cabeças.


Um suspiro foi a única coisa que pronunciou antes de conseguir criar coragem de bater na porta da sala de aula, entrando em seguida.


Jeongguk considerou ajoelhar-se e agradecer aos deuses quando não encontrou o rosto carrancudo e os lábios finos banhados a batom vermelho da Senhora Kang ao entrar na sala, se apressando em correr para seu assento, não sem antes por novamente o sorriso em seu rosto.


Os milagres de um último dia de aula.


A porta foi empurrada, e com ela a professora de olhos mortos e aura amedrontadora entrou, carregando a bolsa vinho em suas mãos enquanto os orbes de águia rodavam pela sala.


Jeongguk segurava o riso, ainda sem crer que conseguira escapar de mais um aviso de atraso.

– Jeon Jeongguk.


No entanto, nada dura para sempre.


– Não pense que esqueci que não estava aqui antes de sair para pegar minha bolsa.


O sorriso morreu, ao mesmo tempo que a Senhora Kang deixava que seus lábios de curvassem para cima, abrindo a lista de presença.


– Jeon Jeongguk: falta.


No final, já não sorria tanto assim.





   Foi recebido pelos sorrisos calorosos e um copo cheio de bebida. Jeongguk não pode evitar sorrir ao ver Jimin e Hoseok tão alegres, assim como ele mesmo se encontrava.


Nunca passou a desejar tanto um final de semestre como permaneceu a querer nas últimas três semanas. Manter o foco para preparar-se para as provas finais foi difícil quando qualquer outra coisa parecia mais interessante que os xeros e as apostilas, uma tentativa de resumir toda a matéria acumulada.


Agradeceria a Youngjae depois pelas aulas extras e os resumos de algumas das piores partes a estudar.


Viu rapidamente uma matéria nova na televisão ligada em volume alto na sala.


Novo projeto é divulgado hoje. A BTS International Space confirma que as missões para exploração do paralelo 96 e 97 começarão a partir do próximo mês. Serão enviadas cinco tropas das melhores da academia de treinamento para exploração para realizarem a viagem.


Os pesquisadores confirmam: Existem possibilidade de novas espécies de vidas em planetas nos universos vizinhos. Também confirmaram que pretendem fazer o possível e impossível para que as patentes mais jovens sejam aproveitadas nas missões.


Todos pareciam ignorar a reportagem, ainda que ela fosse algo um tanto quanto importante. Se distraiu e sorriu quando Hoseok tropeçou sobre os próprios pés, sendo arrastado até a mesa por Jimin, que levava Jeongguk junto.


Jimin afastou-se rapidamente, quando o celular tocara e interrompeu toda a brincadeira. Notou que as poucas palavras que o amigo falou ao telefone foram o suficiente para que ele sorrisse.


– Taehyung acabou de sair do treino. – Jimin comentou, bebendo um gole da bebida no copo descartável vermelho. – Disse que vai vir direto para cá.


– Aquele ingrato, sempre colocando os treinos antes de nós. – Hoseok resmungou, ainda que todos os três ali soubessem que o mais velho não falava sério. – Vou guardar ao menos algo para ele beber. Duvido que algo sobre com todos esses sedentos por bebidas aqui.


E em passos cambaleantes, Hoseok adentrou a festa novamente, o sorriso positivo nunca saindo do rosto.


Jeongguk sentia que sua voz havia se entalado em algum lugar de sua garganta. Em desespero, passou a encarar o céu quase noturno, admirando as sombras que os planetas vizinhos deixavam no Trappist-1. Admirava o quão bonito o céu do planeta onde vivia era.


Taehyung acabou de sair do treino. Por um instante, seus dedos gelarem e sentia que a bebida estava o deixando enjoado. No entanto, tinha certeza que aquele era o efeito de Kim Taehyung.


Falar de Kim Taehyung não o incomodava, muito pelo contrário. Falar de Taehyung deixava Jeon Jeongguk extremamente nervoso. O dono de sorrisos quadrados e olhos brilhantes fazia com que sua garganta secasse e suas pernas tremessem, deixava Jeongguk mais que ansioso.


Taehyung era filho de um dos comandantes da central de investigação espacial. Jeongguk recordava bem como facilmente tornou-se amigo de vizinho que brincava com foguetes e observava estrelas no gramado de madrugada. Boa parte de sua infância foi gasta na sala de estar da casa de Taehyung, onde corriam com capacetes de astronautas e jogava bolinhas, acreditando fielmente que eram pequenos asteroides.


Entretanto, o amigo mais velho passou a deixar as tardes de brincadeira aos dez anos, quando seu pai decidiu que era o momento certo para Taehyung treinar com os jovens na base, treinando para ser o líder que ele nascera para ser.


Suas tardes tornaram-se monótonas sem o amigo, e suas manhãs pioram quando soube que Taehyung abandonaria a escola normal para graduar-se na escola para pequenos astronautas.


Taehyung ainda fazia parte de seu dia a dia, ainda que por mensagens e ligações de vídeos. Somente nos fins de semanas, e raríssimas vezes nas sextas feiras, Taehyung podia sair do prédio de treinamento e encontrar-se consigo e com Jimin e Hoseok.


Certa vez, quando Jeongguk já não via o melhor amigo a três semanas e a saudade lhe queimava mais do que qualquer queimadura que levasse ao tentar cozinhar, Taehyung apareceu na porta de sua casa, o sorriso maior que o mundo e acompanhado de três amigos da academia de treinamento, Jin, Namjoon e Yoongi.


Aumentara seu ciclo social de três para seis, e consequentemente arrastou Jimin e Hoseok para conhecerem os amigos do garoto que era dono de seu coração.


Não via Taehyung desde o festival de estrelas cadentes. Era um fenômeno que tivera mais que sorte de poder presenciar ao lado do jovem que mexia com seus sentidos e sentimentos. Naquela madrugada, Jeongguk assistia atentamente a chuva de meteoros que rasgava o céu noturno quando as mãos grandes pousaram em sua cintura e os lábios com sabor de pêssego encontraram os seus.


Nunca em toda sua vida pensou que beijaria Taehyung em algum lugar que não fossem seus sonhos.

 

Sabia que a partir daquele momento – ou talvez até mesmo antes dele – ele e Taehyung precisariam conversar, coisas que ficaram incompletas que iam desde as palavras carinhosas de um para o outro até os abraços e mensagens cada vez mais afetivas e amorosas.


Notou que apaixonou-se sem esforço, sequer notando quando seus sentimentos passaram de amigáveis para algo a mais.


– Aqui está. – Hoseok decretou ao retornar, cinco garrafas de bebidas sendo carregadas. – Ei Jeongguk, soube que a velha Kang te expulsou de novo.


Jimin riu ao notar o modo com o olhar de Jeongguk estava distante. Não demoraria muito para que Hoseok notasse estar conversando sozinho.


Yah! Ao menos finja que presta atenção no que eu digo, pirralho ingrato. – O ruivo gritou, o dedo depositando o peteleco na testa pálida. Jimin já lhe dissera inúmeras vezes o costume frequentar que Jeongguk ficava “desligado”, no entanto, demorava a acostumar-se, ainda que já viesse praticando a longos seis anos de amizade. – Jiminie....


–Vamos beber um pouco, hyung. – Jeongguk interrompeu, deixando para que as preocupações nascessem quando visse o dono delas.


Os copos se brindaram, os sorrisos transpareceram a alegria que o trio sentia. De repente, qualquer problema ou estresse que já passaram sequer parecia ter existido em algum momento, a alegria sendo o único sentimento que os guiava.


Jeongguk não sabia quanto tempo havia se passado, entretanto, desejava saber como foi permitir que Jimin e Hoseok bebessem tanto a ponto de ambos estarem lhe abraçando, lágrimas sem razão caindo dos olhos da dupla de amigos, enquanto todos cantavam Hey, Soul Sister em voz alta. Suspeitava que eles ao menos estivessem bêbados, e sim tentando alegrar ao máximo a noite.


Quando suas pernas doíam, mais do que nos dias em que resolvia correr pela madrugada, e sua barriga formigava de tantas risadas, Jeongguk resolveu que era o melhor momento para voltarem a mesa.


Suas suspeitas estavam corretas quando Jimin e Hoseok se mostraram dispostos ao se sentarem, os copos de bebidas sempre cheio até a boca.


Jeongguk já estava preparado para virar o copo novamente.


– Acho que já bebeu o bastante por hoje. – A voz rouca sussurrou próxima a seu rosto e as mãos quentes seguraram seu braço. Taehyung tinha o sorriso mais belo em seu rosto quando Jeongguk virou para encara-lo, os olhos negros se arregalando com a proximidade, o ar quente de menta batendo em sua pele quando a boca de Taehyung aproximou-se de sua testa, selando gentilmente sua derme.


O copo vermelho sumiu de suas mãos quando Taehyung o pousou na mesa. Jeongguk sequer conseguiu retribuir o ‘oi’ baixinho que foi sussurrado somente para si, sentindo falta do calor de Taehyung quando ele se separou para falar com Jimin e Hoseok.


Um misero ‘Hyung’ foi o que conseguiu dizer quando Yoongi, Jin e Namjoon se aproximaram. Reconheceu que os quatro ainda estavam com a calça da base de treinamento, no entanto, a blusa da farda tinha sido substituída por camisetas.


Gostaria de poder desfrutar da sensação dos lábios quentes grudados a seu rosto novamente.


Jeongguk não bebeu novamente. Sentiu-se bêbado somente com a presença do hyung de sorriso belo e palavras gentis. Ouviu em silêncio quando Namjoon contava uma história que acontecera naquela manhã, quando os quatro estavam tendo aula de pilotagem, e Jin quase atravessara a parede de chumbo da sala de treinamento com a nave, provocando um castigo para o time inteiro.


Sem notar, Taehyung já estava sentado na cadeira ao seu lado, afastando para mais perto de si. Congelou quando uma mão tocara a sua discretamente por debaixo da mesa, os dedos se entrelaçando e o polegar de Taehyung acariciando sua palma lentamente. Pegou-se sorrindo.


Quando o celular descarregou e todos pareciam sonolentos, Jeongguk concluiu que seria o melhor horário para ir embora.


Yoongi não tinha bebido, para a sorte do grupo inteiro, e vinha de carro, o que garantiu que ele deixaria todos os alcoolicamente alterados, excluindo a chance de Taehyung e Jeongguk pegarem uma vaga.


Jeongguk sentiu o frio incomum da primavera lhe arrepiar, encolhendo-se por debaixo da camisa fina que vestia. Desejava ter trago a jaqueta que sua mãe tanto lhe pedira.


Viu o carro de Yoongi sumir pouco a pouco, admirando o quão bonito as cerejeiras das ruas ficavam, junto as flores que desabrochavam graciosas por todos os lados. Por um momento, seus olhos se vedaram e aproveitou a calma que a noite lhe transmitia.


Taehyung observava as ações calculadas do dongsaeng, encantado. Jeongguk era a beleza viva. Ajoelhava-se diante os traços infantis, os olhos negrumes que o fitavam com tanta intensidade, a boca rosada tão bem desenhada quanto a melhor e mais cara obra de arte do mundo, a pele branca como a neve e o sorriso belo como um pôr do sol.


Nunca se cansaria de admirar as mais calmas e mais divertidas nuances que Jeon Jeongguk possuía.


– Jeongguk.


A voz calma o despertou. Taehyung ainda tinha os lábios curvados quando se aproximou, os braços circulando seus ombros a cabeça repousando em seu ombros medida que ele aconchegava-se no abraço repentino.


– Senti saudades.


Jeongguk sorriu. Seus braços contornaram o tronco magro, o rosto se afundando no pescoço de Taehyung. O cheiro de baunilha continuava lá, confirmou.


– Senti sua falta, hyung.


Sorriram, os corações conectavam-se com o abraço repentino e os ânimos se acalmavam por estarem juntos novamente.


Timidamente, entrelaçou seus dedos aos de Taehyung quando ele o puxou para que andassem mais perto. Encolhia-se a medida que a noite chegava, o frio torturando sua pele e deixando-o trêmulo. Taehyung pareceu notar, retirando a própria jaqueta e a repousando sobre seus ombros.


Jeongguk não pode evitar o sorriso que adornou seus lábios. Estar com Taehyung era algo único. Tentava andar o mais devagar o possível, sabia que Taehyung o acompanharia até em casa – ele sempre insistia em fazer – e gostava de aproveitar o máximo de tempo ao lado dele.


As palavras estavam entaladas em sua garganta. Queria conversar sobre o beijo trocado da última vez que se viram, sobre como o modo seu coração doía quando Taehyung estava longe e como ele se aquecia quando o via. Gostaria de conversar seriamente com o Kim sobre exatamente o que eles eram. Porém, odiaria estragar a paz que se instalou entre os dois, ainda que sua razão lhe implorasse para que definisse de uma vez por todas.


Debaixo de uma cerejeira, sua caminhada cessou e deu um passo para longe de Taehyung. A ventania leve fazia com que os fios castanhos voassem juntos, deixando o rosto angelical ainda mais lindo. Jeongguk engoliu em seco, as mãos se fecharam em punhos e os olhos desviaram dos semelhantes.


– Hyung, preciso te dizer uma coisa. – Jeon disse sem saber ao certo começar. Gosto de você? Por que me beijou? Não, não. – Gosto de você.


– Goste de você também, Jeon Jeongguk. – Taehyung interrompeu, refazendo a proximidade. – Desde novo, gosto de você.


Sorriu. Palavras não eram o mais importante, não quando Taehyung sorria para si da forma mais bonita que poderia ver. Os ventos frios da primavera lhe fizeram aproximar novamente, suas mãos tocando o rosto bronzeado, seus lábios encontrando os de sua companhia.


Era leve, gentil. Os lábios encaixavam-se perfeitamente, os sentimentos afloravam nos peitos quentes, as mãos abraçavam os corpos e qualquer aproximação parecia não ser o suficiente naquele momento. Desejavam fundir-se em um só.


Jeongguk não evitou rir baixo, o som inebriando o ouvido de Taehyung que sorriu ao ver e sentir a alegria de Jeon – algo que também sentia de uma forma completamente nova e diferente.


Suas mãos se entrelaçaram quando voltaram a andar. Rapidamente, o frio sumiu e tudo que sentiam era os peitos aquecidos, os corações confortáveis e os lábios dormentes.


Ao parar em frente à casa de dois andares e com o jardim dominado por flores, Jeongguk desejou poder eternizar aquele momento. Seus braços circularem o corpo de Taehyung novamente, tentando transmitir todo o pesar de sentimentos fortes que sentia.


Taehyung não poderia pedir nada a mais. Por ele, passaria o restante de seus dias entre os braços de Jeongguk, degustando do sabor dos lábios do mais novo. No entanto, o papel em seu bolso lhe impossibilitava de realizar tal ato. Fora liberado naquela noite – e o restante da semana – por um único motivo. Tinha que ser honesto com Jeongguk, contaria tudo o que lhe fora ordenado e o dedicaria seus mais puros medos e sentimentos. Não seria capaz de abandonar Yoongi, Jin e Namjoon, jamais, e muito menos decepcionar seu pai. Seus braços apertaram o corpo de Jeongguk tão forte, que pensou que ele reclamaria.


Quando separou-se do menino que mais amava no mundo, teve vontade de ir embora. Poder terminar a noite deixando o sorriso de Jeongguk intacto. Sabia não poder.


– Jeongguk. – Pronunciou. O papel foi arrancando de seu bolso. Suas mãos tremiam e não era pelo frio. – Eu preciso te contar uma coisa.


– Aconteceu algo?


– Eu vou embora, Jeongguk. – Uma lágrima fugiu, correndo por sua pele e caindo para o chão. Tentou sorrir... Não conseguia. – Fui designado para ser o comandante da nova embarcação espacial. Vamos abandonar o universo do paralelo 95. Namjoon, Jin e Yoongi vão comigo, entraremos no foguete e iremos até a base espacial. – Mais lágrimas. De repente, Taehyung não se sentia tão feliz, falar tornava tudo ainda mais real. – Dizem que cada hora fora do nosso paralelo pode equivale a anos aqui, e-eu... – Um soluço. Quando passou a chorar tanto? – Eu não sei se vou poder te ver quando eu retornar, se eu retornar. Vamos partir em uma semana. Nos deram esses dias para passarmos mais algum tempo por aqui. E-eu.... Me desculpe. Por favor, Jeongguk, eu te amo, me desculpe.


Jeongguk não impediu. Não impediu que as lágrimas escorressem como cachoeira de seus olhos, muito menos barrou as soluções que saiam como o ar de sua boca. Suas mãos se fecharam em punhos a medida que sentia eu coração ganhar rachaduras.


– Isso é alguma brincadeira? – Forçou o sorriso. Não faça isso comigo, hyung, não faça isso conosco. – Hyung, pode falar, você está brincando, certo? Foi ideia de Jimin? Eu vou matar aquele anão. Eu, eu vou...


Soluçou. Tampou sua boca, evitando que sua garganta falhasse.


Doía. Doía como a pior queimadura e queda que já levara em toda sua vida.


– Jeongguk...


– Você não pode fazer isso. – Interrompeu. Não quero te ouvir. Vá embora, por favor. Sequer conseguia falar. – Você não pode me beijar e me deixar feliz, para depois me falar isso, Taehyung! – Gritou, os olhos avermelhados fitaram os chorosos de Taehyung. Doía. – Vai embora. Por favor.


– Jeongguk, me escute.


– Tenho que ir, hyung. Desculpe, não estou me sentindo muito bem.


– Jeong...


Fechou a porta, trancando, sequer dando tempo para que Taehyung terminasse de falar. Suas pernas doíam, seu peito queimava, seus olhos choravam. Escorregou, sem saber de onde mais tirar forças, deixando que seu corpo deslizasse pela porta e seu rosto se afundasse entre os joelhos, o choro contido saindo cada vez mais forte.


Não importava se Taehyung o beijou, o abraçou e se declarou, nada importava se ele fosse embora. Escutou as batidas na porta, podia ouvir claramente os soluços do menino apaixonante do lado de fora.


– Por favor, Jeongguk abre a porta.


Não respondeu.


Tapou a boca, as mão e lábios tremendo.


Vá embora!


– Eu te amo, Jeongguk. Não se esqueça disso, por favor.





– É hoje.


Foram as primeiras palavras de Park Jimin ao encontrar Jeongguk.


Tinha total conhecimento do que aconteceu, não por causa do menino de olhos e cabelos negros e sim por que Taehyung o mandava todos os dias cartas e bilhetes, pedindo que os entregasse a Jeongguk.


Sabia que o amigo vinha ignorando as visitas, ligações, mensagens de Taehyung, evitando-o por completo. Aproveitou que Jeongguk ainda não levantara a cabeça e enviou a mensagem que digitara ao sair de casa. Não pense que deixarei que destrua seu próprio coração, Jeongguk.


Arrancou o bilhetinho azul de seu bolso. Podia reconhecer a assinatura do nome de Taehyung logo de cara. Não suportava ver os olhos constantemente avermelhados e inchados do amigo e muito menos as olheiras que surgiam pouco a pouco nos de Jeongguk.


Deixou que seus dedos fizessem morada na cabeça de Jeongguk, acariciava o couro cabeludo, vendo o amigo despertar e lhe encarar com semblante sério. Onde vem escondendo seu sorriso, Jeongguk? Odiava ver pessoas que amava tanto magoadas.


– Não preciso que me fale coisas obvias, Jimin. – Soltou. Faltara três dias de aula e não conseguira finalizar o quarto quando Park Jimin invadiu seu quarto naquela manhã e lhe arrastou até o campus.

 

– Que tal sairmos mais tarde? Você não pode continuar assim para sempre, Jeongguk. Taehyung.... Ele não tem culpa de nada dia, você sabe.


– Não quero ouvir.


– Mas vai. Você sabe que o que estou te falando é a verdade, não sabe? Jeongguk, Taehyung se declarou para você, acha que ele se sente feliz abandonando alguém que ele ama? Já parou para pensar nisso?


Calou-se quando lágrimas quentes banharam o rosto jovial. Seus braços acolheram o coração quebrado e seu peito deixou que o rosto choroso se escondesse lá. Jimin segurava a própria tristeza ao ver Jeongguk daquela forma, somente desejando que resolvesse as tristezas de todos com um estalar de dedos.


Deslizou as mãos pelos fios de Jeongguk, deixando que os soluços de seu amigo fossem confortados por seus gestos carinhosos.


Ele mandou outro. – Referiu-se a Taehyung, o bilhete sendo um pouco amassado por suas pequenas mãos.


– Não quero ler.


– Leia, por favor... Ele partira de madrugada, Jeongguk. – Jimin tentou uma última vez, deixando o papel na mesinha. – Me encontre no parque próxima a sua casa depois da aula, tudo bem?


Após concordar, foi abandonado com o papel colorido e o coração magoado. Jeongguk jamais admitiria em voz alta que sonhava com Taehyung desde a noite em que se falaram pela última vez, muito menos que arriscava digitar alguma mensagem – para responder as dezenas que Taehyung lhe enviava constantemente – pronto para responder. Seus lábios ainda lembravam dos de Taehyung, desejava poder abaixar seu orgulho, arrependia-se amargamente de não ter amado Taehyung pelos dias restantes dele no planeta.


Pegara o pequeno bilhete. Lera todos os que Taehyung lhe enviou, e a cada palavra sentia seu peito doer ainda mais de saudade. Criou um ódio tremendo por seus atos impulsivos e suas palavras venenosas. Taehyung jamais merecia receber qualquer coisa que não fossem sorrisos e amor.


Quando entrou na sala de aula, Jeongguk sequer notou o tempo passar, disposto a terminar toda a carta que escrevia com total amor. Conversou com Yoongi sobre a viagem – e o fez prometer não contar nada a ninguém – e ainda que não entendesse boa parte do que o planejamento dos viajantes explicasse, soube calcular a equivalência de tempo.


A partir de certo paralelo, entre o universo que viviam e o universo vizinho, a espaço nave de Taehyung entraria numa sexta dimensão e assim o tempo passaria rapidamente.


O que valeria uma hora para Taehyung, seriam três anos de vida para Jeongguk.


Desejou chorar ao saber que mesmo que o tempo que Taehyung passasse fora fosse curto, para Jeon seria o tempo de uma vida inteira.


Algumas lágrimas silenciosas caíram sobre o papel enquanto escrevia as últimas frases. Mesmo que não conseguisse falar com Taehyung faria questão que ele recebesse a carta com palavras que sequer cogitou falar algum dia.


Quando os alunos foram liberados, Jeongguk não perdeu tempo, mandando uma mensagem para Jimin avisando que iria sim encontra-lo. O amigo via Taehyung diariamente, tinha consciência disso, portanto, pediria a ele que fizesse essa entrega.


Corria para o parque, deixando que o celular em seu bolso permanecesse a tocar. Queria logo ver o amigo.


Porem, Jeongguk reconheceu de longe os fios castanhos claros e o corpo esbelto que estava sentado em um dos bancos. Taehyung igualava-se a um anjo em calças preta, com sua blusa social branca e chinelos de couro.


Parou no meio fio, a coragem evaporando a medida que as cenas em frente à sua casa voltavam para seu presente.


“– Você não pode fazer isso. Você não pode me beijar e me deixar feliz, para depois me falar isso, Taehyung! Vai embora. Por favor.”


Diga-me, ainda gosta de mim mesmo depois de minha estupidez? Jeongguk estava petrificado. Não queria que Taehyung fosse embora, desejava prender ele entre seus braços, algemar o seu pulso ao dele e deixar que ele ficasse ao seu lado para toda a eternidade.


Entretanto, amava Taehyung ao ponto de deixar a felicidade dele acima da sua, e para isso passaria a corrigir seus erros.


Taehyung sentiu o olhar sobre si. Já estava pronto para brigar com Jimin – que havia marcado de se encontrar consigo aquela tarde, ao menos era o que a mensagem dele havia indicado – pelo atraso, no entanto, sua voz perdeu-se em algum momento quando seus olhos captaram a figura de Jeongguk.


Seu sorriso foi espontâneo e os passos que dava em direção ao corpo imóvel ganhavam velocidade sem que notasse. Pode reconhecer o sorriso que nascia na boca de Jeongguk enquanto se aproximava e foi surpreendido quando sentiu ser puxado, sua cintura enlaçada pelos braços fortes do dongsaeng orgulhoso.


– Me desculpa. – Jeongguk iniciou, os braços apertando cada vez mais o corpo colado ao seu. Duvidava da impossibilidade de corpos se fundirem por um abraço enquanto abraçava Taehyung. Nenhuma lei de física ou o caramba a quatro era mais forte que seu amor por Taehyung. – Desculpa, hyung. Eu te amo, te amo tanto. Não me importo que você demore anos, eu te espero. Mesmo que você volte com seus vinte e cinco anos e eu já esteja com rugas, não me importa, hyung. – Sentiu os lábios beijarem o topo de sua cabeça. – Mesmo que se passem mil anos, eu vou continuar a amar você.


Taehyung não pode segurar o sorriso diante a declaração. Idiota.


– Jeongguk, me beije.


Os dois mal podiam esperar.


Os lábios se encontraram rapidamente. A ansiedade percorrendo pelas veias quando seus corpos se colaram ainda mais, as mãos ansiosas para prenderem os corpos um para o outro eternamente. Os lábios selaram-se ternamente, Taehyung gostou da sensação de ter as mãos de Jeongguk em seu rosto novamente, os polegares passeando com timidez por sua pele, enquanto suas bocas desfrutavam dos sabores doces.


Seus dedos encontraram o pescoço pálido de Jeongguk, brincando com os fios novos que ali nasciam e sua boca mexendo-se contra a de Jeongguk.


Com os lábios juntos, Jeongguk passou a sentir a felicidade novamente. Nada importava, somente o que sentia por Taehyung era o que movia suas ações, e naquele momento, uma única vontade era de demonstrar todo o amor que sentia e sentiria para sempre por ele. Algo que era extremamente recíproco.


Quando se separaram, queriam voltar novamente para a segurança que era estar perto um do outro. Os dedos se entrelaçaram íntimos quando Taehyung puxou Jeon para o banco onde estava, sentando por cima de uma das pernas e encarando Jeongguk, que mordia os lábios nervoso.


– Ei, olhe para mim. – Taehyung sorriu mais uma vez, os dedos tocando os lábios, evitando que os dentes os machucassem. – Jeongguk, me olhe logo!


– O que, hyung? – Os olhos preenchidos por lágrimas o encararam de uma só vez.


– Você está chorando?


– Não, suando pelos olhos. – Revirou os olhos quando Taehyung riu, bufando. – Vou embora desse jeito.


– Não! Venha cá, bebê chorão. – Caçoou. Jeongguk adorava que o chamassem de baby, já de chorão...

Hyung!


Jeongguk perdeu-se entre risadas, seu corpo praticamente deitado sobre o de Taehyung quando ele lhe puxou para um abraço. Deixou que seus olhos se vedassem, aproveitando as caricias que eram depositadas em seu cabelo.


Hyung, como você se sente? – Jeon questionou, sentando-se novamente. Pode ver um mínimo sorriso.


– Nervoso, ansioso. É uma mistura de várias coisas. – Riu. Não gostava de lembrar que faltavam poucas horas e... O céu já estava escurecendo.


– Eu fiz uma carta para você, Taetae. Eu vou te pedir para que abra ela somente quando já estiver lá dentro, ok?


Gukkie.... – Resmungou. Jeongguk sabia o quanto era curioso.


– Por favor, hyung!


– Tudo bem...


Entregou o envelope branco, reconhecendo os amassados que ele sofreu em seu bolso, suas mãos tremendo. Taehyung sorriu ao ver o pequeno sorriso desenhado logo na frente do envelope.


– Taehyung... – Chamou novamente, o sorriso nervoso deixando-o transparente. – Namore comigo.


– Hum?!


Até riria dos olhos arregalados de Taehyung se seu nervosismo o permitisse.


– Namore comigo, hyung.


Taehyung beijou os lábios novamente, uma resposta positiva e muda de um sim bem dito.


Jeongguk afundou seu rosto no ombro de Taehyung. Sentia uma infeliz e absurda necessidade de tocar Taehyung, aproveitar qualquer segundo era importante naquele momento.


Hyung, eu te amo.





Taehyung despertou quando o despertador disparou bem debaixo de seus ouvidos.


Jeongguk ainda estava deitado sobre seu peito quando conseguiu alcançar o celular, desativando o som desagradável. Conferiu as horas, notando faltar somente cinco horas para o lançamento. Já estava na hora de ir.


Encarou o rosto adormecido que se aconchegava mais uma vez sobre si. Foi impossível evitar que sorriso mais uma vez, seus dedos tirando a franja de Jeongguk da frente da testa limpa, seus lábios deixando um singelo selar ali.


Se pudesse, voltaria no tempo e repetiria a tarde que teve com Jeongguk incontáveis vezes. Foi difícil convencer Jeongguk que era ele quem deveria pagar as entradas para o filme de terror, pois Taehyung já havia comprado as pipocas e os refrigerantes, e Jeongguk fingiu birra simplesmente para ter seus lábios bicados durante o filme inteiro.


Foi impossível negar quando, ao parar em frente a casa de Jeongguk, o dongsaeng manhoso e dramático fez de tudo para que entrasse. Enquanto comiam e permaneciam deitados um ao lado do outro, somente absorvendo cada detalhe, traço que o rosto alheio possuía, Jeongguk adormeceu com um sorriso no rosto, aconchegando-se por cima de si e o prendendo entre suas pernas.


Beijou os lábios entreabertos incontáveis vezes, até que sentisse a movimentação e os resmungos de um Jeon sonolento.


Os olhinhos inchados pelo sono o fitaram preguiçosos. Se pudesse, permaneceria a apreciar a obra de arte viva que Jeongguk era.


No entanto, não podia.


– Jeongguk, está na hora.





Jeongguk se recusava a soltar o braço de Taehyung. Quase batera nos seguranças da entrada, que tentaram barrar sua entrada quando – após passar mais tempo abraçado e sendo beijado por Taehyung em seu quarto – chegou a sede do lançamento.


Entrelaçou seus dois braços, andando abraçando ao membro superior de Taehyung, sua bochecha amassando-se no ombro do namorado.


Podia ver as costas do fardamento de seus amigos enquanto andava pelo corredor, ouvindo os passos ecoarem. Todo aquele silencio era torturante.


Adentrou uma sala bonita ao lado de Taehyung. Todos se sentaram nas poltronas distribuídas ao redor do espaço, Jeongguk colado com sua companhia. Conferiu no relógio de parede. Uma hora.


– Jeon. – Taehyung sussurrou, não lhe dando tempo para raciocinar quando roubou um beijo. – Preciso que me solte.


– Não quero.


– Jeongguk...


Suspirou ao soltar o braço. Jeongguk concordou, o rosto escondendo-se por debaixo da franja longa. Vamos voltar ao inverno em que éramos dois adolescentes bobos e apaixonados, hyung.


Sabia nunca poder voltar ao tempo.


– Eu vou sentir saudades. – Taehyung quebrou o silêncio. Sentia o olhar curioso dos amigos assistirem toda a cena. – Muita.


– Eu também.


Engoliu o choro, substituindo os olhos marejados pelo sorriso quebrado. Abraçou Jeongguk com o pouco de força que lhe restava.


– Daqui a pouco a professora de direção vem te chamar para você ir para a cabine assistir o lançamento, ok? Eu preciso ir.


Assentiu.


Taehyung bicara sua boca novamente, beijos rápidos sendo depositados seguidas vezes.


– Eu te amo, Jeongguk. Eu te amo agora e em qualquer paralelo que eu esteja.


Sorriu.


– Te digo o mesmo.


Jeongguk sentou-se na cadeira acolchoada, observando pela imensa tela de vidro o foguete branco. Pelas telas dos computadores, assistia tudo que seu namorado e seus amigos faziam, mexiam em inúmeros botões, ajustando os comandos da nave e falando consigo que não faziam o misero sentido para si.


Suas mãos apertavam-se, ficando cada vez mais vermelhas por seu nervosismo.


Quando ouviu a contagem regressiva, seus olhos soltaram as lágrimas que segurou na frente da Taehyung.


Contagem regressiva.


5...

4...

3...

2...

1...

Lançar!


Como fogos de artifício, o fogo do lançamento fez seus olhos arderem.


Recolheu o bilhete de mais de seu bolso, reconhecendo a caligrafia bagunçando de Taehyung.


Vou viver para te amar como uma estrela.

Mesmo que nosso brilho se apague, continuarei vivo e te amando.

Taehyung


– Idiota.





Taehyung soltou o cinto quando o foguete conectou-se a base da base espacial. O sistema de gravidade foi ativado, assim poderia andar sem preocupações pela nave.


Quando Namjoon ocupou-se em conferir as configurações do piloto automático, Jin em checar o combustível reservar e Yoongi configurava alguns dos projeteis de equipamentos que levavam para registrar as descobertas, trancou-se no minúsculo dormitório, arrancando o envelope branco de dentro da roupa.


Seus dedos passaram sobre o rosto feliz e a assinatura de Jeongguk:



Hyung, como está ai?


Eu prometo que vai ser algo rápido, ainda que você melhor do que ninguém saiba o quanto eu me perco quando começo a tentar expressar alguma coisa.


Escute, por que sempre foi tão gentil?


Quando me encontrou chorando por de trás do prédio da escola, mesmo sem me conhecer você soube me abraçar e me consolar, hyung. Eu chorava por coisas tão bobas, quero dizer, divórcios são normais, certo? Por que o divórcio dos meus pais parecia ser algo tão absurdo?

Obrigado.


Não sei ao certo o porquê citar algo tão bobo, mas vi a necessidade de lembrar a primeira vez que nos falamos (ou choramos, interprete como quiser).


Sabe, você sempre foi assim hyung, alguém que cuida, preserva, trata bem, sorri mesmo que não saiba quem é a pessoa. Você tem um coração tão bonito...


Acho que foi isso que me fez te amar.


Hyung, faça uma boa viagem, certo?


Quando você voltar, mesmo que eu tenho 90 anos, vou exigir que me dê um beijo!


Traga uma estrela para mim!

Jeon Jeongguk.





Seul Alternativa, paralelo 95, 2075


A porta automática do prédio deslizou sozinha quando Taehyung parou em frente a ela. Respirar sem que precisasse economizar oxigênio era algo que sentia falta e ainda tentava voltar a se acostumar. Passara os dois dias desde que voltara de missão em clínica para a reabilitação a atmosfera do TRAPPIST-1. Impressionava-se como a tecnologia se desenvolveu nos anos que passou fora.


Jin e Namjoon resolveram sair para se acostumarem novamente com a vida no planeta natal, ao menos foi o que alegaram quando se despediram na porta do centro de reabilitação. Yoongi disse que passaria mais algum tempo relaxando, dormindo.


Não o julgava. Após o problema com o combustível da máquina, precisaram correr para que conseguissem chegar a plataforma no paralelo 96. Não, não era completamente correto os cálculos feitos antes da viagem.


Taehyung descobriu que no paralelo 96, o universo que ficava a 60 anos luz do TRAPPIST-1 tinha a variação de tempo similar ao 95, portanto, o tempo que passaram lá, equivaleu ao tempo similar de sua origem.


No entanto, surpreendeu-se com o paralelo 97. Quando passara pelo buraco negro, passagem essa causada pelo acidente com o combustível, pegou-se rezando por sua vida – ainda que não pudesse ser considerado a pessoa mais religiosa -, o universo o qual adentrara era o próprio vácuo. A variação de tempo em relação ao universo 95 equivalia a uma hora por três anos.


Perderam três horas, ou seja nove anos, até que a dimensão se quebrasse. Não fora mérito seu a saída de lá, Yoongi que foi corajoso o suficiente para jogar a nave novamente na estrela implodida sem fim e, por sorte da vida – não conseguia pensar em outra possibilidade – conseguiu retornar.


No final, a missão foi cumprida, ainda que somente após quarenta e cinco anos.


Seu rosto envelheceu, após quarenta e cinco anos vagando pelo paralelo 95, 96 e 97, a pele envelhecera e seu corpo passou a mostrar pouco a pouco os efeitos dos longos anos de vida.


Completara seus setenta anos, no entanto, aparentava estar chegando ao cinquenta agora.


Girava as chaves que recebeu de Park Jimin – que pelo visto, conseguira mais rugas do que si, ainda que tivessem a mesma idade – nos dedos, tentando não esquecer o número do apartamento dele.


“– Senti sua falta, hyung.”


– Hyung, preciso te dizer uma coisa. Gosto de você.”


Quando você voltar, mesmo que eu tenho 90 anos, vou exigir que me dê um beijo!


Traga uma estrela para mim!”


“– Desculpa, hyung. Eu te amo, te amo tanto. Não me importo que você demore anos, eu te espero. Mesmo que você volte com seus vinte e cinco anos e eu já esteja com rugas, não me importa, hyung. Mesmo que se passem mil anos, eu vou continuar a amar você.”


“– Hyung, eu te amo.”


Destrancou a porta de madeira, conhecendo o apartamento pequeno. A decoração era bonita, o pequeno sofá ficava de frente a tevê, a mesa de jantar próxima a pequena cozinha americana.


Andou em passos lentos, tudo ali se remetia a ele. Sentiu as forças de suas pernas sumirem e precisou a apoiar no balcão ao parar próximo a parede repleta de fotografias. Seu rosto e de seus amigos dominavam as portas retratos, sorrisos alegrando a aura da casa. De repente, um bolo entalou sua garganta, a alegria voltando a fazer presença em seu dia.


Seguiu as instruções de Jimin que lhe dissera bem para ir até a última porta do corredor. Dera batidas leves, girando a maçaneta e encontrando o quarto.


Seus olhos acumularam as lágrimas, segurando-se ao máximo para que elas não ciassem. Em passadas silenciosas, sentou-se na poltrona ao lado da cama de casal.


Quando suas lágrimas decidiram ser um bom momento para brincar de correr por seu rosto, suas mãos tocaram a pele enrugada. Lágrimas de alivio escapavam de seus olhos, seu sorriso era largo a ponto de causar dor em seu rosto. Nunca tinha sorriso tanto nas últimas quatro décadas.


Os traços marcados, rugas nos cantos dos olhos acentuadas, a boca continuava com a vermelhidão de sempre. A pele continuava com a mesma tonalidade, lhe relembrando – como sempre – a neve mais fofa e limpa de um inverno perfeito.


Tocou o rosto enrugado, o mais belo rosto que já pode ver, acariciando a pele.


Pode ver os braços se mexerem e a respiração de Jeon Jeongguk passar a ser mais acelerada, como se ele também pudesse sentir que era diferente, que finalmente aquele momento estava acontecendo.


Diga-me Jeongguk, ainda vai me reconhecer? Mesmo após quarenta e cinco anos?


Entrelaçou seus dedos a mão que repousava, encarando as orbes de safira negra que o miravam como se fosse a mais bela existência do universo.


Eu te amo, Jeongguk. Eu te amo agora e em qualquer paralelo que eu esteja. – Repetiu as mesmas palavras de anos atrás. Seu dedo afastando a mecha grisalha que estava na frente dos olhos. – Eu voltei, amor.


Seu riso soltou-se ao ver os olhos se arregalarem, as mãos apertando as suas e as lágrimas caindo como quedas de cachoeira. Você continua mais bonito do que nunca, Jeongguk. Amava tanto que chegava a latejar.


– Taehyung... – A voz era rouca, quase inexistente. – É você?


Sorriu.


– Eu voltei, Jeongguk.... Eu voltei.



12 Juillet 2018 13:39 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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Lara T Expulsa a ponta pé de outro site e me abrigando por aqui :D

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cell cell
meu deus lara, aqui são 4am e eu tô muito triste mas, ainda sim amei ;-;
July 15, 2018, 08:27

  • Lara T Lara T
    Você é um amorzinho Muito obrigada Cell <333 August 02, 2018, 19:20
~