Oláaaaaa
Tudo bom com vocês? Pois é, eu entrei na brincadeira do crackshipp porque eu adoro essas coisas de desafio e aíiii eu acabei pensando nesse casal HAUHAUAH.
Pois é, a maioria não conhece o personagem que está como par do Sasuke. O nome dele é James Hawkins (carinhosamente chamado de Jim ou Jimbo) e é do filme Planeta do Tesouro que é uma das animações que eu mais amo na minha vida. Sério, se não assistiram, assistam. É maravilhoso.
Eu fiquei bem empolgada escrevendo, inclusive ficou bem maior do que minhas oneshots costumam ficar e eu espero de verdade que gostem.
MAAAS, CHEGA DE PAPO NÉ.
BORA PRO CAP.
O vento estava frio aquela noite.
Olhando para o céu escuro, qualquer brilho seria confundido com uma estrela. Talvez algum tempo atrás, Jim tivesse feito um pedido mesmo sabendo que não passavam de aviões, mas não faria isso agora. Seu pedido já estava sendo, estranhamente, realizado.
Apertou com um pouco mais de força o casaco escuro do homem à sua frente e se esforçou para não associar o som da moto acelerando com o seu ato. Era difícil, quase impossível, não se encher de uma esperança infantil de que Sasuke, o homem a quem fortemente se agarrava, sentia-se tão afetado pela sua presença quanto ele se sentia pela dele.
Como tudo que acontecia na vida de Jim, ele também não entendia quando aqueles sentimentos o invadiram.
Sempre acreditou que era formado de perguntas, uma interrogação ambulante. As pessoas não o entendiam e, algumas vezes, nem ele era capaz disso. O garoto rebelde de Montressor não tinha futuro, era só mais um adolescente problemático que cairia nas garras da criminalidade. Tinha todos os traços da mãe, que ainda era jovem, mas o comparavam constantemente ao pai de quem ele sequer se lembrava.
Sua cidade era pequena demais, sufocante demais para permanecer com alguma sanidade. Por isso, quando atingiu os dezoito, deixou um recado para sua mãe sobre a mesinha do próprio quarto. Pegou uma mochila grande e velha e colocou nela apenas o essencial antes de partir sem olhar pra trás assim como seu pai fizera anos antes, dando razão as vozes maldosas de seus antigos vizinhos.
Não se importava. Ninguém o conhecia de verdade ali. Era como se ele nem ao menos existisse e a realidade fosse apenas a imagem que criaram dele. Jim não queria viver num mundo onde não se sentia tangível. Queria agarrar-se a algo real, sentir-se vivo e fazer parte de alguma coisa, mas sabia que nunca encontraria isso naquele lugar.
Chegar em Konoha foi excitante e assustador. A cidade era um pouco maior que Montressor, mas não era como as capitais. Foi difícil conseguir um lugar pra ficar, um meio de ganhar dinheiro e todas as coisas que se seguiram a isso foram igualmente impossíveis. Era certamente a pior época do ano para não ter onde dormir e o frio e a fome que o acompanhavam nos primeiros dias pareciam nunca ter fim. Demorou algum tempo até que se desse por vencido e fosse buscar um emprego parecido com o que tinha quando ainda vivia com a mãe. Era servente num restaurante com tema náutico e, pela primeira vez, sentiu alívio ao ter a água tocando a pele enquanto lavava pratos. O pagamento semanal o permitiu passar as noites numa pensão e aquilo parecia um começo, embora o caminho fosse mais longo do que imaginara inicialmente.
No entanto, sua velocidade em arranjar problemas sempre foi invejável. Alguém disse-lhe uma vez que não sabia escolher suas brigas, mas a verdade era que as brigas o escolhiam e não o contrário. Jim só não fazia nenhuma questão de fugir.
Ben foi o primeiro amigo que fez na Legacy – o restaurante onde trabalhava – e não demorou até entender que, apesar de ser uma boa pessoa, o rapaz de pele morena e cabelos acobreados estava metido com as pessoas erradas daquela cidade. Jim tentou não se envolver. Tentou fingir que não via o colega dependendo de entorpecentes para se manter ativo nos três empregos que arrumara, mas estava cada vez mais difícil vê-lo se matando em sua frente sem fazer nada. Queria ajudá-lo, mas não conseguia fazer muito nem por si mesmo. Se passou algum tempo até que tomasse coragem para ter uma conversa com Ben e não soube agir quando o rapaz chorou e o abraçou. Nunca soube lidar com pessoas chorando, mas ficou satisfeito ao perceber que ele parecia disposto a tentar largar o vício.
Não era fácil. As crises de abstinência aconteciam em momentos inesperados e Jim procurava estar sempre presente. Algumas vezes ria de si mesmo por estar agindo de forma tão protetiva e madura quando não fazia ideia do rumo da própria vida, mas Ben não parecia ligar pra isso. Enquanto os sentidos voltavam ao normal e Jim se acalmava entre um cigarro e outro, Ben chorava repetidas vezes, agradecendo. Ele tentava e Jim sabia. Mas algumas vezes as tentativas falham.
Depois de semanas vencendo o vício, Ben cedeu. Jim percebeu tarde demais que, não apenas a droga era o problema, mas a recente dívida que não fora paga. Queria dizer que teria deixado Ben sair sozinho do restaurante aquela noite se soubesse o que aconteceria em seguida, mas seria mentira. Ele teria feito o mesmo caminho, tomado exatamente a mesma decisão, mesmo sabendo que quatro homens estariam ali esperando para desfigurar seu amigo e, consequentemente, seu acompanhante. Mesmo sabendo que minutos depois, estaria jogado no beco sem conseguir se levantar.
Chegou a achar que era o fim. Aquele seria um bom final para o James Hawkins que acreditavam que ele era. Ensopado de sangue e suor em um beco escuro. Teria rido daquela ironia se tivesse alguma força sobrando. Será que as notícias chegariam a sua mãe em Montressor?
“Jim morreu espancado por uma dívida de drogas”. Sim, ele teria rido se conseguisse, porque aquele era o tipo de rumor que seus antigos vizinhos espalhariam. Era engraçado, porque era meia verdade, como toda boa fofoca. Jim só havia sido escolhido para uma nova briga que nem era sua.
Maldição.
Achou, de verdade, que ninguém apareceria ali. Estava conformado e achou que última coisa que veria seria o corpo ainda mais machucado do que o próprio ao seu lado, mas não foi. Antes de apagar por alguns minutos, ele viu uma imensidão negra tão profunda que achou estar perdido no espaço.
Acordou pouco tempo depois na parte traseira de uma ambulância. Sentou-se com dificuldade, ouvindo um som surpreso de uma enfermeira perguntando se ele conseguia se mexer. Jim não conseguiu responder muito bem, mas muitas partes suas doíam. O braço principalmente. Suas feridas foram limpas e chegaram ao hospital em alguns minutos onde ele descobriu que tinha o braço fraturado e precisava usar a tala. Seria liberado pela manhã, mas sabia que precisaria ficar mais um pouco porque Ben não tinha ninguém, então esperaria por ele, que estava com machucados bem piores.
Estava sonolento graças aos remédios que lhe deram, mas o ambiente vazio fazia ecoar cada pequeno som. No corredor gelado do hospital de Konoha, ouviu os passos do ainda mais frio policial que se aproximava.
Ele permaneceu de pé, forçando-o a erguer os olhos para encará-lo e foi então que viu. Os negros daqueles olhos pareciam uma ilusão antes, mas agora… Era bem real.
— Eu sou Sasuke Uchiha – mostrou o distintivo rapidamente - Pode contar o que aconteceu? - a pergunta parecia educada, mas não era.
Jim olhou para o homem, que mantinha uma expressão indiferente, como se soubesse exatamente o que havia acontecido, mas ainda precisasse perguntar pra confirmar. Aquilo irritou Jim. Tanto que franziu as sobrancelhas – mesmo que aquilo fizesse o rosto doer – e respondeu de modo malcriado.
— Você parece já ter tirado suas conclusões.
A expressão de Sasuke não mudou. Era madrugada e ele parecia cansado do que, pra ele, devia ser uma brincadeira de um rapaz de dezoito ou dezenove anos agindo como criança.
— Não posso te prender nem te liberar baseado em conclusões próprias. Então facilite e responda.
Sasuke era exatamente o tipo de pessoa com quem Jim odiava lidar. Ele parecia ser cheio de razão e ego, o tipo de pessoa que decidia quem você era sem nem ao menos te conhecer. Por isso, arqueou uma sobrancelha castanha e continuou o encarando sem dizer uma palavra.
— Você vai mesmo dificul… - Sasuke começou a dizer.
— Somos dois drogadinhos de merda que ficaram devendo cocaína – soltou – É isso que você quer ouvir?
— Essa é a verdade? - perguntou, encarando-o seriamente.
— Quem se importa com a verdade?
— Eu me importo – suspirou – Preciso dela pra sairmos daqui.
Jim ficou quieto por mais alguns segundos antes de encarar o chão.
— Ele está tentando parar – sussurrou – Vou tentar mantê-lo longe de confusão. Sério.
— Então foi por causa do seu amigo que acabaram assim?
Jim mordeu o lábio com força e se arrependeu um pouco, já que estava ferido. Não respondeu mais uma vez.
— Entendo – Sasuke disse.
Deu mais uma olhada no rapaz de cabelos castanhos sentado e começou a se afastar devagar.
— Só uma coisa – virou-se quando estava perto de sumir de vista, e Jim encontrou seu olhar novamente – Mesmo se ninguém quiser ouvir a verdade, diga. Ou você mesmo vai acreditar nas mentiras.
Jim não teve tempo de responder. Os olhos azuis escuros apenas ficaram encarando o vazio depois que o policial desapareceu e as palavras ficaram revirando na mente durante toda aquela noite.
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Os dias seguintes correram de uma forma mais tranquila. Quando Ben recebeu alta, parecia ainda mais empenhado em vencer o vício, impulsionado também pela culpa de ter levado Jim até aquele ponto junto dele. Hawkins apenas bagunçou ainda mais seus cabelos acobreados e lhe sorriu quando o viu chorar mais uma vez ao pedir desculpas. Estavam vivos e era isso que importava no momento.
Seu encontro com Sasuke, que fora tão coincidente, parecia ter iniciado uma nova sequência de acontecimentos. Amélia, dona do restaurante Legacy, havia avisado sobre as entregas que passariam a fazer e um dos destinos dos novos pedidos delivery era, justamente, a delegacia. Jim, que era um tipo de faz tudo, também ficou responsável por essa tarefa e foi assim que reviu Sasuke Uchiha.
Altivo como se lembrava, mas agora ainda era dia e estava claro dentro da DP. Pôde perceber muito melhor sua altura, os cabelos negros que contrastavam com a pele branca e… Bem, aquilo não tinha mudado. Os olhos negros ainda eram insistentes e profundos, tão expressivos que Jim precisou desviar quando estes o encontraram.
Entregou os pedidos a um garoto animado de cabelos escuros e sobrancelhas grossas e esperou até que todos tivessem pegado seus lanches para pagá-lo. Só faltava o pagamento do Uchiha, mas este não parecia nada satisfeito ao chegar de frente pra si.
— Esse não é meu pedido – disse, secamente.
— Como não? - Jim olhou mais uma vez para o conteúdo na caixa de isopor antes de olhá-lo de volta – Você não pediu o trio número 6?
— Sim, mas está sem tomates.
— Não tem tomates no número 6.
— No meu sim.
Jim franziu o cenho mais uma vez, encarando-o com raiva. Alguém que trabalhava com pessoas não podia ter um pavio tão curto, mas o rapaz não sabia manter a compostura diante de um homem tão… Arrogante.
— Você realmente quer que eu volte o caminho inteiro por causa de duas rodelas de tomate?
— É o seu trabalho, não?
Seu rosto se contorceu ainda mais diante daquilo e, talvez estivesse alucinando, mas podia jurar que viu um sorrisinho nascer naquele rosto branquelo.
— Ok – pegou o pedido com brutalidade – Deixe-me trocar, vossa alteza.
— Deixe esse aqui – Sasuke pediu – Vão jogar fora, não é?
Jim bufou antes de deixar o lanche com ele e rumar pra fora da delegacia. Teria chutado alguém, mas não o fez. Se contentou em xingar para o além no caminho de volta e dizer o que tinha acontecido para um dos ajudantes da cozinha. Ficou um tanto surpreso em saber que os pedidos de Sasuke realmente levavam tomates e teve que se segurar pra não cuspir no lanche dele. Irritado, seguiu de volta para o destino anterior e Sasuke já estava a sua espera quando chegou.
— Aqui – entregou de má vontade.
Sasuke abriu o pacote, vendo se estava tudo certo dessa vez e confirmou que sim. Entregou uma porção de notas a Jim que estranhou aquela quantia.
— Isso é muito – respondeu – E eu não tenho troco.
— É seu – respondeu, já virando-se de costas, como de costume – Pelo trabalho em dobro. Use direito.
Novamente se foi sem dar tempo de resposta, nem de recusa. Olhou para as notas a mais em sua mão e seguiu para fora da delegacia pela segunda vez no dia, vendo um senhor parado sob a sombra do edifício. Ao seu lado, um carrinho cheio de garrafas vazias. Parecia satisfeito, descansando de seu serviço e nas mãos calejadas, estava o sanduíche sem tomates que levara mais cedo.
Os olhos azuis do rapaz ficaram encarando a cena por algum tempo, até que o homem fosse embora e lhe restasse… Confusão. Não sabia em que momento sua raiva tinha passado, mas já não a sentia quando chegou de volta ao restaurante. Só restara dúvida, curiosidade.
Os dias se seguiram com pedidos repetidos e Jim estava atipicamente atento. Prestava atenção aos pedidos de Sasuke para não correr o risco de ter que fazer o trajeto duas vezes, mas aquele cuidado acabou fazendo-o descobrir coisas sutis em relação ao policial. Ele amava tomates e bolinhos de arroz, não comia muita pimenta e preferia sucos de tomate também. Era metódico demais, tendo dias certos para cada pedido e tinha uma estranha mania de lhe encher de gorjetas. Cuidado esse que seu amigo, Ben, não recebia quando era sua vez de fazer entregas.
Aquela sexta deveria ser comum. Jim guardava seu rendimento extra – quase todo em gorjetas de Sasuke – e estava prestes a tirar o avental e o lenço que tinha na cabeça quando a porta do restaurante se abriu. Por ela, o policial entrou e se aproximou do balcão, bem a sua frente. Os olhos negros se ergueram e o encararam e Jim ficou perdido nos globos escuros por algum tempo até notar que ele já não vestia o uniforme e queria fazer um pedido.
Já era quase hora de ir, mas não deixou a tarefa para nenhum outro empregado. Aproximou-se do balcão e pegou a caneta para anotar o pedido do moreno.
— Pode falar – não olhava pra ele ao dizer.
— Só cigarros.
— Ah.
Deixou o bloco e caneta de lado e entregou a única marca de cigarros que vendiam ali. Viu o outro fazer uma careta e pôde entender de certa forma. Era uma marca ruim.
— Você já vai? - Ben surgiu da cozinha e cumprimentou Sasuke com um aceno educado.
— Sim. Já ‘tô saindo.
Ben assentiu e os dois demoraram pouco tempo para sair do restaurante. Sasuke havia partido, ele achava, até ver que ele estava do lado de fora, encostado a uma moto com o cigarro entre os dedos enquanto uma nuvem e fumaça se formava ao seu redor. Daquele jeito, com os cabelos mais bagunçados que o habitual, roupas escuras casuais e sem a pose policial, ele representava algo completamente diferente do que seu emprego demandava.
Era uma visão bela, perigosa e excitante. Jim jamais acreditou que pudesse ter aqueles tipos de pensamentos relacionado a um cara. Pelo menos, não a um cara como Sasuke, mas lá estava ele, parado em frente ao Legacy, observando o Uchiha que, coincidentemente, cravou os olhos de volta em si.
— Você vem, Jimmy? - Ben chamou pelo apelido meloso, mas dessa vez, ele não prestou atenção.
— Você pode ir na frente hoje. Eu vou tomar um caminho diferente.
Sorriu para o amigo que assentiu um tanto confuso e assim que o rapaz de cabelos acobreados sumiu na esquina – agora sem perigos de ser novamente atacado, visto que estava indo bem em sua recuperação – Jim voltou-se para o moreno novamente.
Dessa vez, podia jurar que um lado de seus lábios havia se erguido logo antes de o cigarro se prender entre os lábios. Caminhou na direção do Uchiha vestido de uma coragem que não era assim tão intensa, mas pouco importava. Jim não fugia.
— Posso ajudar? - o olhar negro era curiosidade e talvez um pouco de malícia.
A sobrancelha escura se arqueou em dúvida.
— Pode me dar uma carona?
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Sasuke estava certo de que não deveriam estar ali.
Quando o garoto lhe pediu uma carona, achou que ele queria ir pra casa, mas estavam sentados no banco de concreto em frente a praia. O caminho havia sido um pouco longo até ali, mas não disse nada. Apenas seguiu o pedido do mais novo quando ele se inclinou sobre si, dizendo baixo rente a sua orelha que queria ir até a costa.
Jim Hawkins era um garoto estranho.
Sasuke sabia que ele era só um menino que tinha completado a maioridade fazia não muito tempo e não tinha uma ficha criminal, mesmo com aquela carinha de quem adora arrumar problemas. Pavio curto como era, não se admirava que se metesse em brigas e confusões, mas tinha algo mais. Era aquela expressão raivosa, junto ao bico irritado e o olhar azul feroz… Aquele conjunto sempre o deixaria em alerta.
Jim estava de pé agora. Colocou uma das mãos no bolso da calça larga surrada e se encolheu quando o vento foi forte demais para que a blusa grande o esquentasse devidamente. O cabelo castanho estava um pouco comprido e ele tragou mais uma vez o cigarro antes de jogá-lo no chão e pisar em cima.
— Posso te fazer uma pergunta? - Jim virou-se em sua direção, deixando a última nuvem de fumaça escapar dos lábios.
Sasuke só o encarou sem dizer nada, mas ambos sabiam que aquilo era um consentimento.
— Por que as gorjetas? - franziu os olhos azuis – Você é algum tipo de bem feitor?
Uma risada pequena se formou nos lábios finos do mais velho enquanto ele dava sua última tragada.
— Eu tenho cara de bem feitor?
— Do jeito que está agora, não parece nem policial, então…
Sasuke desviou o olhar e deu de ombros.
— Eu só fui com a sua cara.
— Foi com a minha cara? - a pergunta escapou num tom incrédulo – Você não parecia amigável, desculpa informar…
— Você me lembra alguém – respondeu, dessa vez olhando para o rapaz que calou-se.
Jim não sabia se tinha gostado de ouvir isso. De alguma forma, não queria ser comparado a outra pessoa. Ainda mais se quem fazia essa comparação era Sasuke. Não fazia ideia de quando, exatamente, a opinião dele havia passado a valer alguma coisa.
— Seja lá quem for, esqueça – disse, malcriado – Eu não sou essa pessoa, seja lá quem for.
— Ah, não é mesmo – Sasuke sorriu mais – Se fosse, estaria brigando comigo nesse momento por estar fumando, não ao meu lado com outro cigarro aceso na mão.
Jim ficou um tanto surpreso com a resposta. Aliviado por saber que, de alguma forma, Sasuke sabia que ele era um indivíduo e que teria seu próprio jeito de agir. Aquele foi um momento simples, mas o rapaz queria se agarrar a ele pelo sentimento bom que lhe acometeu.
— Se sabe que sou diferente dessa… Pessoa… Então por que continua me ajudando?
— Eu realmente preciso de um motivo?
— Você nem me conhece.
— Você quer que eu te conheça? - a pergunta surgiu séria, acompanhada de um olhar negro profundo.
Não houve resposta, mas o ditado não poderia estar mais correto naquela situação. Quem cala consente e Jim, estranhamente, queria mostrar a Sasuke quem ele realmente era.
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Estavam os dois se acostumando ao cigarro ruim.
Provavelmente era o fato de Sasuke ir até a Legacy quase toda noite para comprar uma nova carteira e, sem que ninguém precisasse dizer nada, os dois seguiam até a praça na esquina da pensão zero estrelas onde Jim passava suas noites. Sentavam-se nos bancos de concreto e boa parte do fumo ia embora enquanto esperavam o tempo passar.
Sasuke nunca dizia muita coisa. Se limitava a tragar e dar sorrisos pequenos na direção de Jim toda vez que ele começava a falar sobre qualquer coisa. Sentia os olhos negros sempre o analisando, observando suas reações e expressões e algumas vezes se calava, um tanto emburrado para esconder a vergonha. A rotina do dia continuava a mesma e, em alguns momentos, parecia que Sasuke fazia questão de provocá-lo só para vê-lo irritado. Mesmo nessas situações, onde sabia que encontraria Hawkins aborrecido no fim do dia, ainda aparecia no restaurante como se quisesse acabar de vez com a sua paciência.
Eram coisas muito simples, uma reclamação sobre a aparência dos lanches ou sobre como Jim devia vir sacudindo as sacolas para ficar tudo mexido, dando menos gorjeta nesses dias e pronto; o rapaz emburrava. Era tão malcriado, mas aquilo tinha um motivo. Jim odiava ter a sensação de estar fazendo algo errado, ainda mais pra Sasuke. Inconscientemente, tinha mais cuidado com as coisas dele do que com as dos demais e era claro que o Uchiha percebia.
Não era de fazer elogios, mas as vezes deixava escapar um outro comentário de satisfação e isso parecia deixar o garoto mais contente do que queria admitir. Sasuke percebia porque durante aqueles dias, tinha se acostumado a observar o rapaz e entendia cada pequena reação sua. Desde o cenho vincado e irritado e os lábios repuxados, até o sorriso leve e o jeito que coçava a nuca quando estava satisfeito ou feliz.
De alguma forma, quando Jim consentiu que Sasuke o conhecesse, as primeiras impressões caíram por terra uma a uma, de forma mais rápida do que parecia possível. O modo passional e um tanto impulsivo de Jim lhe era muito familiar, visto que ele mesmo se encaixava com essas características. Era um garoto leal e dedicado, um tanto perturbado por alguns pensamentos pessimistas e de uma simplicidade surpreendente.
Naquela noite, sentado sobre a mesa de pedra na praça, tragando mais um cilindro da morte, seus pés descansavam sobre os bancos de concreto. Sasuke tinha dado uma gorjeta a mais e feito um elogio sutil ao suco de tomate – que o próprio Jim tinha aprendido a fazer com alguma insistência – e aquilo o tinha deixado de bom humor.
— Você devia comprar um sapato novo – Sasuke resmungou.
— O que tem de errado com os meus? - Ergueu um pouco os pés no banco e Sasuke entortou os lábios em desagrado.
— Estão muito velhos. Logo não vai mais ter nem sola aí.
— E o que você tem com isso, hein? - Jim direcionou os pés calçados na direção da barriga do policial que tentou desviar – Acha que eu sou como você que tem dinheiro pra dar gorjeta todo dia?
O sorriso sapeca estava em seu rosto enquanto tentava acertar Sasuke que desviou dos primeiros chutes. Jim parecia estar se divertindo até que o mais velho se levantou depressa e puxou sua perna, fazendo-o arrastar sobre a mesa. O sorriso de Jim morreu quando puxou o ar em surpresa e ficou paralisado ao notar que a parte de trás de seu joelho esquerdo se mantinha no aperto do Uchiha. E ele estava perto.
Perigosamente perto.
Uma das mãos pálidas estava apoiada sobre a mesa ao lado de Jim e o policial estava quase entre suas pernas, encarando-o com aqueles olhos negros profundos e expressivos. Hawkins não conseguia pronunciar sequer uma palavra, nada saía por entre seus lábios, nem sequer um suspiro. Mesmo sendo noite, Sasuke estava próximo o suficiente para reparar em cada parte do seu rosto. Os traços finos, o corte de cabelo irregular ao redor do rosto, os lábios vermelhos que estavam próximos demais.
A mão apertou ainda mais a sua perna e o Uchiha se aproximou devagar. Teria empurrado qualquer outra pessoa naquela situação, mas estranhamente não estava com vergonha. Os globos escuros esquadrinhavam seu rosto e Jim sabia que Sasuke podia enxergá-lo exatamente como era.
Ele via coisas que ninguém mais viu, então não havia espaço para sentir medo.
A respiração do mais velho acariciou seu rosto e as pálpebras do rapaz pesaram sobre os olhos azuis. Os lábios formigaram ao passo que a distância entre suas bocas ficava cada vez menor, mas os olhos negros repousaram sobre os seus logo antes do caminho se desviar até que a boca de Sasuke estivesse colada a sua orelha.
— Como disse, estou sendo bonzinho com você e te dando gorjetas – falou em voz baixa – Faça bom uso do que eu te ofereço, garoto.
Jim sentiu a pele se arrepiar com a voz grave lhe sussurrando perto do ouvido, mas tudo que fez foi focar sua visão em algum ponto qualquer da rua sem prestar realmente atenção. Sasuke se afastou lentamente e o mais novo não teve coragem de erguer o olhar para encará-lo. A proximidade havia sido bem-vinda e a expectativa frustrada e, agora, sentia como tivesse levado um soco.
Garoto, ele disse.
Sasuke ainda o tratava como um menino, embora soubesse praticamente tudo sobre ele. Ainda não tinha conseguido se desprender da ideia de que ter dezenove anos não fazia de Jim uma criança e que os vinte e oito anos de Sasuke não faziam dele um idoso.
E sim, frustração era, definitivamente, a palavra.
Naqueles últimos segundos, tinha desejado que o Uchiha se aproximasse de si até que não houvesse nenhuma distância entre eles e esse pensamento lhe pareceu muito correto. Queria que ele o olhasse e o tratasse como o homem que era, não como o menino que ainda parecia idealizar.
Seja qual fosse a imagem da qual o policial não se desprendia, essa ilusão não era Jim.
— Eu já vou – Sasuke suspirou e deu as costas, despedindo-se com um aceno curto – Te vejo amanhã. Não fique fora até tarde.
A preocupação genuína estava encoberta sob o gesto um tanto embaraçado. Hawkins observou as costas largas até que ele tivesse subido em sua moto e partido e seguiu para a pensão poucos minutos depois. Ainda estava cheio de pensamentos, talvez indevidos, mas não se importava.
Só queria saber se naquele momento, Sasuke guardava seu nome, repetindo-o na mente, assim como fazia com o dele.
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O clima estava um pouco diferente no dia seguinte.
Sasuke parecia igual, pegando sua encomenda e lhe dando a gorjeta diária, mas o olhar estava um tanto perdido. Jim queria perguntar o que estava errado e tentou fazer uma brincadeira usual, mas embora Sasuke tenha deixado o canto dos lábios se erguer minimamente, ele ainda parecia um tanto distante.
Voltou a Legacy ainda sentindo um gosto amargo pelo tratamento mais frio que o normal e esperou que Sasuke surgisse pela noite, como geralmente fazia. Ficou mais tempo do que seria necessário no restaurante esperando ele chegar e, mesmo se sentindo um idiota, ainda passou algum tempo em frente o estabelecimento depois que saiu. Despediu-se de Ben, que custou um pouco a deixá-lo sozinho, mas ele ainda tinha que passar as próximas quatro horas em outro serviço, então não viu escolha ao deixar o amigo sozinho aguardando alguém que ele não sabia se iria aparecer.
Não era mesmo como se o Uchiha fosse todos os dias, sem exceção, mas Jim sabia que a falta dele naquele dia não era uma coincidência de uma escala de serviço puxada. Ficou aborrecido ao imaginar que Sasuke estava fugindo. Se fosse isso, dessa vez ele mesmo escolheria a briga como sempre disseram que ele fazia.
Bufou irritado, cruzando os braços quando o som da moto se fez ouvir. Virou a cabeça na direção da esquina de onde viera o barulho e puxou a respiração devagar quando o veículo parou de frente pra si, rente ao meio-fio. Sasuke o encarou e sem dizer nada, estendeu pra ele um capacete. Jim o seguiu e não haveria como ser diferente. Não depois de todos os pensamentos que vinha guardando desde a noite anterior.
— Achei que não fosse vir – disse ao se aproximar.
Sasuke desviou os olhos por alguns segundos, ajudando-o com a peça sobre a cabeça e resmungou em voz baixa.
— É, eu também.
Pensou em perguntar o que aquilo significava, mas não o fez. Em segundos, Sasuke estava novamente de costas e Jim subiu na moto, passando os braços em volta de sua cintura. Sentiu o peito alheio subir e descer com uma respiração pesada e não evitou se aconchegar um pouco mais.
O vento estava frio aquela noite.
Olhando para o céu escuro, qualquer brilho seria confundido com uma estrela. Talvez algum tempo atrás, Jim tivesse feito um pedido mesmo sabendo que não passavam de aviões, mas não faria isso agora. Seu pedido já estava sendo, estranhamente, realizado.
Queria ter certeza de que não havia o entendido errado. Que a sua proximidade mexia tanto com Sasuke quanto a dele mexia consigo. Queria que ele terminasse o que quer que tivesse começado, porque se recusava a acreditar que seu desejo era unilateral.
Do mesmo modo que Sasuke sabia lê-lo, ele também era capaz de enxergar tudo naqueles olhos escuros. Recusava-se a acreditar que a excitação que enxergara em meio as íris negras havia sido apenas sua imaginação. Estava lá, reluzindo na noite, tão fascinante e arrebatador como um buraco negro sugando tudo no espaço.
Puxava Jim para um fim iminente, onde sobraria apenas poeira estelar e ele não poderia se sentir mais satisfeito.
A maresia passou a lhe envolver e sabia que estava perto da costa. Não tinha percebido que tinham passado tanto tempo no trajeto, mas isso não importava muito agora. Sasuke não parou no mesmo lugar em que estiveram da primeira vez que foram até lá juntos. Se adiantou até perto dos rochedos e mesmo depois que Jim já havia descido da moto e lhe aguardava, o Uchiha permaneceu no mesmo lugar, pensativo.
Depois de alguns longos segundos, Sasuke deixou o veículo e rumou em direção a areia da praia, tirando do bolso um cigarro. Estava inquieto, Jim percebeu, mas seu silêncio era incômodo e já não entendia muito bem porquê havia sido levado até lá.
— Sasuke – chamou, mas não houve resposta, apenas a nuvem de fumaça saindo dos lábios finos do mais velho – O que houve?
O Uchiha se curvou um pouco, pondo as mãos nos joelhos antes de se sentar sobre a areia fria. Jim se aproximou, abaixando-se ao seu lado, olhando para o rosto pálido. Nunca tinha visto aquele olhar vindo de Sasuke antes e aquilo o preocupou.
— Eu vinha aqui… Com alguém.
Jim calou-se ao ouvir aquelas palavras. Ficou esperando que ele dissesse algo mais, algo que fizesse sentido, mas não podia negar que a citação a outra pessoa lhe pegou de surpresa.
— É a mesma pessoa que você lembra ao olhar pra mim?
Só então Sasuke virou-se para si. Franziu o rosto levemente ao encará-lo de volta, mirando diretamente os azuis e mais um suspiro lhe escapou antes de confirmar.
Sasuke tinha certeza de que o sentimento que tinha por Jim havia começado apenas com uma simpatia atípica. Havia descoberto que ele era um bom garoto assim que o rapaz decidiu se abrir pra si, mas não esperava que o modo platônico como havia começado aquela relação lhe daria uma rasteira.
Ele conhecia muito bem os sintomas do desejo. Já havia se perdido em olhos celestes e temperamento explosivo uma vez e toda e qualquer divindade sabia o quanto Sasuke jamais esqueceria o homem que transformou a sua vida.
Conheceu Naruto no fim da adolescência e foi com ele que descobriu a si e sobre quase tudo na vida. Perdê-lo foi como perder uma parte de si mesmo e, por vezes, viu-se querendo encontrar o caminho do fim junto a ele. Virar poeira no espaço, como o loiro costumava dizer. Mas em vez disso, continuou o sonho que ambos construíram, vivendo um dia após o outro moldado pela pessoa que nunca deixaria de ser o seu primeiro grande amor.
Não esperava que ninguém mais pudesse surpreendê-lo até Jim atravessar seu caminho. Estava receoso, não negaria. Costumava ir até aquele lugar com Naruto, e sua intenção ao levar Jim ali era testar sua própria sanidade.
Desejava Jim apenas porque em algum momento lembrou-se do antigo namorado?
Se a resposta fosse positiva, então iria pra longe e não deixaria que aqueles pensamentos o atravessassem de novo. Ele era apenas um garoto e, ainda que não fosse, ninguém merecia ser usado como substituto de outra pessoa.
Mas ainda encarava os olhos azuis escuros e o rosto marcado. Os cabelos castanhos um pouco compridos demais – não que ele pudesse julgar – e a expressão tão típica de ninguém mais além de Jim Hawkins.
— Isso te deixa triste? - a pergunta saiu baixinha dos lábios do mais novo.
Sasuke deu um sorriso pequeno.
— Às vezes – tirou uma mecha de cabelo do rosto alheio – Mas não agora.
Sasuke passou o polegar pelo rosto moreno e o sorriso que mantinha estava firme. Jim não parecia com mais ninguém, era ele mesmo e era disso que gostava. Admirava a força daquele garoto, a coragem de se refazer longe de tudo que conhecia, a vontade de se encontrar.
De pertencer, sem deixar de ser quem é e não mudar a essência pela vontade de qualquer um no mundo.
O polegar desenhou os lábios e os olhos azuis pesaram enquanto se aproximavam. A respiração quente se sobrepunha ao vento forte que os abatia, mas não houve nenhum frio quando, ao mesmo tempo, tocaram os lábios. Estavam quentes, num calor gostoso e diferente. Não tinha o sabor do “para sempre” prometido entre dois amantes colegiais, nem a luxúria de um caso de uma noite.
Havia a excitação do momento, real e palpável e a expectativa do amanhã, cheia de promessas mudas.
Havia o paladar experiente de um homem feito e a energia vibrante do rapaz astuto.
Havia mãos prendendo a nuca, puxando levemente os fios de cabelo compridos, acariciando o rosto. Línguas se provando numa descoberta deliciosa e os corpos ficando quentes à medida que as carícias se espalhavam.
A blusa larga de Jim saiu do caminho do pescoço quando os lábios de Sasuke encontraram sua pele naquele ponto e uma trilha de beijos molhados se seguiu até a orelha, onde o Uchiha sussurrou.
— Quer sair daqui?
E o consentimento veio, porque era a única resposta possível.
⁜
O apartamento de Sasuke era pequeno, mas ridiculamente organizado.
Não havia muitos móveis e poucas coisas estavam sobre estes. Jim deu alguns passos trôpegos pelo caminho e voltou a encarar Sasuke. Não sabia muito bem o que fazer agora, já que estavam na casa do Uchiha, mas não queria perder o contato que tinham iniciado.
O mais velho largou as chaves na mesa de centro e deu um meio sorriso ao se sentar sobre o sofá de dois lugares. Jim não esperou que ele o chamasse, apenas se aproximou, sentando ao seu lado. Estava descalço agora, e o piso gelado foi reconfortante. Só não era um alívio maior do que sentir novamente os lábios de Sasuke brincando em sua bochecha e em seguida, encontrando sua boca novamente. Os beijos retornaram devagar, tomando um ritmo mais acelerado à medida que as mãos passavam a explorar o corpo.
Nuca, ombros, braços, costelas, cintura, quadris… Os dedos apertavam com certa força cada parte do corpo do outro enquanto o beijo continuava cada vez mais voraz. Sasuke só queria ficar com ele num lugar não tão público quanto a praia e por isso levou-o para casa. Pelas conversas que tinham, sabia que Jim não teve um namoro sério, envolvendo-se com algumas garotas durante a adolescência, embora nunca tenha estranhado a possibilidade de ficar com outro homem. Mesmo assim, não imaginou que ele estaria tão empolgado ao correr a língua pela sua e roçar o corpo no seu.
— Ei – chamou, em meio a um suspiro – Calma, garoto.
E lá estava novamente, aquela palavra que tirava Jim do sério.
— Eu não sou um garoto – bufou, voltando a sugar os lábios do outro.
Sasuke reconheceu a irritação e não pôde evitar sorrir. O beijo era um tanto agressivo, lascivo, mas Sasuke sabia que ele não tinha experiência alguma naquele quesito.
— Então o que você é? - puxou o lábio inferior do rapaz com os dentes.
— Sou um homem – Jim respondeu, numa mistura de irritação e excitação – Não me trate como criança.
— Fazendo bico assim, você parece um moleque – sorriu de novo, apertando o lábio de Jim com o polegar – Jimbo.
O sussurro quase fez o mais novo gemer. Passou os braços ao redor do pescoço pálido e prendeu os cabelos negros entre os dedos.
— Moleques costumam tocá-lo como faço agora? - perguntou, no mesmo tom baixo.
Sasuke deu de ombros, achando graça em como Jim ficava adorável quando contrariado.
— Então – Hawkins ergueu-se sobre os joelhos e não desgrudou os olhos dos de Sasuke enquanto deixava uma perna sua rodeá-lo até que estivesse sentado em seu colo; o sorriso do mais velho alargou-se – Me torne um homem.
Os globos escuros brilharam ao encarar o rosto decidido de Jim. Negou com a cabeça, incrédulo com aquela atitude, mas envolvido demais pra sequer cogitar negar.
— Você… - Sussurrou, aproximando novamente seus lábios – É impossível.
O beijo recomeçou. As mãos de Sasuke seguraram os quadris com um pouco mais de força e desceram, apertando as coxas. Entreabriu os olhos sem parar o beijo, querendo captar as reações seguintes, quando arrastou a mão até apertar a carne macia das nádegas. Não iria ultrapassar nenhum limite e seria paciente em notar se Jim estava mesmo falando sério sobre dar continuidade aquilo. Mas, ao contrário do que secretamente esperava, não havia sinal de medo. O rapaz soltou um suspiro desejoso ao ser pressionado, expressando nada mais além de uma genuína vontade de continuar.
Era claro que assim seria. Era uma verdade incontestável, repetida quantas vezes fosse preciso: Jim não fugia.
Os dedos subiram, passando por baixo do tecido da camisa até tocar a pele quente e deslizar a peça até que saísse pela cabeça. O corpo era magro, mas não demais porque Jim se exercitava mesmo sem querer e os músculos definidos de seu corpo ainda jovem eram atraentes demais para só observar. As mãos pálidas acariciaram todo o tórax até apertar a cintura os lábios subiram da barriga, seguindo pelo colo até parar no pescoço.
Jim passou a se mover sobre o colo do policial de forma inconsciente. A antecipação de cada toque o fazia entrar em colapso junto ao prazer de já ter o corpo dele tão próximo do seu. Queria mais. Puxou a camisa de Sasuke com pressa e se livraram dela com rapidez. Jim agarrou-se aos ombros do Uchiha quando sentiu-o segurar com força e levantar consigo no colo, as pernas ao redor de sua cintura. Os beijos recomeçaram ainda pelo caminho do quarto e seguiram depois que, repentinamente, Jim foi colocado sobre a cama. O corpo maior, mais forte, mais velho e mais experiente se pondo sobre o seu. Os lábios se separaram novamente, voltando a explorar o corpo enquanto as mãos se livravam das peças de roupas que restavam presas aos corpos. Empecilhos, malditos empecilhos.
Em segundos e os corpos estavam nus. O contato da pele sobre a pele era surpreendente. O toque das intimidades despertas causou um tremor no corpo do mais novo, um arrepio de prazer. Seus olhos se encontraram mais uma vez, perdidos no contato e Sasuke segurou os dois lados do rosto de Jim antes de perguntar.
— Em frente? - queria confirmar.
O polegar novamente acariciou o lábio e Jim sorriu. Ele gostava mesmo de sua boca.
— Até o espaço, se desejar.
E Sasuke se desfez num sorriso carinhoso, não muito comum, mas digno da pessoa que o recebia. Trouxe para perto algo que Jim não conseguiu enxergar, mas entendeu o que era ao sentir o corpo ser tocado como nunca antes. O frio do líquido deixava uma sensação engraçada entre as pernas e segurou-se nos ombros de Sasuke ao sentir um dedo invadí-lo. A sensação da preparação era estranha, mas a novidade o deixou curioso. Queria aquele contato e não demorou até que a estranheza passasse. Estava feliz, tranquilo, animado e os olhos negros o encontraram quando os dedos que o deixavam pronto para Sasuke, saíram de si.
Sasuke o conhecia, sabia ler cada entrelinha sua. E por isso, Jim não tinha medo.
Sentiu-se ser invadido com cuidado e prendeu as pernas ao redor dos quadris brancos. Cada pedaço de Sasuke se acomodava em si de forma fantástica. Seus sentidos se aguçaram, sentia cada toque e olhar, e o aperto em seu corpo e a respiração em seu pescoço… E não havia mais nada além daquelas sensações. Como se estivessem perdidos pelo cosmos, presos naquele momento.
A vida inteira, Jim sentiu-se alheio a quem era, lutando bravamente para não se perder em meio às mentiras sobre si mesmo que tentavam fazê-lo acreditar ser verdade. Se em algum momento cogitaria cegar-se para a realidade, Sasuke surgira como um lembrete de que não podia perder essa guerra.
A vida era feita de momentos e Jim Hawkins sabia disso. Tinha plena consciência de que uma existência, como um todo, era uma sequência de vários pequenos instantes cheios de sentimento. Mas nunca, em toda sua vida, conseguiu se agarrar a algo tão real quanto o que sentia agora.
O corpo movendo-se para dentro e para fora era firme, forte, voraz e extremamente cuidadoso. O modo como agarrava seu corpo e prendia suas vistas era arrebatador. O negro profundo daquele olhar onde se perdia mais uma vez. E ainda desorientado por aquele olhar, sentia os gritos deixando sua garganta e o prazer lhe consumindo cada parte do corpo. Os lábios voltaram aos seus, desesperados, gemendo contra sua boca.
Era real, estavam vivos, nesse momento, agora.
Desfizeram-se quase ao mesmo tempo, num arquejar longo enquanto entrelaçavam os dedos e caíram num silêncio profundo quando suas respirações se acalmaram. Sasuke moveu-se um pouco para o lado, deixando apenas uma perna sobre o corpo alheio e deitou na altura do pescoço de Jim, levando o polegar ao seu lábio novamente.
A sensação de êxtase levou a mente em branco do rapaz a um estado de pensamentos aleatórios divertido. Sentiu vontade de rir, de beijar Sasuke de novo… De visitar a mãe. Sentiu vontade de gritar e abrir os braços na proa de um navio espacial.
— No que está pensando? - Sasuke perguntou, porque a expressão de Jim estava engraçada.
— Que eu ainda tenho muito o que aprender – Beijou o dedo que lhe acariciava.
— Espero ensinar o que eu puder – brincou, sonolento.
Jim sorriu. Estava ansioso para aprender com Sasuke, mas estava feliz por saber que era capaz de tomar o leme e traçar seu curso, porque sabia exatamente quem era.
Um dia, seria apenas poeira estelar, perdida no espaço como parte da história vivida e não necessariamente contada. Mas nesse instante era Jim Hawkins, e esse momento ao qual se agarrava agora era todo seu.
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OLÁ DE NOVOOO
TURU BOM?
HAUHAUHAA Ai gente, olha. Pra todo mundo que chegou até aqui, eu espero de verdade que tenham gostado. Foi bastante diferente e divertido colocar referências de dois universos aqui dentro. Espero que tenham curtido a experiência tanto quanto eu.
UM BEIJO NO KOKORO E JA NEE
Merci pour la lecture!
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