Escrito por: @minizshy
Notas Iniciais: Essa é minha primeira vez escrevendo para o projeto, então vou me apresentar eheh Me chamo Jessy (ele/ela) @minizshy, estou muito feliz por finalmente estar escrevendo essa nota! Serei breve, só gostaria de pedir para vocês comentarem muuuuuito, pois eu amo ler comentários, pra mim é a parte mais divertida depois de escrever! Se quiserem interagir comigo usem #morangocomel no Twitter, tag que criei para comentar sobre essa querida.
Espero que gostem e tratem meus YoonMin com carinho ao longo da fanfic
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Um mês havia se passado desde o início das aulas de seu último ano quando Min Yoongi completou dezoito anos de idade. Já se encontrava com a sensação de reta final, logo estaria livre da obrigação de ser um estudante comum.
Tinha passado a madrugada acordado trabalhando em cima de seus desenhos digitais, adormeceu com o notebook e sua mesa digitalizadora ao lado sob o colchão, disposta de qualquer forma que ele estivesse posicionado, nada ergonômico.
Trabalhava melhor durante a noite, quando sua criatividade aflorava, então aquela situação se repetia com frequência.
Enquanto seus colegas de sala pensavam no vestibular, que teriam como opção ao terminar aquele último ano do Ensino Médio, guiados a uma profissão tradicional, Yoongi visualizava perfeitamente seu desenvolvimento como artista lhe rendendo um tipo de carreira promissora.
Assim, como já atuava na criação de fanarts, artes digitais, etc, ele decidiu começar a criar uma webcomic, um tipo de história em quadrinhos digital, totalmente autoral e mais desafiadora.
Apesar de desenhar desde os seus nove anos de idade e no momento possuir uma conta popular com sua arte na internet, estava enfrentando uma dificuldade que — antes de se propor a criar um roteiro de fato com uma história que os seus personagens autorais precisavam seguir — nunca enfrentou antes, com suas fanarts e algumas artes comissionadas.
A dificuldade de visualizar as cenas que havia escrito em sua cabeça de fato aconteceu, e isso estava travando o desenvolvimento da história, deixando o Min perdido entre dezenas de rascunhos inacabados.
Mesmo encontrando referências excelentes em bancos de imagens e praticado exaustivamente a anatomia dos seus personagens, não conseguia acertar na fluidez que precisava alcançar. Era como se os diálogos se tornassem robóticos ao serem incluídos em seus desenhos, ou então os personagens ficavam muito engessados durante as cenas.
Estava quebrando a cabeça com esse novo projeto ambicioso.
Com o pouco de sono que teve naquela manhã sendo interrompido pelo despertador, levantou-se na pressa de sempre para se arrumar e correr até o colégio.
O rapaz frequentava uma ótima escola de período integral, com atividades diversas na parte da tarde, as quais eram, em sua maioria, opcionais, se um professor não determinasse algo previamente relacionado às aulas.
Ele levava poucos minutos a pé para chegar ao prédio, naquele dia especificamente, estava pensando em sua cama desde que saiu dela.
Jogando para trás o seu cabelo preto, que insistia em cair nos seus olhos, e ajeitando a gola da camisa do seu uniforme verde e branco antes de entrar pelo portão, Yoongi foi para mais um dia tedioso naquele ambiente.
Na sala de aula, ele havia se encaixado em uma turminha de mais três pessoas: Hoba — o apelido de Roberta —, a garota ruiva que se sentava atrás dele e com quem costumava ser mais comunicativo; Taehyung, geralmente o mais falante dos meninos na sala; e Jungkook, que era mais tímido que os outros dois. Sentavam-se próximos e andavam juntos no intervalo.
Ainda que o Min não compartilhasse muito de sua vida pessoal com eles, escutava-os bastante, entre fofocas e atualizações que passavam como um borrão naquela manhã. Apesar da ausência de um dos amigos, Jungkook — que ligou para a escola avisando que havia testado positivo para covid e estaria de atestado por um tempo —, Roberta e Taehyung falavam pelos cotovelos. Deu graças a Deus quando o professor chegou, assim eles paravam de tagarelar, e recebeu uma última cutucada de Hoba.
Ela se inclinou para cochichar enquanto o professor fazia a chamada, sussurrando entre risinhos que ele estava parecendo um zumbi naquela manhã.
O Min não retrucou. Apesar de mal conseguir ficar acordado na cadeira, sustentando olheiras escuras, pensou como somente ela poderia reparar tanto em sua aura sombria, pois seu estado geral era o de sempre: com o uniforme completo, que nem todos os alunos usavam com frequência, ele era magro e gostava de como sua camisa e o suéter pareciam um pouco maiores do que deveriam para seu corpo, que exalava o cheiro doce de seu sabonete de morango favorito.
Entre aulas, brincadeiras e atividades, diversas vezes checava seu smartphone para conferir as interações da sua última publicação no seu perfil de artes online. Essa que se tratava de um recorte em seu perfil público de uma fanart completa que ele havia disponibilido apenas para quem assinava seu perfil pago, pois a plataforma permitia esse tipo de serviço.
Sendo um desenho explícito de dois personagens masculinos de uma webcomic boys love — histórias centradas em relacionamentos homoafetivos, conhecidas como BL —, o garoto tomava cuidado para ninguém notar o que fazia, olhando para os lados enquanto abria os comentários.
Aquele tipo de arte era relativamente recente na rotina do Min, que há alguns meses não se atrevia a incluir cenas explícitas em seus desenhos, com medo da reação de seus seguidores sobre isso e pelo fato de que todos sabiam que ele ainda era um estudante do Ensino Médio.
Mas, convenhamos, a fase da adolescência é regada pela curiosidade, e, ao estudar e treinar tanto a anatomia, Yoongi não conteve sua gana por explorar o que tanto queria de fato ilustrar, algo que já consumia há um bom tempo, começando a postar assim que completou a maioridade no início do ano.
Enquanto recebia curtidas e comentários, respondia com carinho quem compartilhava sua publicação, sorrindo a cada elogio deixado por seus seguidores.
O artista sempre se sentia popular nesses momentos de interação, com o incentivo de quem gostava de seus desenhos, ele queria sempre aprimorar suas habilidades.
Às vezes, Yoongi se sentia como duas pessoas diferentes: enquanto online, ele soltava sua essência criativa, expressava seus gostos e era reconhecido por isso. Já com os pais — que raramente passavam algum tempo com ele — e com os colegas de sala, geralmente não era sincero sobre si mesmo.
Era difícil para ele se sentir confortável com as pessoas com quem convivia no mundo real, simplesmente não sabia como deveria agir perto delas, optando pelo que parecia ser mais agradável para mantê-las em sua vida.
Além disso, nunca conseguiu explicar para os seus pais exatamente como estava ganhando um pouco de dinheiro vendendo desenhos, nem havia contado aos colegas sobre essa sua persona artística, que gostava muito de boys love em especial. Não se abriu nem mesmo para Hoba, que não aparentava ser do tipo que zoaria com ele por seus gostos ou sairia contando para todo mundo, afinal, os dois guardavam um segredo muito pessoal.
Mas o Min simplesmente não arriscava, era confortável se encaixar e parecer com alguém mediano, no sentido mais literal do termo.
Ele buscava essa percepção das pessoas, nunca de mais, nunca de menos, apenas estar ali e não sozinho.
Assim, fazia questão de permanecer escondendo algumas coisas; do contrário, era provável sofrer com seu jeito e gostos reais, sendo quem realmente era somente quando estava sozinho. Ele apenas seguia sendo visto como um adolescente completamente comum.
Não insistiu naquela reflexão sobre a disparidade em sua personalidade, guardando seu telefone após uma última curtida num comentário, Yoongi ergueu o olhar para o professor na frente da turma explicando algo que ele já nem sabia mais o que era.
Voltando a matutar sobre seu problema com a comic, acabou por concluir entre seus parafusos que precisava de ajuda, mesmo que comprometesse sua persona particular, pois ele estava ficando louco. Precisava encontrar alguém que desse vida a algumas das cenas que ele queria em sua obra, pois assim conseguiria entender como desenhar os personagens interagindo.
Só de pensar em revelar sua identidade virtual sentia dor de estômago.
Com o início da última aula que teria no período da manhã, ainda fritando com aquela questão, ele quase não escutou o professor enquanto este explicava um trabalho complexo de Geografia aos alunos.
Deu por si quando seus colegas, com quem ele geralmente fazia projetos em grupo, juntaram-se ao redor de sua mesa e puxaram suas cadeiras para conversarem sobre o tema. Yoongi apenas concordava com o que eles diziam desinteressadamente.
Como tinha uma vaga sobrando em seu grupinho naquele dia, o professor chamou a atenção dos meninos ao se aproximar com um dos estudantes da sala, que aceitou preencher o lugar disponível, padronizando a quantidade de alunos em cada grupo.
O estudante que vinha no encalço do homem estava encabulado, passou pelo professor e se juntou ao trio. Recebeu uma análise de todos na mesa, o que fez corar ainda mais seu rosto e orelhas e ele começar a fitar o chão.
Park Jimin puxou uma cadeira e cumprimentou seus novos parceiros de trabalho. Esse era o nome do menino que sentava na primeira fileira ao lado do representante de sala, Namjoon, aparentemente o único com quem ele conversava naquela sala.
Yoongi mal conseguia lembrar da presença daquele aluno desde o começo das aulas, imaginou ter trocado algumas palavras com ele em algum momento, mas nunca se atentando tanto até agora, forçado a olhá-lo de perto.
Seu cabelo castanho-claro, quase cor de mel, chamava a atenção por ser diferente entre os meninos da sala, todos de cabelos escuros. Ele tinha bochechas salientes, que, ao assumirem um tom avermelhado, ressaltaram a presença de algumas sardas.
Com isso, seus amigos pareciam fazer o mesmo que o Min naquele momento, todos absorvendo a aparência bonita de Jimin.
Esse foi o adjetivo que veio na cabeça de Yoongi quando percebeu que estava encarando seus lábios cheios e o contorno do seu maxilar, concluindo que aquele garoto, com alguns traços coreanos pela descendência, assim como o Min possuía, seria notado mais vezes pelos estudantes se sentasse em alguma cadeira mais ao fundo da sala e falasse um pouco mais alto.
Depois que todos se entreolharam, incluíram Jimin em suas ideias para o trabalho.
Debatiam avidamente ao lado do Min, já que fora o sonolento, estavam todos animados com o trabalho que veio como substituto de uma prova. Eles provavelmente levariam notas baixas a rodo, caso ela fosse aplicada.
Yoongi estava começando a se sentir levemente enjoado, provavelmente por estar sem dormir e recebendo muitos estímulos auditivos e visuais enquanto olhava de um lado para o outro naquele momento. Ele se amaldiçoou por ser tão negligente com seu sono.
Para não cair da cadeira com a tontura, focou a vista na mesa ao lado, onde Jimin havia colocado sua mochila enquanto se sentava na frente dele.
O Min escutou a voz de Hoba como um eco ao longe, mesmo estando bem ao seu lado, quando a garota sugeriu para alguém anotar os pontos que iriam precisar pesquisar em casa para trazerem na próxima aula.
Naquele momento, quando Jimin puxou sua mochila de cima da mesa para o seu colo e procurou por um caderninho de notas, seu celular tomou o lugar onde a bolsa estava, largado sobre a mesa com a tela ligada.
Instantaneamente, foi como se o corpo de Yoongi voltasse a registrar seus sentidos. Raciocinou brevemente até que arregalasse os olhos incrédulos na direção do aparelho móvel do colega, este que não percebeu a atenção do Min por estar escrevendo algo.
Yoongi paralisou ali, enquanto olhava boquiaberto para o rapaz alheio a sua situação. Era possível? Aquele garoto tinha deixado a tela de seu celular acesa simplesmente expondo o último post de Yoongi. O mesmo que ele escondia de todos os amigos momentos atrás.
Estava bem ali na mesa.
Jimin não parecia nem um pouco preocupado se o que estava em seu celular fosse notado pelos colegas da sala: um personagem sentado sobre o colo do outro, que beijava seu pescoço, enquanto o primeiro gemia.
Ninguém pareceu notar como Yoongi ficou repentinamente interessado no trabalho, arrumando sua postura e prestando atenção no que Jimin anotava e sugeria na roda dos amigos, mesmo que seu mal-estar ainda estivesse ali, em um escanteio emocional.
O Min seguiu resgatando da tela o que conseguia: a arroba do garoto, o fato de que ele tinha curtido e deixado um comentário no post, e como esse mesmo comentário já tinha sido respondido pelo próprio Yoongi durante aquela aula.
Quando o sinal tocou avisando que era hora do almoço, ele foi o primeiro a pegar suas coisas e sair da sala, sem dizer nada.
Yoongi correu ao banheiro, jogando água em seu rosto para acordar o bastante e concluir que havia encontrado a pessoa ideal para ajudá-lo.
Foi direto para casa, ignorando as atividades da tarde, para descansar.
Estava secando o cabelo com uma toalha de banho, logo se estirando já em sua cama, exausto e pronto para dormir pelo resto do dia, mas sua mente não desligava, repetindo o que viu em sala e se perguntando como poderia ter tanta sorte.
Ou seria azar?
Ele não conseguia pensar numa forma de envolver Jimin que não comprometesse todo o seu segredo. Mas era preciso, afinal, ele estava desesperado.
Puxou seu celular para procurar pela arroba do perfil de Jimin e, quando encontrou, lá estava o garoto com cabelos cor de mel. Começou a buscar relações com sua página de artes e, sem dificuldade, recuperou suas interações.
Jimin o seguia, interagia na maioria dos seus posts, mas não era assinante da função de acesso pago, então não acessava os desenhos explícitos.
Yoongi suspirou e se virou no colchão, alcançando um travesseiro para abraçar, e seguiu vasculhando pelo perfil do colega, encontrando informações que não tinha certeza se deveria estar ciente.
O Park possuía aquela conta para acompanhar artistas, webcomics e outras histórias LGBTQIA+. Sua bio informava aos seguidores que ele era “homossexual, leitor assíduo e cuidador de plantinhas”. O Min se viu realmente surpreso, ele duvidaria estar no perfil certo se não fosse a foto e o nome do colega de sala bem ali.
Rolou a barra lateral da página para ver os últimos posts de Jimin, encontrando algumas fotos de plantas, surtos por alguma história que estava lendo e pensamentos aleatórios, a maioria respondidos por uma mesma arroba chamada QueerJinnie. Parou de rolar quando encontrou uma foto do colega de classe.
Com uma moldura estilo Polaroid, a imagem mostrava o corpo de Jimin até a altura da clavícula, aparentemente sem camisa. Ele estava usando alguns colares dourados com pingentes adoráveis, uma florzinha e uma lua, e Yoongi não sabia o que era aquilo que estava sentindo e fazendo-o corar, mas fechou o aplicativo, condenando-se por ter visto demais.
No dia seguinte, quando o sinal do meio-dia tocou, Yoongi se despediu de Taehyung e Hoba e seguiu pelo corredor da escola a caminho da porta de saída do prédio.
Naquele momento, Jimin passava pela porta da biblioteca carregando um livro roxo e ajustando sua bolsa no ombro para carregá-la melhor.
Yoongi chegou perto o bastante para notar que eles tinham a mesma altura, mas Jimin era claramente o mais forte dos dois. Percebeu que a calça do uniforme marcava suas pernas grossas e também notou que o garoto havia passado algo nos lábios, provavelmente um hidratante com cor.
Ele acabou ruborizando ao se lembrar de tudo o que descobrira sobre o rapaz na noite anterior.
Jimin reparou sua presença quando começaram a caminhar lado a lado para a mesma direção, cumprimentando-o com um aceno de cabeça e um sorriso tímido.
Yoongi pensou que aquela seria a melhor chance de falar com ele, atravessando a saída do local, fora da escola não sentiria tanto medo de tocar no assunto, certo?
— Uh… — Limpou a garganta, tomando coragem. — Park Jimin, já vai para casa?
O contato surpreendeu Jimin, que diminuiu o tamanho dos passos para conseguir voltar sua atenção a Yoongi e respondê-lo apropriadamente.
— Não costumo ficar aqui à tarde… Yoongi, certo? — O Min estava com dificuldades para lembrar como falar quando fixou o olhar no sorriso gentil que recebeu com a resposta do garoto. Park Jimin exalava uma gentileza natural, e ele apenas confirmou que aquele era seu nome acenando com a cabeça.
— Então, você tem um tempo? Eu queria conversar com você uma… coisa. — Atravessando a saída, Jimin o olhou confuso, mas curioso para saber do que se tratava, era a primeira vez que eles trocavam palavras diretamente sozinhos e ninguém estava lá muito confortável naquele momento.
— Eu não posso demorar — acrescentou. — Tenho que ajudar meu pai na floricultura. — Pegou seu celular para checar as horas.
Yoongi não queria causar problemas, mas seu desespero pela conveniência de encontrar Jimin na saída e por estarem, tecnicamente, andando juntos para casa falou mais alto.
— Posso acompanhar você até lá? Eu não preciso ir para casa agora.
— Pode… Você está me deixando curioso.
Yoongi começou a tomar ar, precisava explicar sua situação e pedir para Jimin salvar sua vida.
Enquanto seguiam pela calçada, apesar do clima estar realmente agradável, com o sol equilibrando o calor e a brisa refrescante da tarde, sua mão começou a suar. Antes que desse voz ao seu tormento, secou a palma esfregando em sua calça, sob o olhar atento do garoto de madeixas ainda mais âmbares na iluminação direta do lado de fora.
— Eu sou o arroba miniYoon, que posta desenhos digitais BL, e eu descobri que você acompanha minha página de artes.
Jimin não parecia tão chocado, ainda que tivesse aberto a boca sem concluir nenhum pensamento imediatamente; ele não parecia assustado ou algo do tipo por ter sua identidade virtual revelada, ou por Yoongi estar assumindo a dele próprio.
— Acabei vendo no seu celular quando nos juntamos para o trabalho de Geografia, desculpe se ultrapassei algum limite, eu encontrei seu arroba depois disso.
— Está tudo bem, você não fez nada errado, Yoongi. — Sorriu largo, fazendo seus olhos sumirem. — Na verdade, isso é incrível, estou conhecendo um dos meus artistas favoritos e estou surpreso pela coincidência.
Impressionado, Jimin contou como o acompanhava há quase um ano, que gostava de seu traço e estava feliz em conhecê-lo, sem perder o brilho no olhar a cada palavra, carregando a verdade com ele.
O Min tinha parado de andar, sem acreditar que estava tendo uma reação daquelas para algo que pensava ser seu pior pesadelo, quando estava se expondo como nunca fez antes. Jimin não tinha problemas em revelar seus gostos ou sua sexualidade? Aparentemente não.
— Obrigado. — Yoongi estava corando fortemente a cada elogio e seu peito se encheu de gratidão, nunca ouviu nada do tipo da boca de alguém, não sabia o que dizer.
Jimin tirou a mochila do ombro, colocando-a no chão, apoiada em sua perna, pois se empolgaram demais conversando para caminhar e acabaram parando na sombra de uma árvore na calçada, um de frente para o outro.
— Então, eu queria que soubesse sobre mim… Na verdade, você é o único que conhece minha identidade online, por isso preciso de ajuda.
O Park franziu a testa, acenando para o Min continuar, enquanto parecia compreender todas suas frustrações.
— No começo do ano, eu decidi criar uma webcomic cem por cento autoral. Mas não deu muito certo até agora…
— Isso é incrível! Parece um grande processo. No que está com dificuldades?
— Então, mesmo que todo o roteiro esteja praticamente escrito, não consigo juntar as falas aos meus rascunhos, e tenho perdido muito tempo tentando desenhar algo decente.
— Como assim, hyung?
Jimin não pareceu notar como soltou espontaneamente o vocativo, prestando atenção em Yoongi para entender seu problema, mas o Min reparou e precisou piscar várias vezes rápido para voltar ao foco.
— Toda vez que eu desenho uma cena, quando vou incluir as falas, parecem coisas totalmente diferentes.
Com o tom de voz chateado que usou, Jimin concluiu que aquilo estava o afetando muito há bastante tempo, que o Min precisava falar ou explodiria.
— Já quando tento o oposto, quando penso em uma cena e desenho antes de formular uma fala, os diálogos parecem não se encaixar ao momento. Eu tentei dos dois jeitos várias vezes. Não fica bom, Jimin. Eu não consegui fazer dar certo.
— Sinto muito que esteja com esse problema. Mas o que eu posso fazer por você? Eu não sei desenhar nem uma casinha de palitos. — Riu, ainda que estivesse preocupado com o rumo daquela conversa.
— Eu pensei… assim, foi algo que me ocorreu antes de saber que você me conhecia. Pensei que se encontrasse alguém que atuasse comigo, que desse mais vida às cenas do que a minha cabeça consegue formar sozinha, poderia pensar nessas “atuações reais". — Pontuou com os dedos no ar. — Enquanto desenho, colocaria a fala que mais se aproximasse do que realmente aconteceria no mundo real, para não parecerem robôs conversando.
Os olhos do Park seguiram as mãos agitadas do colega ansioso por sua resposta. Ele sentia uma admiração pelo artista que tirava o seu fôlego com desenhos de seus personagens amados em interações românticas, mas Yoongi era, até então, apenas mais um colega de sala que nunca interagiu com o “aluno estranho que não socializa".
Mordeu o lábio inferior, ponderando. Ele estava feliz tendo uma conversa normal com alguém além de seu único amigo, Namjoon, que o acolhia desde o seu primeiro ano no Ensino Médio, e seu amigo virtual, Seokjin, que o ajudou a aceitar sua sexualidade, ainda que nunca tivessem tido a oportunidade de se verem pessoalmente.
Observando Yoongi, ele não via sinais falsos de que o Min pudesse ter intenções ruins falando com ele, pelo contrário, começou a perceber detalhes adoráveis no garoto. Com o seu nariz redondinho e olhos felinos, ele parecia um gatinho abandonado à sua frente. Achava difícil negar um pedido direto daquele artista para ajudar em seu primeiro trabalho autoral.
Mas como um lembrete do Universo, o celular vibrou no bolso, fazendo Jimin checar a mensagem de seu pai, enquanto o Min fitava os próprios pés, aguardando.
O senhor Park estava preocupado pela demora do filho, que não costumava se atrasar sem mandar algum sinal de vida.
Foi quando Jimin ligou os pontos e entendeu que, se fosse ajudar Yoongi da forma que ele sugeriu, atuando, não poderia fazer isso na escola.
O Min tinha deixado claro que ele estava confiando sua identidade apenas a ele naquele momento, mas não teria tempo para fazer isso durante a tarde, trabalhando na floricultura.
— Yoongi, eu sinto muito, mas não sei se teria tempo de atuar com você depois das aulas, já que trabalho nesse horário e aos finais de semana preciso lidar com as tarefas e visitar meus avós.
O moreno murchou ainda mais com sua fala, estava triste por ter sua única salvação escapando pelos dedos, mas também se sentia chateado por não poder mais ver Jimin fora da escola. Porém, um sentimento que não entendia surgiu naquela hora e o fez falar as próximas palavras sem conseguir olhá-lo no rosto.
— Sabe, eu não tenho realmente nada para fazer quando estou fora do colégio. Exceto desenhar, mas faço isso mais durante a madrugada.
— Você não dorme, garoto? — Jimin provocou, tentando fazê-lo perder um pouco do bico que sustentava, mas sem sucesso. — Eu preciso ir agora, Yoongi. Mas sabe, se você não vai fazer nada agora, quer me ajudar?
— Está me alugando como funcionário de graça, Park? — Suas emoções suavizaram, talvez pudesse passar a tarde com alguém além de seus pensamentos barulhentos. Jimin sorriu vitorioso por quebrar um pouco da sua tristeza.
— Se você me ajudar a acabar minhas tarefas mais rápido, podemos começar a ensaiar depois disso — sugeriu, amando o sorriso gengival que ganhou de volta. — Podemos fazer isso até a hora do jantar, se estiver de acordo.
— Então, nós temos um acordo, Jimin?
— Já adianto, eu nunca atuei na vida. Se vamos fazer isso, eu posso não ser de grande ajuda para você.
— Tenho certeza que vai ser. Você é minha última esperança, Jimin.
O garoto riu e colocou a mochila novamente nas costas, andando em direção à floricultura com o colega de sala, já mais animado, ao seu lado.
— Você é meio dramático, Yoongi-ah. Isso é bom, pelo menos vai ser um bom parceiro de atuação.
— Espero que você também.
Eles caminharam juntos, enquanto o Min explicava sua webcomic em linhas gerais, esquecendo de prestar atenção no trajeto.
— Então, como é a primeira vez, decidi não ir longe da minha zona de conforto, por isso a história vai acontecer durante o Ensino Médio, que é o período que estamos vivendo, é mais fácil de imaginar. — Jimin revezava entre olhar para o amigo e conferir por onde pisavam, para não tropeçarem.
— Os personagens principais são Jaehyun, um garoto rebelde que não se interessa em seguir regras, e Minho, representante de sala, estudioso e respeitado. Eles se conhecem desde o jardim de infância, a época em que viraram inimigos, porque Jaehyun costumava sofrer bullying e Minho, ainda que não participasse, fingia não ver o que acontecia, ignorando como os colegas eram maus com ele para continuar andando em grupo, enquanto Hyun ficava sozinho.
Os detalhes surpreenderam Jimin, que sentiu o coração apertar um pouco por, até certo ponto, se identificar com Jaehyun. O garoto sofreu com o mesmo empecilho durante todos os anos no colégio, ainda que a personalidade estudiosa de Minho se aplicasse melhor a ele do que a de alguém rebelde.
— Mas, anos depois, no Ensino Médio, não lembram exatamente como o ódio começou, só que sentiram tudo de volta com o reencontro. Durante a comic, vou mostrar como eles se aproximam e, obviamente, no final vão ser felizes juntos.
— Uau, hyung… Eu gostaria de ler essa história, você tem toda a minha atenção. Com personagens tão diferentes assim, vão ter confusões hilárias, imagino.
— Haha, talvez, um pouquinho. — Yoongi continuava encabulado com os elogios e o entusiasmo de Jimin, que fazia seus olhos brilharem para ele. Ainda que fosse por gostar de sua comic, o que mais estava afetando-o era que estavam brilhando em sua direção, e ele não conseguia sustentar o olhar do garoto bonito.
Tinham passado por poucos quarteirões quando chegaram à frente de um sobrado com um toldo listrado em amarelo e branco, perseguido por uma longa jiboia — uma planta, que começava a escalar as janelas do segundo andar. A pequena fachada era composta por inúmeros vasos de flores, as quais o Min não sabia nomear, mas achava bonitas, chamavam a atenção.
Um letreiro sutil estampava na porta de vidro o nome Smeraldo Flower.
Na calçada da floricultura, ele avistou um gato cinza deitado, que era grande, mesmo para um gato adulto.
O felino levantou quando se aproximaram e foi até Jimin, miando até que o garoto se abaixasse para deixar um afago atrás de sua orelha, assim voltando a se estirar ali no caminho como um tapete com patas.
— Ei. — Jimin ergueu a sobrancelha, dirigindo-se ao bichano. — Não vai cumprimentar a visita? Diz “oi” para o Yoongi, Arroz-Doce.
— Arroz-Doce? — Esse era um nome peculiar, na visão do Min.
— É, o gato do meu pai. Disse que um dia estava tomando café quando ele entrou na floricultura como se o lugar fosse dele, subiu na mesa e começou a lamber a tigela de arroz-doce que tinha acabado de servir, então o nome ficou e o gato também.
Nenhuma reação do animal foi percebida, Yoongi achou que o gato tinha dormido enquanto ignorava o amigo.
— Ele é um chato, só obedece meu pai quando ganha sachê.
Caminharam juntos para dentro da loja, desviando de alguns clientes que procuravam entre as plantas alguma em específico, logo avistando quem deveria ser o dono, o pai de Jimin, atrás do balcão falando ao celular.
O senhor Park não era muito mais alto que eles. Com bochechas tão salientes quanto as do filho, parecia aliviado quando encerrou sua ligação e viu os meninos.
— Oi, papai. Desculpa pelo atraso.
— Tudo bem, Ji, mas me mande mensagem se for demorar, achei que tinha acontecido algo.
— Estou bem, papai. Ah... — Levou a mão pequenina para o antebraço de Yoongi, fazendo o rapaz se aproximar. — Esse é Min Yoongi, somos colegas de sala.
O homem parecia surpreso que Jimin havia levado um amigo. Yoongi limpou a garganta e o cumprimentou com educação.
— Ele pode me ajudar a acabar aqui? — referiu-se às tarefas na loja. — Prometi ajudá-lo com uma atividade depois.
Jimin não entrou em detalhes para não expor o amigo e tão logo estava guiando o Min entre as inúmeras plantas e prateleiras, já que a loja em si se assemelhava a uma estufa com vida até o teto, cercando uma área com quatro mesas circulares distribuídas. O garoto informou que o pai servia café aos clientes, apontando para o balcão onde o Park mais velho havia se virado de costas para preparar algum tipo de bebida.
— Então, é uma floricultura e cafeteria? — Jimin acenou, confirmando. — E o que precisa que eu faça?
Eles deixaram as mochilas atrás do balcão, puxaram as mangas compridas dos uniformes para evitar que sujassem de terra e então Jimin levou o garoto para trás das prateleiras, mostrando quais plantas precisava regar e entregando um pequeno regador e um paninho úmido para o Min passar quando removesse cada vaso e devolvesse ao lugar.
Assim, Jimin seguiu para o balcão, colocou um pequeno avental de pernas e levou café e alguns doces para as moças que conversavam na mesinha à frente.
A tarde passou rápido para Yoongi, já que estando ocupado com trabalhos manuais, ele não sentia o tempo da mesma forma quando ficava pensando demais ou vidrado no celular.
O ar entre as plantas parecia melhor de ser respirado, tranquilizando os clientes e o garoto que nunca tinha estado tão cercado por vegetação antes.
Quando deram cinco horas, o senhor Park chamou os dois para tomarem um suco de laranja, depois liberou o filho para sair uma hora mais cedo, informando que poderia fechar sozinho sem problemas.
Jimin tirou apenas sua carteira, chaves e o celular da mochila para ir com o Min até a casa dele, onde tentariam colocar em prática a atuação.
— Não tem problema mesmo, Yoongi-ah? Eu não quero incomodar.
— Relaxa, Park. Meus pais nem estão em casa, eles só chegam lá pelas dez horas da noite.
Quando chegaram à casa do Min, já estava começando a escurecer. As arandelas decorativas no muro ativaram com o sensor de luminosidade, dando à construção o aspecto luxuoso que exibia um pé direito — que seria a altura do chão ao teto da casa — três vezes mais alto do que tinham as residências simples ao redor.
O Park seguiu o amigo em silêncio, subindo as escadas para o quarto do Min. Diferente do resto do interior luxuoso, quando Jimin entrou no quarto do amigo não sentiu mais a atmosfera opressora, notando o cômodo estreito comparado aos outros.
Yoongi tinha uma cama grande de casal encostada na parede com uma ampla janela, dando vista ao bairro e à cidade mais baixa ao longe. Tinha uma mesa para o notebook e o que parecia ser uma mesa digitalizadora para desenhar, assim como uma televisão e videogames, tudo com uma paleta de cores discreta, com tons neutros predominantes.
Também tinha um frigobar à disposição, como o quarto de alguém que passava muito tempo lá dentro.
— Fica à vontade. — O moreno jogou a mochila em um canto e tirou o suéter, estava suando depois de andar até ali por um caminho íngreme. — Você quer comer alguma coisa antes de começar? — Yoongi nunca levava os colegas da escola para casa, seu quarto era como sua caverna secreta, então ter Jimin analisando o seu cantinho o deixava nervoso, mas não incomodado como imaginava que seria com alguma outra pessoa ali.
— Estou bem, Yoongi-ah, tomamos suco com bolacha agora há pouco.
Yoongi concordou. O silêncio fez presença já que nenhum dos dois sabia exatamente como começar.
Jimin andou até a mesa do Min, observando o modo de espera da tela do notebook com várias bolhas coloridas subindo.
— Vamos escolher uma cena? Ou você prefere me mostrar tudo primeiro?
— Vamos… — Era frustrante para ele mostrar um trabalho inacabado a alguém que conhecia e gostava de seus desenhos prontos, mas havia chamado Jimin justamente para ajudar, então o que poderia fazer? — Vou te mostrar a primeira cena da comic. — Sentou à mesa, desbloqueando o notebook, com Jimin em suas costas para ver o que precisava.
Localizando os arquivos de seus rascunhos e o documento do Word com o roteiro, deixou que o garoto lesse primeiro, então explicou seus desenhos inacabados e a forma como tinha imaginado o começo de sua história.
Quando começaram a atuar, Jimin assumiu o papel de Jaehyun, receoso de não conseguir encarnar sua personalidade, mas, como o Min explicou, ele precisava aprender como Hyun agiria, assim como, ao ficar com o papel de Minho, entenderia as falas com mais realismo.
A cena era relativamente simples, Jaehyun havia acabado de se mudar para um colégio só de garotos, onde Minho estudava, sendo encarregado de guiar o novato para mostrar o prédio.
Ambos se encontraram e se reconheceram no corredor, com o ódio que nutriam na infância retornando imediatamente, estranhando-se durante o tour pelo local. As implicâncias ganharam um tom de flerte, ao Minho deixar escapar a informação de que estava com pressa para encontrar o namorado depois dali.
Respirando fundo, Jimin entrou no quarto, tentando parecer confiante em seu papel.
O Min sentiu vontade de rir e sair correndo, mas, como a ideia furada fora toda dele, forçou uma cara de choque, como imaginava que o seu personagem deveria ter ao avistar o rival de infância depois de tanto tempo.
Ambos consultavam seus celulares para ler as falas, estavam travados no início, mas, como o roteiro era interessante, conseguiram focar na situação.
Eles repetiram algumas vezes antes de entrarem na parte mais importante da cena, quando a informação principal vinha à tona.
— Você está enrolando, não tem nada demais nesse lado da escola, os banheiros são todos iguais, como eu já te disse quando entramos lá atrás.
Jimin acabou sorrindo um pouco com a maneira revoltada que Yoongi repetia as falas do personagem, mesmo que fosse pela cena. Era fofo aos seus olhos como o amigo parecia com o Arroz-Doce: quando o gato não ganhava sachê, depois de derrubar algum vaso de planta no chão, ele fazia aquela mesma expressão.
— Você que se voluntariou para me guiar. Não me culpe por pedir que faça o seu trabalho direito, representante. — Deu ênfase ao se dirigir a sua função, para ressaltar como o personagem desprezava o jeito superior do outro.
— Você é ridículo, eu não posso ficar aqui o dia inteiro, tenho que encontrar meu namorado em vinte minutos.
Com a informação principal em jogo, o tal encontro, Jimin se concentrou ainda mais para parecer debochado.
— Seu namorado? Então Minho, o nerd que anda por aí com gravata e sapatos brilhantes, cai de boca em garotos? E não só na boca em si… — Sorriu, cínico. — Por essa eu definitivamente não esperava, você faz algo de bom com a sua boca no fim das contas, além de mandar nas pessoas.
A frase estava correta, era parte do roteiro, mas Jimin conseguiu olhar para o mais velho com uma cara tão ousada, uma expressão que jamais imaginou estampada na cara de alguém tão gentil e inocente como Park Jimin, que Yoongi acabou corando e desviando o olhar, fugindo da incorporação do personagem por um momento.
— Yoongi, você tá bem? Eu errei essa parte? — Puxou o celular para conferir, mas, antes que pudesse, o Min negou várias vezes com a cabeça, tentando se recompor e continuar de onde pararam.
Jimin observou o Min se concentrando e sua preocupação sumiu quando voltou a falar.
— Pelo contrário, Jaehyun. — Sorriu da forma mais venenosa que pôde. — É a boca do meu namorado que se encarrega de tomar o meu corpo. E é isso que eu deveria estar fazendo agora, não aturando você, então vamos pra sala de música antes que eu te largue sozinho com o pau na mão.
Algumas implicâncias maliciosas depois e a cena estava feita. Tentaram mais duas vezes sem Yoongi errar as incorporações, decidindo encerrar por ora.
O artista estava cansado, mas aliviado por ter dado certo. Sua mente estava fritando, sabia exatamente como desenhar Jimin — no caso, Jaehyun — depois de ver o amigo no personagem, assim como se colocar na pele de Minho o ajudou a soltar as frases de um jeito muito mais natural.
Ele queria começar a desenhar, então se despediu do amigo, que disse não ter dificuldades para voltar para a floricultura dali. Agradeceu mais uma vez pelo que Jimin estava fazendo por ele.
— Quer continuar amanhã?
— Sim, eu volto com você depois da aula.
Já eram oito da noite, Yoongi estava com fome. Começou a se despedir do amigo, que ia correr para jantar com o pai antes que ficasse tão tarde.
— Não tem problema mesmo em me ajudar na floricultura? Eu sugeri isso hoje, mas se você ficou muito cansado…
— Não tem problema nenhum, Jimin-ah. — Sorriu, havia gostado do lugar e se sentira bem, diferente dos dias que passava enfiado no quarto, dormindo para não pensar em nada. — Vamos continuar nos ajudando, okay?
— Okay, Yoongi-hyung. — Despediu-se, tão realizado pelo dia quanto o seu novo amigo, ansioso para vê-lo no dia seguinte. — Então, até.
Yoongi descascava o lábio inferior com os dentes, puxando uma pelinha já solta, enquanto olhava os cabelos castanhos do garoto que descia a rua. Os fios refletiam a iluminação amarela dos postes como um favo de mel.
Quando começou a desenhar a cena para valer naquela noite, enquanto detalhava os personagens, não conseguia pensar num rosto diferente do de Park Jimin, principalmente ao repassar as expressões de quando eles começavam a se alfinetar.
Sua cabeça estava embriagada de Jimin, como o gosto de mel que fica na boca, mesmo depois que você não está mais degustando.
Lembrou-se da fala do Park sobre “provar garotos”, sem entender o motivo de estar se sentindo quente com isso.
— Ele parece ter gosto de mel... — pensou alto, logo dando risada de quão idiota parecia falar algo assim. E, ao contrário dos dias anteriores, o sono o pegou mais cedo, fazendo-o deixar para terminar os desenhos no dia seguinte.
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