baskervilles mackenzie

Luzes apagadas em um quarto quase escuro com exceção de uma iluminação gerada por três monitores e um teclado brilhante, quase surdo a realidade enquanto ouvia tudo por um headset, uma mão no teclado e outra no mouse era a definição de vida de Hinata Hajime, um adulto que se autosustenta com contratos de empresas de jogos, campeonatos de eSports e lives na Twitch. Querendo uma mudança radical de vida e de estilo, Hinata começa a andar com um grupo com visuais excêntricos que misturavam roupas pretas com cores neons e cabelos tingidos, definitivamente quem chamava mais a atenção de Hinata era Komaeda, com seu jeito estranho de ser, sua clavícula exposta, jeans rasgados e um sorriso que fazia com que Hajime quisesse o beijar. Um antigo colega de escola, acaba virando um possível namorado.


Fanfiction Jeux Interdit aux moins de 18 ans.

#Komahina #Danganronpa #Komaeda #Hinata #Space Kid Au
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Too Weird to Live, Too Rare to Die!

NOTAS DO AUTOR
▶ FINALMENTE
▸ agradeço a todos os envolvidos nesse drama, a Daros por ter me mostrado melhor esse AU, e ao Sam mozao por ter se usado como objeto de suborno para eu conseguir escrever isso.
▸É um AU feito no tumblr, agradeço muito a sol--lux por essas fanarts. Acho que essa é a primeira vez que eu trabalho com AU's de tumblr, então é meio que uma novidade para mim. Também é minha primeira fanfic de """"""""""""""""""anime""""""""""""''''""" (é um jogo, mas todos sabemos que tem aquela vibe de anime).
▸A forma de nomes está no japonês, ou seja: Sobrenome primeiro, nome depois.
▸É uma shortfic, provavelmente vai ter uns três capítulos ou um pouco mais.
▸Não está revisado e muito menos formatado, quando tiver tempo eu faço isso wnwhwn prometo.
▸ Fanfic também postada no spirit pelo perfil @baskervilles


Hinata definitivamente não era o melhor exemplo de pessoa para ser seguido, não quando sua vida se resumia a ações sedentárias envolvendo uma cadeira de cores vibrantes e três monitores dispostos com uma angulação de trinta graus nas laterais, os três com quase vinte polegadas e uma resolução admirável, todos conectados a uma única CPU com placa de vídeo NVIDIA GEFORCE GTX 1050, um amontoado de drives externos conectados por cabos USB e algumas caixas de som que garantiam uma ótima sonorização mas que geralmente eram dispensadas pelo proprietário por preferir usar seu headset. Os três monitores juntamente ao teclado colorido — que variava as cores das teclas dependendo dos personagens com que ele jogasse — eram a única forma de iluminação do quarto ao ter todas as luzes apagadas e portas fechadas.

Sinceramente, Hajime não conseguia dizer se estava de dia ou de noite.

Fazia tempo que ele tinha olhado para o relógio pela última vez e essa era a única certeza que ele possuía, o hábito de olhar o horário foi se perdendo com o decorrer dos anos e as vezes ele apenas conseguia descobrir o horário que era quando se levantava da cadeira e saia para ir ao banheiro ou pegar algo para comer — isso quando seu colega de quarto não realizava a última tarefa. Não empenhado em ter uma vida tão menosprezível e nem um pouco saudável, Hajime eventualmente ganhou o costume de hora ou outra desviar o olhar das três grandes telas e fazer algum exercício simples como alongamentos ou subir e descer em uma barra de ferro que tinha em seu quarto, não que isso causasse uma diferença tão grande na sua vida ou a tornasse saudável. No fim das contas, Hinata sabia que seu estilo de viver acabaria diminuindo bons anos de vida.

Mais como um reflexo do que realmente ter uma boa audição, Hinata moveu seu olhar até a porta para a ver começando a ser aberta de uma forma lenta, permitindo que um pouco de iluminação entrasse em seu quarto, parecia ser proveniente de alguma lâmpada então Hinata deduziu que já estava escuro lá fora, sem ter uma noção de qual horário poderia ser em Towa, 18:00 ou 04:00, ele nem ao menos arriscava em chutar. Quando a porta foi totalmente aberta, o mesmo percebeu tratar de Naegi — o que era esperado. Andava devagar e de uma forma um pouco hesitante, plenos anos de amizade e Makoto era gentil o bastante para entender que não deveria interferir Hinata quando o mesmo estava por dentro de seus jogos online.

— Hinata, podemos conversar um pouco? — A voz era calma e Hajime percebia bem que caso negasse, o garoto de cabelos brancos pintados artificialmente acabaria entendendo e se retiraria logo em seguida procurando depois um possível outro horário para poder ter uma conversa com Hajime, mas este último não estava disposto a aceitar essa opção, dar sua atenção para Naegi era o mínimo que podia fazer.

Nanami, eu já volto, pode ir jogando — Estava na busca pela partida e consequentemente sua saída não iria o prejudicar ou fazer ele perder algum progresso que já tinha. Ouviu a garota concordar pelo canal de voz e então se retirou da formação que ambos estavam, um costume de ambos jogar em dupla e tendo um conhecimento forte no Japão por causa de seus rankings altos, além de é claro, uma fama considerável dentro da comunidade gamer japonesa (e tendo também seu nick “HeyWire” conhecido por vários outros jogadores ao redor do mundo), claro que sua fama e suas habilidades não chegavam perto das de Nanami, mas isso não impedia o mesmo de formar uma parceria impecável com a garota. Transmissões ao vivo e campeonatos de eSports rendiam uma boa quantia de dinheiro, o suficiente para que ele tivesse seu próprio apartamento, mas Hinata desde a princípio optara por dividir uma casa não tão grande com seu amigo de infância Naegi Makoto, não apenas por ficar mais em conta para ele, mas porque Naegi precisava de um lugar para morar e também sabia muito bem como cuidar de Hinata.

As despesas eram pagas por Hinata, as contas de água, luz, e o próprio aluguel da casa era tudo saído do bolso de Hajime enquanto Naegi cuidava da limpeza da casa, da compra e gerenciamento, e também era quem cozinhava todos os alimentos, não chegava a ser algo excepcional mas era o bastante para ter uma vida boa. Era quase como se Naegi fosse um empregado vinte e quatro horas por dia naquela casa, e aquela relação entre eles conseguia funcionar perfeitamente bem.

— Então, sobre o que quer conversar? — Assim que virou seu rosto em direção ao amigo, este que pareceu ganhar um certo brilho e Hinata imaginou se era por causa de sua visão não acostumada com a iluminação, mas percebia o quanto Naegi estava feliz com o assunto que viria a ser debatido. As luzes do lado de fora batiam contra seus fios brancos-rosados dando um contraste bonito, o mesmo não hesitou em ligar as lâmpadas do quarto causando uma ardência nos olhos de Hinata por breves segundos até ele fechar os olhos enquanto retirava o headset de seu ouvido (o colocando ao lado do teclado) e girava a cadeira para que pudesse encarar Naegi sentando em sua cama.

— Lembra do show que comentei com você? Da Mioda Ibuki? — Conhecia aquele nome e conhecia muito bem aquelas músicas pelo simples fato de Naegi insistir em cantar pelo menos uma vez por dia pela casa (e surpresa! Havia alguns dias que Hinata não ficava vinte e quatro horas enfiado dentro de seu quarto) e até mesmo por ele ter alguns posters da garota em seu quarto junto ao resto da banda. Hinata assentiu com a cabeça junto a um murmuro tendo uma breve ideia do caminho que aquela conversa eventualmente tomaria — Ela vai apresentar Aorosa n’ B&W hoje a noite no Titty Typhoon — Seus olhos se fecharam para logo depois abrirem em uma forma que Hinata poderia caracterizar como “Olhar de cachorro pidão”, ou algo do tipo. — Por favor, vá comigo — Isso o pegou de inesperado, Hinata tinha certeza absoluta que Naegi iria o pedir para levar de carro e depois o buscar (pois lugares como aqueles não eram tão recomendáveis para estacionar carros), mas ir com ele já era algo que não passou pela mente do mesmo — Por favor — Insistiu, ainda mantendo o mesmo olhar — Você sabe o quanto eu gosto de AB&W.

— Por que eu tenho que ir com você? — Sua pergunta acabou saíndo um pouco mais grossa do que ele planejava fazer, quase como se afirmasse com total certeza que não gostaria de ir para lá, mas no final das contas, era uma ideia que ele chegava a cogitar pois no fundo ele tinha desejos de ser um jovem adulto mais sociável do que ele era, e mesmo gostando de ficar quase sempre em sua casa, admitia que sair era uma tentação. — Você não pode ir sozinho? — Tentou amenizar a tonalidade de voz para deixar Naegi mais confortável, mas eles se conheciam bem e Makoto sabia que se Hinata falava daquela forma direta quase parecendo grosso, não era intencionalmente.

— Eu posso, mas é meio sem graça, sabe… — A voz se envolvia em uma tonalidade mais manhosa, na tentativa clara de convencer Hinata a ir com ele. Ouviu o mais novo repetir várias vezes a palavra “Por favor”, e Hinata não iria querer ser o monstro de recusar aquilo, até porque, não via mal nenhum em satisfazer o desejo tão simplório de Naegi. Não é como se ele fosse morrer caso colocasse o pé para fora de sua casa.

Não precisava de mais argumentos, não precisava de jogar cartas na mesa, o simples “Por favor” dito pela boca do garoto já amolecia o coração de Hinata e fazia com que ele quisesse atender a qualquer pedido de Naegi, era um bom amigo no final das contas. Jogando a cabeça para trás junto a um suspiro cansado, fechou os olhos e então murmurou não com muito ânimo mas o suficiente para deixar Naegi alegre: “Tudo bem”.

— Ah? — Naegi o olhou de uma forma um pouco estranha, inclinando levemente a cabeça para o lado — Fácil assim? — Hinata emitiu uma risada descontraída e logo depois sorriu para o garoto, que não poderia estar se encontrando mais feliz.

Titty Typhoon era o nome oficial do local onde ocorreria o show a qual Naegi demonstrava tanto anseio para ir, mas com o passar do tempo, o estabelecimento acabou ganhando o nome popular de “Clube 49” pelos membros que eram frequentes lá. Pelo que Makoto havia lhe contado, o “Music Venue” era visitado quase sempre pelas mesmas pessoas com alta frequência, o que fez com que laços de amizade tivessem sido estabelecidos entre eles e era quase como se fossem um grupo de amigos que sempre combinavam de se encontrarem naquele lugar em determinados dias da semana mas tudo acabava acontecendo sem planejamento. Tudo colaborava para que Hinata tivesse um sentimento de ser um intruso no meio daquelas pessoas, mas ele acabou não se importando muito com aquilo, quer dizer, se ele tinha facilidade em fazer amizades virtuais, não deveria ser tão diferente de pessoais? Certo?

Deveria ser quase nove e meia da noite quando a carona que Naegi havia arrumado os deixou em frente ao estabelecimento. A primeira coisa que Hinata percebeu foi a falta de público, ou pelo menos, uma parcela insignificante perante ao que tinha passado por sua mente, a forma que Naegi era fã daquela banda fazia Hinata pensar que a mesma era famosa, mas ele nunca se aprofundou nesse assunto com o colega de quarto, todavia não ficaria surpreso se descobrisse que a banda é pouco desconhecida e ele tivesse uma admiração por algo assim da mesma forma que muitos ouvem hits sem clipe de alguns cantores variados pelo youtube.

— Tem pouca gente — Foi o primeiro comentário de Hinata quando saiu do carro e viu a forma que Naegi andava feliz em direção a entrada do Music Venue. Hajime não sabia bem o que sentir ao estar usando aquelas roupas que Naegi falou para ele usar, eram todas de seu guarda-roupa mas ao mesmo tempo pareciam ter vindas de outro. Uma blusa social preta com um bolso não muito profundo do lado esquerdo e uma calça jeans tão escura quanto a blusa, Hinata nunca tinha usado tanta roupa escura junta de uma vez, já que preferia blusas mais claras e calças com tonalidades marinhas. Se sentia estranho.

Mas Hinata também não podia negar que gostara de usar aquelas vestes, era excêntrico e diferente, tinha um tom de vestes formais mas ao mesmo tempo ficavam tão casuais em seu corpo. Talvez não custasse nada se vestir daquela forma mais vezes.

— A Mioda nasceu nessa cidade e sua carreira praticamente começou no Clube, ela está mais é vindo fazer um reecontro com os amigos e tocar algumas músicas do que realmente fazer um show — Então Hinata era um intruso em uma reunião de amigos? Aquilo era mais uma forma de fazer com que ele não se sentisse bem vindo, mas não se importava muito, ele poderia fazer amizade com as pessoas ali rápido (ou pelo menos era o que o mesmo esperava), talvez fingir que falava por um headset poderia ajudar — Eu não sou amigo dela mas meus amigos sim, então eles me chamaram e eu perguntei se poderia levar você, talvez você faça amizade com mais pessoas — Não eram como pais preocupados com a antissocialidade de seus filhos, Naegi aparentava compreender bem o quanto os amigos de jogo de Hinata significavam para ele e não tendia a forçar ele a fazer conhecidos pessoais, era como se ele compreendesse que no fundo dos sentimentos de Hajime, ele realmente quisesse ter alguns vínculos sociais que permitissem olhar cara a cara um para o outro. — Vem, vamos entrar, quero te mostrar o pessoal.

Assentindo em um murmúrio, Hajime seguiu o amigo até a entrada do Music Venue e assim que entraram, o mais alto já ouviu alguém chamando o nome de Naegi. Sentado em um banco de um bar e acenando, um garoto de cabelos rosas fortes se misturando a mechas pretas no topo de sua cabeça — coberta com uma touca — e caindo quase que na altura de seus ouvidos onde a partir daí, as mechas rosas começavam a aparecer. Usava uma blusa xadrez amarelo claro com um tom da mesma cor todavia um pouco alaranjado, com calças jeans semelhantes a de Naegi e Hinata, ele segurava alguma bebida na mão que provavelmente algum energético. Ao seu lado direito tinha um homem aparentemente mais alto que ele, com um cabelo preto espetado e algumas mechas roxas compostas de pequenos fios com exceção de um aglomerado que chamava atenção se encontrando no meio do cabelo, usava uma blusa branca um pouco rosada (ou talvez fosse a iluminação) junto a uma jaqueta preta e um cachecol de cor roxa que caía um pouco abaixo do banco. Do lado esquerdo do homem que acenou para Naegi, tinha uma mulher de longos cabelos rosados com um vestido rosa mais escuro e algumas pulseiras ao redor das mãos, o vestido era um modelo tomara que caia curto e leve, parecia ser confortável.

— É esse o amigo que você falou a respeito, Naegi? — A garota tinha uma voz adorável e parecia educada, Hinata não imaginava que uma pessoa que tinha uma aura doce como a dela poderia frequentar lugares como aquele, mas também sabia que modos de agir não definiam completamente a personalidade de alguém. — Muito prazer, meu nome é Sonia Nevermind.

— Never o que? — A garota deu uma risada leve ao ver a dificuldade que Hinata tinha de pronunciar seu sobrenome. Ela tinha se acostumado com aquilo para falar a verdade.

Nevermind — O garoto de cabelos rosas repetiu com um certo orgulho aquele nome, e com um sorriso no rosto enquanto olhava para Sonia com admiração enquanto o outro garoto sentado desviava o olhar e Naegi sorria e fechava os olhos, estava tão acostumado com aquela forma do Souda de agir — Miss Sonia é europeia.

— Isso é bem legal — Hinata tinha um sonho distante de conhecer a europa como muitos jovens de sua idade, mas não pensava que seria algo que ele realmente fosse se dedicar para fazer. Gostava de morar naquela cidade e o Japão era o suficiente para ele até então.

— É um país bem pequeno e pouco conhecido. Eu adoro ele, mas fazer intercâmbio no Japão é interessante — Ela falava com um sotaque um pouco estrangeiro, mas seu japônes parecia perfeito, tanto a gramática como a pronúncia, talvez se ela não tivesse dito que era estrangeira (e não fosse sua aparência de rosto indicando a não ocidentalidade) ele poderia muito bem achar que ela tivesse nascido na terra do sol nascente.

— Seu nome é um tanto quanto familiar para mim — O garoto de cabelos rosas comentou provavelmente se referindo a Hajime, que não se surpreendeu muito, até porque o sobrenome "Hinata" não era um muito raro.

— Ele é bem comum, então não é nada estranho — O de cabelos rosas não parecia muito bem convencido pela resposta e encarou o garoto por um tempo como se tentasse o reconhecer, não demorando muito e logo depois bufando e desistindo. Jogando o corpo para trás enquanto bufava, ele pegou o possível energético que tinha deixado no balcão e tomou um gole, Hinata conseguiu ler "Monster" escrito na latinha em tons de verde neon, se Hinata não se enganava, aquela palavra significava "Monstro" em inglês.

— Eu sou Souda Kazuichi.

— Tanaka Gundham — O outro se apresentou, com uma expressão sombria, não demorando a soltar um riso sarcástico e escandaloso — O Supremo Senhor do Gelo, Tanaka Gundham! — Falava de uma forma um tanto quanto excêntrica, a sua voz definitivamente chegava a ser sinistra pela tonalidade e ela ser naturalmente grossa, mas Hinata não conseguiria levar aquilo a sério, era claro. Talvez ele desse bem em um ramo de dublagem de animes (era a única coisa que Hajime conseguia imaginar para ele).

— Você vai assustar ele, seu esquisitão chuunynbiuu¹! — Uma garota resmungou quando se aproximou, seu cabelo era louro preso em maria chiquinha, também tinha listras horizontais com pouca distância entre elas de tonalidades coloridas (pareciam compor as sete cores do arco íris). Tinha uma roupa tradicional japonesa, ou pelo menos era essa a estrutura que ela seguia pois a textura não combinava nem um pouco com a tradição, era preta presa com uma faixa rosa choque, com várias caveirinhas e “X” em cores neons que eram distribuídas pelo kimono — Ugh — Ela olhou de forma estranha para Hinata — Você é cheio de olheiras e tem olhos vermelhos, você é algum tipo de drogado fedido sem teto?!

— Ah… não? — Hinata se sentia um pouco confuso depois do que ela disse, mais como se estivesse afirmando que ele se envolvia com drogas ilícitas do que realmente o questionando a respeito.

— Saionji! Você precisa parar de dizer que todos são drogados. — Uma garota se aproximou da garota loura que pelo visto se chamava Saionji, essa era uma ruiva de cabelos curtos raspados de lado, com uma câmera apoiada por uma fita que passava em volta de seu pescoço. Tinha uma camisa preta e uma saia curta azul neon, seu rosto também era repletos de maquiagens chamativas, tanto em sombras quanto em um batom ciano.

— Mas olha para os olhos dele! — Ela fez uma cara chorosa e logo depois começou a dar risadinhas assim que olhou novamente para o rosto de Hinata, este que não entendia muito bem a personalidade dela mas apenas tentava agir o mais natural possível.

— Eles ficam assim porque eu passo algumas noites jogando e durmo pouco. — Era verdade, e podia dizer o quanto seus olhos o odiavam por aquilo. Faziam algumas semanas que o mesmo prometeu a si mesmo olhar menos para um monitor e tentar dormir mais ou sentia que acabaria morrendo, infelizmente os planos não saiam de sua cabeça e apenas fazia com que seus olhos ardessem mais.

— Ugh, você é um daqueles hikikomoris nojentos que não sai de casa e fica o dia inteiro jogando jogos pervertidos de garotas menores de idade e se masturba assistindo hentai? — Hinata arregalou seus olhos, olhando assustado para a garota e logo depois assumiu um tom de vermelhidão no rosto só de imaginar ele sendo uma pessoa que faria aquilo, não, sem sombra de dúvidas. — Ele corou! Então é verdade! Nojento!

— Não! Definitivamente, não!

— Ele não é esse tipo de pessoa, Saionji, fique tranquila — Naegi se aproximou de Hinata para tentar acalmar a situação e o mais alto agradeceu por ter tido uma defesa mesmo que ela tivesse sido feita a base de confiança.

— Tem certeza? — Ela deu uma risadinha como a de uma criança travessa, olhando de forma suspeita para Hinata quase como se dissesse “Eu sei de todos os seus segredos mais obscuros” — Pelo menos ele não é um drogado como o Komaeda.

— O que vocês estão falando de mim? — Um garoto se aproximou, com os visuais no mesmo estilo dos outros. Cabelos pretos escuros um tanto quanto espetado para os lados ao mesmo tempo que eram levemente encaracolados. Usava uma blusa escrita “Too weird to live, to rare to die” em cores neons com um fundo preto, ela também era cortada de forma que sua clavícula ficasse totalmente exposta e as mangas começassem na parte de cima dos ombros, deixava a amostra quatro piercings em cima de seu peitoral, também usava calças jeans rasgadas e suas vestes davam um ar de desleixado mas ao mesmo tempo charmoso. Hinata poderia jurar que já o tinha visto em algum lugar antes — Hum? Hinata? Hinata Hajime?

“Komaeda”?

O garoto de cabelos pretos sorriu largo quando viu Hinata assentindo com a cabeça para confirmar sua identidade, um sorriso largo e honesto que veio seguido de uma aproximação dele, brutamente segurou a mão de Hinata e começou a apertar o comprimentando, mas de uma forma extremamente exagerada.

— Oh! Já faz tanto tempo, você está bem diferente! Está muito mais bonito que antes, é claro, e também pareceu ter crescido um pouco. Quando Naegi me contou sobre você, eu não jurava que era realmente sobre você. Hinata ainda continua gostando de jogar jogos? Você tinha muito talento para isso, eu já perdi várias vezes para você, mas é claro que eu ia perder, minhas habilidades não chegam aos pés das suas — Assim que notou o quanto Hinata estava ficando estranho perante a aquelas ações precipitadas, o garoto de cabelos pretos se afastou rápido e curvou o corpo para frente — Me desculpe! — Voltou a olhar para Hinata, mas mantendo uma distância normal entre ambos, sem invadir a privacidade do outro — Sendo invasivo desse jeito… aposto que você não se lembra de um pedaço de lixo como eu.

Ele estava muito diferente no quesito de aparência, muito. Seu cabelo anteriormente branco com algumas mechas rosadas nas pontas agora estava totalmente escuro, sua forma de vestir mudou completamente (abandonando o sobretudo verde que Hinata achava tão charmoso), nunca tinha pensado que o veria com aqueles piercings e poderia até mesmo jurar que sua pele anteriormente tão pálida, agora estava mais pálida ainda. Mas de fato, aquele jeito de falar, só havia uma pessoa no mundo que agia daquele jeito e Hajime guardava bem seu nome.

— Já faz bastante tempo, Komaeda Nagito — Assim que pronunciou o nome do garoto a sua frente, Komaeda abriu um sorriso maior que os anteriores e Hinata podia ter jurado ver o rosto do mesmo corar um pouco, mas não teve tempo suficiente para reparar pois ele praticamente pulou em cima de Hinata o abraçando, este que primeiro se assustou mas depois correspondeu ao gesto em uma demonstração de saudades que ambos sentiam um do outro. Não o essencial para manterem contato, mas sim uma forma de lembrar dos velhos tempos de quando eram grandes amigos antes de tomarem rumos diferentes da vida assim que Hinata mudou de cidade no segundo ano escolar.

— Precisamos colocar uma coleira no Komaeda sempre que apresentarmos alguma pessoa nova — Souda comentou enquanto Naegi ria de fundo.

— Não sabia que vocês se conheciam — Naegi se pronunciou enquanto se aproximava para ouvir melhor os dois, só então Komaeda se afastou do abraço que tinha dado em Hinata mas ainda assim mantendo uma distância próxima entre ambos.

— Nós estudamos juntos durante uns seis anos. Éramos bastante amigos, mas Hinata teve que mudar de cidade então perdemos o contato. — Enquanto Komaeda explicava, Hajime sentia que tinha um pouco de culpa por nunca ser muito insistente em procurar a amizade de Nagito de volta, mas a distância acabou os separando devagar e em poucos anos eles praticamente nem trocavam mais mensagens, Hinata nem ao menos sabia se Komaeda tinha cursado alguma faculdade ou algo do tipo. — Mas é bom te encontrar.

— Você está muito diferente, Komaeda — Hajime olhou novamente para o velho amigo, sempre tinha achado Nagito bonito (tanto pela sua aparência física quanto pela sua forma de vestir), mas agora tinha uma visual um pouco mais diferente a respeito dele, achava ele mais bonito, mais atraente, mais sexy. Céus, como ele estava achando aquele homem sexy. Não sabia muito bem se era porque ele tinha tido uma mudança brutal de aparência ou se era pela descoberta de sexualidade que Hinata tinha tido com o passar dos anos e ter aceitado seu gosto pelo mesmo sexo.

O.k, talvez Hinata estivesse com vontade de beijar Komaeda.

— Sim, é verdade — Ele olhou para si mesmo, admirando suas roupas com um sorriso libertador em seu rosto — Eu gosto de me vestir assim, é divertido. — Logo então virou o rosto para Hinata — Você gosta mais dessa forma ou da antiga?

Hum, como ele poderia dizer que agora ele estava muito mais gostoso sem parecer vulgar ou deixar entender que queria ficar com ele? Sendo que era exatamente esse seus objetivos — mas não faria aquilo em público, se fosse para cantar ele, que pelo menos fosse em um local mais reservado.

— Você está mais bonito agora — Tentou fazer parecer da forma mais discreta possível, mas isso não impediu de que Komaeda sorrisse como um agradecimento do elogio exibindo feições tão amigáveis. Hinata poderia ficar encarando aquele rosto o resto todo daquela noite, mas a risada nem um pouco discreta de Saionji fez ele perceber que não iria vir algo bom da boca daquela garota.

— Será que Komaeda finalmente arranjou um namorado? — Ela tinha a mão perto da boca enquanto ria como uma criancinha que acabara de aprontar alguma travessura. Enquanto Hinata se sentia um pouco envergonhado, a garota continua a olhar os dois com malícia — Olha só a cara do hikikimori, eu sabia que ele era um pervertido.

— Eu não preparei Hinata psicologicamente para conhecer vocês, poderiam pegar um pouco mais leve? — Naegi também parecia um pouco envergonhado pela forma que seus amigos estavam agindo, sendo assim tão intrometidos. Principalmente o comportamento da Saionji, essa que continuava a rir.

— Mas é verdade! — Ela então deu um sorriso — Nunca vi yaoi na vida real, quero uma demonstração! — Saionji aparentava estar empolgada, o que deixava Hajime um pouco mais desconfortável enquanto Komaeda estava indiferente quanto aquilo assim como várias pessoas no grupo, eles realmente deveriam ser amigos de longa data para não se importarem muito com o que os outros falavam.

— Yaoi? O que é isso? — Hinata perguntou um pouco curioso, olhando para Komaeda esperando uma resposta, esse apenas que desviou o olhar e depois soltou uma risada sem graça.

— Você não vai querer saber, vai por mim — Antes que Saionji pudesse dizer alguma outra coisa, Hinata viu a menina de cabelos avermelhados suspirar fundo e segurar na mão da garota que era um pouco mais alta que ela (o que ia de contra a seu comportamento um pouco infantil, ela tinha realmente um corpo bem maduro) para longe dos dois. Hinata agradeceu pois sentia que ia acabar querendo enterrar sua cabeça dentro da terra se aquela conversa continuasse.

— A Mioda já chegou? — Naegi perguntou se sentando ao lado de Sonia nas cadeiras do balcão. O local estava pouco movimentado e a iluminação ainda estava clara, também não tinha muito barulho. Deveria ter um pouco mais de vinte pessoas ali no total, fazendo com que fosse mais confortável para conversar.

— Sim, ela está se preparando. Deve começar a qualquer instante — Sonia explicou, inclinando sua cabeça para frente no balcão enquanto apoiava os cotovelos na mesa.

Hinata observava os quatro até que sentiu um cutucão em seu ombro e olhou para o lado vendo Komaeda jogando a cabeça para o lado e andando em direção a cadeira próxima ao balcão, era como se dissesse para Hajime o seguir, e assim foi feito. O de cabelos pretos se sentou ao lado de Tanaka e o moreno se sentou ao seu lado.

— Imagino se ela vai estar usando alguma roupa curta — Era um homem baixo do outro lado do balcão que falava, mas tinha a altura o suficiente para atender a todos, Hajime imaginou que ele fosse o barman e que “Hanamura” escrito em uma plaquinha em sua roupa significava seu sobrenome (O nome certamente o lembrava um mapa de um jogo) — Será que se eu ficar perto do palco eu posso conseguir ver suas calcinhas?

Ele tinha um cabelo preto um pouco raspado do lado esquerdo e com a maior parte dos fios jogados para o lado direito enquanto tomavam um tom branco/grisalho. Também usava um cachecol curto (que se assemelhava a uma echarpe) de cor vermelha. Aquelas roupas davam a ele uma impressão de ser um estilista de Paris, não que ele aparentasse ser, mas foi exatamente isso que Hinata sentiu quando o viu.

— Por esses e outros motivos você vai ficar no bar durante o show — Hanamura bufou decepcionado perante a compostura de Sonia, enquanto Souda assentia com a cabeça concordando com tudo o que ela dizia. O barman pegou duas latinhas de energético iguais aos que Kazuichi tomava (se bem que esses pareciam ter cor diferente na embalagem) e entregou um para Naegi e outro para Komaeda.

— Você quer também? — Nagito perguntou enquanto via como Hinata olhava para a embalagem de forma curiosa, queria descobrir algo mas não conseguia ler muito bem o que estava escrito pela movimentação das mãos de Komaeda.

— O que é isso? — Questionou, levantando o olhar em direção a Komaeda enquanto esticava a latinha para ele.

— É um energético, é muito bom. Se você quiser, pode experimentar um pouco — Hinata primeiramente olhou hesitante, mesmo sendo um bom estereótipo de pessoa que passava grande parte do tempo de sua vida jogando jogos, ele não tinha hábito de tomar energético, talvez tenha tomado umas cinco vezes no máximo ao longo de sua vida e tinha certeza que nenhuma delas era daquela marca “Monster”. Experiências novas não custavam muito, então por curiosidade e anseio, ele pegou a latinha da mão de Komaeda e levou até a boca para experimentar.

Era extremamente gostoso.

— Isso é muito bom — Naegi inclinou a cabeça para frente no balcão para permitir ver melhor Hajime, deu um sorriso ao ver que o amigo estava entrosando e conhecendo os costumes de seu grupo, que entre eles, era praticamente impossível que não gostassem daquela bebida em específico, preferindo ela a bebidas alcoólicas muitas vezes. Hinata não percebeu o gesto do amigo, apenas continuou a saborear o gosto da bebida. Distraído com aquilo, também não notava o modo que Komaeda o encarava.

— Pode ficar com você — Komaeda então se virou e olhou para Hanamura que pareceu entender o recado e já pegava outra latinha para entregar a ele, com a mesma cor de embalagem.

— Eu juro que depois eu te pago — O.k, parecia que Komaeda estava pagando uma bebida para ele, mas talvez fosse só um mal entendido e Nagito talvez gostasse de ganhar o dinheiro pago de volta, mas naquele momento, Hinata nem ao menos estava com uma carteira. Todo o dinheiro estava com Naegi (que disse que bancaria aquela noite já que havia sido ideia dele), e Hinata não queria pegar emprestado dinheiro com o amigo para ter que pagar outro. — Só que eu não trouxe dinheiro hoje porque o Naegi disse que não precisava.

— Tem outras formas de você me pagar sem ser com dinheiro — Um sorriso malicioso percorreu os lábios de Komaeda que não foi muito bem visível graças a latinha que cobria uma parte de sua boca. Hinata corou enquanto vários pensamentos percorriam sua mente (e que ele precisava dizer que de certa forma eram bem agradáveis para ele) rapidamente enquanto olhava para Nagito feito um idiota que parecia prestes a engasgar com o energético que tomava — Ei ei, não precisa ficar assim, eu estou apenas brincando. — Ele riu depois e Hinata teve vontade de enfiar sua cabeça embaixo daquela mesa, não que ele não gostasse de provocações (muito pelo contrário, ele adorava), mas ter sido vítima delas desde que chegou ali, ele se sentia um trouxa sempre que riam dele. O.k, decidido, a próxima provocação seria feita por ele, mesmo que Hinata morresse de vergonha ao fazer aquilo — E essa sua reação… você imaginou coisas impuras, Hinata? — Komaeda não parecia ser uma daquelas pessoas galanteadoras que lançavam vários flertes, apenas alguém que não tinha vergonha de falar o que viesse a sua mente e muito menos filtrasse grande parte de seus pensamentos.

— Como não imaginar? — Hinata se preparou mentalmente e olhou da forma mais sensual que poderia fazer para Nagito. As pessoas ao redor pareciam distraídas com suas próprias conversas a ponto de não se importarem com o diálogo que era travado entre eles — Quando alguém gostoso como você fala que pode pagar de outras formas, claro que é a melhor opção — Principalmente quando essa opção envolvia se ajoelhar, na concepção de Hajime. Notou um leve corar nas bochechas de Komaeda antes de ele sorrir e aproximar a cabeça um pouco mais perto do garoto, enquanto suas mãos mexiam a latinha fazendo com que o líquido dentro dela balançasse.

— Hummm, quer dizer que o Hinata me acha gostoso? — Deixou a latinha em cima do balcão, sua mão livre foi de encontro a coxa de Hajime (bem perto do joelho), fazendo com que a ponta de seus dedos tocassem a superfície, logo depois foi trilhando um caminho enquanto subia pela estrutura corporal. Com o seu outro braço apoiado no balcão, ele inclinou o corpo para frente o suficiente para que pudesse ter sua boca de encontro ao ouvido de Hinata — Um homem tão sexy como você achar isso de mim, me deixa bastante excitado. — Hajime fechou seus olhos depois de ouvir aquilo, arfando no momento que a mão de Komaeda se abriu e apertou sua coxa. Aquele momento estava perfeito.

E provavelmente continuaria perfeito se não fosse a irritante risada de uma certa garota loura de cabelos com mechas das sete cores do arco íris estampadas que parecia ter adotado como um novo hobbie a ideia de infernizar a vida de Hajime.

— Eu disse que o Komaeda ia arranjar um namoradinho — Hinata tinha um sentimento de que aquela garota poderia ter vindo do inferno, a forma maligna que ela olhava para eles como se estivesse prestes a os subornar provavelmente estaria nos seus futuros pesadelos. Aquilo chamou a atenção dos outros quatro no balcão que olharam para os dois, então Komaeda soltou uma risada leve de desconforto e se afastou de Hajime.

— Não sabia que você era gay, Hinata. — Naegi perguntou aquilo com a cara mais indiferente do mundo enquanto olhava para o amigo, que no momento, estava extremamente constrangido (Dê um crédito para o rapaz, ele não está muito acostumado com relações pessoais e muitas pessoas olhando para o mesmo).

— Ah? Não, eu… — Parando para pensar, Hinata nunca tinha dito nada a respeito de sua sexualidade para seu fiel companheiro de quarto, céus, aquilo parecia uma espécie de traição. Não era que ele não gostaria de contar para Makoto por sentir medo, era só que era algo que ele sempre dizia que faria mas parecia que nunca surgia um momento bom para aquilo e não sabia como iniciar uma conversa, envolto de tanta procrastinação, ele apenas adiava mais e mais uma conversa sobre a sexualidade com o amigo.

— Não se preocupe, nós somos uma família. — Naegi sorriu como se desse um conforto para Hinata, com a ideia de “Não vamos te julgar, não se preocupe”, a respeito de Naegi era algo que ele tinha absoluta certeza pois conhecia o garoto há tempo demais para saber que ele não iria agir de forma preconceituosa com ele por ter uma sexualidade diferente do considerado normal. E também, não duvidava uma aceitação daquelas pessoas, elas se vestiam de forma diferente, agiam de forma diferente, deviam estar acostumados com a ideia de sofrer preconceito e talvez isso fosse uma boa lição para que eles aprendessem a não praticar tal ato — Bom, não literalmente uma família, ai você ia cometer incesto com o Komaeda, mas acho que você entendeu. — O.k, uma hora ele teria que se acostumar com isso, até então, Hinata ficava envergonhado (se bem que ele não corava mais).

— Não é isso! — A sua hesitação de antes não tinha sido pelo fato de sentir medo de não ser aceito (até porque Hinata pagava as contas de sua casa, Naegi não poderia o expulsar ou alguma baboseira do tipo), mas sim era pois estava negando o fato de ser gay — Eu sou bissexual.

— Por que nunca me contou? — Makoto não parecia triste com o fato e a cada momento Hinata pensava o quanto aquele garoto era um anjo. Era como se compreendesse um medo de pessoas diferentes da sociedade de se demonstrarem a respeito disso. Mas não era esse o caso de Hinata, era apenas o fato de nunca ter encontrado um momento apropriado.

— Você nunca perguntou… — Desviou o olhar para o lado encontrando a latinha da bebida energética, querendo beber mais dela e tentando parecer alguém indiferente na conversa, ele levou sua mão até a mesma e segurou para em seguida tomar um gole.

— Tá, tá, mas quando os dois ai vão se beijar? Você precisa ter cuidado, Hinata. Vai que a esquisitice do Komaeda é transmissível. — Komaeda riu e Hinata perguntava como ele conseguia fazer isso quando estava claro que Saionji zoava com sua cara, mas conhecia Komaeda há anos e sua personalidade essencial não parecia ter sofrido grandes alterações, então não se encontrava tão surpreso por ele agir daquela forma, apenas tinha perdido o costume de o ver daquele jeito.

— Senhoras e senhores — As luzes se apagaram de supetão, não demorando muito para algumas luzes neon incidirem no palco e uma garota sair passando por uma cortina. Cabelos pretos com mechas neons e brancas, vestes como aquelas que eles usavam. Hinata a conhecia bem por ter visto alguns posters no quarto de Naegi, era Mioda Ibuki. — Amigos antigos e conhecidos, apreciem o show.

As luzes apagaram de novo, para depois se acenderem. Era uma forma inesperada de iniciar uma apresentação (começando tão aleatoriamente assim), mas o pessoal não pareceu ligar muito, logo começaram a amontoar perto do palco e Komaeda segurou a mão de Hajime para o guiar para perto do aglomerado, não hesitando em ir.

A ideia de Naegi de o levar ao Clube 49 não era tão ruim, afinal de contas.

O lado de fora do clube era confortável, perto de várias casas de baixa estrutura mas que de certa forma transmitia um conforto. Não muito longe de um motel e de um cinema, que dava para ser visto sem muitos detalhes, se a pessoa se esforçasse também poderia ver detalhes de um hospital. Uma brisa suave percorria o local enquanto a música que era tocada dentro do Music Venue tinha uma tonalidade baixa, o suficiente para ouvir e apreciar ao mesmo tempo que conseguia ter um diálogo sem precisar gritar.

— Como é que ela não está super famosa? — Ambos estavam sentados em uma balaustra, não muito alto do outro lado (deveria dar um metro no máximo de distância), virados com o corpo em direção ao Titty Typhoon. Komaeda estava com as costas apoiadas na pilastra enquanto Hinata ficava com aquele desconforto de não ter costas apoiadas em nenhum lugar, se bem que já estava acostumado a se sentar em posições desconfortáveis devido as suas jogatinas.

— Infelizmente talento não significa fama, Mioda é tão talentosa que por mim ela deveria estar no topo dos hits — Komaeda falava com um fascínio, o que não era surpreendente, ele sempre falava dessa forma diferenciada quando o assunto tomava rumos envolvendo coisas ou pessoas que ele admirava. — Mas o estilo musical dela não é muito popular. Nosso estilo também não é muito popular.

— Eu gosto do estilo de vocês — Hinata comentou, com a voz um pouco distante enquanto olhava para o energético em suas mãos — Parece um tanto que libertador?! É sombrio mas ao mesmo tempo colorido, eu gostaria de me vestir que nem vocês, frequentar esses lugares, ter esses laços de amizade, parece divertido — Era isso que Naegi estava tentando mostrar para ele afinal?

— Você vai precisar começar pintando seu cabelo. — Komaeda comentou em um tom de brincadeira, mas assim que Hinata assentiu como se concordasse, o garoto se surpreendeu — Sério?

— Parece divertido — Repetiu como se isso justificasse tudo — Além de que, é meio enjoativo ter a mesma cor de cabelo sempre.

— Posso pintar para você? — Hinata o olhou um pouco estranho — Ei, não me olhe assim, eu entendo de pintar o cabelo, já pintei várias vezes o meu. — Suspirou depois, talvez o fato de Hinata não confiar nele tivesse o deixado um pouco triste — Mas se você não quiser eu posso te levar na Enoshima, ela é a melhor cabeleireira que eu conheço.

— Quando a Saionji disse que você é um drogado, ela estava falando sério? — O assunto tão aleatório trago a tona fez com que Komaeda risse um pouco, Hinata não imaginou se era porque ele achava engraçado ela achar que ele era um drogado, ou se era porque a conversa mudou de rumo dessa forma.

— Nah — O de cabelos pretos levou sua latinha até a boca — Ela diz isso porque eu curso filosofia na faculdade. — Então ele desviou o olhar, voltando a encarar a bela lua que iluminava o céu noturno — E também porque eu falo umas coisas estranhas de vez em quando, eles dizem que parece que eu entro em um transe.

“De vez em quando.”

— Lembra quando ela disse algo sobre iau? O que é isso? — Hinata se lembrou dela falando aquela palavra que ele não conhecia, nem ao menos lembrava como que chamava direito, e se arrependeu de não lembrar o nome de cor pois tinha certeza de que pesquisaria a respeito quando chegasse em casa.

Yaoi — Nagito o corrigiu de forma amigável — Não ligue para ela, Saionji lê muitos mangás e fanfics. Basicamente yaoi é um gênero que envolve relacionamentos homoafetivos, mas geralmente são estereotipados e… acho que é melhor você não ligar para ela quando Saionji começar a falar a respeito disso.

— Ah, entendi — O.k, menos uma curiosidade e mais um pouco de vergonha por lembrar do que ela falou. Será que com o tempo ele perderia aquele pouco de timidez social que ele tinha? Se ele não se sentisse envergonhado por tudo, talvez fosse um grande avanço.

— Acho que ela deve gostar bastante disso, ela parecia querer ver a gente se beijando — Komaeda deu o último gole no energético, e então jogou a garrafinha para longe, Hinata acompanhou o movimento para ver onde ela iria cair e percebeu que ela acertou bem no lixo, alguns diriam que Nagito tinha boa mira, mas como Hajime o conhecia a tempo, sabia que aquilo era sorte.

— Não só ela. — Ainda com a cabeça virada para ver onde ela tinha caído, Hinata murmurou com uma voz mais sensual, a tonalidade era ideal para que Komaeda ouvisse e lançasse um olhar sexy para ele enquanto o mesmo voltava a olhar para o garoto de cabelos pretos.

— Não? — Nagito se aproximou, colocou uma perna de cada lado da balaustra e movimentou o corpo para se aproximar de Hinata. — Quem mais?

— Talvez eu? — Falava com um pouco de incerteza provavelmente vindo de sua inexperiência social pessoal, ou talvez ele realmente não fosse uma pessoa com muita capacidade de flertar. Observava Komaeda virando o corpo a modo de deixar suas pernas viradas para o outro lado da balaustra, o lado de fora.

— Só talvez? — O rosto dos dois estava mais perto, uma proximidade tão íntima que poderia ser ouvido a respiração um do outro se não fosse os ruídos provindos do Music Venue.

— O.k, com certeza, eu — Hinata inclinou a cabeça para frente logo após dizer isso e juntou os lábios aos de Komaeda, a primeira sensação que teve fora a do gosto do energético, e talvez isso tenha o incentivado a continuar mais o beijo. As mãos de Nagito seguraram sua cintura, firme. A respiração contra a sua própria, a língua do garoto percorrendo seus lábios, a forma como as bocas se encostavam se juntavam de forma excitante.

Hinata passou a mão no cabelo de Nagito, segurando forte e o puxando mais para frente e escutando um gemido do mesmo, que parou de assumir o controle e liberou para que Hinata o guiasse apenas com o movimento de suas mãos, deixando a boca bem aberta para que Hajime pudesse explorar com sua língua. Alguns gemidos baixos eram emitidos por Komaeda e Hinata perguntava se eram involuntários ou propositais, o de cabelos pretos agia de uma forma tão erótica que Hinata imaginava que deveriam serem propositais.

Deixando os lábios de lado, Hinata decidiu fazer proveito daquele pescoço e clavícula tão bem expostas de Komaeda, um último beijo sedento foi dado antes de os lábios de Hajime procurarem um local diferente, encostando na pele pálida de Nagito. Pressionou a boca contra o pescoço dele enquanto sua mão passava pelas coxas do mesmo, chupando a região e demonstrando um pouco de indecisão se seria uma boa ideia colocar sua mão em lugares mais impróprios. Mudou o local da boca para a clavícula perto de um dos piecings, seu rosto passou por um, sentindo o metal gelado contra sua pele (era uma boa sensação) antes de voltar a chupar aquela região do corpo de Komaeda.

Depois de deixar algumas marcas não muito fortes que não deveriam durar tanto tempo assim, voltou a beijar o garoto, de uma forma mais sedenta que antes e ao sentir os toques de Komaeda, podia jurar que ele queria tirar as roupas de Hinata, ou pelo menos o suficiente para que suas mãos entrassem dentro e ele passasse elas pelas costas de Hajime, independente do objetivo do de cabelos pretos, Hinata ia fazer bom proveito de ambas. Komaeda se inclinou um pouco para frente, todavia foi desleixado o bastante para que perdesse o equilíbrio e antes que Hajime pudesse raciocinar, ele apenas ouviu um pequeno grito e viu Komaeda caindo da balaustra e indo em direção ao chão em uma queda baixa de um metro de altura.

— Você está bem? — Perguntou, quase gritando de preocupação. Olhou para Komaeda que parecia se ajeitar lá no chão enquanto balançava seus braços e suas mãos para tirar a terra.

— Sim, eu estou — E então começou a rir achando graça naquela situação, o único pensamento de Hinata era de que só mesmo Nagito para rir naquele momento — Às vezes eu me sinto muito azarado.

— Às vezes você é.


NOTAS FINAIS

1 - Chuunynbiuu; uma giria japonesa que se refere a adolescentes que acreditam seriamente que sem super poderes e menosprezam adultos. Existe um anime que fala sobre isso e ele é bem engraçadinho, apesar de eu ter visto apenas a primeira temporada dele ;)

2 - Hikikomori; Um termo japonês usado para basicamente dizer pessoas que ficam dentro de casa e se isolam da sociedade.

▸Agradeço a todos que leram < 3
▸Sol--lux + tag komahina scene au: http://sol--lux.tumblr.com/tagged/scene+kid+au/
28 Février 2018 00:34 1 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
3
À suivre…

A propos de l’auteur

mackenzie Mackenzie | 16y; libra. Danganronpa & South Park. Edito vídeos, brinco no photoshop, jogo overwatch, e de vez em quando escrevo algumas fanfics ;)

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Isis Souza Isis Souza
Olá! Pelo que entendi essa história é uma Fanfic baseada em um jogo, certo? Então, por favor, altere a categoria de "Ficção Adolescente" para "Fanfiction" e selecione a subcategoria "Jogos" para adequar às regras do site. Até mais!
May 08, 2018, 18:42
~

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