felicia fell kaminski

Heidi e Corinne nunca pensaram que um relacionamento "professora X aluna" pudesse evoluir para algo maior, muito menos que poderia lhes trazer tantas emoções. O mundo mudou, a vida delas se tornou outra e o amor, por sua vez, se renovou.


Fanfiction Tout public. © Todos os acontecimentos aqui presentes foram criados por mim.

#romance #professora #aluna #drama
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Capítulo I

Heidi

Atrasada era a palavra que me definia todos os dias, literalmente. Dia sim, dia não, de duas à três vezes por semana, eu estava lá, chegando atrasada e entrando com um bilhete escrito “autorizada para entrar na primeira aula” em mãos. Neste primeiro dia de aula não havia sido diferente.

Como todas as alunas do meu grupo de amigos, fui, na noite anterior ao primeiro dia de aula, para uma festa do outro lado da cidade — Helsinque é dividida por uma ponte —. Dormimos, bebemos, transamos, fizemos de tudo, eram nossas últimas férias antes de voltarmos para o colégio em que estudávamos desde os primeiros anos de nossas vidas. Ano que vem, seria a faculdade.

A festa era fornecida pelo meu namorado, um estudante de medicina viciado, porém, extremamente inteligente. Ele era dono de uma casa grande, com tantos cômodos que eu até me perdia quando andava por ali sozinha, casa a qual tinha “ganhado” de presente dos seus pais após ter ingressado numa das melhores universidades do país. Obviamente, a casa havia se tornado um grande alvo de festas ao longo dos últimos anos.

Agora eu andava pelas ruas da cidade, do lado em que a escola se localizava. Tinha entrado num táxi por volta das quatro e meia da manhã e chegado ao outro lado por volta das cinco; as aulas começariam às 6h, apenas porque era o primeiro dia. Depois voltaríamos à nossa programação normal. Pedi à taxista que me deixasse a algumas quadras de distância da escola, então, continuei o percurso a pé mesmo; não me incomodava em andar um pouco.

Meus saltos altos pretos tilintavam no chão gélido das ruas da Finlândia e o sobre tudo que eu usava sobre meu curto short jeans e cropped preto ia até a metade das minhas coxas. Em minhas pernas, a meia arrastão impedia ao mundo de ver minha brancura por completo. Carregava uma mochila nas costas — apesar de irresponsável, não costumava ser esquecida, sempre me lembrava de carregar um par de tênis um uniforme quando ia para festas em dias anteriores às aulas — e escutava o relógio da igrejinha próxima que eram exatamente 6:15. Bom, pelo menos não estava tão atrasada.

Coloquei meus pés na escola às 6h20min da manhã, indo direto para o banheiro colocar o uniforme: uma blusa branca — eu deveria usar uma calça jeans também, mas não fiquei com vontade de carregar uma na mochila — e os meus tênis. Permaneci de shorts e meia e guardei meu salto alto preto na mochila. A maquiagem de meu rosto estava um tanto borrada, mas se eu removesse o batom não ficaria TÃO ruim assim, então o fiz. Sai correndo do banheiro e fui para o ginásio, dando de cara com todos os alunos saindo dali, provavelmente a reunião inicial tinha acabado e eu estava, literalmente, na merda, pois não havia escolhido minhas matérias opcionais como todo mundo e cairia nas PIORES matérias possíveis, como cálculo, física quântica, entre outras.

— HEIDI EEVA VENALAINEN — Escuto uma voz conhecida me chamar. Eu me viro para o lado e vejo Karl, meu melhor amigo e irmão de meu namorado, Max — Me deixou sozinho sem poder zombar com ninguém das roupas da diretora Takala.

— Também é bom te ver Karl — Digo e o abraço no meio do corredor — Você está quentinho, vou ficar te abraçando para o resto do dia.

— De onde você veio que está tão congelante? E essas pernas de fora? Menina, a senhorita está um completo picolé, eu já lhe disse? — Brincou e eu ri, dando de ombros em seguida — Enfim, você tem o mesmo horário que eu, toma aqui — Me estendeu uma folha com os meus horários. Eu agradeço todos os dias por ter Karl em minha vida.

— AH — Exclamei — Você pegou meus horários! — Tirei a folha de sua mão — Obrigada MESMO! Achei que ia ter que ir na sala da diretora falar com ela sobre isso.

— Sem problemas. A única coisa que não consegui fazer foi escolher suas opcionais! Acabou ficando com as que ainda tinham vagas — Lamentou e eu dei um sorriso de canto.

— Sem problemas. Mesmo assim, obrigada — Desfiz meu sorriso — Viu a Kat hoje?

— Ela disse que precisava ir ao banheiro e que nos encontraria depois.

Parei por alguns minutos de falar e analisei o meu papel de horários. A primeira aula seria apenas às 7:30 para as turmas de terceiro ano, então teríamos bastante tempo para fazer nada. Olhei para Karl e ele pareceu entender para onde eu queria ir.

— Vamos para o cativeiro.

Rimos e seguimos caminhando a passos rápidos.

Juntos, subimos uma longa escadaria que passava pelo canto direito e traseiro da escola, lá era como nosso covil secreto: uma escada de incêndio antiga, abandonada para mais de vinte anos, quando construíram uma nova e mais moderna. Tínhamos arrumado tudo, lá era tão grande que conseguimos antigos pufes com o avô de Karl para colocar. O melhor de tudo: a chuva não chegava, pois ficava em uma região mais coberta da escola.

...

Já havíamos chegado ao cativeiro — apelido carinhoso para nosso esconderijo — e conversávamos normalmente:

— Passei meu último dia assim.

— Está brincado comigo, não? — Ele perguntou, se ajeitando no pufe roxo escuro — Seu último dia de férias não pode ter sido resumido em sexo com o meu irmão! É nojento pensar nisso... Argh!

— Fala como se não tivesse namorado e não transasse — Brinquei e ele fez uma carinha de nojo — Pelo amor! Agora vai me dizer que você e Nikolas nunca tiveram nada mais íntimo!

Ele ponderou.

— Nikolas e eu fazemos de tudo, mas nós também conversamos! Direto, sabe? Como um casal mesmo.

— Eu e Max conversamos.

— Quando foi a última vez que tiveram um encontro? Sabe, que tenha sido para jogar conversa fora, como estamos fazendo aqui e agora.

— Mês passado, mas vamos sair hoje de novo. Sabe aquele restaurante perto da sua casa? — Karl fez que sim com a cabeça — Vamos lá hoje de noite. Amanhã talvez eu chegue atrasada de novo — Pisquei olhei para o céu, que agora ameaçava uma longa e dolorosa chuva.

— Só tome cuidado, Heidi. Sei que Max é responsável nesse sentido e que você também, mas creio que não quer um filho agora e Max não está pronto para...

Quando Karl ia continuar, escutamos passos rápidos — muitos passos, para falar a verdade — subindo as escadas metálicas. Começamos a escutar vozes, misturadas e animadas. Dois segundos depois, Kat — minha melhor amiga — e Thomas — um menino novo que entrara ano passado na escola, mas que tínhamos adotado em nosso grupo de amigos — estavam em nossa frente.

— E aí, amiguinhos! — Kat disse animada, me dando um beijo na bochecha e um tapa rápido na cabeça de Karl. Coitado, ele vivia levando esmurradas da Kat — Como estão?

— Estamos falando de matérias optativas — Menti. Eu e Max sempre fomos muito discretos em relação ao nosso namoro, exceto quando eu conversava com Karl sobre isso, e eu evitava um pouco expor tudo em frente à Kat, pois tenho certeza de que ela me perguntaria tantas coisas! — E de como eu fiz merda e não cheguei a tempo de escolher alguma coisa que prestasse.

— Dormiu no Max, ontem? — Ela perguntou e concordei.

— Espera aí! — Karl interrompeu — As duas foram para uma festa na casa do MEU irmão e EU, que sou irmão dele não fui convidado? Eu moro numa república e o moleque tem uma mansão e nem me chamar pras festas chama. Otário.

— Eu também fui para a festa — Thomas se manifestou pela primeira vez — Mas falando em matérias optativas! Vocês viram a professora nova de Ciências Sociais V?

— Não — Eu, Kat, Karl respondemos juntos.

— Linda de morrer, senhor, estou apaixonado — Fingiu levar uma flechada de cupido — Pensei seriamente em fazer ciências sociais só por causa dela!

— Eu estou fazendo essa matéria — Falei e ele arregalou os olhos, como se fosse grande coisa — Eu cheguei atrasada! O que é que você queria? Que eu estivesse fazendo biologia marinha ou ciências forenses? Acho que não — Resmunguei.

— Diz pra essa professora que eu mandei lembranças. Linda demais ela — Babou Thomas.

— Deixa de ser tão heterossexual, menino. Aff — Foi a vez de Kat resmungar.

Todos nós rimos. Katherina era, sem sombra de dúvidas, a pessoa mais criativa de todo o grupo; aquela menina essencial em todos os cantos, a engraçada, que fazia todos os momentos bons se tornarem ruins e que deixava tudo mais maravilhoso.

Depois desse assunto, conversamos por mais um tempo até que o horário da aula chegasse. E, para a minha felicidade e a tristeza de Thomas, a linda e belíssima professora não tinha tido a oportunidade de comparecer à última aula do dia, por conta de algum problema familiar que não entendi. Enfim, o que importa é que fui liberada uma hora e meia antes.

...

Max e eu tínhamos saído para jantar e agora nos encontrávamos num dos restaurantes mais caros da cidade, que ficava numa das principais localidades turísticas de Helsinque.

Estava bonita, estava me achando muito bonita e Max concordava comigo, pela forma como me olhava. Adorava me sentir desejada pelo homem com quem eu gastara dois anos e meio de minha vida. Obviamente, nenhum de nós dois pensava em casamento ou em ter filhos, mas, às vezes, eu me pegava fantasiando com tudo que havíamos vivido e acabava por imaginar como nossos filhos seriam lindos — modesta! Sim ou claro?

— Senti sua falta — Ele estendeu a mão por cima da mesa e alcançou a minha, acariciando a mesma — Teve que sair cedo, né? — Concordei com a cabeça, fazendo uma expressão cansada e bebendo um gole de meu Martini rapidamente — Como foi na escola hoje? Empolgada para o último ano?

— Bom... — Comecei — Cheguei atrasada, como de costume e acabei ficando sem poder escolher minhas optativas, mas isso não fará tanta diferença em minha vida — Eu solto um leve suspiro — A comida está ótima, obrigada por esse momento, apesar de ser um tanto estranho.

— Como estranho? — Ele franziu o cenho.

— Max. — Ele ajeitou sua postura, mas sem largar minha mão, ele sabia que, quando eu falava seu nome devagar, estava prestes a mandar a real — Sem querer sem chata nem nada, mas da última vez que jantamos você veio me pedir para aceitar fingir ser a namorada do seu amigo. Então sim, é bem estranho você me chamar do nada para jantar.

— Não posso fazer uma surpresa? Sabe que eu te amo, Heidi — Gelei. Era a primeira vez que ele me falava aquilo. Soltei um sorriso de leve e concordei com a cabeça, não tinha muitas forças para responder à altura — Mas você está certa — Ele riu levemente. O fiz também — Vou ser direto.

— Seja. — Brinquei e comecei a beber mais um pouco de meu drink.

— Meus pais querem conhece-la — Engasguei e removi o copo de meus lábios — Estarão na cidade semana que vem, passarão duas semanas lá em casa e disseram que querem conhecer minha namorada e o namorado do Karl, o Nikolas.

Ponderei, ainda surpresa e um tanto zonza, por conta do engasgo.

— Não vejo mal nisso — Ele arregalou os olhos — Você promove o jantar, eu e Nikolas vamos; ele acompanha o Karl e eu te acompanho, com todo o prazer do mundo — Solto um sorriso safado — Se quiser, ainda durmo lá.

Max mordeu o lábio ­e levou rapidamente sua mão para sua virilha, com o objetivo óbvio de cobrir a ereção.

— Não poderemos fazer nada — Ele murmurou — Fazemos barulho demais e meus pais vão querer dormir, obviamente.

— Então fazemos muito barulho hoje — Sorri o sorriso mais belo que conseguia — Só não posso dormir, se eu me atrasar amanhã, a diretora vai, provavelmente, me dar uma advertência.

— Vou pedir a conta — Ele fez um sinal para que o garçom viesse. Sua resposta foi imediata.

— Peça a conta — Falei baixinho — Irei ao banheiro e já volto para lhe encontrar.

Max apenas concordou com a cabeça. Saí dali rapidamente, desfilando com meu vestido preto de saia levemente rodada e saltos altos finos, em direção ao banheiro. Precisava pensar um pouco.

Entrei o mais rápido que consegui nos aposentos e suspirei, olhando minha aparência no espelho: olhos claros, cabelos um pouco abaixo dos ombros e castanhos claros, com leves nuances de um loiro perdido na família, um corpo magro e pele clara. Eu era um padrão perfeito, não tinha como os pais dele, amantes de padrões físicos como eram, não gostarem de mim. Eu só precisava ser simpática.

A porta do banheiro se abriu, revelando a figura de uma mulher mais ou menos da minha altura, com um vestido comprido vermelho, franja curta e cabelos nos ombros, os mesmos de uma coloração muito parecida com os meus. Não era tão magra; aparentava ser jovem, no máximo 30 anos. Extremamente bonita.

Só então percebi que já a havia visto nas mesas do restaurante, sentada ao lado de um homem loiro e que vestia um terno, assim como Max.

— Boa noite, senhora — Cumprimentei.

— Sempre que me chamam de senhora eu me sinto com o dobro da minha idade, não precisa me chamar assim — Brincou e se virou de frente para o espelho, para retocar um batom vermelho um tanto borrado. Encarei — Nunca viu alguma mulher retocar o batom depois de alguns bons beijos?

— Todas as com que fiquei saíram com o batom lindamente estável — Brinquei. Já tinha ficado com algumas mulheres, mas aquela era uma piada.

Sim, eu fazia piadas com desconhecidos dentro de banheiros. Me deem um leve desconto por agora, afinal, estou bem bêbada; 4 Martini e alguns bons copos de uísque deixam qualquer um assim.

— Sério? — Falou rindo.

— Sim — Ri levemente. Duas bêbadas conversando, ótimo e engraçado. Produção, pode chamar as câmeras porque o show vai começar!

— Quer me mostrar — Se aproximou de mim e segurou meu rosto com as mãos. A moça cheirava à vodca.

OK, agora eu estava flertando com uma mulher desconhecida — e podre de tão linda — dentro de um banheiro de restaurante, enquanto meu acompanhante me esperava do lado de fora.

— Quem sabe outro dia.

Pisquei e me desvencilhei dos lindos braços com algumas poucas tatuagens.

Tratei de sair do banheiro o mais rápido que conseguia e fui embora, enlaçando meus braços com os de Max e olhando fixamente para o homem que acompanhava a mulher do banheiro.

1 Mars 2018 23:52 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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