boaswain uanine oliveira

Park Jimin está em uma enrascada: ele tem que produzir uma coleção inteira dentro de trinta dias, contando apenas com a sorte já que sua criatividade resolveu passear nas praias de Busan e deixá-lo na mão, procurando desesperadamente a solução para o bloqueio criativo e a iminente decepção que causaria no senhor Jeon Donghyun, dono de uma multinacional têxtil que havia investido tudo nele. No entanto, ao cativar o filho de Donghyun, Jeon Jeongguk, com um de seus esboços, Park descobre que o garoto tem muito mais do que músculos invejáveis e dentinhos de coelho super fofos, ele também tinha um super poder que poderia, e muito, ajudar Jimin a cumprir o prazo até o desfile.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Déconseillé aux moins de 13 ans.

#moda #jikook #crossover #barbie #comédia #bangtan-boys #bts
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Glamour, glitter e brilho

Vamos pular as apresentações e introduzir logo os problemas: falta um mês para o meu debut como estilista. Isso mesmo, meu primeiro desfile, o dia em que a comunidade fashion vai conhecer meu potencial, minhas ideias, meu estilo e minha marca. Um mês certinho, faltam exatamente trinta dias para eu, um zé ninguém que nem terminou a faculdade Design de Moda ainda, ser conhecido no meio fashionista, e isso tudo graças ao mestre grandioso Jeon Donghyun. Ele é CEO de uma companhia têxtil bastante conhecida na Coréia do Sul e entre os vinte e sete alunos da minha turma de Design de Moda, eu fui o grande escolhido para montar uma coleção inteira e ser patrocinado pela empresa dele para ter um desfile de debut. É o meu maior sonho, certo?

Seria, se eu tivesse pelo menos uma criação digna de ser vestida. Por isso, é um problema que, aparentemente, não tem solução, a não ser que Deus queira descer e me presentear com a inspiração que fez ele criar o mundo em sete dias, então eu poderia desenhar, confeccionar e costurar tudo em menos tempo, mas, já conformado que isso não irá acontecer, só me resta chorar. Quer dizer, o Sr. Jeon depositou toda a confiança dele em mim ele acreditou no meu talento e confiou no meu empenho, eu não posso simplesmente decepcioná-lo, estragar o nome da sua empresa e desperdiçar o estúdio com os melhores tecidos da Coréia que eu recebi, mas, por outro lado, as minhas últimas criações são tão... Eca?! Como eu poderia ser capaz de apresentá-las? E olha que não faço isso para parecer dramático, meus esboços realmente são lindos e glamorosos, mas hoje, não sei o que acontece comigo, só parece que não tenho mais inspiração para o design. É tudo a mesma cor, o mesmo estilo, quase o mesmo vestido, só que com detalhes diferentes, e isso não me agrada, quem dirá o público crítico de hoje em dia.

Além disso, não me entendam mal, eu sou, sim, um cara determinado, essa pode até ser minha característica mais marcante, todos me elogiam por isso, e eu costumo sempre ter um alto padrão de excelência em tudo o que eu faço, realmente esse bloqueio criativo me pegou em cheio, e não importa quantas horas ou dias eu passe rabiscando esboços, nada sai bom o suficiente para fazer parte de uma coleção. E isso é frustrante.

Já consigo até imaginar a notícia: A derrota silenciosa de Park Jimin. Silenciosa porque ninguém vai querer comparecer ao meu debut. A propósito, Park Jimin, eu mesmo, o cara que vai se foder nessa história, é só esperar.

Cá estou eu, tomando meu precioso expresso americano das nove da manhã, muito bem agasalhado porque o frio toma conta dessa cidade pela manhã e eu não quero arriscar morrer de hipotermia antes do testemunhar meu bem merecido fracasso, sentado na frente do meu então melhor amigo para todas as noites de bebedeira e karaokês e também para as de filmes de terror e pipoca, Jung Hoseok, engenheiro agrônomo.

É, a gente é super diferente, mas isso só ajuda porque assim não perco meu tempo falando sobre design e ele não me enche discursando sobre qualquer coisa que um engenheiro agrônomo faça e eu ainda não sei o que é. No entanto, Hoseok sabe do meu desespero em criar algo bom daqui pro final do mês, só não sabe como me ajudar, mas estamos trabalhando nisso.

— Você está com seus desenhos aí?

— Quem faz desenho é desenhista, eu sou estilista, produzo esboços — expliquei uma centésima vez para meu melhor amigo, tirando a pasta de minha manbag, fazendo o Jung revirar os olhos. — Aliás, não vai adiantar de nada mostrar pra você. Você não entende de moda.

— Claro que entendo! — o mais velho protestou.

— Hyung, você está usando sandálias — ri.

— Você também — espiou embaixo da mesa, constatando aquilo.

— É diferente, eu sei que estou ridículo, você acha que tá arrasando.

Dei de ombros, zoando com a cara de Hoseok, ele se irrita rápido e é engraçado ficar enchendo seu saco com pequenas besteiras que o tiram do sério. Olho para a rua, através do vidro da cafetaria, vendo o movimento diário de Seul — é bom morar aqui, as oportunidades são enormes seja para quem for, até eu, um garoto comum de Busan, consegui algo. O sonho de todos é viver no glamour, glitter e brilho, e é possível alcançar essa vida almejada se realmente se esforçar.

Olho para a porta quando um sininho indica que um novo cliente entro, enquanto bebo meu café visualizo Kim Seokjin chegando no estabelecimento e aceno para ele, sorrindo.

— Seu namorado tá vindo aí — digo para Hoseok que, rapidamente, se vira para ver o maior caminhando na nossa direção. Aproveito e reúno minhas coisas, levantando-me. — Pede pra ele pagar pra mim, tá?

Passo por Jin apenas com um breve sorriso e uma batidinha nas costas, cortês e amigável, rumando em direção à Silkorean, onde passo a maior parte do meu dia fazendo vários nadas naquele estúdio enorme que tenho só para mim, na maior solidão que se pode constatar e na imensa falta de criatividade que ando tendo. Eu não conheço muitas pessoas da empresa, as únicas pessoas com quem trato são Donghyun e meu supervisor, Namjoon, que é um cara bastante ocupado, então na maioria do tempo é só eu e o ar-condicionado, no meio de seda, cetim e renda. Não que eu esteja reclamando, acho até que a privacidade me foi dada justamente para fortalecer minhas criações, mas não funcionou muito — e por mais que eu ame cada detalhe do meu estúdio super caro e elegante (bem diferente do que eu tinha antigamente), simplesmente estou preso nesse bloqueio criativo e veludo nenhum me tira dele.

Coloco meus fones de ouvido para atravessar a rua, procurando alguma ideia nova vindo na mente a partir da música que soa. A Silkorean não fica longe do meu ponto de encontro com Hoseok ou da universidade, o que é perfeito, posso simplesmente ir andando. Ajusto o gorro na minha cabeça, cobrindo por inteiro meus cabelos ao me apressar, já que não aguento esse frio.

O prédio da Silkorean é grande e moderno, projetado para parecer imponente e quase assustador. Aqui é a base das operações, onde importam e exportam, fazem acordos, contratos, marketing e essas outras baboseiras de empresas grandes. Onde acontece a mágica de verdade é no interior de Daegu, lá tá a fábrica Silkorean, com mais de mil empregados apenas confeccionando os tecidos lindos, caríssimos e suaves com os quais eu posso produzir meus modelitos. É fantástico!

Entro na recepção acenando para a recepcionista que sempre ri e brinca com minhas bochechas gordinhas, mas eu nunca falei da papada dela, também. O elevador me leva direto ao andar da minha sala de trabalho e já vou direto para ela, Donghyun é o CEO, ele quase sempre não tem tempo para minhas lamúrias de estilista então me contenho com o que tenho e vou logo tirando o cachecol e o gorro, ficando habituado ao clima ambiente da sala, pendurado minhas roupas no cabideiro e tirando minhas sandálias — é, eu só produzo descalço, me julguem.

De primeira, apenas observo os manequins com os pedaços de tecidos pendendo de alguma costura rápida que fiz e estudo-os, me esforçando para fazer algo bom vir a mente. Elie Saab deve estar rindo do meu desespero, rodeado de ouro e prata lá no Líbano. Prendo o lápis entre meus dentes e me curvo na mesa de operações, começando a desenhar as linhas que modelam a peça. Não demora muito para eu começar a odiar aquele esboço mais do que minha vida, então só jogo-o para o outro lado, sentando-me na poltrona e observando a Seul agitada e bonito da segunda-feira de manhã. Como seria ótimo se eu pudesse pegar esse ar selvagem e delicado e colocá-lo em tons de azul-elétrico e branco-gelo, com tule prateado por cima, talvez, ou dourado ou preto-nanquim. Uma saia rodada, cintura acentuada, um top com renda canoa por cima. No tamanho clássico, ou ficaria melhor no midi?

É, vai ser isso. Vamos lá, Park Jimin, você consegue.

Agulha e tesoura na mão, uma costura aqui, um corte ali, tirar medidas, segurar com alfinetes, testar tecidos, colar renda, moldurar no manequim. Visualizar, começar tudo de novo, testar um corte novo, redesenhar, ir atrás demais tecido, adicionar mais renda, deixar mais curto, mais apertado, mais decotado. E, outra vez, começar tudo de novo. Café, grupo do WhatsApp, performar Alicia Keys, ser pego por Namjoon, voltar ao trabalho, procurar pelo tule, não achar o tule, colocar poá, odiar o poá, continuar procurando o tule. Respirar fundo para não surtar — essa é vida de um estilista, Park Jimin, se acostume, penso comigo mesmo.

Depois de quase três horas sem descanso tentando montar uma única peça, descanso os dedos dos pés e observo o caimento na manequim, inclinando minha cabeça para poder visualizar de uma forma mais completo. Rodeio o boneco, analisando com critério seus detalhes. Tiro os óculos de descanso e encolho os ombros — ainda falta algo, só não sei o quê. Viro-me para o lado, buscando qualquer um para me ajudar, mas é uma idiotice, já que estou sozinho na sala. No entanto, pela parede de vidro que me permite ver os funcionários da empresa circulando pelos corredores vejo um garoto jovem passando e corro até a porta, abrindo-a.

— Ei, você! — chamo.

O garoto moreno vira-se devagar, rodando nos seus calcanhares para poder me mirar, um pouco assustado, apontando para si mesmo e olhando ao redor como se perguntasse se eu havia, realmente, o chamado ou se havia me referido com outro alguém.

— Sim, você. Entende algo de moda?

— Um pouco — respondeu, receoso.

— Perfeito — andei até ele, rápido para não expor meus pezinhos lindos para a empresa toda, e peguei na sua mão o puxando. — Pode vir aqui dar sua opinião sobre algo que criei? — empurro-o para dentro da sala com a maior cara de pau, deixando-o de frente para o vestido no manequim. Cruzo meus braços, ficando ao seu lado e estudando minha própria peça, juntamente. — O que achou? Não é o esboço final, eu ainda vou fazer alguns ajustes — acrescento.

— Não precisa — ele murmurou. — Está perfeito.

— Você acha?

Surpreendi-me, olhando para ele e só agora percebendo a pele impecável que o mesmo tinha, até a marca de suas espinhas eram bonitas. Credo. Mais alto do que eu, mais musculoso e com lábios mais finos, mas tão bonitinho e arrumado, parecia um bonequinho de porcelana.

— Talvez só precise de mais vida, magia — deu de ombros, nem reparando que eu o analisava.

Hábito de estilista: sempre reparar nos mínimos detalhes.

— Magia? O que sugere?

O garoto coçou o queixo, sorrindo e mostrando dentinhos de coelho que o deixaram mais bonitinho ainda. Que fofo, fofo!

— Um pouco de glamour, glitter e brilho.

— Entendo perfeitamente — sorri de volta, piscando. — A propósito, me chamo Park Jimin.

— Jeon Jeongguk — ele sorri mais abertamente, segurando minha mão com firmeza.

— Ah, filho do dono por favor não diga a seu pai que estou tento problemas com a criação, vou seguir seu conselho e tentar melhorar. Obrigado.

Jeongguk ficou tímido e se despediu fazendo uma série de gestos esquisitos e engraçados, acabando por só sair da sala com a cabeça baixa enquanto mexia no cabelo. Sorri ao vê-lo seguir seu caminho pelo vidro, dobrando o corredor e suspirei. Glamour, glitter e brilho, tudo bem, eu consigo. Glamour, glitter e brilho.



Glamour, glitter e brilho. Mas que porra isso significa? Já estava chateado, rodando na cadeiras de rodinhas por todo o estúdio, organizando os lápis por tamanho, depois por cor, depois por marca, não tinha nada para fazer, não viera nenhuma ideia a mais na minha cabeça, parecia que uma baratinha tinha passado pelo quarto escuro, mas ele voltara a ser vazio outra vez. E, o pior, eu sabia que o dongsaeng estava certo e aquela peça anteriormente criada precisava de magia, mas meus dedos pareciam uma varinha mágica do mal que só sabiam fazer poções de morte. Eu tava matando minha vontade de criar, Ave Maria, que coisa difícil.

Passei a tarde inteira, fazendo cartinhas para meus gatos em Busan e escrevendo letras de músicas que eu gostava ao invés de criar, mas fazer o quê, eu sou o rei da procrastinação, e posso deixar para me esforçar nisso para amanhã. No final do expediente, guardo minhas coisas na manbag, calço minhas sandálias e visto-me para o frio outra vez, deixando a sala ao apagar as luzes. A empresa já está quase vazia, todos ali saem cedo e eu, para não ter que chegar cedo na faculdade ou perder tempo cortando caminho até meu apartamento, fico o máximo que posso.

Desço até a recepção pelo elevador, tirando meu crachá para poder passar na catraca da saída, mas sou parado antes disso. Escuto sons abafados e rápido, virando-me na direção nas escadas para encontrar o garoto de mais cedo, filho do chefe, Jeon Jeongguk, ofegante ao terminar de correr o lote de degraus. Sorrio ao vê-lo daquela forma tão divertida, com o rosto aquecido e os movimentos moles — é engraçado.

— Jimin hyung! — ele diz para me parar completamente, colocando as mãos nos joelhos e ajustando a respiração o que me faz rir ainda mais, segurando a alça da bolsa. O que será que esse maknae quer? Instantes depois, totalmente recomposto, Jeon se aproxima, forçando um sorriso. — Ainda está com seus esboços de hoje mais cedo?

Franzo meu cenho, inclinando a cabeça sutilmente.

— Sim, por quê?

— Preciso mostrar-lhe algo! Venha comigo, hyung.

Sem tempo o suficiente para respostas, o moreno me puxa pelo pulso para as escadas e eu até que ia questionar sobre o porquê de não irmos pelo elevador, se ele não tivesse murmurado um “por aqui é melhor, não tem câmeras”. Aí já viu né: a imaginação é fértil e o período da adolescência lendo fanfic Sasunaru foi longo, então talvez seja até normal que eu observe a mão de Jeongguk rodeando meu pulso e estreite meu olhar para ele, pensando se ele tá de calcinha, se vai me levar para sua sala, onde vai fechar a porta e me encurralar, gemendo para que o foda, e eu, um bom seguidor de script, o farei, porque essa raba não é lá para ser desperdiçada.

Daí já bate aquele nervoso sabe, porque não tô depilado e nem com camisinha. A vontade de rir sobe, porque por mais que o garoto seja lindo, nem sei se tá limpinho e saudável para me meter lá dentro — o que é loucura, pois eu sei que não vamos transar e isso só me faz querer rir mais ainda. Ai, Park Jimin, sempre se superando. Ainda bem que Jeon Jeongguk não tem super poderes. Mas já que não é uma foda planejada pelo mais novo, o que deve ser? Ainda por cima, que tenha a ver com meu trabalho.

Depois de uma longa subida que deixou ambos cansados e ofegantes, paramos no meu andar, o quinto — bem, se estivéssemos em qualquer outro eu não saberia, só tinha conhecimento do caminho do térreo até o quinto andar, nada mais ou menos do que isso —, na frente da porta que eu mesmo havia trancado minutos antes, cuja chave estava nas mãos de Jeongguk. Pelo vidro eu podia ver o breu que o estúdio ficava quando as luzes estavam apagadas, pouco mostrando o contorno das coisas lá dentro.

— Jeongguk, eu tenho que ir pra faculdade — murmurei enquanto ele abria a porta.

— É só um minuto, hyung — ele justificou.

Olhei ao redor notando que, realmente, não havia ninguém no andar. Eu seria estranho demais se propusesse uma foda? Foco, Jimin, foco. Dou de ombros e entro junto ao mais novo, acendendo as luzes para que ele ficasse mais confortável no ambiente. Estranhamente, Jeongguk parece muito mais nervoso agora que finalmente estamos aqui.

— Então...? — inicio, o dando impulso para começar sua fala explicativa.

— O vestido — ele aponta para o seu lado, com o manequim inerte.

— Ah, sim, eu disse que ainda não tinha terminado, falta ain-

— Jimin — Jeongguk riu, me interrompendo. — Ele está perfeito, há muito tempo não vejo algo que me inspire tanto assim. Por isso, eu...

— Você...?

Coço a sobrancelha, não sabendo onde o Jeon quer chegar. Somos só nós dois em um andar inteiro, em uma sala, diante de um vestido não terminado — que merda eu deveria pensar? Ele suspira e rodeia a peça no manequim, tateando o tecido e sua costura como eu costumo fazer.

— Acho que posso ajudar você, sabe, com seus esboços — ele sorri, meigo, mostrando a arma secreta: os dentinhos fofos.

— Jura? Também cria?

— Pode-se dizer que sim. A minha mãe também era estilista, sabia? Eu gosto de rever as coleções dela de vez em quando, parecem possuir um certo tipo de magia. Foi a primeira coisa que me fez gostar de moda, acho — O garoto parecia não absorto em sua narração que nem o interrompi, só o ouvi atentamente. — E o mundo da moda hoje em dia está tão aguado e repetitivo, não tem mais nada tão original que nem isso, Jimin. Você realmente tem talento, mas não tem magia. E isso eu tenho de sobra, só não surta, tá? Nunca mostrei isso para ninguém.

Arregalo meus olhos quando Jeongguk se põe na frente do manequim. A coisa tá começando a ficar assustadora. Agarro a alça da bolsa com mais força, dando um passo para trás, eu lá entendo essas coisas de gente rica, tudo esquisito. Enquanto o moreno parece estar se concentrado para fazer algo bizarro que eu não faço ideia do que é, baseado em merda nenhuma que eu entendi do que ele disse, penso em correr dali e simplesmente ir para a faculdade, rezando para o professor deixar eu entrar na sala, mas um brilhinho vindo de Jeongguk me prende ali. É como uma faísca cor-de-rosa que, aparentemente, sai da ponta de seus dedos.

E agora que eu tô falando isso assim, abertamente, parece bem mais louco do que em pensamento.

Porra, os dedos dele tão em chamas pink! Isso é bizarro! — Cubro minha boca com a mão para não gritar, e o coração acelera e estar fodendo seria menos constrangedor que isso.

— Glamour — ele diz, jogando um pouco de faísca sobre o vestido. — Glitter — outro ataque de fogo purpurina, agora parece mais forte. — E brilho!

Um clarão cor-de-rosa preenche a sala, o que me faz fechar os olhos e tentar me proteger, mas como dor nenhuma me atinge, temeroso, volto a abrir os olhos, encontrando uma chuva sutil de purpurina por todo o estúdio. Quando olho para o meu vestido, ele está muito mais... Cheio de glamour, glitter e... Brilho. Cubro a boca outra vez, murmurando coisas desconexas, recuando alguns passos e me negando a acreditar no que tinha acontecido bem na frente dos meus olhos. É absurdo demais para ser verdade.

— Você — resmungo, sem fôlego nem coragem. — Você acabou que soltar purpurina pelos dedos de uma forma que parece mágica e transformar meu vestido em algo muito mais bonito? Por que estou tão impressionado e assustado como isso não fosse normal? Não é normal, né? Diz que não. Não tô surtando, só tô querendo saber se já cheguei na faculdade e a aula do Yoongi tava tão chata que dormi e isso é um sonho, mas falando sobre seus dotes mágicos...

Se ainda não ficou claro: Jeon Jeongguk tem poderes mágicos de moda!

— Calma, hyung — Jeongguk ri, estendendo as mãos na minha frente, para me impedir de surtar mais ainda. O que é impossível. — Não se assuste, eu posso explicar.

— Ah, e é simples assim? — choramingo, apavorado. Jeongguk tenta me puxar pelo pulso outra vez mas recuou. — Ei, ei, ei. Olha lá, hein! Não quero virar nenhum vestido cheio de glitter, não.

O mais novo ri e vai na frente, me ignorando ao puxar-me para fora da sala. Só espero que ele não esteja me levando para seu covil de lantejoulas, e ainda não decidi se isso é bizarro ou super maneiro.



Bato os dedos na mesa, observando o milk-shake na minha frente, sem muita vontade de bebê-lo porque tenho medo de colocar tudo para fora quando Jeongguk voltar com o seu pedido. Cá estou eu, de volta à lanchonete de mais cedo, sentado no mesmo banco, olhando para a mesma rua. Decidi no caminho que a faculdade poderia explodir, isso era bem mais importante que a aula de Yoongi. Não é todo dia que o filho do seu chefe te mostra o super poder dele, ainda mais algo tão inusitado assim. No entanto, até aqui, a única coisa que Jeongguk me disse foi “paciência”, e, acreditem, eu tinha de sobra. Tinha.

Franzi meus lábios, trazendo o cachecol para mais perto do meu rosto devido o frio, observando o garoto voltar segurando sua bandeja com batatinhas fritas e molho apimentado. Ele abriu o saquinho do sal como se não tivéssemos acabado de presenciar magia de verdade saindo de suas próprias mãos.

— Vou ter que esperar você terminar de comer para me explicar por que diabos você consegue transformar um vestido em um desfile de samba?

Jeongguk riu, desacreditado, como eu já tinha percebido ser seu costume. Ele abriu o molho com calma e passou a batatinha ali, mordendo-a logo depois — por algum motivo, a ideia de foder ainda não saiu da minha mente —, estende na minha direção e eu estreito meu olhar, fazendo-o dar de ombros. Até que tentei me acalmar, sabe, levar na boa, ah, isso acontece com todo mundo uma vez na vida, mas não é como nos filmes, leva tempo para acreditar no que se vê, no que é mostrado e é cientificamente provado que o que Jeongguk fez é impossível.

Então como ele fez?

— Você deveria ser um pouco mais agradecido por eu ter dado o toque final na sua peça e parar de gritar para os sete ventos o que eu posso fazer, as pessoas vão achar que você é doido da cabeça.

Bufei; era a mais pura verdade. Quem, em sã consciência, iria acreditar num loiro baixinho dizendo que o filho do CEO da Silkorean era um bruxo que podia soltar glitter pelos dedos, jogar, pasmem, bolas mágicas de glitter em roupas e, com isso, transformá-las no próximo sucesso do verão? Eu respondo: ninguém.

— Tenha paciência — continuou, mastigando a batata frita.

— É a sétima vez que me diz isso. Olha, não- Não aja como se eu estivesse louco, eu só estou tentando não desmaiar depois do que vi.

— Eu não sei — deu de ombros.

Nota: Jeon Jeongguk é muito fofo. Ele encolhe os ombros e faz um bico, olhando para mim como se o assunto tivesse acabado ali e não houvesse mais nada para ser dito, exatamente por isso o olho, incrédulo, resistindo a sua fofura.

— Como assim não sabe? Não sabe o quê?

— Eu não sei como faço o que faço, hyung, eu só faço — ele sorriu, simplista. — Quando vejo alguma peça que me inspira, como a sua, eu sinto vontade de restaurá-la e então isso acontece. E não pense que é por causa do mantra, eu mesmo o inventei. Se quiser posso fazer sem dizer uma palavra — Jeongguk pisca, mexendo os dedos e fazendo purpurina cair sobre a mesa.

Pode-se dizer que estou de queixo caído, porque por mais que eu queria arrancar um fiozinho de cabelo dele e levá-lo para laboratório para ser estudado, aquele explicação, mesmo que incompleta, é satisfatória. É tão fantástico e o mais novo faz parecer ainda mais mágico quando sorri faceiro, limpando o glitter e o soprando na minha direção, mas não é isso que me desperta. Apesar de toda a surpresa e admiração — e também o medo, né — pela nova descoberta, surge uma ideia maluca na minha cabeça. Se a purpurina de Jeon Jeongguk conseguiu embelezar o vestido ao ponto de eu querer usá-lo, o que mais ele pode fazer com minhas outras criações medíocres e meia boca?

Não é como se eu tivesse me aproveitando do dom dele, o mesmo até mesmo elogiou meu trabalho e disse que havia o inspirado e como, outra vez, ele mesmo confessou que nunca havia mostrado aquilo para ninguém e, porra, deve ser maluco ter esse poder magnífico e não ter a oportunidade de usar.

Então se eu pudesse inspirá-lo mais com meus esboços e ele pudesse adicionar seu toque neles, os dois saíram ganhando, certo? E eu teria, finalmente, uma coleção apresentável para o dia do desfile. Isso é perfeito.

— Nunca mostrou pra ninguém? — perguntei, arqueando as sobrancelhas. — Sabe, eu tava pensando...

— Se eu poderia fazer isso com mais criações suas, assim se livra do seu bloqueio de criatividade — ele diz, dando de ombros ao passo que me impressiono. Esse menino é mesmo uma caixinha de surpresa. — O que foi? Não era isso?

— Sim — assenti com a cabeça várias vezes. — Então você topa?

Jeongguk deu de ombros outra vez (que mania chata!), chupando o molho de pimenta da batata e limpando os lábios com a ponta dos dedos. Eu já havia decidido que não tinha mais faculdade por hoje, nada de aula chata que me faz dormir, e minha noite inteira — assim como o meu futuro no mundo da moda — estava nas mãos do moreno pleno comendo batatinhas. Eu não poderia contar aquilo para mais ninguém, por mais irado e bizarro fosse, era um segredo e eu tinha que mantê-lo comigo, até porque não poderiam nem sonhar que por trás da beleza de minhas peças houvesse um fada purpurinoso.

— Jeongguk...?

— Que? — perguntou, subindo o olhar atento até mim. — Claro que topo, ué. Não é óbvio? Começamos amanhã. Essas batatinhas são ótimas.

Eu ri, suspirando de alívio. Jeongguk riu também, percebendo o humor em nossas situação atual — dois estranhos trabalhando juntos com um monte de magia e glitter no meio. Seria fantástico. Suguei o milk-shake pelo canudo, com um olhar cúmplice para o Jeon na minha frente. Agora éramos uma dupla fashion. Como diria ele próprio, com glamour, glitter e brilho.



Depois da lanchonete, convenci o mais novo a dar um passeio pela cidade, assim eu poderia conhecê-lo melhor e fazer nosso “ambiente de trabalho” mais descontraído. A verdade é que Jeon Jeongguk, diferentemente dos outros filhos de CEOs super ricos, não é nada mimado, nem birrento, nem mesquinhos como esses costumam ser; muito pelo contrário, é dono de uma personalidade firme e doce, educado e gentil, assim como muito inteligente e com um senso de humor incrível. Pareceu-me, também um pouco tímido, mas eu também era, então tudo bem.

Fomos até a praça, andamos pela rua comercial, deslumbrando as vitrines e os manequins, conversamos sobre tudo que vinha a mente, combinando de aparecer mais cedo na empresa de seu pai para que pudéssemos começar a criar logo. Ele parecia empolgado, eu também estava. Por isso mesmo praticamente amanheci dentro da Silkorean, subindo com o mais novo para o estúdio. Ocupei-me na modelagem computadorizada enquanto o permiti usar de meus lápis para tentar alguns esboços, assim, eu os melhorava passando para o design gráfico e depois nos aventurávamos na agulha e linha.

Assim passamos as semanas. Íamos do começo do dia até o final da tarde criando e depois eu deixava o mais novo sozinho para que este fizesse sua mágica e rumava para a faculdade — mas Jeongguk não perdia a chance de o bombardear com vídeos engraçados do seu super poder, como na vez em que mostrou um redublagem da música Glamourous, da Fergie, usando um óculos cheio de glitter enquanto soltava purpurina em cima do macacão florido que eu havia costurado, o que resultara na minha risada escandalosa no meio da aula. Quando eu chegava da faculdade, algumas vezes, o Jeon estava acordado ou indo para alguma festa com o melhor amigo, Taehyung, então podíamos também trocar mensagens de texto até adormecer. Acabamos ficando próximos, até saímos para assistir Em Ritmo de Fuga juntos, depois rumando ao karaokê para ficarmos bêbados e cantarmos a letra das canções completamente errado.

Por essas razões e pelo meu progresso com o design, Donghyun passou a se comunicar mais comigo e me dar mais recursos, mais presentes e mais atenção, comparecendo quase diariamente no estúdio para observar a mim e seu filho falando sobre babados e rendas. A gente entrou em sintonia. Namjoon via e elogiava meu trabalho, eu até mesmo ligava para Hoseok pedindo opiniões leigas sobre as peças e às vezes Seokjin ajudava também. Quando chegava de manhã podia admirar e agradecer o quanto quisesse a Jeongguk pelas peças estilizadas ao máximo, com aquele toque especial e mágico que só ele dava.

Mantemos nosso segredo bem escondido de todos os espectadores de nossa corrida contra o tempo, Namjoon até mesmo desconfiou em um dia que encontrou-me no estúdio enquanto Jeongguk jogava seu pó mágico em tecidos aleatórios, mas soubemos disfarçar bem, afastando as preocupações do hyung e caindo na risada depois. O dia do desfile foi chegando e nossa coleção estava ficando cada vez mais linda e bem produzida, graças a minha maior criatividade trabalhando ao lado do Jeon, eu tinha agora costureiras ao meu dispor e cada costura era feita tão perfeitamente que dava vontade de chorar de orgulho. Eu podia ver que Jeongguk realmente se empolgava e ficava feliz em me ajudar, ele apreciava passar um tempo no meio da moda, afinal, a mãe era estilista quando ainda estava viva e acho que isso o lembrava dela, além do que vivia dizendo que meu talento o inspirava a deixar seu super poder rolar solto, mas o que era verdade ali era que o super poder de Jeongguk me inspirava a criar.

Tivemos alguns dias de folga antes do desfile porque a produção das peças já tinha acabado, então o Sr. Donghyun achou que seria interessante irmos ver o local onde o desfile aconteceria. Jeongguk estava muito calado nessa reta final, enquanto eu e Nayoung, nossa chefe de evento, surtávamos ao ver cada detalhe de decoração, ele apenas passeava, silencioso, tentei até entender a raiz do problema, mas, como sempre, para se esquivar das perguntas, ele só deu de ombros, franzindo o nariz e parecendo fofo.

Voltamos com os fones de ouvido no último volume, cantando terrivelmente para Donghyun e Nayoung nos bancos da frente. Faltavam três dias para o meu debut, me deixaram na faculdade e a sala me esperava com uma surpresa o que foi realmente uma surpresa, porque dentre todas os professores, Yoongi era o que eu menos confiava para organizar uma festa para mim. Eu até me emocionei um pouquinho, mas deixei pra encher a boca com bolo de chocolate ao invés de encher os olhos de lágrimas. Nesse mesmo dia, adormeci depois das três da manhã, na linha com o Jeon mais novo falando sobre dinossauros.

A contagem regressiva começou — era uma correria pra levar peça, as coisas dando errado de última hora, modelo desistindo, telefones tentando conseguir outra modelo, eu chorando de desespero, Jeongguk me acalentando, suor, gritaria e estresse, mas o mais novo conseguiu me acalmar ao jogar purpurina no meu cabelo recém lavado e, mesmo assim, não ter a coragem de brigar com ele. Hoseok, o pão duro do meu melhor amigo, até foi na Silkorean me deixar donuts recheados e me desejar boa sorte, e depois de choramingar para Namjoon, ele liberou um ingresso pro Jung, recebendo um super abraço de nós dois.

E aula não serviu de nada, que eu já tava naquela adrenalina de “meu deus do céu, eu consegui e faltam poucas horas para o meu desfile começar”. Treinei o meu discurso umas mil vezes no último dia, vesti meu terno especial e topei sair com Hoseok para relaxar, indo para o boliche, mas me decepcionando ao ver que Seokjin fazia parte. Não que eu não gostasse do Kim — ele era o cunhado mais legal do mundo (porque Hoseok é como meu irmão) —, mas noite de bro é noite de bro e não se mete namorado no meio, então emburrei meu rosto e formei um bico que demonstrava minha birra ao segurar vela.

— Eu vou pegar chicletes — o mais velho avisou, saindo dali após selar os lábios do Jung.

— Que foi que cê tá com essa cara desde que a gente chegou?

— Nada. — Dei de ombros, mania que tinha pegado de Jeongguk. — É só que você quebrou a regra da noite dos bros e trouxe seu namorado.

— Desculpa, Jiminie, mas na verdade foi o contrário, eu quebrei a sexta do encontro pra trazer você comigo e você ainda fica com essa cara de quem tá dias sem cagar. Animação, amanhã é o seu debut!

Reviro os olhos, mas, finalmente, descruzo os braços, respirando fundo e tomando o gole da soda na mesa em que estávamos.

— Sei lá, tô nervoso — confessei.

— Nervoso, é?

— Olha, hyung, nem vem, tá?

Conhecendo meu melhor amigo, ele não vai puxar um assunto muito bom para a mesa agora, e digo mais: ele vai puxar um assunto constrangedor e que vai me deixar sem graça, porque bem melhor do engenheiro agrônomo, Jung Hoseok é um profissional em me importunar dia e noite.

— Eu nem disse nada, seu besta — riu de mim e deu de ombros. Esse é um gesto patenteado por Jeon Jeongguk. — Mas, se já começou, eu acho que seu estresse tem outra causa.

— Não quero nem saber o que vai dizer.

— E se chama Jeongguk — disse, por fim, observando-me com um sorriso maroto de quem acha que está certo ao me ver revirar os olhos. — Não faz essa cara, seu besta. O desfile já é depois de amanhã, e aí?

— E aí o quê, Hoseok? — questionei, exasperado.

— E você e ele? Passaram o mês todo andaram grudadinhos, sorrisinhos pra cá, encontro pra lá, mensagens até de madrugada, e depois que o desfile acontecer?

— Onde você quer chegar?

Acho que eu nem queria escutar a resposta para aquela pergunta, estava óbvio onde Hoseok queria chegar, na sua invasiva suposição de que eu e Jeongguk tínhamos algo. Ele já vinha com esses leves distúrbios desde a semana passada, quando o mais novo me convidou para um jantar na sua casa que o Jung jurava ser um pedido de namoro oficial, mas que acabei tendo que negar por conta de um trabalho de equipe da faculdade. A partir daí foi só “Jeongguk isso” “Jeongguk aquilo”, com aquele olhar acusador que só Hoseok tinha, aquele olhar de melhor amigo que sabe exatamente decifrar o que você tá sentindo ou pensando.

E talvez aquilo estivesse me influenciando a olhar para Jeongguk de outra forma, porque quando o mais novo sorria, dava de ombros ou até mesmo bufava, cansado após um dia de esforço, eu conseguia achar adorável e soltar um suspiro de admiração, encarando descaradamente o Jeon. E aquilo estava me deixando em apuros, pois Jeongguk sempre me pegava no flagra, resultando em um Park tímido e escapando dessas situações embaraçosas inventando qualquer desculpa meia-boca que nem eu mesmo acreditava.

— Ah, qual é, tá na cara que você tá caidinho por ele.

Jimin resmungou, escondendo o rosto com as mãos. E como se isso não bastasse:

— Está falando do Jeongguk? Você tá caidinho por ele, Jimin.

— Até você, Jin hyung! — reclamei.

— É que você deixa tão na cara.

Já tava na hora de arranjar um lugar para se esconder depois daquela bomba de sem vergonhisse. Não tinha queda nenhuma, nem penhasco, nem tropeço; eu sabia disso, tinha a plena certeza. Eu e Jeongguk éramos apenas amigos, uma coisa casual do destino, uma coincidência maluca e cheia de brilho que nos uniu e agora não dava mais para separar. Pelo menos não até o desfile. Então, eu finalmente pude refletir — e depois do meu debut? Quer dizer, o mais novo não ia me sustentar com seu super poder para sempre, iríamos nos separar e nunca mais eu ia ouvir falar do fadinha do glitter.

Talvez eu estivesse sendo dramático e exagerado, já que o próprio Donghyun tinha explicitado seu desejo de me patrocinar por mais tempo depois do desfile, reconhecendo meu talento para o design, e era um oportunidade e tanto de realmente mergulhar no mundo de moda contudo, então eu teria mais algum contato com Jeongguk; no entanto, os planos do Sr. Jeon eram me levar para a filial em Busan, me tornando gerente produtor dela, o que, de certa forma, me empolgava bastante por poder voltar ao lar, mas eu tinha uma vida toda em Seul e minha maior inspiração estava lá.

Supostamente, se eu estivesse mesmo apaixonado por Jeongguk, não deixaria de seguir meu sonho para ficar com ele, o amor é bonito, mas as minhas metas individuais vêm primeiro. O que temos um com o outro é um trato: ele me ajuda com as peças e eu o inspiro a usar o poder mágico, mas só até o desfile.

— Depois do desfile — suspirei, ajustando minha postura e não encarando nenhum dos hyungs. — Eu sigo em frente com minha vida e ele com a dele, suponho.



Na noite antes do desfile, eu estava tão ansioso, nervoso, agitado e desesperado ao mesmo tempo que não consegui conter meus próprios dedos e mente com a brilhante ideia de um terno simplesmente bafônico. Como a primeira peça que havia me levado até aquele fim, ele era inspirado em Seul também, só que na noite plena, gelada e acesa da cidade, por isso tinha tons azul-cobalto e ártico, acentuando em uma estampa abstrata a aquarela noturna que era a capital quando a lua chegava ao seu ápice. Coloquei, ainda, renda na abertura das mangas, para dar aquele toque de delicadeza que sentia sempre ao visitar a praia pela noite. Os botões foram dourados e fios da mesma cor para circundar as formas aveludadas da estampa. Era eu, Coca-Cola e a música da Blackpink tocando no fundo e minha ideia absurda de ter que encaixar aquela peça no desfile. Precisei de algumas longas horas para concluir a costura e acabamento; ainda bem que eu era ótimo nisso, melhor do que em modelagem gráfica. Liguei para Jeongguk pedindo para me encontrar na praça perto do meu apartamento, afinal, a única coisa que faltava era aquela pitada de glitter que deixava tudo único e mágico.

O mais novo aceitou o encontro rapidamente — Jeongguk estava sempre disponível quando o assunto era bater os dedinhos poderosos e encher qualquer coisa de moda —, então eu tive que ir buscá-lo para levá-lo até minha casa no início daquela noite congelante. Ele usava um boné branco, calça jeans e uma jaqueta por cima da tão conhecida camiseta branca, estilo de garoto coreano típico que me deixa questionando o porquê de aquilo combinar tanto com ele mais do que com os outros garotos coreanos típicos.

— Você tem um estúdio em casa? — ele perguntou, deixando o casaco no cabideiro da entrada e se confortando no calor que o aquecedor nos permitia ter ali dentro.

— Não é tão bom quanto o da Silkorean, mas pelo menos é meu cantinho, né? — sorri, acenando com a cabeça para onde ele deveria seguir e acendendo as luzes para que a lâmpada pudesse iluminar o terno. — Então...?

— Meu Deus, Jimin — murmurou, deixando o queixo cair ao encarar o modelito e aproximando-se do mesmo. — Meus olhos estão agradecidos por poder ter visto essa obra de arte em primeira mão, está simplesmente perfeito. Nunca vi nada igual. Como consegue ser tão talentoso?

— Aigoo, também não precisa me deixar envergonhado! — reclamei, batendo em seu ombro e rindo acompanhado do mais novo. — Estava pensando em colocar na coleção do desfile, mas de última hora é impossível arranjar algum modelo?

Jeongguk concordou silenciosamente comigo, ainda estudando a peça no manequim. Ele franziu o nariz, coçou o queixo, estreitou os olhos e por fim, sorriu, arteiro.

— Como não? É simplesmente feito sob medida para você, hyung!

Se você virar estilista, tem dois possíveis para isso: ou você tem o dom de criar coisas boas desde pequenos ou então você é feio demais para a passarela; comigo é uma mistura dos dois. Eu não tenho simplesmente jeito nenhum para desfilar, se já caminhando eu já me atrapalho, imaginem só a bagunça que é Park Jimin em uma passarela, com todos olhando e ainda mais julgando a roupa que visto. Só de pensar já me dar calafrios; credo, não!

Então eu só rio do maior, claramente caçoando de sua ideia absurda.

— Gukkie-ah, eu sou baixo e rechonchudo, não posso ser modelo. Seja você!

— Por favor, né — rolou os olhos, irritado. — Hyung, eu morro de medo de gente e você, cala a boca, você é lindo! E esse terno, ele vai ficar ainda mais lindo no seu corpo. Por favor, use-o, vai abalar todas as estruturas do seu debut dessa maneira. Vai arrasar.

Bufei; era simplesmente impossível não acatar um pedido vindo do Jeon, ele inclinava a cabeça e sorria com graça, fazendo o coração de qualquer um se derreter ao ver os dentinhos de coelho. Assim, encolhi meus ombros e suspirei, deixando que a ideia de desfile entrasse na minha mente e não parecesse tão ruim assim, eu iria ser a estrela, não era nada demais, só sorrir e caminhar sobre a plataforma.

Cocei o nariz, mudando de assunto.

— O que pensa em fazer com ele? Tule, lantejoulas, o bom, velho e subestimado stress ou o glitter habitual?

— Como assim? — perguntou,, surpreso, olhando-me com as orbes atentas. — Não vou fazer nada, Jimin, ele está... Sem palavras para descrever. Já tem magia o suficiente, a minha não é necessário.

— Ah — ri, sem graça, coçando os cabelos curtos da minha nuca. — Obrigado.

Sabe aquele momento esquisito que o silêncio paira no cômodo e aquela vibe desconfortável se instala no ambiente? Pois é. Jeongguk escondeu o constrangimento entre os tecidos do terno feito por mim e eu aproveitei de sua distração para admirá-lo com as luzes da cidade recaindo sobre ele. Era muito bonito, de verdade, e ele sabia pois eu não cansava de exteriorizar meus elogios nesse tempo que passamos juntos, nos conhecendo. Jeongguk também costumava mexer no meu cabelo e salientar que eu tinha uma boa aparência, mas eu só ria, o chamando de moleque, o que o deixava irritado e o calava na hora.

Os elogios me deixavam nervosos, não vou mentir. O que dizer de uma relação que começou com uma ideia sobre uma foda inusitada?

— Vamos para a sala, eu tenho aqueles salgadinhos que você gosta — pisquei, desligando as luzes para o puxar direto até minha sala de estar. Jeongguk nunca tinha estado na minha casa, então eu tentei deixá-lo confortável apontando com a cabeça para o sofá onde este se sentou. — Amanhã vai ser um sucesso e é tudo graças a você, Jeon. Algo para beber?

— Soju?

— Aqui — disse, entregando-o a garrafa e sentando-me ao seu lado com uma semelhante em mãos. Levantei a minha, propondo um brinde. — Porque eu cresci assistindo muita Barbie por conta das minhas irmãs mais novas para finalmente conseguir provar que quem tem os poderes de verdade é o Ken — sorri, encostando a garrafa na dele. — Ao glamour, glitter.

— E brilho — Jeongguk completou, tomando um gole.



Não é nervosismo. Também não é ansiedade, e muito menos medo. Eu cheguei vestido no terno que eu mesmo havia criado na noite interior, bem mais cedo do que o combinado, deu tempo até de conhecer todas as modelos e checar as peças para o desfile; caminhei entre a plateia, observando a decoração já arrumada e as luzes já posicionadas e bati um papinho com o DJ para saber se ele tocaria alguma música do The Chainsmokers, e a única coisa que eu conseguia sentir era orgulho. Orgulho de mim mesmo, sabe? Porque desde pequeno eu sempre tive essa ideia distante de que queria fazer as pessoas verem o que eu considerava moda, de se sentirem confortáveis em suas roupas e, ainda assim, estarem impecáveis, e hoje é o marco de um sonhos que só se realizou porque deixou de ser sonho e passou a ser meta. Graças a um monte de gente que eu terei o prazer de agradecer no meu discurso final.

Preocupado com minha aparência (é, minha maquiagem tava toda bonitinha e eu não queria que ela desaparecesse antes do desfile), fui deixar minha agitação eufórica para depois e me sentei na ponta da passarela, mexendo as pernas para fora da plataforma enquanto mexia no celular, conversando com o pessoal da faculdade que ainda iam começar a se arrumar para chegarem a tempo.

— Imaginei que você fosse chegar cedo — disse Jeongguk ao se aproximar sorrateiramente de Jimin. — Nervoso?

— Um pouquinho, só — sorriu, fazendo sinal com os dedos. — Veio com seu pai?

— Não, Taehyung, aquele meu amigo — apontou para o loiro parado observando os quadros pendurados na parede e parecendo entretido. — Como pode se ver, ele não curte muito moda — caçoou do amigo.

Eu ri, porque é, me julguem, eu ria de tudo que o mais novo falava. Hoseok tinha um por cento de razão afinal, eu tinha, sim, uma quedinha por Jeon Jeongguk, maluco seria quem não tivesse. Ele era simplesmente lindo e charmoso e cheiroso e educado, além de conseguir ser fofo e sexy ao mesmo tempo, era divertido e inteligente, tudo de bom mesmo, é o gato do rolê. Mas não tinha muita lógica eu tentar algo: aquele desfile provavelmente seria nossa despedida. Havíamos nos tornado grandes amigos e era bem provável que o mais novo não quisesse nada comigo, eu era até comum demais para ele.

— Jimin? — Charlize, uma das modelos internacionais super requisitadas, me chamou do final da passarela. — As meninas estão chamando você pra ajudar elas com as roupas.

— Já tô indo — respondi, simpático, mirando o Jeon em seguida. — Vem comigo.

— Dessa vez não, vou ficar de olho no Tae — piscou pra mim, se pondo de pé ao passo em que eu subia na plataforma. — Hyung, você realmente ficou ainda mais bonito nesse terno. Você tem seu próprio brilho mágico.

Balancei a mão na sua direção, em um pedido risonho para que parasse com os elogio desnecessários, eu não estava muito acostumado a ser elogiado pela minha aparência, vindo de Jeongguk, então, era simplesmente adorável e apavorante ao mesmo tempo. Por fora (temer) eu estava tranquilo, mas por dentro era timidez, felicidade e agitação que crescia. Rapidamente, me direcionei até o camarim das modelos, ajudando-as a se trocarem junto à staff do evento, tendo cuidado para não danificar nenhuma peça.

A maquiadora fizera um trabalho excelente e admirável em todas as meninas, então enquanto as pessoas começavam a ocupar seus lugares, as câmeras começavam a jogar seus flashes nos convidados e a música começava a tocar enquanto minha ansiedade só aumentava, pedi para que ela me desse um retoque também (o que foi ótimo para me distrair), já que eu ia mesmo aceitar o desafio de Jeongguk e subir naquele palco com esse terno deslumbrante e mostrar do que eu sou capaz. É o meu dia.

Aproveitei o tempo livre antes do desfile começar oficialmente e dei uma olhada na plateia, assustando-me ao ver o lugar lotado. Sério, tipo, se eu estivesse no meio não ia nem dar pra respirar de tanta gente que tinha. Eu conseguia reconhecer o rosto de todos os meus colegas de faculdade e soltei um riso ao encontrar até mesmo Yoongi ali, de braços cruzados, revirando os olhos enquanto o melhor amigo de Jeongguk falava com ele. Quis avisá-lo que o mau humor do professor era habitual mesmo e só passava com uma caixa de chocolates de amendoim. Reconheci também Donghyun e sua equipe, Namjoon sempre ao seu lado tomando notas ou em ligações, Jeongguk estava quieto e atento, estudando o local. Mais no fundo da fileira de cadeiras, estavam eles, as pessoas mais fofas, pequenas e ainda assim, fortes que já havia conhecido em toda minha vida, mamãe e papai.

— Chegamos — Seokjin disse, sorrindo, segurando a mão de Hoseok fortemente. Fechei a cortina e me virei para o casal. — Nervoso?

— É tipo animado, só que com medo de dar errado — suspirei. Hoseok se desgrudou do namorado para me envolver em um abraço desengonçado, fazendo-me rir. — Para, Jay!

— Tomara que seus desenhos deem muito direito — desejou.

— Amor, não são desenhos — Jin o corrigiu, rindo.

— São esboços — completei, sendo interrompido pelo som da música se intensificando no fundo e os aplausos soando fortes. Desceu aquele frio na espinha do “é agora!”, mas eu respirei fundo para não surtar na frente dos dois. — Jay, pode sentar do lado dos meus pais?

— Claro, claro, vamos, amor — se dirigiu a Seokjin, acenando com a cabeça para a plateia. — Vai dar tudo certo, bro.

Sorri, tenso, e observei o moreno se afastar para correr até o camarim, onde a staff já posicionava as modelos na ordem de entrada — eu não queria estar ali quando o desfile começasse, ia ser uma bagunça só para trocar as peças. Sente-me na poltrona no canto do cômodo, roendo as unhas, ao ouvir o nome da coleção “Glimmer” (só para deixar claro, esse nome bizarro veio depois de uma noite de muito energético para manter eu e Jeongguk acordados trabalhando nas criações e acabamos discutindo qual seria seu nome de super herói, então nasceu essa nomenclatura divosa, mãe das gays e das drag) ser dito em voz alta. Logo, a modelo da frente saiu em disparada para a passarela. Aish, parecia tão fácil, e isso nem era o pior: tentei me segurar naquela cadeira confortável, mas minha bunda coçava, me fazendo levantar e ir espiar a reação das pessoas na plateia.

Afobado, mirei meu olhinho nas pessoas mais importantes daquele desfile todinho: Park Pilwoo e Park Mijeong, meus pais. Eles pareciam apenas um pouco deslocados (ninguém da minha família nunca teve interesse em moda, eu fui o único), mas tinham os olhos esbugalhados, as mãos batendo uma na outra tão veementemente e sorrisos grandes estampados nos rostos, eu queria chorar de orgulho de mim mesmo.

— Você é a cara dela.

Virei-me assustado para a direção da voz, encontrando Jeongguk com a mão nos bolsos da calça de um jeito que ele parecia lindo e fofo (ô novidade, né!), impressionando-me. Sorri, sem jeito, coçando os cabelos da nuca.

— É chato ver algo que você mesmo criou? — perguntei.

— Cada modelo que passava vestindo uma peça diferente me lembrava um momento diferente que tivemos juntos — sorriu, e, instintivamente sorri também, resgatando memórias não tão distantes. — O que acontece quando a última passar pela cortina?

— Meu discurso? — arqueei as sobrancelhas.

O mais novo abaixou a cabeça, dando um passo mais próximo de mim — aish, ele sabia como eu odiava perceber que sua altura me tornava mais baixo ainda — e sorrindo, tímido, o que me derreteu todo. Podiam estar jogando tomates na coitada da Jourdan Dunn e eu nem iria me importar se permanecesse, pleno, mirando esses olhinhos encantadores.

— O que acontece com a gente, hyung?

— Seu pai quer me levar para a filial de Busan, me dar o cargo de gerente de produção, assim vou poder ficar mais tempo com meus pais — acelerei a fala, nervoso porque aquela vontade doida de pedir um beijo de língua já começava a surgir.

— Você nem respondeu minha pergunta — acentuou, corando.

Mas que porra, esse menino vai me matar!

— Nunca mais vamos nos ver? E se precisar de inspiração? E eu nunca mais vou usar minhas habilidades? E se eu me apaixonar por outra pessoa?

— O quê? — murmurei, assustado. — O que está dizendo?

Suas bochechas queimaram ainda mais, me fazendo respirar mais fortemente. Tudo isso no dia do meu debut! De repente parecia que aquele terno tava me apertando demais, e eu precisava de mais oxigênio. Mirei aqueles lábios bem desenhados e contornados, aquela boquinha macia, rosada e fina e, porra, Jeon Jeongguk não tem o direito de usar seus poderes para me enfeitiçar com sua purpurina.

— Jimin hyung, eu acho que tô apaixonado. Por você.

A batida da música no palco mudou, era uma lera muito mais agitada e inspiradora, daquelas que te deixa feliz e animado. Acho que foi o impulso que eu precisava, enquanto não vinha ninguém no corredor para puxar o moreno pela nuca e selar os lábios nos dele suave e inocentemente, sem muito alarde. Só de sentir sua textura gostosa, já tive meu coração aumentando o ritmo cardíaco mil vezes mais.

— Não seja bobo, também estou apaixonado por você — disse, sorrindo e soltando-o aos poucos. — Eu vou pra Busan, mas vou levar você comigo, aqui — respondi, colocando os dedos hesitantes do Jeon sobre meu peito, no lugar do coração. — Mas agora você vai ter que ficar aqui e escutar meu discurso chato.

Fugi dali porque era impossível simplesmente ficar na frente de Jeongguk e não beijá-lo só mais um pouquinho cada vez mais, credo, eu já estava viciado no beijo do menino. Sorri de si para si, sendo guiado pela staff apressada para a entrada da passarela, me sentindo péssimo e ao mesmo tempo ótimo por ter deixado o mais novo plantado sentindo o gosto dos meus lábios no backstage. Nem consegui raciocinar o suficiente para perceber que estava de cara com a plateia imensa, com um sorriso no rosto enquanto caminhava no palco. Porra, era realmente longo, né? Mesmo assim, nada daquilo me travou — a música era ótima, eu via a cara de orgulho na face dos que conhecia e apenas ficava mais seguro de mim mesmo ao saborear o doce do beijo de momentos antes.

A sensação é realmente maravilhosa: saber do seu potencial, estar de bem com si mesmo e satisfeito com o resultado dos seus sonhos e trabalho duro e dedicação. E ainda um bônus: saber que o menino mais bonito e adorável do mundo gosta de você.

Os flashes pareciam pegar o melhor ângulo do terno, o que foi ótimo pois, como se tudo fosse combinado, uma nuvem de glitter recaiu sobre mim, grudando-se no tecido do paletó e rodeando-o com um brilho branco ofuscante ao fazer a transformação mágica mais linda e impressionante que Jeon Jeongguk jamais havia sido capaz de fazer. Agora o terno tinha tons rosas ao invés do prata e sua estampa era muito mais viva e brilhosa, chamando atenção, ao mesmo tempo que era de uma delicadeza minimalista e sofisticada. Fui capaz de entender, ele não precisava se inspirar nos meus esboços e melhorá-los, ele precisava mesmo era estar ao meu lado e criar comigo. Uma vez Elie Saab havia dito: “a costura é como mágica e a mágica é como um sonho e sonhos são maravilhosos para serem vividos”. Eu, assim como todos na plateia, abrimos a boca, surpresos, mas acabei por simplesmente encontrar o mais novo piscando para mim, maroto ao ver seu feito. Sorri, maravilhado com seu poder, e continuando a caminhada para encontrar o microfone no final dela, calando os cochichos impressionados dos convidados. Tinha decorado um discurso todo formal para ditar, mas ele simplesmente não fazia mais sentido.

— Oi, oi — comecei, acenando a todos na plateia. — Oi, pai, oi mãe. É, como podem ver, por ser meu debut, mal sei como mexer num microfone e dar discursos e juro que planejei coisas para dizer mas, como diria a brilhante Gabrielle Bonheur Chanel, para ser insubstituível, você precisa ser diferente. Uns meses atrás, eu estava acordado às duas da manhã para poder passar na matéria do Professor Min, porque meus colegas vão me entender e concordar que Representação Tridimensional é um saco. A minha prioridade era conseguir uns pontos a mais na média e não estava preparado para quando o Sr. Jeon chegou anunciando chegaria apontando para mim e me pedindo para fazer uma coleção inteira que ele mesmo iria me patrocinar. Incrível, né? Por isso mesmo, eu tenho o que agradecer a muitas pessoas. Mãe, pai, obrigado por me darem aquela caixa de lápis quando eu tinha seis anos, tinha um lápis especial com glitter na ponta e eu sempre desenhava a praia da cidade cheia de brilho e a mamãe reclamava, mas vejam só onde eu vim parar: no meio da purpurina. Hoseok, obrigado por me aturar desde que cheguei nessa cidade e espero que à essa altura do campeonato você já tenha aprendido que são esboços, não desenhos — acrescentei, tendo meu melhor amigo levantando o dedo polegar. — Obrigado, Moon e Sol, por sempre me passarem o dever um dia antes e não me deixarem reprovar. Um grande, imenso obrigado ao Sr. Jeon, por apoiar um menino baixo e gordinho que teve uma crise de criatividade um mês antes do desfile. E, por isso mesmo, eu quero deixar um obrigado especial a Jeon Jeongguk, porque ele sempre diz que eu o inspiro, mas essa coleção inteira magicamente incrível foi ele quem me inspirou a criar. E obrigado, ainda, por todos vocês por terem comparecido, espero que tenham gostado.

Acabei o discurso, distanciando-me do microfone e abrindo os braços para receber a ovação dos presentes. Olhei para trás, recebendo as modelos que entraram todas para se unir em uma linha de mãos dadas, agradecendo ao reverenciarmos a plateia, saindo de cena com grandes sorrisos e aquela mesma sensação de estar completo, satisfeito, feliz.



— O que é isso? — perguntei, tirando o pirulito da boca para encarar o papel nas mãos do Jeon mais novo que o estendia na mesa do meu antigo estúdio na Silkorean.

— O documento oficial do meu pai passando parte das ações da empresa pra mim. Hoje eu sou o maior acionista da Silkorean — disse, todo orgulhoso, sentando no meu colo e bagunçando meu cabelo alaranjado.

Coloquei as mãos em sua cintura, ajustando-me sobre minhas pernas, e tomei o papel nas minha mãos, tentando entender algum daqueles termos técnicos e formais ali escritos: tentativa falha.

— Hm, e o que isso significa? — questionei mais uma vez, levantando meu olhar para o mais novo.

— Que não tem Busan coisa nenhuma, você vai ficar aqui em Seul, comigo — Jeongguk sorriu, vitorioso, dando-me um beijinho de esquimó fofo e adorável (puff, como sempre).

Sorri, incrédulo, para o meu namorado, observando-o tempo o suficiente para saber que o mais novo não estava brincando. No entanto, antes de poder suprir minha vontade de colar meus lábios aos seus, remexi-me para conseguir tirar do bolso e estendê-lo duas passagens que eu tinha comprado dias atrás.

— Tem certeza? 

30 Juin 2018 20:56 1 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
7
La fin

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uanine oliveira i was a little bit lost, but i'm not anymore

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adorei pqp
July 22, 2018, 19:08
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