- Naruto é um mangá que se tornou anime e não me pertence;
- Essa fanfic é um spinoff de Oceano, escrito pela TiaTatu, deixarei o link abaixo;
- https://getinkspired.com/pt/story/32723/oceano/
Essa é minha primeira GaaLee, pessoal! Foi feita com muito amor e carinho e com uma responsabilidade muito grande de estar à altura do ícone Oceano, fic cuja leitura não é obrigatória para ler esta, mas que vale muito a pena!
É pra você, Ju, porque você me presenteou com essa leitura linda. E espero que não se importe de dividir com a Mama, a quem humildemente venho pedir um pedacinho de terra na igreja GaaLee! Espero não desapontar!
***
Prelúdio
A tempestade chegou silenciosa e mortal. Lee, que sempre amara o mar e aprendera a convivência nele desde a tenra idade, era experiente em prevê-las, em saber lidar com elas.
Mas o oceano é traiçoeiro de diversas maneiras e seu pai lhe ensinara desde sempre a não confiar no mar, em suas ondas. Mesmo que estas mesmas ondas tivessem sido suas companheiras na infância e durante toda a vida. Mesmo que elas fossem as responsáveis por levá-lo em segurança e com rapidez de volta para ele.
Ele.
Gaara.
Gaara o estava esperando em casa. Ele esperava sempre no mesmo lugar, na mesma pedra onde as ondas sempre quebravam e onde haviam trocado seu primeiro beijo. E tido a primeira noite de amor.
Porque o mar, ah, o mar fazia parte dele! Aquele cheiro da maresia fazia parte de Lee, o impregnava em todo seu ser até a alma. E se ele era o mar, Gaara era a areia! A terra firme para onde sempre desejava voltar. Seu porto seguro.
E quando aquela onda veio mais forte que as outras, cobrindo sua embarcação, sem dar-lhe chance de segurar-se e partindo o barco em dois enquanto o arrastava com força, tudo o que Lee conseguia se lembrar era da pele trigueira e arenosa de Gaara. Tudo o que conseguia se lembrar eram dos olhos de ressaca onde poder-se-ia afogar-se sem medo algum.
Quantas noites havia mergulhado ali? Por quantas noites os corpos frenéticos se chocavam da mesma maneira intensa que as ondas se chocavam contra as pedras? Violentas. Com entrega total. Como um se entregava ao outro.
Era impossível não entregar-se.
Não quando Lee era todo coração e intensidade. E queimava como o fogo. Como a cor dos cabelos vermelhos de Gaara.
Não quando Gaara era todo amor. E havia aprendido a amar e a entregar-se com Lee.
Enquanto era levado pelas ondas, tudo o que desejou era que pudesse voltar para casa. Que pudesse voltar para o seu amor.
Interlúdio
1º dia
Estava morto. Tinha certeza, quando sua vista escureceu e a força nos braços faltou, que estava morto. Já não respirava. Era esse o fim?
Vagando, como se flutuasse. Como se fosse um balão subindo para o céu.
Não sentia o próprio corpo. Era um ser astral. Seu espírito vagava e vagando pensava apenas em Gaara. Em seu cheio de deserto, de areia. Na pele lisa ao toque. Nas marcas que um passado distante e depressivo haviam deixado e, mesmo nas cicatrizes, Lee havia aprendido a amá-lo. E era o seu amor incondicional que o havia tirado daquele buraco onde havia se enfiado. Pelo medo de não ser aceito. Pelo medo de nunca ser amado por quem era. Mas esse era exatamente o motivo para Lee amá-lo. Porque Gaara era ele mesmo. Porque mesmo em seu medo, mesmo escondido em uma casca e cercado por muros, podia enxergá-lo. E Gaara era maravilhoso.
Achava que era deserto, seco por dentro, desprovido de amor. Mas era exatamente o oposto. Era como um oásis onde os desesperados encontram água, vida, esperança. Pois para Lee, Gaara havia sido isso: sua esperança, a visão de um futuro, de sonhos que antes nunca havia sonhado. Com Gaara queria viver além da pesca, ter uma família, um futuro cheio de desejos.
Nunca fora alguém de grandes ambições, mas não significava que não as tinha. E nos olhos verdes de Gaara, era que via a esperança. Da mesma forma que sabia que ele via em si uma tábua de salvação.
E agora tudo estava se perdendo, pois flutuava. Pois via a luz. E era difícil afastar-se dela quando tudo o que queria naquele momento era voar, voar e voar.
2º dia
Quanto tempo passou flutuando?
Não sabia dizer. Mas a sensação boa passou. A leveza, a certeza de que poderia tocar as nuvens feitas de algodão.
E então veio a dor lancinante, insuportável. Veio o peso do próprio corpo que se parecia chumbo.
E despertou, como se estivesse nascendo novamente. Como se, por uma vez mais, presenciasse o milagre da vida.
E quando seus pulmões gritaram por ar, Lee achou que morreria novamente, pois não se lembrava como respirar.
E não lembrando, desmaiou novamente.
3º dia
Mas era um ser vivente, um sobrevivente. Entre delírios de febre, conseguiu despertar novamente. Adormecia e acordava, acordava e adormecia. Até o momento em que se sentiu forte o suficiente para manter-se no limiar desperto.
Sentia o sabor da areia nos lábios secos. O sal do mar que ainda o envolvia. Onde estava?
O corpo desidratado clamava por água doce. Olhando ao redor, tudo o que conseguiu encontrar foram restolhos de seu barco e algumas árvores que o guiavam na direção do que parecia ser uma floresta.
Estava em uma ilha deserta? Até onde o oceano havia lhe levado?
Para longe, pensou.
Para longe do seu amor.
4º dia
Encontrar alimento era difícil, mas ao menos a água dos cocos era confiável. Encontrou uma nascente, mas a água lhe fez mais mal do que bem. Aos poucos, aprendia a se virar, fazendo ferramentas arranjadas que lhe permitiram pescar, ofício do qual se orgulhava e com o qual conseguia sobreviver. Mas não podia ficar ali pra sempre, podia? Precisava voltar para casa. Como Gaara estaria? Quanto tempo já havia se passado? Não sabia dizer.
5ºdia
Passou a usar as técnicas que o pai havia lhe ensinado para construir uma embarcação. Não tinha certeza de onde estava, mas guiar-se no oceano não era um problema.
Afinal, os olhos dele são oceano. E Gaara é meu porto seguro. Saberei voltar para casa.
Sempre otimista, Lee apenas permitiu-se continuar. Coletar madeira e folhas firmes para fazer uma jangada. Seria o suficiente. Teria que ser.
6º dia
O mar estava bravio naquele dia, mas Lee tinha esperanças. As coisas dariam certo. Ele conseguiria! Finalmente voltaria para Gaara. Jangada em mãos e poucos suprimentos, e Lee partiu. Havia traçado mais ou menos a rota que havia feito. Agora só precisaria confiar que todos os deuses que sempre haviam lhe protegido continuariam com ele.
7º dia
A jangada não suportou. Estava à deriva novamente. Perdido. Prestes a afundar outra vez. E talvez agora não retornasse. Mas foi quando ouviu uma voz. Um grito. Esperança. Verde como os olhos dele. Alguém lhe içou para cima. Uma boia. Um salva-vidas.
“Ele está vivo!”, ouvira uma voz.
Não sabia quem era. Mas por um momento, enxergou os olhos verdes de Gaara e seu sorriso tímido para si.
Sim. Finalmente voltaria para casa.
E veria aqueles olhos de perto. A cor de sua esperança. O verde dos olhos de seu amor.
Poslúdio
Ele não estava lhe esperando no lugar de sempre, mas Lee não estranhou o fato. Não quis escutar os alertas que soavam em sua cabeça. Não quis dar atenção ao aperto que sentia em seu coração. Tudo o que queria era vê-lo novamente. E abraçá-lo, e prometer que tudo ficaria bem.
O sorriso transbordava em seus lábios quando abriu a porta de supetão.
− Gaara, eu cheguei em casa! – Praticamente gritou a plenos pulmões, mal conseguindo conter-se dentro de si, tamanho era o desejo de tê-lo em seus braços novamente. – Gaara?
Percorreu cada cômodo, cada pedaço da pequena casa que compartilhavam. Mas tudo o que ouviu foi o som da velha vitrola que riscava um disco que já havia acabado.
Lee quis ignorar a sensação que lhe tomava o peito. Um aperto que fazia a respiração tornar-se dificultosa.
Ao invés disso, aproximou-se da vitrola e colocou para tocar novamente a canção que, por tantas vezes, havia sido pano de fundo das suas noites de amor. Das danças das quais Gaara sempre havia sido resistente até não ser mais. Ou apenas dos momentos de paz onde, juntos, na rede, escutavam-na por horas a fio.
Engoliu em seco, querendo ignorar aquela sensação que o tomava por completo. Correndo até a praia, até o lugar onde haviam se conhecido. E vendo dali, nas areias da praia, algo que não havia visto até então: um brilho singelo, algo que lhe causou uma sensação de pânico ainda maior. O arrepio que lhe percorreu a espinha deveria ser um sinal de mau-agouro. Ter sobrevivido talvez tivesse sido um sinal de mau-agouro.
Chegou até lá sem fôlego, as mãos apoiadas no joelho enquanto o brilho na areia permanecia ali. Agarrou o colar com o qual havia lhe presenteado, cuja pedra escura cintilava. Uma das pedras que havia encontrado em uma de suas pescarias.
Olhou ao redor, sentindo-se desolado. Mergulhou no oceano, buscando por ele sabendo que jamais o encontraria. Mas tinha que tentar, tinha que buscar... até que por fim, já exausto, o enxergou. Lutando contra a maré, contra a força do mar que queria puxá-lo para longe de Gaara, mergulhou mais fundo, batalhando contra os próprios pulmões que clamavam por ar. Puxando Gaara em direção à areia, os lábios já arroxeados.
− Gaara! Gaara! Por favor! – Colou os lábios aos dele, respirando, ventilando, fazendo a massagem cardíaca para tentar ressuscitá-lo. Nada. Nem mesmo um único movimento. – Por favor, por favor, por favor...
Ajeitou-o em seus braços, por um momento vislumbrando seus olhos verdes. Achando que havia ali alguma esperança. Sua esperança.
Mas fecharam-se, como as trevas se fechavam ao redor de si. Lee chegou a sorrir, acalentado, mas havia sido um mero momento. E, aos poucos, a esperança foi desvanecendo, conforme Gaara não mais respirava.
Lee bradou em fúria, as lágrimas correndo pelos olhos enquanto gritava, tentando extravasar a dor.
E lembrou-se de seu pai e de suas sábias palavras: o oceano dá e o oceano tira na mesma proporção, meu filho. Lembre-se disso.
O oceano havia lhe dado uma segunda chance, uma nova vida. Mas havia lhe tirado seu amor.
Havia voltado para casa, mas tarde demais. Minutos, minutos que haviam lhe tirado Gaara. Minutos nos quais retornara para casa ao invés de procurá-lo ali. Gaara não suportara a dor de perdê-lo e agora era Lee quem não tinha nada.
Sem ele, Lee era vazio, solitário.
Sem ele, não havia motivo, não havia razão.
Sem ele, era deserto.
E havia secado por dentro.
Notas:
Sofrimento se paga com sofrimento, Ju! Beijos, espero que gostem da minha primeira GaaLee!
Merci pour la lecture!
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