Sentiu um tremor. O líquido amarelado que o circundava escorreu para fora de sua cúpula e ele fora empurrado de encontro ao chão com a força da água, sentindo algo que nunca havia experimentado antes, mas que era tão desconfortável e torturante que o fez abrir os lábios enrugados buscando o ar que ele não sabia que precisava até aquele momento.
Seu peito ardeu ao ser preenchido pela primeira vez, e os olhos azuis viram a luz que não conheciam, enquanto ouvia os sons que antes eram disformes pela água dentro de sua cúpula. Ao olhar para os lados, tudo era muito sujo e destruído, com fios estalando eletricidade, embora ele não fizesse ideia do que aquilo significava.
Permaneceu deitado no chão frio com as costas sangrando pelos cacos que as perfuravam, enquanto buscava aprender a respirar. Observou as mãos grandes, o tronco magro, embora forte, as pernas longas e o outro “braço” que lhe saía dentre as pernas. Não compreendia nada daquilo, mas tinha plena certeza de que cada parte seria útil para si.
Desviou o olhar para o teto cheio de rachaduras e o prédio tremeu após ouvir um barulho alto, que lhe feriu os ouvidos e deixou um deles zumbindo – Aquela sensação desconfortável voltou, a dor, embora ele não soubesse seu nome e nem que ainda a sentiria muitas vezes pelas próximas horas.
Algo dentro de si lhe instruiu a firmar os membros inferiores no chão, e ele descobriu o que era andar em seus primeiros cinco minutos de vida.
Quando o som alto retornou, novamente a voz em sua cabeça o fez dar passos cambaleantes para um lugar que ele não conhecia, mas que tinha certeza que o levaria para longe daqueles sons altos, das paredes que tremiam e daquela sensação ruim que o invadia no momento.
Os pés tocaram o chão de terra e o escuro o acolheu como um amigo antigo. Sentindo uma dor absurda na cabeça, o loiro se colocou de joelhos e a consciência foi tirada de si depois da terceira explosão, fazendo com que o corpo branco fosse ao chão em um som oco, e a floresta o embalou para um sono que o faria crer que era o mesmo de dez minutos atrás.
Quando os olhos tornaram a abrir, algo o cegou. A luz entrava pelas árvores e aquecia seu corpo gelado e sujo, quando ele ouviu vozes ao longe. Gemeu ao sentir os cacos de vidro em sua pele, e em seguida havia uma sombra rosa pairando sobre seu rosto. Os olhos verdes encontraram os seus, concentrados, tocando-lhe as bochechas.
– Meu Deus – ouviu as palavras, embora não as compreendesse – Você está bem? – A falta de resposta pareceu deixar aquela pessoa ainda mais agitada, e ela gritou por alguém, o que fez o loiro se encolher de dor novamente. – Me perdoe. Kiba, me ajude a carregar ele daqui.
Havia outra pessoa agora. Era mais alta que a primeira e eles pareciam diferentes, embora parecidos. O loiro não compreendeu bem o que acontecia, mas essas pessoas se pareciam consigo.
– E se for inimigo?
Ele não ouviu o que se seguiu após aquela pergunta, pois a escuridão o acolheu novamente. Queria saber mais sobre aquelas pessoas. Queria entender o que murmuravam e queria ser capaz de reproduzir aquilo também. Será que conseguiria?
Não sentiu mais nada pelo que pareceu muito mais que da última vez. Sonhou com olhos verdes e cabelos rosas, manchas vermelhas e cabos de energia estalando.
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