Eles tem apenas oito anos quando souberam da existência de uma estranha doença. Gaara tinha pego um jornal escondido para treinar a leitura, ainda não era bom, tinha que melhorar. E ele fazia isso junto de Bakugou, eram bons amigos desde o berço devido a amizade dos pais. Em umas das páginas havia um debate sobre a famosa e temida síndrome de Hanahaki, discutiam sobre uma doença estranha que afetava apenas pessoas que amavam e não eram correspondidas e o fato de muitas pessoas morrem, por escolha própria, com tal patologia.
-Que jeito mais idiota de morrer – Bakugou resmunga e fecha o jornal, do qual não entende metade das notícias.
-Eu não acho – O pequeno ruivo responde, agarrado ao seu urso de pelúcia – Elas morrem por amor, eu não iria querer ficar sem memórias.
-Você diz isso porque.... Qual é a palavra – Para alguns segundos para pensar.- Ah sim, porque você é romântico. – Gaara sente o rosto esquentar.
-Não seja chato Suki!
-Que seja, eu nunca vou morrer de forma tão estúpida.- Disse como desdém. – Agora vamos brincar de Herói! – Diz animado, joga o jornal jogo lixo e corre para o parquinho, onde seus amigos os esperam.
*****
Cinco anos depois, eles se encontram no quarto de Katsuki estudando, ou melhor, enquanto Gaara estuda e Bakugou encara o teto.
-Eu não entendo como você consegue tirar nota máxima, sendo que não estuda nada, Suki. – Gaara reclama frustrado, estar no 8° é tão difícil em sua concepção.
-Porque eu sou o número em tudo – responde convencido.
-Você é um idiota. – Xinga o amigo e volta os olhos para o seu exercício, não que tire notas ruins, longe disso, mas ele precisa se esforçar para consegui-las. E Katsuki sempre o ajuda, talvez seja por isso que as notas dele sejam boas, talvez ele aprenda ensinando.
-Ei Gaara – Chama sem olhar para o ruivo, e recebe apenas um “hun” como resposta. – Você já sentiu vontade de beijar uma menina? – A pergunta é direta, e Gaara ergue os olhos para a loiro, que continua largado na cama encarando o teto.
- Bem, a gente já tem treze anos né? – Responde levemente corado – Eu meio que já beijei uma menina. – Bakugou Senta de repente.
- O quê? Como já beijou uma menina e nunca me contou, seu maldito. – Responde raivoso, Gaara revira os olhos, típico.
-Não é como se você já tivesse me dito que já beijou também, não é? – Bakugou fica estranho de repente, e Gaara sorri como se soubesse de algo.- Você ainda não beijou, Bomberman?
-O quê te importa, maldito sem sobrancelha. – Atira uma almofada no ruivo. – Eu também nunca senti vontade.
-Ohhhhh que lindo, O Bomberman tá esperando pra beijar alguém que goste? – Gracejo e recebe outra almofada.
-Eu não gosto de ninguém, porra. – Ao dizer isso seu rosto fica levemente vermelho.
-Ah mas deve ter alguém, vamos – O exercício foi completamente esquecido.
-Você sabe que só gosto de você, ruivo maldito. – Ao dizer isso seu rosto fica ainda mais vermelho.
-Eu também gosto de você, somos amigos.- O loiro sente uma ligeira falta de ar e uma angústia que não entende, e também não dá importância. – Huuunnnn, você gosta de meninos, Suki?
- Q-que, de o-onde você tirou essa ideia de merda? – O ruivo abre um sorriso maníaco e Bakugou sabe que está ferrado.
- Você não precisa mentir para mim, Suki, somos melhores amigos.
- O-okay, talvez eu goste de meninos. -Responde encarando um pôster aleatório na parede.
- Eu já sabia. – O loiro o encarou surpreso – Você não desfaça quando encara o Midorya, o Todoroki ou. .. A mim. – O ruivo se diverte com as expressões de surpresa e raiva do amigo, e logo recebe mais uma almofada no rosto, elas não terminam nunca?
-Seu ruivo sem sobrancelhas de merda, vou te matar, maldito!
*****
Um Katsuki de 15 anos corre pelas ruas desertas da madrugada. “tenho que encontrá-lo”. O pensamento se repete de forma incessante, suas pernas doem, seu corpo está cansado e a mente no limite, mas precisa continuar correndo. Precisa encontrá-lo, já faz uma semana e apenas neste dia teve noticias, nada boas, mas eram noticias. Uma pista, uma esperança.
“Desculpe ligar tão tarde Bakugou, mas tenho quase certeza que vi o Gaara. Ele não parecia nada bem.” Foi Naruto quem lhe ligou, havia avistado Gaara em uma área vermelha da cidade, sujo, magro, nada bem. Precisa correr.
O encontra sentado no chão sujo de um beco, seu coração está acelerado e dividido entre a aflição e o alívio. Ele está péssimo, mas está vivo. Se aproxima como se estivesse tentando chegar em um animal ferido.
-Ei Gaara, achei você. – A voz sai tremida e vacilante, engole a saliva, o choro está preso em sua garganta. Ele ergue os olhos, contornados de olheiras profundas, estão tão cheios de dor, pedindo socorro.
-Suki...- A voz sai vacilante, fraca e rouca, mas é como música aos ouvidos do loiro. Não resiste e cai de joelhos a frente do ruivo e o abraça, as lágrimas se alívio e medo saem sem permissão. – Pai , mãe, eles me deixaram Suki. – Aperta ainda mais o abraço, não sabe exatamente o que dizer ao amigo. Ele está tão destruído pela morte dos pais. Não sabe como ele se sente. Não pode julgá-lo, pois não sabe o que faria se fossem seus pais naquele carro, naquele acidente. – Eu tô sozinho.
-Não tá, não. – A voz sai embargada – Eu tô aqui com você – Garante se afastando e encara o olhos verdes – Eu sempre vou estar com você, nunca vou te deixar sozinho. – é uma promessa, e não tem nada de vazia nela. – Eu te amo.- A declaração sai sem querer.
-Que bom, também amo você, amigo. – Responde antes de desmaiar por exaustão. O ar falta aos pulmões de Katsuki enquanto abriga o amigo nos braços. Não é a forma que deseja ser amado. Mas é o suficiente.
*****
Eles já estão no último ano do ensino médio quando Bakugou resolve falar o que sente. Não é um momento fácil, ele está nervoso e andando pelo quarto, seu peito dói e ele sente que vai sufocar, as mãos tremem, e ele chega a conclusão de que seu corpo inteiro está suando. Encara o celular como se fosse uma bomba relógio.
Não é assim que planeja se declarar, mas não tem coragem suficiente, não frente a frente.
Disca o número tão conhecido e espera, aperta a camisa sobre o peito como se doesse.
Um toque. Dois toques. Três toques.
Atende, atende, atende
Quatro toques. Cinco toques
Não, não atende.
Seis toques.
Atendeu.
-Oi bomberman.
-O-Oi água de salsicha.
-Suki, a ligação tá ruim., mas diga o que deseja?
- Eu tenho uma coisa pra te contar.
- Oi?
-Eu- Me desculpe, eu – eu amo você.
-Suki?
- Me desculpe, eu não devia falar essas coisas por celular, mas eu. .. Eu.
-Desculpe Suki, te ligo mais tarde.
Lição encerrada.¹
Bakugou encara o celular, está tremendo, as mãos estão suadas, a respiração ofegante.
Lágrimas rolam por seu rosto. Finalmente disse. Não foi como planejou, nem de longe. Mas foi completamente ignorado. E o peito dói como nunca antes. Dói ainda mais quando Gaara liga mais tarde como se ele nunca tivesse dito nada. O evita por mais de uma semana. Seu coração dói quando voltam a se falar, sobre tudo, menos sobre a declaração. Gaara fala sobre uma garota, está apaixonado. Bakugou apenas o ouve enquanto sente o peito comprimir.
*****
Bakugou acha que nada doaria mais que ter sua declaração ignorada. Mas está errado. Descobre isso na terceira semana de faculdade. Gaara lhe apresenta Uraraka, uma garota bonita de sorriso fácil, de quem falava há meses. Eles parecem felizes. Ele parece feliz. Sente o coração se partir em mil estilhaços quando o vê a tomar pela mão e lhe beijar os lábios. Namorados.
Inventa um desculpa qualquer e sai dali o mais rápido possível, alegando que eles estão “Melosos demais.”. O peito dói, dói tanto, o ar falta, a respiração está ruidosa e difícil. Encontra um local deserto e a tosse vem dolorida, arranha e fere a garganta. Algo sobe e preenche sua boca com gosto de sangue e algo macio, cospe. E começa a rir, gargalhar e logo se vê chorando entre a risada sem humor nenhum. Dói, tudo dói. E tudo que consegue fazer é gargalhar entre os soluços. É confuso. É cruel.
"Eu nunca vou morrer de forma tão estúpida"
No chão manchado de sangue está uma pétala de rosa do deserto, as favoritas de Gaara.
*****
Já se passaram cinco meses desde a primeira pétala, síndrome de hanahaki, o médico disse. O veredito era conhecido por todos. Ou as memórias ou a vida.
Ninguém além os médicos e de seus pais sabem sobre isso, ninguém sabe que ele está cuspindo 6 rosas do deserto por dia, logo serão doze, o suficiente para um buque, cada rosa destrói um pouco do seu corpo, de sua mente, de seu coração.
Não quer perder as memórias com Gaara, todas lhe são valiosas. Mas nunca será correspondido. Já tentará antes. Não deu certo. Tudo que pode fazer é aproveitar o tempo que lhe resta. Os sorrisos, as brincadeiras, os toques e abraços, aproveita para beber cada expressão do ruivo, são tão difíceis de se obter, cada uma é como um tesouro. É tudo que pode ter.
“Eu nunca vou morrer de forma tão estúpida” lembra do seu eu criança enquanto cospe a décima rosa do deserto do dia.
*****
-Eu estou com medo mãe - Confessa, pronto para a cirurgia, em todos esses meses, ele não tinha se permitido chorar diante dela, mas estava prestes a perder grande parte de suas memórias. Do sentimento mais belo que cultivou. Gaara esteve consigo por toda a vida, é como destruir tudo o que tem e conhece. a vida após a cirurgia é um lugar obscuro que teme. Esta com medo. Quem não teme o desconhecido?
-Vai ficar tudo bem querido -Ela lhe tranquiliza entre lágrimas – Mamãe e papai estão aqui.
Ele engole a saliva a concorda. No segundo seguinte está sendo levando para a sala de cirurgia.
“Me desculpe Gaara, eu não vou poder estar com você para sempre.”
*****
Dois meses depois, Bakugou olha para Gaara e o analisa de cima abaixo, estreita os olhos levemente, como se estivesse tentando lembrar de algo, mas nada lhe vem, é completamente indiferente a figura ruiva. Gaara sente a face esquentar, e não entende o porquê, é como se o loiro estivesse querendo ler sua alma. Se sente completamente despido pelos olhos rubros.
-Desculpe, mas eu realmente não lembro de você. - As palavras sérias e diretas o atingem tão fortemente que dá um passo para trás, seu rosto de contorce como se sentisse uma dor física. Sempre tão inexpressivo, Gaara sente os olhos marejarem, e as lágrimas vertem de seus olhos. Passara os ultimos meses tentando falar com o loiro, mas não havia respostas para suas ligações, para suas mensagens, a casa dele estava vazia ha dois meses, e tudo que tinha era um SMS. " Me desculpe por não poder cumprir minha promessa. Eu te amo". Desde então nenhuma palavra, e agora, ao acaso, encontra o rapaz na rua e Katsuki já não lembra mais dele. Deles. Dói.
E enquanto observa as costas largas, os passos confiantes e a postura imponente de Katsuki, que se afasta mais e mais, sem nunca voltar os olhos em sua direção. Gaara sente o peito comprimir dolorosamente, o ar lhe falta, como se algo obstruísse sua garganta, sente está coçar e a tosse vem forte e incessante lhe roubando quase todo o ar que lhe resta. Sente algo subir por sua traqueia e logo cospe algo manchado de sangue.
É uma pétala de sakura, a flor preferida de Katsuki.
NOTAS:
Sindrome de Hanahaki, uma doença ficticia que afeta uma pessoa que ama e não é correspondida (ou não sabe que é correspondida). e faz pessoa cuspir as flores favoritas do amado(a), comoçando pelas petalas, depois a flor inteira e por ultimo um buque. a cura é a pessoa ser verdadeiramente correspondida ou uma cirurgia para retirar as flores, só que a pessoa perde todas as memorias da outra, o sentimento é extinto, fica indiferente, sem possibilidade de voltar a acontecer, senão seria inútil.
existem muitas versões,e a gente pode adptar se quiser, por exemplo, o Bakugou não cuspe um buque inteiro, mas sim flores suficientes para se formar um. E ele começou a manifestar sintomas desde muito cedo, aperto no peito, falta de ar, angustia, mas porque ainda não era um amor maduro, ele ainda não tinha a certeza que não seria correspondido.Até o Gaara apresentar a Namorada.
*Quanto ao gaara, ou ele faz a cirurgia, ou morre, não existe a possibilidade do Bakugou amar ele de novo, o bomberman vai ser indiferente a ele para sempre.
¹ isso é de um promp:" Sabe aquele momento em que o sinal do celular está fraco e uma das pessoas não consegue ouvir a outra, mas a outra pessoa escuta normalmente? divirtam-se partindo corações."
ENTÃO É ISSO GENTE, foi feito as pressas, decidi terminar essa one as 45 do segundo tempo, quase não saiu, ta meio corrida. mas espero que tenha agradado alguém.
Qualquer erro, é só dizer.
Kissus.
Merci pour la lecture!
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