“Eu sou cada
pesadelo que você já teve. Eu sou o seu pior sonho se tornando
realidade. Eu sou tudo o que você sempre teve medo”
It – A Coisa
O rapaz loiro terminava de arrumar sua mochila para o trabalho, colocava apenas o necessário para uma noite. O tempo estava nublado e o Uzumaki achou melhor se apressar para não pegar chuva durante o trajeto.
- Naruto já são sete horas! – Kushina apareceu na porta do quarto do filho para apressá-lo.
- Eu sei mãe, já terminei de guardar as coisas.
- Está levando tudo? Casaco, roupa de dormir... – se aproximou na intensão de olhar a bolsa do loiro que fechou a mesma e pôs em um de seus ombros.
- Mãe eu só vou passar uma noite fora cuidando de dois pirralhos, relaxa. – revirou os olhos para a matriarca, mesmo tendo seus vinte anos, Kushina ainda o tratava como um bebê. – Já fiz isso antes, não é como se fosse algo inédito.
- Eu sei, só queria garantir que estava tudo certo anjo. – fez carinho nos fios claros do jovem de pele bronzeada. – Os Uchiha marcaram ás oito com você não foi?
- Sim, então vou indo para não atrasar. – beijou a bochecha da ruiva. – Te amo, mãe.
Deixou o quarto antes que ela responde-se e desceu as escadas pulando dois degraus de cada vez. O estudante apertou o grosso casaco laranja contra seu corpo assim que pôs os pés na rua.
- Que frio da porra...
Naruto caminhou até o ponto de ônibus que ficava no fim do quarteirão do local onde morava.
Uma chuva fina começou a cair e o loiro puxou seu capuz sob a cabeça e colocou as mãos nos bolsos do casaco enquanto esperava a condução que o levaria até o bairro onde os Uchiha viviam.
[...]
O Uzumaki atravessou o pequeno jardim e tocou a campainha da residência da família Uchiha. A porta foi aberta por uma joveal morena de pele pálida.
- Boa noite Naruto. – Mikoto sorriu docemente para o rapaz á sua frente.
- Boa noite senhora Uchiha. – respondeu o garoto educadamente enquanto adentrava a grande casa.
- Pode me chamar de Mikoto, sua mãe é minha colega de trabalho, não precisamos dessas formalidades todas.
- Tudo então senh... Mikoto. – o Uzumaki se corrigiu coçando a nuca e a morena riu pelo jeito tímido do menino.
- Vamos até a sala, vou lhe apresentar aos garotos.
Os dois seguiram até o cômodo visualizando dois meninos morenos com a pele pálida igual á da matriarca.
- Meninos venham conhecer o Naruto. – os jovens de olhos ônix largaram o quebra cabeça que estavam montando no tapete felpudo da sala e pararam de frente para o Uzumaki.
- Esse é o mais velho, Itachi. – o moreninho de cabelos longos – amarrados por um rabo de cavalo caído – que aparentava ter uns dez anos acenou educadamente para o loiro.
- E esse é o meu caçula, Sasuke. – o outro garotinho se escondeu atrás do irmão mais velho e espiou Naruto timidamente, aparentava ter uns seis anos.
Passos na escada foram ouvidos e logo o patriarca da família juntou-se ao grupo.
- Rapaz você realmente está apto para cuidar de duas crianças? – Fugaku avaliou o garoto de cima á baixo, notando seus jeans rasgados nos joelhos, casaco chamativo e grandes fones de ouvidos pendurados em seu pescoço.
- Estou sim senhor, cuido de crianças desde os quinze anos. – respondeu simples com um sorriso suave, que fez o pequeno Sasuke corar ainda escondido atrás do irmão. – Já fui babá para várias famílias, tenho cartas de recomendação se o senhor estiver interessado.
- Amor está tudo bem, ele é filho da Kushina e ela disse que ele é ótimo com crianças. – Mikoto fez carinho na mão do marido que soltou um suspirou conformado.
- Nós vamos visitar a minha sogra que está doente e voltaremos amanhã á noite. Minha esposa deixou o jantar pronto, é só colocar os meninos para comer, tomar banho e dormir.
- Pode deixar senhor Uchiha. – o loiro assentiu confiante.
O patriarca pegou a mala que levaria na viagem e Mikoto pegou sua bolsa acompanhando o marido até a porta. Antes de sair o Uchiha mais velho se virou para o jovem Uzumaki.
- Os nossos telefones estão anotados em um folheto na porta da geladeira. – apontou para a cozinha. – Qualquer emergência não hesite em nos ligar. Fique a vontade para comer, assistir TV, ou ler algo. Os garotos andam tendo problemas com pesadelos então peço que fique em nosso quarto que fica entre o quarto de cada um deles, assim se acontecer alguma coisa você estará por perto.
O loiro olhou para os dois menininhos que ficaram cabisbaixos com as palavras do pai. Estranhou. Porém concordou assentindo devagar.
Mikoto deixou um beijo no topo da cabeça de cada filho. – Se comportem e obedeçam ao Naruto. – concordaram acenando positivamente.
- Tchau mãe, Tchau pai. – despediram-se, ficando a sós com o Uzumaki.
- Então quem quer brincar de pega-pega pela casa até cansar? – o loiro sorriu grande como uma criança travessa ganhando um sorriso tímido dos meninos. Sua falicidade em lidar com crianças era extrema.
[...]
Naruto terminava de cobrir o pequeno Sasuke depois de colocá-lo na cama, de barriga cheia e banho tomado, trajando seu pijama das tartarugas ninjas.
- Eu me diverti muito hoje Naru... – o moreninho sorriu envergonhado. Era muito fechado para pessoas de fora. Mas o rapaz de orbes azuis era tão legal e gentil que Sasuke rapidamente se apegou ao loiro. As horas brincando e contando histórias contribuíram muito para esse apego fluir com simplicidade.
- Eu também me diverti muito com você e seu irmão, campeão. – afagou os fios negros do menino e se levantou para sair do quarto.
- Naru! – a voz do caçula Uchiha era estridente, até assustou o rapaz bronzeado.
- O que foi Sasuke?
- Pode deixar a luz do abajur acesa? Não quero ficar no escuro, se ele vier aqui não vou conseguir vê-lo e ele vai me pegar. – se encolheu nas cobertas.
- Ele quem? – Naruto não estava entendendo.
- O palhaço malvado... – puxou a coberta até cobrir a altura do nariz, deixando somente seus olhos e cabelo de fora. O jovem loiro suspirou aproximando-se do pequeno amedrontado. Agora entendia o que o pai dos meninos estava querendo dizer com os pesadelos.
Crianças tem uma imaginação muito fértil quando estão com medo.
- Olha campeão, não precisa ter medo ok? É só a sua imaginação.
- Não! É verdade Naru, eu juro. – disse afobado e o estudante segurou as mãozinhas pálidas para acalmá-lo.
- Shiiiu, tudo bem. Vou ficar no quarto dos seus pais aqui ao lado o tempo todo ok? Qualquer coisa pode me chamar que eu virei correndo.
- Promete? – estendeu o dedo mindinho.
- Prometo. – sorriu entrelaçando seu mindinho com o do garoto. Cobriu Sasuke novamente e acendeu a luz do abajur deixando o quarto logo em seguida.
Desceu até a cozinha e pegou um pedaço de torta na geladeira sentando em dos bancos que ficavam próximos á bancada.
O aparelho celular vibrou em seu bolso. Pegou o mesmo visualizando uma mensagem. Era Kiba.
“O idiota, vc respondeu o questionário q o prof Kakashi passou? Me passa a resposta da 12, 15 e 18.”
Naruto revirou os olhos.
“Babaca, eu não fiz ainda, vou começar agora.”
“Vc é um vagabundo msm, serve pra nada. Não sei pq ainda sou seu amigo.”
“Vagabundo é vc vira-lata, eu tava trabalhando.”
Respondeu depois de pegar seu caderno da faculdade para fazer o bendito questionário.
“Trabalhando d q?”
“Tô cuidando dos filhos dos Uchiha.”
“Em pleno sábado á noite, que merda hein!”
“Como se vc estivesse se divertindo muito estudando no seu canil...ops! Quarto.”
“_I_”
“Tbm te amo cadela, agora volta a estudar e me deixa estudar tbm.”
“Falou, seu puto. Quando terminar me manda as respostas.”
O Uzumaki riu largando o aparelho na bancada se concentrando nas questões de alfabetização. Cursava pedagogia na Federal, seu dom com crianças acabou fazendo com que o loiro se interessa-se pela profissão.
Ficou até quase meia noite na cozinha estudando e trocando mensagens com o Inuzuka e sua prima Karin. Guardou seu caderno e livro de volta na bolsa e apagou a luz da cozinha – depois de lavar a louça que havia sujado – se dirigindo as escadas. Passou no quarto de Itachi e depois no de Sasuke vendo ambos os meninos dormirem tranquilamente.
Foi para o cômodo dos pais dos garotos e deixou sua bolsa em uma penteadeira que havia lá. Quando se virou para cama levou um susto com a figura sinistra de pé no canto do quarto. Era uma estátua de palhaço em tamanho real.
- Então era disso que o Sasuke estava com medo. – analisou a forma com uma maquiagem que estava mais para assustadora do que para divertida. – Esse troço é medonho, não é atoa que aqueles meninos tenham pesadelos.
Naruto sentou na cama e ligou a grande TV do casal tentando ignorar a estranha estátua. Fixava seu olhar na tela que transmitia algum desenho bobo que o loiro não estava conseguindo acompanhar por causa do arrepio que a figura esquisita no canto do quarto lhe causava.
Sentia os olhos do palhaço fixos em suas costas enquanto assistia a TV. Quanto mais tarde ficava, mais desconfortável o Uzumaki se sentia naquele quarto. Sempre que olhava para a estátua tinha a sensação de que o palhaço havia mudado de posição de forma quase imperceptível.
Tentava acreditar que era a sua imaginação lhe pregando peças por causa do medo. Nunca teve receio de palhaços. Quando era pequeno ia á circos com sua mãe e gostava muito. Porém, aquela figura com maquiagem bizarra lhe causava pânico e desconforto. Os olhos eram pretos e ao redor deles havia uma sombra negra. O resto rosto era pintado de branco. A peruca era azul e cacheada. Ele trajava um macacão – que parecia gasto - branco com detalhes negros e sapatos vermelhos cada um com uma bolinha branca na ponta.
Porém, o que chamava mais a atenção e perturbava Naruto, era o sorriso maquiado. A tinta ao redor dos lábios era de um vermelho que parecia sangue. E o sorriso era tão grande que ia até a ponta de cada bochecha e deixava o palhaço com uma aparência demoníaca. O Uzumaki não entendia porque os Uchiha teriam algo assim em casa.
Estava tão assustado que saiu vagarosamente do quarto sob os olhos da estátua e se dirigiu ao andar de baixo. Acendeu a luz da cozinha e pegou o post it com o número do casal que estava colado na geladeira, discando o número de Fugaku.
- Alô? – o patriarca atendeu ao telefone sonolento depois da terceira tentativa do rapaz loiro. Ele estava começando a se desesperar.
- Oi senhor, sou eu o Naruto...
- O que foi rapaz? Aconteceu algo com os meninos? São uma e meia da madrugada.
- Não aconteceu nada senhor Uchiha. Eles estão dormindo. Eu só queria perguntar se tem algum problema eu domir em um dos quartos de hóspedes que ficam no andar de baixo. – olhou para as escadas com medo de subir.
- Tudo bem garoto, eles estão um pouco empoeirados, mas se quiser usar fique á vontade. Mas por que isso de repente? Pensei que fosse dormir em nosso quarto. – questionou o Uchiha mais velho com certa desconfiança.
Naruto tossiu constrangido.
- Eu sei que pode parecer infantil da minha parte, pois não sou uma criança. – limpou a garganta. – Mas a estátua de palhaço que tem no quarto de vocês está me assustando de verdade. – confessou.
- Estátua de palhaço? – estranhou o Uchiha.
- Sim, a estátua que fica no canto do seu quarto senhor. – o loiro respondeu acanhado.
O telefone ficou mudo por um tempo, até que Naruto se manifestou.
- Senhor Uchiha, ainda está ai? Tudo bem?
- Garoto me escute com muita atenção. – o tom do patriarca era sério e inquieto.
- Sim.
- Pegue os garotos e saia da casa rápido, vou ligar para a polícia agora e estou indo para ai.
O estudante não entendeu.
- Como assim? Por quê?
- Não temos nenhuma estátua de palhaço.
O jovem ficou atordoado com o que acabará de escutar. Seu corpo não emitia nenhum movimento e o telefone caiu de sua mão.
Ouviu passos na escada e se abaixou escondendo-se atrás do balcão da cozinha. Os passos eram tão firmes que faziam o piso de madeira rugir. Colocou a parte da cabeça para fora da bancada espiando o que era e caiu no chão com o susto que levou com o palhaço que estava ao lado da bancada esperando por ele.
- Você quer brincar Naruto? Eu serei o caçador e você será a caça.
O palhaço foi para cima do loiro com uma grande faca e o atacou acertando sua perna. O Uzumaki gritou com o objeto entrando em sua pele e se arrastou para longe depois de chutar a cara do palhaço com sua perna que não estava ferida.
O garoto levantou e foi mancando até as escadas para proteger os meninos.
- Não pode fugir de mim, Naruto.
O ser macabro voltou a segui-lo e no desespero Naruto pegou um dos vasos com flores que estavam em uma mesinha e do topo da escada jogou contra o palhaço que ficou mais furioso com o ato.
- Eu vou desmembrar você, pedaço por pedaço e devorar sua carne.
Os olhos do palhaço tomaram uma coloração vermelha e seus dentes ficaram afiados e enormes.
Naruto correu mancando até o quarto de Sasuke e encontrou Itachi abraçado ao irmãozinho, ambos encolhidos atrás da cama. Trancou a porta do lugar e foi até eles os abraçando.
- Vocês estão bem?
- Sim. O que vamos fazer Naru? Esse monstro vai matar a gente. – Itachi tremia com o irmão nos braços. O sangue escorrendo do ferimento de Naruto deixou Sasuke mais apavorado.
- Eu quero a mamãe... – o caçula choramingou.
- Calma Sasu, a gente vai sair daqui. – Naruto tentou tranquilizá-lo.
Batidas estrondosas contra a porta começaram a soar. A força da entidade era gigantesca. E o estudante sabia que a fechadura não iria aguentar muito tempo.
Precisavam sair dali ou seriam mortos.
Mordeu o lábio inferior com força para tomar coragem e puxou a faca de sua perna. O sangue já havia sujado grande parte da sua calça e o corte era fundo.
- Ah, Merda!
As dobradiças da porta começaram a ceder. E o desespero tomou conta das três pessoas que estavam naquele cômodo.
O Uzumaki olhou ao redor e fixou sua visão na janela do quarto de Sasuke.
- Da para sair por ali Itachi?
O moreninho olhou para a janela que o mais alto apontava.
- Tem uma árvore que fica no jardim da mamãe. Podemos descer por ela.
- Ótimo!
O jovem correu para janela e abriu os dois lados dando de cara com o grande carvalho que ficava no quintal dos Uchiha. Os garotos correram para perto dele.
- Itachi consegue descer sozinho? – o moreno assentiu e Naruto o pegou no colo e ajudou o garoto a se equilibrar no grande galho.
Uma das dobradiças da porta caiu. E Sasuke gritou transtornado.
- NARU ELE VAI ENTRAR! – disparou com o rosto banhando em lágrimas.
O Uzumaki pegou o garotinho no colo e ignorando a dor absurda em sua perna ferida, subiu no parapeito da janela, logo pulando para o grande galho, segurou com força em um galho que ficava acima por quase ter derrapado árvore abaixo, consequência de sua perna machucada.
Sasuke agarrava-se a si e escondia o rosto em seu pescoço. O loiro tentou descer com o maior cuidado possível e entregou o pequeno para Itachi assim que estava perto do chão. Desceu o último galho e correu mancando pelo jardim junto das crianças deixando o terreno dos Uchiha e indo para a rua.
Suspirou aliviado quando os sons de sirenes da polícia chegaram aos seus ouvidos. Conseguia ver as luzes vermelhas se aproximando. Estava na calçada com as crianças agarradas em si. E olhou para casa.
O palhaço estava na janela lhe encarando fixamente. O sorriso de dentes afiados e os olhos vermelhos. Deixou uma mensagem no vidro da janela e desapareceu na escuridão quando as luzes da casa se apagaram.
Os policiais desceram dos carros e foram acudir as vítimas e os outros entraram na casa para investigar. Naruto via tudo a sua volta acontecer sem realmente prestar a atenção. Tudo que sua mente processava era a frase que o palhaço havia escrito para era ele.
- Eu ainda vou devorar você, Naruto.
Merci pour la lecture!
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