A sombra colossal cresceu acusadora acima do terreno numa proeza digna das criaturas, porém, atentando-se à pouca quantidade de luz no tapete de erva rasteira, o garoto viu que era apenas uma nuvem solitária. Jogo de criança. Os ecologistas inventaram, embora levantar o queixo daria a mesma resposta, nuvem ou leviatã, existia uma certa seriedade na brincadeira. Saindo da zona de exclusão depois de duas horas e uma longa caminhada entre os gigantes arbóreos, ele suspirou aliviado.
Seguia o largo retorno à casa provisória conforme ensaiava o discurso que narraria o feito aos olhos do pai. A orla da cidade pendia à esquerda. A floresta, à direita. O céu se estendia num azulado oceânico, livre das criaturas, negando a tempestade que se aproximava, quando as primeiras testemunhas apareceram. Um homem descansando à sombra de um antigo arranha-céu e uma menina, demasiado jovem, provável filha ou aprendiz, limpando as ferramentas de cultivo largadas no chão.
Como a pouca coragem do garoto abraçava a teoria de que passaria invisível se os privasse do contato visual, ele apontou o nariz às próprias botas e acompanhou-as obediente. No entanto, fraco nas teorias, não resistiu a curiosidade. Olhou de soslaio. A menina afiava a foice numa concentração de cirurgiã enquanto o homem, no canto, fingia dormir. A testa relaxada mentindo. Uma intenção crescente nos lábios. O garoto apertou o passo antes do homem transformá-la numa pergunta.
Por sorte, não era um ecologista.
Os espertalhões aprendiam cedo a focar nos pequenos detalhes. Difíceis de enrolar, de pouca conversa. Os ecologistas falavam somente diante a certeza, reprovando um ato e explicando um conhecimento tácito alheio às pessoas comuns ou, em momentos atípicos, também resolviam os problemas administrativos das reuniões, ansiosos e sedentos de exaltação, podiam intervir, encontrariam uma solução simples... e receberiam as vivas da colônia.
Não!
O garoto apertou os olhos. Restava a esperança. A vida retomaria os antigos cursos passado o devido tempo. Sim, restava a esperança.
— Ei, garoto!
E, como todas as crenças fundamentadas no idealismo, desaparecia na brisa mais leve.
Outro aprendizado importante.
A voz o chamara detrás e o caminho estava livre para correr e se esconder nos destroços. Demasiado suspeito. O garoto atendeu o chamado. De um edifício semi-destruído, uma mulher acenava da sacada do terceiro andar.
— Vem aqui! — ela chamou, morena e sorridente, os cachos cobrindo parte do rosto e caindo nos ombros. A braçadeira cromada reluzia como um farol sobre o uniforme amarelo e cinza... uma espertalhona. Talvez, necessitada de um par de mãos extras.
O garoto devolveu:
— Agora eu não posso!
— O quê?!
— Preciso ver o meu pai... lá no mercado. Ele é artesão.... o meu pai. Que a sombra dos grandes a proteja, moça!
Prestes a dar as costas, seguir em frente, escapar, a mulher chamou-o outra vez. Os malditos, além de observadores, eram perspicazes. A desobediência acabaria o entregando e ela o intimaria a narrar os detalhes do crime diante do conselho antes de qualquer desculpa. De certo, ele contaria e ouviria a punição de cabeça baixa. A Comunidade sempre o julgaria pelo terrível feito. O falatório depois da reunião... os amigos, os vizinhos, a mãe e o amigo espertalhão na antiga casa. Nunca findaria!
O garoto principiou uma corrida.
— Espere aí! — a mulher ordenou. E, noutro súbito impulso de obediência, ele parou. Quando olhou por cima do ombro, viu somente o musgo entranhado nas paredes por completo verdes e a folhagem saltando das janelas quebradas. O edifício agora pendia estranho, meio torto, como se os destroços denunciassem a aberração eco-transmutada, atemporal, integrada à natureza, criada pelos espertalhões, principiando-se numa queda mortal.
A mulher desceu os poucos degraus da escadaria, e ainda era uma guia. O pequeno passageiro flutuou atrás dela.
— Eu não ouvi direito... — ela disse. Trazia numa das mãos um punhado de cerejas. Comeu uma. — Po' repetir?
O garoto buscou dentro de si uma migalha de coragem, um fio de esperteza, mas a mente se escolhia e desistia. Meio atrapalhado, acabou perguntando:
— O que faz aqui?
— Espero — respondeu a mulher, dando de ombros. — A vida passa e é única, garoto. Então, eu espero e aproveito o tempo antes que o momento especial chegue, porque depois ele só passa, 'tendeu?
O garoto acenou afirmando. O pequeno cetáceo passou perto, murmurando o canto da espécie. A mulher tocou o corpo fusiforme e deslizou a mão até a cauda bifurcada. Em seguida, jogou uma cereja. O passageiro comeu-a no ar e, satisfeito, soltou um jato branco do espiráculo no topo da cabeça.
— Incrível, né? Ser guia não é fácil, mas tem seus momentos. — ela afirmou, absorta nos movimentos do pequeno cetáceo. — Cadê o seu passageiro?
— Eu não tenho um — ele se apressou a dizer —, ainda não, mas vou ter no próximo ano... certeza. Mas... a moça precisa de ajuda? Agora tenho que ver o meu pai e não posso...
— Me chamo Paper — ela afirmou, a boca cheia das frutinhas vermelhas. — Paper, a eco. Paper da Zona A9. É um nome bonito de dizer, né? Pa-per. O seu é bonito também?
— Não... não sei.
— Não sabe qual é o seu nome?
— Sei, sim — respondeu o garoto, contrariado. — É... B-Box.
— Ahh...? Box é o nome do meu pai! Soa intimidador, né? Box! Acho que não faz muito tempo que virou guia... porque minha intuição me diz que você é um guia. Sa', como dizem, um guia sempre reconhece o outro.
O garoto abaixou a cabeça e fitou a sombra da criatura deslizando no chão. A mulher estudou o céu distraída, disse:
— Escute, sou uma guia também, mas já tenho a autoridade de eco, 'tendeu? Olha aqui a braçadeira. Não quer uma reclamação oficial na sua ficha, quer?
— Não, moça!
— Então, cadê o seu passageiro?
— Eu o perdi...
A mulher o encarou de cima para baixo.
— Perdeu?
— Sim. Juro debaixo das grandes sombras.
— Ah, não precisa. Eu não vejo nenhum passageiro além do meu, é prova suficiente para mim. Onde o viu da última vez?
— Na zona de exclusão.
— Então — ela enrugou a testa —, em nome das grandes sombras, por que você tá indo na direção contrária? A zona fica pa' lá.
— Eu sei, moça, mas a zona é grande... eu pensei em pedir ajuda ao meu pai.
— O artesão do outro lado da colônia?
— Sim.
— Enquanto o seu passageiro tá perdido?
— Sim...
— Afinal, o que tava fazendo na zona de ex-clu-são?!
O garoto apertou os lábios.
— Que enrascada... — ela afirmou num tom distraído, terminou de comer as cerejas e olhou a posição do sol na lateral do edifício, novamente, afirmando como se recebesse instruções importantes. — Vem comigo, Box. É uma ordem de eco.
Ao contrário do esperado, a mulher se afastou do edifício e ainda mais da zona de exclusão, adentrando o denso arvoredo costeiro onde o fruto da eco-transmutação substituia os destroços da cidade sob a forma de flores, folhas, troncos rijos e ervas que roçavam nos tornozelos.
O leviatã encabeçou a fila.
O garoto se mantinha na retaguarda, atento às costas da mulher chamada Paper. O nome era familiar, ouvira-o na oficina. A especialidade do pai envolvia contato com os clientes e ele sempre estava disposto a uma boa conversa durante os consertos menos exigentes. O velho Leaf quebrava o cabo da pá de semana a semana, os dois conversavam por horas. O garoto espiava-os entre as pausas nos estudos e lá ouvira sobre o tal Box, pai de um tal Paper, mas falavam baixo e ele nada escutara de fosse qual fosse a conversa e aonde a mulher o levava prosseguia no mistério.
Distraído, o garoto aumentou a marcha e esbarrou nas costas dela. Prestes a pedir desculpas, ergueu a cabeça. Sorriu. Uma miríade de contêineres, espalhada ao redor das árvores, e um imenso cargueiro, desfigurado pelo tempo, devorado pela selva, além de impedir o avanço, forçaria a tomada do caminho de volta.
O olhar indeciso da mulher reafirmava.
Foi quando o leviatã, circundando sua guia, resvalou no braço do garoto. No toque da pele oleosa, ele se sobressaltou. Já a mulher levantou uma sobrancelha.
— Que que foi isso?
— Nada!
Ela resmungou, meio divertida.
— Ele não morde. — E acrescentou uma piscada. — Po' ficar tranquilo.
— Eu tô — afirmou o garoto, ofendido. — Eu não tenho medo dele!
— Então, qual é o problema?
— Nada, eu só... não gosto.
— Mentira.
— Mentira, o quê?
— Men-ti-ra — repetiu a mulher. — Você gosta dos passageiros. Olha, são fofinhos. Por isso, todo mundo quer ser um guia.
O garoto enrubesceu e, respirando fundo, ergueu-se na ponta dos pés.
— Ninguém quer ser guia de verdade, moça, e quem fala outra coisa é porque não pode ser um guia de verdade, os passageiros são umas porcarias!
— Eu gosto deles — Paper devolveu, simples e direta, enquanto admirava o pequeno cetáceo mover as barbatanas em forma de remo. O passageiro nadava em volta e se afastou. — Não vá muito longe. Um passageiro perdido já é suficiente.
— Ia ficar melhor se ele se perdesse — comentou o garoto, encontrando dentro de si a migalha de coragem. — Eles dão muito azar. Dão um baita azar e podem te comer, sabia? Ele pode te comer!
Ela concordou em silêncio. Durante um instante, o garoto enxergou um vislumbre de vitória e, bem mais importante, uma chance de convencê-la a esquecer o sumiço do passageiro. Porém, Paper disse:
— Conhece a história do bêbado e do passageiro? Falo da verdadeira história. O conto de Glass.
— Sim — ele respondeu, indeciso. Glass não era um bêbado. — O passageiro come o guia no fim da viagem, porque ele era um péssimo guia, né?
— Errado. Não, não e não. Glass foi um bom guia e nunca maltratou o passageiro, bom... não o dele. Mas o passageiro viu umas coisas bem ruins. Na verdade, Glass batia nos irmão menores, e até na mãe quando ficava irritado. Dizem que ele roubou um passageiro uma vez e o matou..., pode ser mentira. A questão é: Glass era um ótimo guia, mas uma péssima pessoa. O passageiro sabia disso e sa' como é. Mas Glass fugiu pa' colônia no meio da passagem e se escondeu.
— Ah?
— Calma, ainda não acabei. Os leviatãs mataram o passageiro antes dele completar a passagem. Glass então viveu, casou-se, teve filhos e tornou-se um bêbado, mas, no dia em que os filhos receberam os passageiros, ele, bêbado e furioso, matou os dois com um pedaço de pau. Ninguém sabe porquê. Os passageiros? Não. Não foram os passageiros. Depois, ele se matou. Tendeu' a moral da história?
O garoto engoliu em seco.
— Os nossos antepassados aprenderam a colocar nos filhos o nome da primeira coisa que vissem porque a humanidade, independente das falhas, muitas e muitas falhas, nunca enfrentavam os seus leviatãs. Veja como caímos. Onde estamos hoje, e nem sabemos o significado dos nossos nomes, devemos a eles. — Ela apontou a pequena criatura fusiforme, agora se aproximando num balançar paciente. — As antigas gerações já iam ter desaparecido há muito tempo sem a ajuda dos passageiros. Eu sei, é uma fase difícil, mas a culpa é só nossa.
O garoto, da segunda vez, engoliu qualquer coisa semelhante a uma resposta.
— Por aqui não dá... — Paper afirmou. — Melhor a gente ir paa' Sinma.
E os arredores persistiram imutáveis conforme avançavam no interior da floresta. O garoto passava naquela área pela primeira vez, porém sequer levantava a cabeça. Ouvira o conto de Glass na infância e a mais vaga referência àquele nome ficara escondida nas memórias até a entrega do passageiro. A mãe recontara a história no primeiro dia. Ele ouviu-a com atenção. Se a história era mentirosa, o pai estava certo: a mãe também seria.
O garoto encarou o pequeno cetáceo.
— Porque disse que os passageiros dão um baita azar? — Paper perguntou como se visse-o de costas.
— Porque eles dão. Eu ganho um leviatã, tudo dá errado. Coincidência?
— Humm. Quem te disse isso? Não foi um eco... com certeza, mas foi um adulto, não foi?
— Ah?
— Quem te disse que tudo só deu errado po' culpa do "leviatã". Parece um adulto falando. Um eco ia falar "passageiro" e um guia como você ia falar "o meu passageiro", 'tendeu? Alguém que não é eco disse isso. Quem foi?
A mulher olhou-o por cima do ombro.
— O meu pai — o garoto acabou respondendo.
— O artesão.
— É.
— O que aconteceu? Po' falar. Finge que é uma ordem de eco se for segredo.
Uma fileira de torres pontiagudas fincadas de ponta cabeça, ou derrubadas como vítimas da fúria de um gigante, cruzou o horizonte acima da floresta. Ao longe, os cipós selvagens tentavam amarrá-las aos paradigmas do presente. Mas ali, sem dúvidas, os ecologistas desistiram de recriar seu mundo perfeito. Era uma falha.
— Não é segredo — ele começou a dizer —, todo mundo sabe. A minha mãe ficou doida e expulsou o meu pai de casa. Agora um amigo mora com ela. Mas eu continuo com o meu pai. Só que...
— Não é como antes.
— Não... agora ele não fala, e trabalha pouco. Quando eu chego, ele nem olha pra mim direito. Sabe por quê?
Paper acenou afirmativamente.
— Porque é mais fácil colocar a culpa nos outros. A sua mãe é o problema, ou o amigo dela, ou o seu pai que não aceita a separação. O coitado do passageiro não tem nada a ver com isso.
— Tem sim! — ele gritou. — Quem é você pra falar que não?
A mulher se virou.
— Eu sou a Paper — ela disse, sorrindo.
O garoto enrugou a testa, a boca entreaberta preparando uma pergunta.
— Não me conhece mesmo? Box é o seu nome de verdade...
— N-Não — ele respondeu. — É C-Coin.
— Ahh, tava mentindo!
— Não! Eu só não falei o meu nome de verdade... e inventei um.
A mulher riu.
— Então, você me conhecia, mas não se lembrava. Talvez, se lembre de um Paper... filho de Box? Que tal... Paper, o garoto.
Ele arregalou os olhos.
— Agora lembrou, né? — A mulher riu outra vez, deu as costas. — Vamos. Já tá perto.
Enquanto perseguiam em direção às torres, a fileira de colossos metálicos se curvou em arco. O passageiro se afastou uma ou outra vez, a mulher chamava-o antes de perdê-lo de vista e o garoto logo se impacientou.
Em posse da identidade da mulher e a coragem dos preconceituosos, atinava a desobediência mesmo se tratando das ordens de uma ecologista, pois, se era quem dizia, ninguém aceitaria a palavra dela como prova de crime. E a mulher se adiantava em vários passos. Conseguiria fugir, estava convicto. No entanto, a borda de Sinma se agigantou e paralisou aquele plano sequer posto em prática.
A floresta cessou abrupta numa grande cratera, dezenas de quilômetros do terreno consumidos pelo vazio, a borda impossível de enxergar daquele ponto, o fundo tornava-se um abismo obscuro, enigmático, o vento soprava forte como se uma criatura desconhecida, a espreita, preparando o ataque, inspirasse dentro da escuridão.
A mulher respirou fundo.
— Sabe por que você tá aqui?
— N-Não.
— Tudo bem, eu explicou... — ela disse e, no entanto, calou-se. Apertou os olhos em busca das palavras certas e retomou o discurso. — A viagem é sobre mudança, você começa sendo uma pessoa e termina como outra, 'tendeu? Quer dizer... eu não espero que diga "sim" agora. No futuro, é que você vai olhar pa' trás, pa' os últimos seis anos e vai saber.
— É uma lição? — perguntou o garoto, confuso, estivera presente em dezenas de lições práticas e convertera-se num aprendiz exemplar, os paradigmas da arte perdiam o mistério até nas escassas explicações dos novos espertalhões, porém, em nenhum dos projetos, os mentores se preocuparam em criar o menor dos laços pessoais com seus futuros representantes.
— Digamos, sim — Paper respondeu. — Hoje eu faço 19, é o fim da minha viagem, Coin filho do artesão, e quero que veja o que tá tentando abandonar.
— Mas... — gaguejou o garoto. — Aqui?! Mas... e os outros?
Ela riu alto.
— Quem? Ninguém se importa com a minha passagem, e eu não me importo com quem não se importa comigo. Por que essa cara, você se importa?
O passageiro soltou um longo jato de vapor atrás dela. O garoto não respondeu. A mulher deu as costas e permitiu ao pequeno cetáceo se aproximar de seu rosto. O garoto não ouviu-a falando, apenas o murmúrio da criatura embalava a borda da cratera.
Por fim, ela recuou.
E o passageiro mergulhou no abismo.
Era, de muitas maneiras, diferente do primeiro testemunho do garoto. O guia se chamava Doors. A passagem ocorrera no meio da antiga colônia e sobre um arranha-céu transpassado por uma ponte quebrada.
Uma multidão assistia maravilhada.
Pouco a pouco, ainda que de repente, uma nuvem branca inundou a imensa cratera e escalou a borda, devagar, como somente um doente moribundo faria. No fundo, o corpanzil se moveu. O canto da espécie chegava nos ouvidos. A criatura agitou as barbatanas e uma larga cabeça frente às dezenas de metros agora em posse do cetáceo emergiu da bruma cerrada.
O garoto de pernas amolecidas e coração palpitante gritou:
— E se ele te comer?!
A mulher deu de ombros.
— Eu fiz o meu melhor. Sa', se' quem sou e tô em paz comigo mesma. Enfim, eu não tenho medo. Foi uma boa viagem.
Num berro gutural, o leviatã emergiu por completo e investiu contra a borda da cratera. Paper abriu os braços. O garoto, um pouco afastado, mas no raio da colisão, fechou os olhos.
Um leve rumor do vento atingiu-o.
Ele espiou com um olho. O colosso subia no limite da colisão, a cauda horizontal arremetia em direção a liberdade do céu. Do espiráculo, um poderoso jato branco brotava e se somava às escassas nuvens presentes na atmosfera do planeta.
Em breve, a chuva cairia.
O ciclo estava completo.
O gigantesco cetáceo desceu. Devagar, parou frente a sua antiga guia. Paper estendeu a mão carinhosa e tocou a imensa fronte. Existia uma tristeza no toque. Ela jamais o acariciaria até a ponta da cauda. Um grupo de leviatãs surgiu voando na borda oposta, atraídos pelo canto da passagem. A criatura agitou o corpo rumo à manada.
A mulher se ajoelhou. O garoto ouviu-a dizer:
— Adeus, amiguinho...
A mulher chamada Paper permaneceu um longo período mirando o afastar dos leviatãs.
Quando ela se levantou, o garoto sorriu de uma forma consoladora mas espontânea. Ele sequer conseguiria dizer o motivo. Apenas, sorriu.
— Obrigada... — ela disse, em retribuição. — Bem, é hora de buscar o seu passageiro. Onde você o escondeu?
O garoto arregalou os olhos.
— Eu já passei pela sua idade, esqueceu? — Ela tirou os resquícios de grama dos joelhos, piscou. — Não faz essa cara... Eu sou mais esperta. Só isso. Agora vamos! É uma ordem de eco.
Merci pour la lecture!
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