A infância, agora, não me parece tão colorida como o arco-íris que sempre insistir em recordar.
Desde sempre treinada a ser, um ser perfeito, quando na realidade não passo de uma humana com falhas, mesmo diante das circunstâncias impossíveis tentei, mas, nunca fui boa o bastante para receber elogios, apenas intimada ouvir ser minha obrigação. Jamais entendi porque não podemos achar a nossa própria grama mais verde.
Na sua mão passei a ser como um troféu, um que pode ser pego para mostrar o êxito, mas que quando as cortinas se fecham, é esquecido na estante. Ganhar ou perder foi ficando insignificante.
E quando disse o quanto o escuro me deixava com medo, trancou-me no quarto mais escuro, e enfrentei tudo sozinha, desde o tal dia, já não me importava em reviver tudo outra vez, mesmo que ficasse apavorada, sabia que iria sobreviver, mesmo sem uma ajuda, porque eu era a minha ajuda.
Deixei tudo nas suas mãos, acreditei nas suas palavras, e tentei compreender as suas ações, mesmo que elas me machucassem, porque era minha mãe, e estava-me criando para ser uma mulher forte.
O tempo começou-se a passar, e eu tinha mais perguntas que respostas. Mais uma vez eu precisava dela, e mesmo que ela vivesse sobre o mesmo teto, era como se não estivesse, por esse motivo procurei sozinha sobre minhas dúvidas, porém tudo o que consegui, foram novos por quês, e desencadeei o seu medo de perder o controle sobre mim, só passei a odiar por tudo.
Mas eu a amava demais para isso. Para vê-la sorrir, era abdicar da minha própria felicidade.
E quando os anos passaram-se, percebi o quanto seu amor era tóxico, mamãe, e o quanto ele acabava comigo, e me fazia sentir, a pior pessoa do mundo, e quantas lágrimas me fez derramar, por questionar o que faltava em mim para ser suficiente, sobrava desculpas silenciosas para você, e faltava para pessoa que mais necessitava ouvir, eu mesma! Parei de acreditar na sua mudança, porque seria a pessoa que me mataria se acaso pudesse, e falaria ser, só por me amar.
Há muito tempo trilhei o caminho que desejou, mas agora busco pelo meu, há cicatrizes que jamais desapareceram, e sempre me fará lembrar do meu passado, seguirei em frente, onde tudo pelo que lutar, será para provar a mim mesma o quanto sou capaz, e que jamais, outra vez, sacrificarei minha felicidade em nome de outra pessoa, mesmo que essa pessoa seja minha mãe.
Merci pour la lecture!
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