goldenlilyz Lily B

"Você percebe que a felicidade te faz chorar? Você percebe que cada um que você conhece um dia vai morrer? E ao invés de dizer todos os seus "adeus", deixe-os saber Você percebe que a vida passa rápido? É difícil fazer as coisas boas durarem Você percebe que o sol não desce É apenas uma ilusão causada pelo mundo girando?" Foi isso o que ele escreveu naquele papel. Nada mais, nada menos. Uma citação de música, nenhuma explicação. Mas como explicar Kim Taehyung? Ele era tão inexplicável quanto um mistério. É, era isso o que ele era. Um belo e indecifrável mistério. O chamavam de pecador, mas ele era o próprio pecado. taekook | taegi | +18 pelo yaoi | AU


Fanfiction Groupes/Chanteurs Interdit aux moins de 18 ans.

#taekook #vkook #bts #bangtan-sonyeondan #taehyung #jeongguk #kookv #taegi #yaoi #lemon
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Blue Sky

Monday, sunset;

O sol estava se pondo.

O céu tinha sua bela cor alaranjada de quem diz adeus a luz por algumas horas. A grande e brilhante lua começava a tomar seu lugar no céu, trazendo consigo a escuridão. Aquela era sua hora favorita do dia; quando aquela imensidão acima de si transmitia todos os sentimentos dentro dele. Era uma bela vista, principalmente se observada da praia – ou então do topo de um prédio abandonado de frente para ela, que era seu caso.

Taehyung amava essa visão. Era, com toda certeza, umas das coisas mais lindas que já vira em seus poucos anos de vida. Dezessete anos ainda era pouco, certo? Ele achava que sim. Não deveria ter vivido tanto ainda, mas ele acreditava ter vivido mais coisas que algumas pessoas mais velhas. Não poderia ser negado.

A ventania era forte ali em cima e ele se encontrava na beirada do terraço. Quando um ventinho mais forte batia em si, ele podia sentir que cairia. Talvez ele devesse considerar isso como um aviso para que saísse dali; talvez devesse ter medo de realmente cair. Mas ele gostava da sensação. Sentir que o vento poderia derrubá-lo dali o fazia sentir-se leve como uma pena. Lhe dava paz.

E foi ali que ele permaneceu por horas, até que nenhuma cor habitasse o céu. Nenhuma exceto o azul escuro imenso que mais se parecia negro. As estrelas estavam lindas, decorando-o juntamente com a maravilhosa lua. Ele estava acostumado em ver aquilo, era rotina. Ele simplesmente amava essa estonteante paisagem. E aquele prédio era seu latíbulo.

Mas claro que tudo que é bom dura pouco e não era diferente com aquele seu momento de serenidade. Ele já tinha uma certa ideia de quem atrapalhava sua paz – o culpado por seu telefone estar tocando em seu bolso – e se fosse quem achava ser, ele o mataria.

Pegou-o da calça, já respirando fundo e revirando os olhos ao confirmar suas suspeitas.

— O que você quer, Jimin? — perguntou, assustando-se pela voz rouca causada pelas horas sem falar nada e pelo frio do lugar onde se encontrava.

— Que bela maneira de atender o seu melhor amigo e a luz da sua vida — o garoto disse e Taehyung sentia o sorriso no rosto do amigo. Ele ouviu Jimin resmungar de dor e franziu as sobrancelhas. — Ai, YoonGi, calma, eu tô falando na maior amizade aqui. Larga de ser ciumento.

Tae não pôde evitar um sorriso. Seu namorado era mesmo muito ciumento e ele não negaria, adorava isso nele. Era bom saber que ele se importava tanto em perde-lo a ponto de ficar tão incomodado quando o via interagir com outras pessoas com carinho.

— Aonde você está? Por favor, volte para casa. YoonGi hyung sente sua falta — um barulho foi ouvido e então a risada alta de Jimin. — Ele disse que não sente e que não se importa com aonde e com quem você está.

Taehyung acompanhou o melhor amigo nas risadas. O som se perdia no ar em cima do prédio.

— Diga a ele que eu não estou com ninguém e que já volto para casa — ele sorriu.

— Certo. YoonGi hyung, ele disse que está muito ocupado com seu amigo da escola, o Mark, para vir embora. Disse também que você deve esperar por ele.

Taehyung piscou, incrédulo. Aish, pensou, Jimin é um atrevido. Mas seu espírito infantil o fez rir; ele era tão palhaço quanto o amigo pouco mais velho.

Mais um baralho alto foi soado ao telefone, juntando-se as risadas do moreno.

— Taehyung, volte para casa imediatamente, você me ouviu? — a voz rouca de seu namorado fê-lo se arrepiar; o frio também tinha sua culpa na reação do garoto. E então ele riu ao prestar atenção no que lhe foi dito. Ciúmes, YoonGi, sério?

— Primeiro: eu já estava indo. Segundo, não acredite no Jimin, eu estou sozinho — ele sorriu levemente, descendo da beira do prédio e, com uma última olhada para a lua – e uma espécie do que Taehyung acreditava ser uma troca de sentimentos perdidos –, ele desceu as grandes escadas e saiu do prédio.

Ainda estava com o garoto no telefone e explicava para ele que Mark não estava ali – Jimin lhe pagaria. O moreno sabia bem que YoonGi morria de ciúmes do amigo de Tae – e que ele estava a caminho de casa. A chamada foi encerrada com trocas de carícias a distância e o de cabelos vermelhos montou em seu skate, seguindo seu caminho.

Tuesday morning;

— Deixa eu te lembrar de uma coisa — o garoto disse, enquanto parava o carro no estacionamento da escola. — Fique longe daquele Mark.

Taehyung riu baixinho.

— Você se lembra que ele faz parte da minha turma de música, certo? — ele disse, sorrindo. Retirou seu cinto de segurança e olhou pela janela. O clima hoje estava cinzento e frio, assim como ele gostava bastante. Ventava forte e todos vestiam seus uniformes de inverno; ele não era diferente. Usava um grosso casaco em cima de suas vestes.

— Isso não significa que você precisa ficar perto dele — YoonGi resmungou.

Taehyung apenas balançou a cabeça negativamente e abriu um sorrisinho, confirmando se não havia ninguém lá fora – YoonGi sempre se certificava de estacionar na vaga mais deserta da escola, para que ninguém os perturbasse ou observasse – e virou-se para o namorado, selando seus lábios.

O de cabelos verde-menta deixou que o ciúme se esvaísse por um momento e agarrou os cabelos vermelhos chamativos do outro, beijando-o de uma forma que, Taehyung diria, marcava-o como seu. Ele não poderia mentir, amava a intensidade que YoonGi emanava quando se tratava dele. Ele sentia-se único, amado.

— Se eu ver aquele garoto se engraçando perto de você de novo, não me responsabilizo pelos meus atos — ele murmurou, com os lábios ainda próximos do garoto e com suas testas coladas. Ele viu o sorriso quadrado – que, para ele, era a coisa mais linda existente – do namorado crescer e este juntar as bocas mais uma vez, em um selinho rápido.

— Se responsabiliza sim, porque senão quem se ferra pelo seus ciúmes sem fundação sou eu — ele disse, pegando a mochila do chão do carro e abrindo a porta. Taehyung saiu do veículo e colocou a bolsa nas costas, se virando para YoonGi, que se preparava para ir embora. — Ei.

O esverdeado virou seus olhinhos para o garoto que se escorava na porta.

— Eu te amo.

YoonGi abriu um lindíssimo sorriso – que valia ouro para Taehyung, afinal, ver o namorado sorrir tão cedo era um milagre bem raro – e olhou para baixo. Umedeceu o lábio e voltou a olhar para o menino do lado de fora.

— Eu também te amo.

Com um sorrisinho na boca e troca de sentimentos por olhares, Taehyung fechou a porta do carro e saiu andando em direção a escola. Ele plugou seus fones no celular e ligou a música, seguindo seu caminho encarando o chão. A melodia que estourava em seus ouvidos, misturada com a calmaria que o tempo escuro lhe passava e combinando o vento gelado que bagunçava seus cabelos o fazia ponderar que aquele pudesse ser um bom dia. Quem sabe?

Os corredores estavam cheios, os alunos em seus armários procurando folhas de atividades que deveriam entregar, pegando materiais, estudando para testes – ele apostava que essas pessoas tinham passado a noite em alguma festa e esquecido de seus compromissos com a escola, a julgar pelas olheiras e rostos cansados – que teriam em seguida, pessoas conversando. Ele atravessava o corredor calmamente, sem ser notado. Passava entre aquela gente como um fantasma vagando sem rumo pela Terra, um fantasma que não pôde seguir em frente por ter coisas mal resolvidas em vida. Ele era transparente ali e, sinceramente? Ele gostava disso.

Taehyung sempre fora do tipo observador. Ele gosta de prestar atenção em tudo a sua volta, sem participar de nada. Gosta de estudar as pessoas e suas ações. Gosta de questionar coisas que ninguém mais nota. Dessa maneira, ele interpretava e lia todos os alunos daquele lugar fácil, fácil. Cada um deles vestia uma máscara por cima de suas verdadeiras faces, mas ele possuía um olhar de raio x. Ele enxergava por entre essa camada e entendia o que se passava por trás delas. Não era complicado, ele não entendia o porquê de as outras pessoas terem tantos problemas umas com as outras. Tudo o que precisavam fazer era observar mais e falar menos. Assim como ele fazia.

Taehyung entrou na terceira sala do segundo andar e fechou a porta, deixando do lado de fora todo o barulho emitido pelos adolescentes agitados nos corredores, deixando para fora seus problemas e confusões, suas angústia e frustrações. Dentro daquele cômodo era ele e a música, nada mais.

E foi dessa forma, concentrado em suas letras e melodias, que Tae se atrasou para a primeira aula e acabou por precisar entrar para a segunda.

Talvez ele devesse parar de se afogar em pensamentos quando estivesse sozinho, principalmente se relacionado com música. Ele entrava em um mundo distante quando isso acontecia, um mundo só dele, onde tem sol para iluminar, mas ele é um tanto escondido pelas nuvens escuras; onde o ar é acompanhado por melodias suaves de músicas que ele gosta; onde tem doce de graça nas padarias, o mar é feito de chocolate e chove sorvete. Aquele mundo era o refúgio de Taehyung; era para lá que ele ia quando precisava escapar da realidade. Ele gostaria que fosse real, mas infelizmente não passava de uma criação de sua imaginação fértil.

Talvez ele devesse abandonar esse planeta e essa ideia maluca.

Ou talvez ele devesse se deixar levar por ela.

— Pelo amor de G-Dragon, alguém demite aquela mulher — Jimin resmungou ao encontrar o amigo de cabelos vermelhos no corredor das salas.

— De quem estamos falando?

— Da senhora Park — ele revirou os olhos. Ele odiava aquela professora e para piorar ela tinha o seu sobrenome. — Aquela maldita está de mau-humor e descontou tudo na gente.

Jimin resmungava, enquanto eles desciam as escadas para o primeiro andar e seguiam o fluxo de pessoas até o refeitório. Era em momentos como aquele em que você claramente podia perceber que tinham alunos até demais naquela escola.

— Ela não foi assim na sua sala? Você tem aula com ela hoje, certo?

— Tive no primeiro horário, mas eu só entrei no segundo — deu de ombros. Os dois entraram na cantina, vendo o lugar completamente lotado.

Eles se dirigiram a fila.

— Espera, por que você chegou no segundo horário? Eu vi YoonGi hyung te trazendo bem cedo pra cá — ele perguntou, confuso. Taehyung achava aquela cena fofa devido aos pequenos olhinhos do amigo, que estavam praticamente fechados enquanto ele pensava. Até que ele os arregalou de forma impressionante e segurou fortemente o braço de Tae. — Me diz que vocês não estavam-

— Nós não transamos no carro, se é isso o que você quer saber — Taehyung adiantou, rindo baixinho. A fila da cantina diminuía e logo seria a vez dos dois. Enquanto isso, um Jimin aliviado suspirava ao seu lado.

— Ótimo, mas ao mesmo tempo que essa notícia é boa, ela é suspeita — ele disse, cruzando os braços e encarando Taehyung com os olhos semicerrados. — Mark também só chegou na segunda aula.

O garoto poucos meses mais novo revirou os olhos. Que tipo de súbita obsessão era aquela de Jimin com o amigo dele? No dia anterior, tudo bem, fora uma provocação do dia a dia, ele estava acostumado. A escolha de Mark fora pelos claros e assumidos ciúmes de YoonGi. Mas... e agora?

— E o que eu tenho a ver com isso?

— Não se faça de bobo, Kim. Vocês estavam juntos?

Ele piscou, incrédulo.

— Há poucos segundos atrás você perguntava se eu tinha transado com o meu namorado e agora você quer saber se eu estava com outro homem? — Taehyung falou, desacreditado. Como assim Jimin sequer considerava aquela ideia? Ele nunca, jamais teria coragem – ou vontade – de trair YoonGi. Ele amava o de cabelos verdes com todo o seu coração. Yoon era seu mundo e em nenhuma hipótese ele o destruiria dessa maneira.

— Pelo amor de Deus, Taehyung — revirou os olhos. — Eu ‘tô falando de estar junto do jeito que estamos agora. Foi você que levou ‘pro lado ‘ficar’ da coisa.

— Você não foi claro o suficiente — o ruivo deu a língua. — E, não, eu não estava com Mark. Depois da sua brincadeirinha de ontem, o máximo de contato que eu vou ter com ele agora é quando estivermos fazendo o trabalho em grupo.

Jimin gargalhou.

— YoonGi hyung estabeleceu esse limite? — ele perguntou entre as risadas, batendo em sua coxa repetidamente.

— Na realidade, ele disse que eu não devia chegar perto do Mark. Vou ter que conversar com ele sobre o trabalho, não quero que ele surte depois — respondeu, pensativo.

Logo era a vez deles. Eles pegaram suas bandejas para pegar o lanche, mas ao ver o que tinha, Taehyung desistiu na mesma hora, com uma cara de nojo. Por que comida de escola tinha que ser ruim? Era algum tipo de regra universal? Taehyung achava que sim.

Ao contrário do de cabelos vermelhos, Jimin encheu o prato distraidamente.

— Você devia mesmo, porque sou eu quem vai ter que lidar com um YoonGi de mau humor, depois — murmurou, pegando seus hachis – ele sabia que o nome em coreano era jeotgarak, mas ele achava hashi muito mais bonitinho de se falar. Foda-se que ele não estava no Japão – e seguindo com Taehyung até uma mesa vazia.

— Você? — arqueou uma sobrancelha. — Sou eu quem vai ser punido por isso.

Jimin engasgou com a comida.

— Porra, eu realmente não quero detalhes sobre o Daddy Kink da relação de vocês — fez uma feição enojada e olhou pra comida. — Que merda é essa, hein? Eca.

Taehyung revirou os olhos.

— Com ‘punir’, eu quero dizer que ele vai ficar com raiva de mim, me ignorar e fazer com que eu fique os próximos dias agradando ele até que ele volte a falar comigo — choramingou. — E que porras é Daddy Link?

Jimin parou de cutucar a comida grudenta com seu hachi e encarou o garoto avermelhado a sua frente, deixando o objeto cair de sua mão. O olhar incrédulo no rosto do moreno era visível.

— Você tá brincando comigo, né? — ele perguntou, rindo. Porém, ao ver Tae olhar para o lado e voltar para si, mexendo os ombros, ele deixou a risada cessar. — Caralho, Taehyung, em que caverna você vive?

Um sorrisinho infantil foi surgindo no rosto dele e quando ele abriu a boca para responder, Jimin revirou os olhos.

— Se você disser “Batcaverna”, eu desisto de você.

— ... eu não ia dizer isso — soltou um muxoxo que fez o moreno rir baixinho. Taehyung ainda era uma criancinha de cinco anos.

— Pois bem, do que estávamos falando?

— Desse tal de daddy link — falou erroneamente.

Jimin passou o resto do intervalo explicando para ele o que era aquilo e que a pronúncia era kink e não link. Ele riu muito – e alto – com as feições de horror do garoto com algumas das coisas que dizia, mas ele sabia que no fundo aquilo tinha deixado Taehyung no mínimo curioso.

Jimin esperava que a curiosidade dele não passasse de pesquisar sobre o assunto. YoonGi o mataria com certeza se soubesse que ele andou ensinando esse tipo de coisa para Taehy. E o moreno prezava por sua vida; ele não tinha medo da morte, mas em sua lista de três piores formas para morrer, ser morto pelo Min era o número um.

...

As aulas não demoraram tanto para terminar e Taehyung agradecia mentalmente por isso. Ele saiu da escola juntamente com Jimin, mas o moreno tinha um trabalho a fazer com seu grupo. Tae também tinha um, porém ninguém marcou nada. Um bando de irresponsáveis, ele diria. Precisava tomar uma iniciativa, podia não ser o líder – o que ele achava que deveria ser, uma vez que tinha mais interesse em ajudar na organização do mesmo que o próprio –, mas não ficaria com nota baixa por conta da falta de interesse dos outros integrantes. Mandaria uma mensagem no chat assim que chegasse em casa, ele concluiu.

Embora YoonGi tivesse a mania de ir busca-lo na escola, ele pediu para que não o fizesse. O dia estava lindo demais e ele queria aproveitar isso, então foi andando com seus fones explodindo a música americana – ele não entendia uma palavra sequer dita nela, mas era uma de suas favoritas no momento – em seus ouvidos.

Da escola para casa, Taehyung tinha duas opções de caminho. A rodovia sempre movimentada e um atalho – nada recomendado a ser usado – por entre o mini bosque.

Na realidade, o caminho para o bosque era bloqueado por uma cerca que cobria todo o perímetro do local. Isso porque ele era muito próximo de um parque abandonado que todos acreditavam ser assombrado - ele achava loucura pensarem assim, afinal, o que aconteceu lá foi apenas um acidente - e tentavam de toda forma isolar o lugar da cidade e evitar que qualquer um passasse por lá.

Infelizmente - ou não -, aquele, além de ser o caminho mais rápido para sua casa, era uma área interessante. Durante o inverno, ficava lindo com os galhos das milhares árvores sem folhas, principalmente quando nevava. Na Primavera e Verão também era lindo, suas mais diversas flores cresciam e coloriam o local por completo. E tinha o Outono. Ele amava ver as folhas caindo e colorindo o chão de tons de laranja e amarelo, mas o que ele mais adorava nessa estação era ver aquelas flores. Ele as admirava porque se sentia como elas. Enquanto todas as outras floresciam na primavera, ela
florescia no outono, quando todas
iam embora. Eram flores solitárias e ele as amava por isso - e também eram
lindas. Diferentes, mas lindas.

Ele não precisou pensar duas vezes antes de pular a cerca e entrar no bosque. Da escola à sua casa eram apenas vinte e dois minutos por ali.

O tempo não demorou nada a passar, uma vez que Taehyung estava completamente distraído com a música e a paisagem do lugar. Passaram-se vinte minutos - mas para ele, foram cinco - e ele se encontrava de frente para a cerca que o separava de sua casa. Tae jogou a mochila por cima dela e a escalou, pulando em seguida. Não era complicado, uma vez que a cerca não era assim tão grande em relação à altura dele.

Colocou a mochila nas costas mais uma vez e atravessou a rua tranquila - ele gostava dali. Era um local bem afastado do resto da cidade e, além de seu pequeno prédio de cinco andares, haviam apenas poucas casas. Com mais alguns passos, ele se encontrou de frente para a portaria do prédio, onde cumprimentou a bondosa porteira e subiu para o apartamento.

Seus pais não estavam em casa, como de costume, então ele apenas jogou a bolsa no chão e foi atrás de algo para comer. Ele estava faminto, afinal, não havia lanchado no intervalo.

...

A campainha soou.

Taehyung achou estranho. Ele não esperava ninguém... Combinara com os garotos do grupo de se encontrarem na tarde seguinte para fazer o trabalho – e, surpreendentemente, não precisou mandar a mensagem. Quando pegou o telefone, Brian já havia os lembrado – e Jimin ainda estava na casa de YoungJae, ocupado com sua própria tarefa. Seus pais não chegariam tão cedo. Quem seria?

Bloqueou o notebook e saiu do quarto. Ele seguiu para a porta na companhia de Soonshim, seu cachorrinho ainda filhote. Filhotinho esse que começou a latir para a porta assim que chegou perto dela. Tae franziu as sobrancelhas com o ato e a destrancou, abrindo em seguida.

— Hyung?

YoonGi apenas sorriu e deu um passo, deixando um beijo rápido nos lábios do namorado.

— Surpresa.

Taehyung abriu um lindo sorriso. YoonGi trabalhava a tarde e uma parte da noite, então eles não costumavam se ver nesse horário. Ainda assim, ali estava ele, se jogando em seu sofá. Ele fechou a porta, encarando o garoto que brincava com Soonshim com uma sobrancelha arqueada e um sorrisinho de lado.

— O senhor não deveria estar trabalhando? — perguntou, se pondo de frente para o mais velho.

Yoon parou de brincar com o cachorro e olhou-o, plagiando seu sorriso e puxando-o para perto, pela cintura.

— Troquei de turno com Jae. Queria passar um tempo com você.

— O turno do Jae não é a noite? — Tae perguntou, desconfiado, enquanto sentava-se no sofá ao lado do garoto.

— É — murmurou, dando de ombros e escorando no braço do sofá.

— YoonGi, isso vai te prejudicar na faculdade, não precisava fazer isso — ele suspirou, inclinando-se para o outro.

— Precisava sim. Não passamos um tempo digno juntos faz alguns dias e eu sinto sua falta — ele sorriu.

Taehy revirou os olhos com um sorriso no rosto e beijou o namorado, que segurou-o pela cintura e colou seus corpos. O mais novo brincava com os cabelos verdes já desbotando do outro, causando arrepios nele quando suas curtas unhas arranhavam seu pescoço exposto pela camisa. YoonGi encostou sua língua nos lábios de Tae, pedindo passagem, que lhe foi cedida no mesmo instante.

Um barulhinho irritante soou e foi totalmente ignorado pelos dois, que estavam ocupados demais para se preocupar com aquilo. Porém, após o som se repetir algumas vezes, YoonGi perdeu a paciência e se separou de Taehyung, puxando o celular dele do bolso.

— Vê logo quem é, antes que eu acabe com essa pessoa por telefone mesmo — rosnou.

Taehyung deu uma risadinha e pegou o aparelho, desbloqueando-o com sua digital e abrindo a conversa.

Mark ♡

Tae, Tae, Tae

Taaaaaae~

Vamos andar de skate?

Eu tô entediado nessa casa.

Taehyuuuuuung~~

O ruivo engoliu em seco ao ler as mensagens. Mas que belíssima hora para Mark resolver mandar-lhe mensagem.

— O que foi, quem é? — YoonGi perguntou, ao ver a feição do garoto. Taehyung não disse nada, o que fez o mais velho se inclinar para ver ele mesmo.

Péssima escolha.

Ele bufou e levantou do sofá.

— Achei que tivesse dito que não te queria com esse garoto — cruzou os braços, virando-se para o ruivo, que respondia rapidamente a uma mensagem.

— Mas eu não estou com ele — sorriu amarelo.

O esverdeado revirou os olhos.

— Por que caralhos ele tem um coração no nome, Taehyung?

— Olha só, foi ele que colocou quando salvou o número, eu não fiz nada — foi a vez dele revirar os olhos, se levantando e subindo os braços em rendição. Ele se aproximou de YoonGi e passou os braços pela cintura dele. — Esquece o Mark, você está aqui ‘pra passar um tempo comigo e não ‘pra ficar com ciuminho bobo — beijou-o em seguida.

YoonGi não esqueceria daquilo, óbvio que não. Ele já estava começando a se irritar com esse tal de Mark. Não era a primeira vez que ele via o garoto de gracinhas para cima do seu namorado e se aquilo continuasse, ele teria de tomar uma atitude. Porém, naquele momento, a única atitude que ele tomaria, era a de fazer Taehyung seu mais uma vez, naquele sofá ali mesmo.

— Quer ver um filme? — o ruivo perguntou, sussurrando contra os lábios do outro, ao separar o beijo.

— Pode ser.

— Qual você quer? — tornou a perguntar, afastando-se um pouco dele.

— Tanto faz, não tenho a intenção de prestar atenção nele — deixou um sorrisinho levemente malicioso surgir.

Taehyung voltou a encarar-lhe, retribuindo o sorriso e esquecendo-se totalmente da ideia de assistir algo.

...

Já era noite quando YoonGi acordou, agora no quarto de Taehyung. Eles haviam adormecido pela tarde sem nem perceber. Depois de matarem a saudade, realmente foram assistir a um filme, mas a atenção ainda estavam um no outro. Se lhes fosse perguntado o que aconteceu no longa, eles não saberiam dizer.

Ele não acordara Taehyung, apenas levantou-se e se vestiu, caminhando até a janela. Tudo já estava escuro e aquela rua não era a mais iluminada do bairro, ele deveria ter tido a responsabilidade de acordar antes. Ele precisava se apressar para ir embora, principalmente pelo fato de que os pais do garoto chegariam a qualquer momento.

YoonGi voltou para perto da cama, se preparando para acordar Taehyung. Ele não queria fazê-lo; o garoto ficava tão belo enquanto dormia. Ele queria poder deitar-se novamente e passar a noite ali com ele, abraçando-o e o protegendo de qualquer tipo de sonho ruim que ousasse se aproximar da mente frágil do seu menino. Infelizmente, querer não é poder e ele precisava ir embora.

Suspirou.

— Taehy, amor, acorde — balançou-o levemente. Taehyung resmungou algo baixinho, fazendo o esverdeado rir um pouco. — Ei, você tem que levantar agora, tudo bem?

O ruivo abriu os olhos lentamente, enxergando alguns YoonGi’s a sua frente, até que sua visão focasse totalmente.

— O que houve? — perguntou com a voz rouca de sono.

— Eu... — ele silenciou-se ao ouvir chaves na fechadura da casa. Arregalou seus olhos, juntamente com Tae, que pulou da cama no mesmo instante. — Merda, os seus pais.

— E agora? — Taehyung sussurrou, em pânico.

Se seus pais sequer pensassem que YoonGi estava ali, ele era uma pessoa morta. Isso não podia acontecer de modo algum.

— Eu vou pular a janela — ele sussurrou de volta, pegando seu celular da cama e o guardando no bolso, enquanto o ruivo corria para trancar a porta da maneira mais silenciosa que conseguira.

O esverdeado abriu a janela e sentou no parapeito da janela, passando uma das pernas para o lado de fora. Taehyung se aproximou dele, com um sorrisinho misterioso.

— Vai com cuidado e avisa quando chegar — ele disse, beijando-o pela última vez e recebendo uma risadinha e um aceno de cabeça vinda do outro, antes deste passar a outra perna e pular. Tae morava no quarto andar, mas o telhado da casa ao lado ficava bem rente ao seu prédio, quase alcançando o nível de seu apartamento. Yoon seguiu pelo telhado e, com muita dificuldade, usou uma árvore para descer ao chão. Lá de cima, Taehyung se divertia com a visão, uma vez que o garoto não fazia atividade física, então aquilo era uma coisa nova e complicada para ele.

Já na rua, ele virou-se para trás e mandou um beijinho para Tae, que retribuiu.

Ele observou-o ir embora, sempre olhando para os lados. O ruivo sentou-se na janela e suspirou, olhando para o céu. A lua e as estrelas já o enfeitavam novamente e naquele dia ele não teve a oportunidade de dizer tchau para o sol – mas, afinal, que sol? O tempo ficou nublado o dia inteiro – e nem de dizer oi para a grande estrela brilhante que agora iluminava aquela imensidão azul. A noite estava gelada e ele começava a ficar com frio, mas apenas saiu dali quando viu YoonGi virar a rua para a principal, aonde teria mais gente e ele poderia seguir seu caminho em segurança.

Ele continuou a encarar a rua por onde ele havia acabado de passar, imerso em pensamentos, quase hipnotizado.

Seu celular apitou duas notificações em cima de sua cama e puxou sua atenção para o mesmo. Ele respirou fundo, dando uma última olhada para o céu e desceu da janela, fechando-a e bloqueando o vento congelante de entrar.

Caminhou até a cama e pegou o telefone, abrindo a mensagem.

Bitto

Taehyung.

Eu estou esperando.

TaeTae

Estou enviando, hyung, por favor, espere.

Bitto

Vou te esperar amanhã no mesmo lugar.

Não se atrase.

Taehyung suspirou, bloqueando o celular novamente e se jogando na cama, pronto para dormir. Só de pensar no dia seguinte, ele já se cansava.

Precisava mesmo dormir mais, afinal, teria um longo dia quando acordasse.

26 Juin 2018 01:53 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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À suivre…

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Lily B [전정국] ༉‧₊˚✧

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